O Risco da Degradação de Geótopos do Vale do Juruá
TCC II - MORRO DA ONÇA.pdf_Delimitação-da-Bacia-hidrográfica
1. ISSN: 1984-3151
DELIMITAÇÃO DA MICROBACIA DO CÓRREGO MORRO DA ONÇA E
CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS D’ÁGUA NA REGIÃO DO
MUNICÍPIO DE RIO MANSO (MG)
CÓRREGO MORRO DA ONÇA MICROBACY DELIMITATION AND WATER
CHARACTERIZATION IN THE REGION OF THE RIO MANSO MUNICIPALITY,
MINAS GERAIS STATES, BRAZIL
Filipe de Faria Freire1
; Gisele Silva Meyer2
; Nelson Custódio Pinto3
RESUMO: Por se tratar de uma região com grande potencial hídrico e com poucos estudos, foram realizadas a
caracterização das nascentes e a delimitação da bacia hidrográfica no entorno das drenagens que alimentam o
Córrego da Onça localizado em Rio Manso (MG). No total foram mapeadas quarenta e nove nascentes nessa
região e aproximadamente 59% dessas nascentes estudadas foram caracterizadas como pontuais, enquanto as
demais foram caracterizadas como difusas. Ainda como contribuição para futuros trabalhos foram gerados os
mapas geológicos e hidrogeológicos da área.
PALAVRAS-CHAVE: Quadrilátero Ferrífero, Córrego Morro da Onça, Bacia Hidrográfica, Sistema de Drenagens,
Água, Nascente
ABSTRACT: Due to the higher hydric potential and a gap of studies, were made the characterization of springs and
the delimitation of hydrographic basin in the surrondings of the drainages that supply the Corrego Morro da Onça
located at Rio Manso, Minas Gerais states, Brazil. Forty-nine springs were mapped in this region and
approximately twenty – nine springs were characterized as punctual, while the others were classified as difuse. The
generated maps in this paper like as geological and hydrogeological will be helpful for future studies in this region.
KEYWORDS: Quadrilátero Ferrífero, Córrego morro da Onça, Hydrographic Basin, Drainage Systems, Water, Spring
____________________________________________________________________________
1 INTRODUÇÃO
1.1 RECURSOS HÍDRICOS
A água é considerada um recurso finito e dotado de
valor econômico, sendo assim, a Política Nacional de
Recursos Hídricos (PNRH) indica que a gestão desses
recursos deve proporcionar o uso múltiplo da água
que é indispensável a atividades humanas, tais como
abastecimento público, dessedentação de animais,
geração de energia, atividades agrícolas, lazer e
etc.de acordo com o Art. 21 da Lei Federal n° 9.433,
de 08 de janeiro de 1997 (BRASIL, 1997).
Já a Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado
de Minas Gerais (PERH), estabelece que a água é um
recurso de domínio público, e que sua gestão deve ser
realizada de forma descentralizada, em conjunto com
poder público, usuários e comunidade em geral;
1 Graduando em Geologia. UNI-BH, 2019. Aluno do Centro
Universitário de Belo Horizonte, MG. ffarias89@hotmail.com.
2 Graduando em Geologia. UNI-BH, 2019. Aluno do Centro
Universitário de Belo Horizonte, MG. gicale.gm@gmail.com.
3 Graduando em Geologia. UNI-BH, 2019. Aluno do Centro
Universitário de Belo Horizonte, MG.
nelsomgeo2012@gmail.com.
2. gerindo sempre em favor de sua proteção e
preservação; onde o uso da água deve ser controlado
pelo estado, assegurando a quantidade e qualidade
dos corpos d’água, no entanto, a utilização de águas
oriundas de nascentes e/ou corpos d’água dependem
de autorização dos órgãos ambientais competentes
(MINAS GERAIS, 1999).
A área no entorno de nascentes e olhos d’água
perenes em qualquer topografia pode ser considerada
como Área de Proteção Permanente (APP), portanto,
deve-se respeitar uma distância mínima de 50 metros
destes locais segundo o Art. 4º Inciso de I a IV da Lei
Federal n° 12.651, de 25 de maio de 2012 do novo
Código Florestal, (BRASIL, 2012).
