1. O humanismo em Teilhard de Chardin
e o ser amazônico em seus novos
caminhos
Fábio Assunção Melo Vasconcelos
Orientadora: Prof. MsC. Jeane Torres da Silva
IX Seminário interinstitucional de Filosofia na Amazônia
“Alternativas e utopias possíveis: olhares filosóficos ”
Manaus - AM
2018
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2. Objetivos da pesquisa
• Objetivo geral:
Expor o conceito de humanismo de Chardin, para compreender as
questões do ser amazônico
• Objetivos Específicos:
1. Apresentar o conceito de Humanismo de Teilhard de Chardin
2. Contextualizar o conceito de ser humano de Chardin para o
compreender o ser amazônico em seus novos caminhos.
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3. Chardin: um pensador complexo
para um contexto complexo
• Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), padre jesuíta
francês, foi também um paleontólogo, geólogo,
filósofo e teólogo que no seu pensamento buscou
unir, o que desde muito tempos, e particularmente
com o advento do pensamento moderno, parecia
inconciliável: Fé e ciência, ser humano e mundo
• Em sua síntese entre filosofia, teologia e ciência
lançou o olhar sobre o ser humano, a quem visou
compreender como fenômeno. Considerando o
processo evolutivo, o designou como cume e flecha
desta trajetória
• Juntando ciência e concepção cristã desenvolveu o
pensamento de um universo em movimento e que
caminha em um embalo cósmico atraído por uma
consciência maior – em um processo que se pode
chamar evolução criadora
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4. Filho do Céu e da Terra
• A grande preocupação de Teilhard é em relação ao
entrelaçamento de Deus e do Universo, o que lhe
conduz ao estudo do fenômeno humano, analisado
com a variedade de conhecimentos que possuía
• Seu modo de agir se compara ao dos filósofos da
physis, ou como “um velho físico” (Nogare, 1970)
preocupado com o princípio de tudo (cosmogênese,
arché), sempre tentando conciliar sua paixão pelas
questões do Céu e da Terra, sendo um filho dessas
duas realidades
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5. O Humano: um fenômeno
Seu método pode ser descrito como uma fenomenologia científica, diferindo então do
método de Kant, Hegel, Husserl ou Sartre, que viam o fenômeno de forma
introspectiva e subjetiva, como algo que fica posto diante do ser humano (NOGARE,
1970; BETTO, 2011)
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RaizCampos.Fonte:superfluonecessario.com.br
6. O Humano: um fenômeno
Seu método pode ser descrito como uma
fenomenologia científica, diferindo então do
método de Kant, Hegel, Husserl ou Sartre, que viam
o fenômeno de forma introspectiva e subjetiva,
como algo que fica posto diante do ser humano
(NOGARE, 1970; BETTO, 2011)
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O homem na natureza é na natureza
um fato que se sobressai (parcialmente
ao menos) das exigências e dos métodos
da ciência. Em seguida para fazer
entender que, entre os fatos que se
aparecem ao nosso conhecimento,
nenhum é mais extraordinário, nem mais
esclarecedor. Finalmente, para insistir
bem no caráter peculiar do Ensaio que
apresento (CHARDIN, 2014, p. 97)
acritica.com
7. Nas estrados do mundo rumo ao Céu
Existe um universo antes do aparecimento do
homem, e da sua tomada de consciência disso, e
haverá um depois, pois a humanidade não fecha a
estrada da evolução, e sim, caminha na
continuidade deste processo.
O humanismo delineado por Chardin nos revela
que nos constituímos como peça importante (e
não única) no processo evolutivo de todo o
universo, pois, podemos pensar essa expansão e
com nossa ação colaborar nesta dinâmica
transformação
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8. Caminhando com o
universo inteiro
Teilhard observava o homem como caminhante, dentro de um
processo histórico, biológico e psicológico de transformação,
não como um mero espectador, mas, como um fenômeno que
precisa ainda de acabamento
Divisões da caminhada humana junto com o universo:
• Passado (pré-vida/ cosmogênese )
• Presente (vida, antropogênese e seu processo de tomada de
consciência/ surgimento da noosfera)
• Futuro (Ponto ômega / Cristogênese).
