Este documento é uma edição do coletivo "Nós, as Poetas!" e contém poemas de várias autoras sobre temas como amor, natureza e empoderamento feminino. O coletivo defende a igualdade na produção literária e busca dar voz às mulheres que historicamente tiveram seus trabalhos invisibilizados.
Poemas do Coletivo Nós, As Poetas e Curadoria Especial
1. AMEOPOEMA
Edição 077 - Março de 2021 - Ouro Preto - MG
CURADORIA ESPECIAL DESTA EDIÇÃO
FEITA PELO COLETIVO
PARTE #2
ME APROXIMEI DA ESTROFE
MAS ELA SE ESQUIVOU
FIQUEI DOÍDA
MAS DUROU SOMENTE UM PEQUENO INFINITO.
ME APROXIMEI DO VERSO
MAS ELE SE ESQUIVOU
DESSA VEZ NÃO FUI PEGA DE SURPRESA
EM SOMENTE TRÊS VIDAS ME RECOMPUS.
FOI A PALA
VRA QUEM SE APROXIMOU DE MIM
ME VIU SÓ, ME VIU SENTADA
ME VIU COM UM LIVRO NAS MÃOS
ROÇOU A MÃO NA MINHA
ENTRELAÇOU OS DEDOS NOS MEUS
SEU TOQUE ERA QUENTE E FLUIDO
COM A PALA
VRA ME ENTENDO SEM
[MAIORES EXPLICAÇÕES
COM ELA FIRMO COMPROMISSO DE VIDAS
TODAS AS VIDAS
COM ELA CHAMO O INFINITO.
SARAH JOHN
@sarah.sarahjohn
Foi lá do pé de cacau
que consegui enxergar
melhor
do Alto
bem longe
cada olhar percorrido
foi lá nessa árvore
que arranquei o fruto proibido
que já pendia a cair
e resgatei
uma colheita de palavras
que eu não disse pra mim,
contidas em cada fruto,
alguns jogava com raiva na terra,
outros ouvia o barulho oco,
som que atravessava
além da pele.
a cada inspiração,
eu me transformava.
dezembro 2019,
por Barbara Iung
@barbaraiung
Somos um coletivo de mulheres escritoras, nomeadas
poetas, não poetisas, pois este termo é atribuído com um
significado pejorativo, cuja carga semântica denota certa
diminuição e inferioriza a literatura produzida por nós
mulheres. Somos poetas porque não respeitamos a gramática
culta, somos das ruas, somos coloquiais ou cultas quando
quisermos. Somos livres.
Por muito tempo permanecemos à margem de um padrão
que prioriza o ponto de vista masculino em qualquer tipo de
produção intelectual. Por muito tempo os “escritores
anônimos” fomos nós.
Ainda lutamos para que nossa escrita seja respeitada,
seja nas ruas, academias, artigos científicos, editoras ou
qualquer forma de divulgação de nossas obras.
Leia o manifesto completo em nossas edições ou no site
www.nosaspoetas.com
MANIFESTO
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Edição: Studio b2mr (@studiob2mr)
Coordenação: Editora AMEOPOEMA.
Circulação: Ouro Preto, Mariana (MG) RJ.
Conselho Editorial: Flávia Alves Santos
Exemplares na pRAÇA: 1.000 (distribuídos gratuitamente).
Paticipação: CURADORIA DESSA EDIÇÃO: Jeane Bordignon +
Coletivo Nós, As Poetas!
Publicação sem fins lucrativos, feita artesanalmente, com amor
e vontade de circular ideias e fomentar a produção literária em
Ouro Preto e região. PARTICIPE, ENVIE SEU MATERIAL
ameopoemaeditora@gmail.com || fb.com/ameopoema
AMEOPO MA
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Patrocínio
A importância dos coletivos reside na
necessidade da sobrevivência da voz, mora
na presença combativa aos aparelhos
urbanos de moderação sociocultural e
principalmente política. É a voz do povo
fazendo frente ao povo, frente, lado, fundo,
meio, tudo.
Os coletivos são um lugar dentro do lugar
onde faz falta a atuação do estado, e nem
sempre a falta desta atuação estatal faz
um coletivo nascer, vibrar, se manter.
O coletivo ‘‘Nós, as Poetas!’’ é uma dessas
ações que necessariamente nascem e ficam
assustando a normalidade das falas e dos
lugares seculares que as instituições
outras empurram garganta abaixo.
O coletivo ‘‘Nós, as Poetas!’’ é uma ação de
mulheres que visa a autonomia de suas
ativistas, que visa a emancipação das
mulheres afetadas pelo discurso do
coletivo como forma de viver.
Prestigie, compareça nas lives, compre os
livros que o coletivo vem lançando, faça a
ideia circular. Que o eco de suas palavras
seja ouvido, e acima de tudo, multiplicado.
saúdo as anciãs
portadoras de toda
chave
toda porteira
saúdo a grande Mãe
seu farto seio que dá
de beber sagrado leite à sua cria
venero a Grande Boceta
que se abre parindo vida nova
jovens esperanças para os dias
sombrios que seguem implacáveis
consagro às folhas
ervas e chás
toda magia y dança das avós
eu chamo a força
honro às mães
às avós, irmãs e tias
saúdo as mulheres
chamo na força do toque
do tambor de minhas ancetrais
SAÚDO AS MULHERES
Ara Nogueira
@viciadaemsiririca
rebolo muito suado no metrô às cinco da
matina
enquanto nado contra a correnteza que
me empurra pro fundo
no mar de corpos da central do brasil
dos brasis que se apagam dentro
de nossas almas
o pindorama que queima y arde no peito
como queima e arde o Pantanal
como queima e arde todas as vidas pretas
e indígenas que realmente importam
como queima e arde o corpo das mulheres
cis, trans e LGBTQIA+
como queima e arde meus olhos
com ódio, amor e desejo de vingança
como para alimentar a fera que me devora
Escrevo essas palavras procurando um
encontro entre mente e coração
Fluindo no passar das horas com a
consciência da transmutação necessária
Me coloco humildemente em panos limpos
e desfaleço na dor de ser humana
Cada aprendizado anuncia o muito que
caminhei
Nas veredas da vida há solos férteis e
pastagens
Na cura pela emancipação desvelo sonhos
de aurora e paz
O desejo guia o coração
A práxis me toma em vida e emancipação
E na terra que abunda em riquezas naturais
Repousa meu peito
Que grita, clama e torce pelo amanhã que
ainda há de nascer
Em luta, vida, cor e luz
Por isso voz digo:
Maria Mitsuko
@mitsukomaria
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