Fanzine coletivo com poetas atuantes e vivas dentro da cena independente, participam desta edição as poetas que compõem o coletivo "Nós, as Poetas!" www.nosaspoetas.com

1. AMEOPOEMA
Edição 076 - Março de 2021 - Ouro Preto - MG
pergunto a você
as palavras que
primeiro seu coração escutou
pergunto a você
se a primeira gota a cair foi
lágrima ou suor
pergunto y escuto
aprendo com você a
escutar
a livrar a voz
mesmo que num sussurro
você ao pé do meu ouvido
alargando fronteiras
esticando a curva do rio
pelo querer tão contínuo
de viver pela primeira vez.
(Nathália Rinaldi)
@_nathaliarinaldi
CURADORIA ESPECIAL DESTA EDIÇÃO
FEITA PELO COLETIVO
Cheiros, toques, sentimentos
A vida é uma poesia de sentidos
é a boniteza do oposto
Vai da profundeza do tato
à inconstância do gosto
Podemos sorrir e comer com os olhos
Morrer de rir
Desfalecer de prazer
E com a língua ferir
Descobrir a cada dia
Novas formas de sentir
Podemos observar com o coração
Dar voz à razão
E cor à emoção
Morrer também de felicidade
Seja qual for a nossa realidade
E enfim
sem maldade
podemos até matar a saudade
(Rita Procópio)
@rita_procopioo_
PROFUNDIDADE
Sair na chuva por aí.
Andar molhada,
Ensopada.
Escapar pelas quebradas ....
Fugir.
Sem parar,
Sem sonhar,
Sem sorrir.
Subir pelas escadas até o sexto andar.
Um banho de água gelada .....
Ah !!! E se eu sentir frio?
Pego uma colcha,
Entrelaço em minhas coxas,
Me aconchego para dormir.
Mulher, você é forte
mas não precisa
provar pra ninguém.
Não é feio chorar
quando a tristeza vem...
Porque quando você levanta
nada a detém!
FORTALEZA
(Jeane Bordignon)
fb.com/voos.e.palavras
(Walkyria Proença)
facebook.com/walkyria.proenca
PARTE #1

2. apalpando cada pedra.
descubro tantas fendas que, se eu quisesse, já estaria do lado de lá.
mas prefiro usar o tempo, seguir rente à molécula. parte do processo. espiral.
um desses giros me ventou até aqui, e em outras tantas terras. lapsos encanecidos.
decantados nos pranas da gramatura que me carrega.
a fissura dos traços. os quilômetros rodados. eu tenho pena dela.
nisso de ser sopro, ou vento. cruzo beiras de estradas, rasgo o canto dos pas
́ saros.
guardo um vidro com o som de cada gesto. dança do asfalto.
pra sentir a vibração, nem precisa rotular. um passo, um bit.
pisco o olho em turbilhao
̃ , de marcha ré por entre as árvores.
um tambor escondido no oco, no eco. quando dias-posta, emborco rente a fresta e
quem precisa ir passa. na fumaça dos banhos quentes ou das ag
́ uas ferventes dos chás,
ser revela o destino presente. os sons sao
̃ o caminho.
só, alada, solamente acompanhada.
(Gabi Luna)
@amazonahightech
Um passo, um bit
Estou há 333 dias com os sonhos estendidos no varal da minha casa
A minha casa dá de frente pra muitas janelas fechadas
As minhas roupas gemem no varal ausências
A minha casa dá de frente para uma rua vazia
As minhas roupas secam imóveis no varal há quatro estações
A minha casa dá de frente pra um muro que nos separa
As minhas roupas se contorcem sob o uivo do vento que nelas bate
A minha casa dá de frente para uma ponte atlântica
As minhas roupas pingam mergulhos
A minha casa dá de frente pra dentro
A minha nudez está a 333 dias estendida no varal da minha casa
HÁ 333 DIAS
Clara Lobo
E-mail: claralobo.bello@gmail.com
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BY ND
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Edição: Studio b2mr (@studiob2mr)
Coordenação: Editora AMEOPOEMA.
Circulação: Ouro Preto, Mariana (MG) RJ.
Conselho Editorial: Flávia Alves Santos
Exemplares na pRAÇA: 1.000 (distribuídos gratuitamente).
Paticipação: CURADORIA DESSA EDIÇÃO: Jeane Bordignon +
Coletivo Nós, As Poetas!
Publicação sem fins lucrativos, feita artesanalmente, com amor
e vontade de circular ideias e fomentar a produção literária em
Ouro Preto e região. PARTICIPE, ENVIE SEU MATERIAL
ameopoemaeditora@gmail.com || fb.com/ameopoema
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em-vindas/vindos/vindes a essa
Bedição! Em 2016, três poetas (Maria
Mitsuko, Shaina Marina e Thaís Vieira)
que vendiam poesia nas ruas do Rio de
Janeiro idealizaram uma publicação coletiva
só com mulheres. Cada uma chamou outras
poetas para articular esse projeto, e nesse
processo percebemos que algo muito maior
estava nascendo: um coletivo de mulheres,
para incentivar e divulgar a produção
literária dessa parte da sociedade que por
muito tempo teve sua voz oprimida. Nos
denominamos poetas, e não poetisas, porque o
segundo termo carrega uma conotação
pejorativa, como se nossa arte fosse menor. E
na verdade somos muito grandes! Em talento,
criatividade e força!
O Coletivo Nós, as Poetas já lançou 5
publicações próprias, Cerca de 45 mulheres já
publicaram nas nossas edições.
E neste mês da mulher. Nós, as Poetas
ocupamos esse espaço. Duas edições
AMEOPOEMA só com poesia de mulheres.
Quem quiser conhecer mais sobre a gente, é só
chegar em:
www.nosaspoetas.com