As bacias hidrográficas são constituídas por unidades
territoriais e podem ser classificadas como um sistema
onde há entradas, saídas e transformações. Sendo
assim, este modelo de gerenciamento assume a bacia
como sendo uma unidade geográfica de referência,
definida de acordo com o Art. 21 da Lei 9.433 de 8 de
janeiro de 1997, como uma unidade territorial (Brasil,
1997). A bacia hidrográfica também pode ser descrita
como sendo uma área de captação natural da água
em precipitação durante as chuvas, e que convergem
a um único ponto de saída, denominado exutório; ela
é formada por um conjunto de vertentes na superfície
do solo formando uma rede de drenagem e devido sua
importância, devem se realizar estudos climatológicos,
de relevo, geomorfológicos, de solos, de vegetação e
hidrográficos para conhecimento e caracterização da
mesma.
1.2 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
A área de estudo escolhida está localizada na região
centro-oeste de Minas Gerais, porção meridional do
Cráton São Francisco, a oeste do Quadrilátero
Ferrífero, e dista cerca de 65 km de Belo Horizonte
MG. Situa-se entre os municípios de Crucilândia e Rio
Manso-MG, constitui-se de uma área retangular com
as coordenadas UTM dos seus vértices sendo; Long
557.000 / Lat 7758.000; Long 570.000 / Lat 7758.000;
Long 570.000 / Lat 7749.000; Long 557.000 / Lat
7749.000 (DATUM SIRGAS 2000 23S
Na Figura 1 é possível observar seus limites, e suas
principais vias de acesso: Em seu vértice nordeste, a
área coincide com o limite urbano do Bairro Bernardas
(distrito de Rio Manso-MG). O vértice leste apresenta
o Rio Manso como principal referência, pois o mesmo
tem direção sul/norte. O vértice sul apresenta a zona
rural de Crucilândia-MG. O vértice oeste apresenta
Itaguara – MG. A norte apresenta-se Itatiaiuçu-MG
como referência.
A principal via de acesso, a partir de Belo Horizonte, é
realizado inicialmente pela BR-381, em um trajeto de
aproximadamente 40 km e posteriormente segue-se
pela rodovia Desembargador Lúcio Urbano por cerca
de 25 km, até a cidade de Rio Manso-MG. O acesso a
área dista cerca de 3 km pela via que dá acesso ao
Distrito de Bernardas. Os aspectos fisiográficos para
caracterização da região que contém a microbacia
estudada serão descritos a seguir.
3. Figura 1: Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo.
1.3 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
1.3.1 CLIMA
Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (2010), o município de
Rio Manso situado na região metropolitana de Belo
Horizonte apresenta temperatura média anual de 20,5
o
C e clima tropical com verão quente e inverno seco.
Segundo INMET (2019), o período chuvoso neste ano
de 2019 ocorreu nos meses de janeiro a abril, outubro
e novembro (em épocas de temperaturas mais
elevadas), já o período de estiagem é delimitado pelos
meses de maio a setembro (com temperaturas mais
baixas). Conforme a Figura 2, no acumulado do ano o
mês mais chuvoso foi fevereiro.
Figura 2: Representativa de precipitação acumulada
mensal de Belo Horizonte de Janeiro a 20 de
5. Conforme descrito por Rizzini (1997), existem alguns
fatores condicionantes sobre a composição florística, e
dentre elas estão os fatores climáticos. No Brasil em
geral predominam vários tipos de vegetação, sendo
elas; mata atlântica, cerrado, caatinga, floresta
amazônica, campos, mangue, vegetação antrópica
usada em pastagem, agricultura, plantações de
eucaliptos e araucárias. Já no Estado de Minas
Gerais, e principalmente na área de estudo são
compostas de vestígios de mata atlântica e vegetação
típica de cerrado, além de vegetação antrópica
utilizada em áreas de pastagem, agricultura e
plantações de eucaliptos.