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9. Ser para os outros
O homem e a mulher para Chardin são
um “ser para os outros” e não
egoisticamente seres para si mesmos,
encerrados nas suas próprias
preocupações
E esse novo humanismo cristão, sabe
dialogar com a ciência e com o mundo,
se mostra inserido, ensinando que não
se passa ao meio divino sem antes viver
plenamente no meio natural,
conectando-se com todos os outros
seres que também esperam a plenitude 9
10. Um ser para o Amor
• O Amor para Teilhard de Chardin consiste na expressão
suprema da energia humana, “uma energia físico-
moral de personalização o que resume todas as
atividades manifestadas no estofo do universo”
(BETTO, 2011, p.93; CHARDIN, 2014, p. 297).
• A força amorosa é uma energia presente em toda vida,
que vem favorecer o processo de união ao qual os
homens e mulheres se destinam, assim, a história
universal seria, para Chardin, a jornada da evolução do
Amor (NOGARE, 1970 p. 127).
11. O humanismo chardiniano
e o contexto amazônico
Características de um humanismo amazônico:
• Uma pluralidade de povos e culturas;
• Ecologia humana: A presença da espécie humana nesta área de
trópico úmido é marcada pela sua adaptação a fatos como o da
oscilação climática, que pode ocasionar em muitas áreas uma
manhã de intenso calor seguida de uma noite de frio, o que
interfere no modelo de habitação dos povos tradicionais, como
atestado por Morán (1990)
• Página viva do gênesis – Euclides da Cunha (2000)
• Grande relação de troca – Ser Humano e Floresta (BOFF, 1996)
• Natureza irradia o Sagrado (Chardin, 2010)
• Amazônia é Mistério e lugar de Amar
12. É tempo de caminhar para
o Amor
A concretização do gesto de amar, advindo da
crescente consciência da humanidade em escalda
para o Ponto Ômega (a plenitude da sua
evolução no encontro com Cristo) na Amazônia
se manifesta em um olhar para todos os seres
com respeito, garantir os direitos dos povos
originários, buscar formas de produção que não
impactem negativamente o meio-ambiente. O
amor com os outros seres, demonstra que
estamos crescendo na nossa consciência do
cuidado
14. Referências
BETTO, Frei. Sinfonia Universal: a cosmovisão de Teilhard de Chardin, Petrópolis: Vozes, 2011.
127p.
BOFF, Leonardo. Ecologia: Grito da Terra, Grito dos pobres. São Paulo: Ática, pp. 1996. pp.135-
157.
CUNHA, Euclides da. Um paraíso perdido: reunião de ensaios amazônicos. Hildon Rocha (org.).
Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. 393 p
CHARDIN, Pierre Teilhard de. O Fenômeno Humano, Trad.: José Luiz Archanjo. São Paulo: Editora
Cultrix, 2006. 392p.
_______. O Meio Divino: Ensaio de vida interior. Trad.: Celso Márcio Teixeira. Petrópolis: Vozes,
2010. 135p.
MORÁN, Emilio. A ecologia Humana das populações da Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1990.
367p.
MORIN, Edgar; CIURANA, Emilio-Roger; MOTTA, Raúl Domingo. Educar na Era Planetária: O
pensamento complexo como Método de aprendizagem no erro e na incerteza humana. Tradução de
Sandra Trabucco Valenzuela. São Paulo: Cortez, 2003. 105 p.
NOGARE, Dalle. Pessoa e amor segundo de Teilhard de Chardin. São Paulo: Herder, 1970. 230
p.
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15. _______. Humanismos e Anti-Humanismo: introdução à Antropologia Filosófica. Petrópolis:
Vozes, 1994. pp. 168-189.
NUNES, Paulo J. Teilhard de Chardin, o Santo Tomás do Século XX: paralelismo filosófico-
teológico, convergências e divergências. São Paulo: Loyola, 1977. 212 p.
O’CONNELL, Gerard. Papa Francisco vai retirar a 'advertência' dos escritos de Teilhard de
Chardin?, Trad.: Luísa Flores Somavilla. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-
noticias/574010-papa-francisco-vai-retirar-a-advertencia-dos-escritos-de-teilhard-de-chardin>.
Acesso em: 25/05/2018
VATICAN NEWS. Aprovado documento de trabalho para o Sínodo da Amazônia. Disponível
em: <https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2018-04/documento-sinodo-amazonia.htm l. >
Acesso em: 25/05/2018.
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