1.3.3 GEOMORFOLOGIA E RELEVO
Fatores geológicos e hidrológicos são os que mais
tem interferência na estruturação geomorfológica e de
relevo na região. Segundo Durães (2010), a área de
estudo está inserida em uma unidade geomorfológica
que se denomina de Planalto Dissecado do Centro-Sul
e Leste de Minas, com erosão fluvial causando
rebaixamento dos vales em relação a suas vertentes.
O intemperismo age em rochas ígneas e metamórficas
da região ocasionando um relevo de colinas com
topos arredondados e vertentes convexas. Na Figura
3 é possível observar que a variação altimetrica da
área, é indicada através das cores apresentadas na
legenda do mapa de elevação, onde ocorre uma
variação de 800 a pouco mais de 1200 metros.
Figura 3: Mapa Digital de elevação da área de estudo.
6. 1.3.4 SOLO
Os solos da região possuem baixa fertilidade e são
classificados como Latossolos e Argissolos, com
variação de cor que vai do vermelho ao vermelho
amarelado em algumas regiões conforme destacado
no mapa da Figura 4. Segundo dados da EMBRAPA
(2018), os latossolos são constituídos por material
argiloso (caulinita, óxido de ferro, e óxidos de
alumínio) e apresentam horizonte B latossólico
precedido de qualquer tipo de horizonte A dentro de
200 cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm
dependendo da espessura do horizonte A. Já os
argissolos apresentam horizonte B textural logo abaixo
do A ou E, apresentam a mesma constituição dos
latossolos e possuem argilas de alta e baixa
reatividade.
Figura 4: Mapa com os tipos de solo na área de estudo.
7. Fonte: Modificado de GPS, 2019.
1.3.5 HIDROGRAFIA
Segundo Christofoletti (1980), a Bacia Hidrográfica
pode ser definida como a área de escoamento de
águas superficiais, originadas de nascentes e/ou de
chuva. Ela é formada por um conjunto de um rio e
seus tributários e é limitada pela cumeada chamada
de interflúvio, que divide topograficamente esta área
de outras bacias de drenagens vizinhas. Uma bacia de
drenagem é composta por diversos canais de
escoamento, que constituem uma drenagem fluvial,
sendo assim, a quantidade de água que atinge estes
canais fluviais depende da área ocupada pela bacia,
da precipitação total, e seu sistema de
evapotranspiração e infiltração (CHRISTOFOLETTI,
1980). Ainda conforme Christofoletti (1980), há 4
(quatro) categorias que podem classificar as bacias de
drenagens de acordo com o escoamento global.
Exorréicas: quando o escoamento das águas se dá de
modo contínuo até o mar ou oceano, isto é, quando as
bacias desembocam diretamente no nível marinho;
Endorréicas: quando as drenagens são internas e não
possuem escoamento até o mar, desembocando em
lagos ou dissipando-se nas areias dos desertos, ou
perdendo-se nas depressões cársicas;
Arréicas: quando não há nenhuma estruturação em
bacia hidrográfica, como nas áreas desérticas onde a
precipitação é negligenciável e a atividade dunária é
intensa, obscurecendo as linhas e os padrões de
drenagem;
Criptorréicas: quando as bacias são subterrâneas,
como nas áreas cársticas. A drenagem subterrânea
acaba por surgir em fontes ou integrar-se em rios
subaéreos.
8. Conforme Christofoletti (1980), a classificação de uma
bacia hidrográfica também pode ser relacionada aos
padrões de drenagem da bacia (existem sete padrões
de classificações, mas somente o padrão encontrado
na área de estudo deste artigo será citado neste
trabalho).
A microbacia hidrográfica do Córrego Morro da Onça,
está localizada no conjunto hidrográfico formado pela
bacia do Rio São Francisco, bacia do Rio Paraopeba e
na sub-bacia hidrográfica do Rio Manso (Figura 5).
Conforme descrito pelo Comitê da Bacia Hidrográfica
do Rio São Francisco (CBHSF, 2018), ela ocupa uma
área de 639.219 km² de área de drenagem e o Rio
São Francisco é a principal drenagem desta bacia que
possui uma extensão de 2.700 km, nascendo no
estado de Minas Gerais e desaguando no nordeste do
Brasil;e devido a sua extensão é dividida em 4
(quatro) regiões hidrográficas, sendo elas o Alto São
Francisco, Médio São Francisco, Submédio São
Francisco e Baixo São Francisco (isso ocorre devido à
grande extensão da bacia).
Uma das bacias mais importantes e localizadas no
alto São Francisco é a bacia do Rio Paraopeba que
ocupa uma área de drenagem de 13.643 km² e
abrange 48 municípios de Minas Gerais. O Rio
Paraopeba tem suas principais nascentes ao sul do
município de Cristiano Otoni e tem como principais
tributários os rios Águas Claras, Macaúbas, Betim,
Camapuã e o Rio Manso (MATOS & DIAS, 2011).
A sub-bacia hidrográfica do Rio Manso é a mais
importante para a região Metropolitana de Belo
Horizonte, e está localizada na bacia do Rio
Paraopeba. Conforme descrito no Plano Diretor de
Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana
de Belo Horizonte - PDDI-RMBH (2016), abrange os
municípios de Brumadinho, Rio Manso, Itatiaiuçu,
Bonfim e Crucilândia; ela ocupa cerca de 67.000 ha de
extensão, e tem como principais tributárioss: Manso,
Veloso e Cachoeira, e os córregos Morro da Onça
(alvo de estudo deste artigo), Souza, Provisório,
Grande, Lamas, do Cruzeiro, das Pedras, Taboca, da
Pinguela, Areias e Quéias.
A bacia hidrográfica do Córrego Morro da Onça ocupa
uma área de drenagem com cerca de 65 km² e seu
leito principal tem aproximadamente 13 km de
extensão apresentando como tributários os córregos
Atrás da Serra, Grotas e o Córrego Canela. Esta bacia
tem seu exutório no encontro com o Rio Manso, nas
proximidades do distrito de Bernardas, município de
Rio Manso MG (PDDI-RMBH, 2016). Na figura 5 é
possível localizar a área de estudo dentro das bacias
do São Francisco e Paraopeba.
A bacia hidrográfica da área de estudo apresenta
reservatórios de águas subterrâneas, e de acordo com
Feitosa (2008), essas águas subterrâneas se
encontram abaixo do nível de saturação ou do nível
freático presentes nas formações geológicas
aflorantes parcialmente saturadas e nas formações
geológicas profundas totalmente saturadas. As águas
contidas no solo e nas formações geológicas estão
presentes nas Zonas Saturadas e não Saturadas onde
seus reservatórios de água podem ser classificados
em 4 tipos principais: Aquíferos que possuem uma
formação geológica porosa e permeável capazes de
servirem de depósitos e transmissores de água
armazenada; Aquicludes que são formações
geológicas porosas, mas não é permeáveis, ou seja,
possuem água, mas não são capazes de ceder água;
Aquifugos apresentando formações geológicas que
não são porosas e nem permeáveis (não possuem e
nem cedem água); e Aquitardos com formações
geológicas porosas e pouco permeáveis que cedem
quantidades relevantes de água, mas muito
lentamente (CPRM, 2019). O tipo de reservatório com
mais ampla classificação são os aquíferos, e segundo
Feitosa (2008), eles podem ser classificados de
acordo com a pressão que as águas exercem nas
superfícies que os limitam e em função da capacidade
de transmissão da água podendo ser classificados
9. como livres, confinados (drenantes e não drenantes)
ou suspensos. Os aquíferos confinados são aqueles
em que a pressão da água em seu topo é maior do
que a pressão atmosférica, podendo ser confinados
não drenantes (aqüíferos cujas camadas limítrofes
tanto superior quanto inferior são impermeáveis) e
confinados drenantes (aqüíferos onde uma das
camadas limítrofes é semipermeável e a entrada e
saída do fluxo é facilitada tanto pelo topo quanto pela
base através de drenança ascendente ou
descendente); os aqüíferos livres são os que possuem
a superfície de saturação ou freática sob pressão
atmosférica com bases semipermeáveis e não
drenantes com bases impermeáveis; os suspensos
são formados sobre uma camada impermeável ou
semipermeável com extensão limitada que se localiza
entre a superfície freática regional e o nível do terreno.
Segundo Oliveira (2013), já os aquíferos podem ser
classificados também quanto ao meio poroso em que
se encontram: Podendo ser fissural (comum em
rochas ígneas ou metamórficas que apresentam
fendas ou fissuras que sejam mais ou menos
continuas), poroso (comum em rochas sedimentares
consolidadas, sedimentos inconsolidados e solos
arenosos) e cárstico (comum em rochas calcárias ou
dolomíticas que por ações mecânicas e ou químicas
originam cavidades de dissolução podendo atingir
também grandes dimensões.
10. Figura 5: Mapa de localização da área de estudo dentro das bacias que as compõem.
1.4 GEOLOGIA
1.4.1 GEOLOGIA REGIONAL
A área de estudo está localizada na porção meridional
do Cráton São Francisco entre os complexos
metamórficos Bonfim , Campo Belo e Divinópolis.
Segundo Fernandes & Carneiro (2000), essa porção
do Cráton é circundada a oeste, sul e leste pelos
Cinturões Móveis Brasilianos (Faixa Brasília, Faixa do
Ribeira e Faixa Araçuaí), e englobam as rochas de
idades arqueanas, das Suítes TTGs na sua base, e
são sotopostas pelos litotipos dos Supergrupos Rio
das Velhas (Greenstones Belts), e Minas (Grupo
Itabira); uma pequena porção do Supergrupo
Espinhaço está disposta a norte do Quadrilátero
Ferrífero, e também rochas do Supergrupo São
Francisco. Conforme Fernandes & Carneiro (2000), os
três principais grupos de rochas que predominam a
porção meridional do Cráton são: os complexos
metamórficos arqueanos, as sequências supracrustais
incluindo as do tipo granito-greenstone e as unidades
máfico-fissurais. Segundo Fernandes & Carneiro
(2000), o Complexo Metamórfico Campo Belo
(CMCB), é composto por rochas metamórficas e,
subordinadamente, ígneas. Tais autores sugeriram
uma subdivisão do complexo em sete unidades
litodêmicas: Gnáissica, Anfibolítica, Metaultramáfica,
Quartzítica, Gabronorítica, Granítica e por fim a
Unidade Gabróica, sendo que esta ordem obedece
11. aos critérios cronológicos relativos de formação destas
unidades. Segundo Zacchi, et al. (2007) as rochas
gnáissicas têm predominância no complexo e variam
de tonalitos a granitos. Os terrenos gnáissicos são
divididos de acordo com sua composição e coloração,
e foram discriminados entre outros os gnaisses,
Candeias, Itapecerica e Cláudio. Os anfibolitos são
comumente encontrados em forma de diques
deformados, e em boudins e enclaves encaixados
nos gnaisses, paralelos ao bandamento. Conforme
descrito por Carneiro (1992), o Complexo Metamórfico
Bonfim (CMB), representa o segmento siálico que
aflora na região que se estende entre a Serra da
Moeda, a leste, e a Serra dos Três Irmãos, ao norte, e
engloba respectivamente o Domo de Bonfim e o
Complexo Moeda. Segundo Carneiro (1992), o CMB é
constituído por oito unidades litoestratigráficas,
constituídas por vários tipos de rochas ígneas ou
metamórficas distribuídas a seguir por ordem
cronológica, da mais antiga para a mais jovem:
Gnaisses Alberto Flores, Anfibolitos Paraopeba,
Gnaisses Souza Noschese, Tonalitos Samambaia,
Anfibolitos Candeias, Granitos Brumadinho,
Metadiabásios Conceição de Itaguá e Diabásios Santa
Cruz. Já Goulart (2006) descreve a ocorrência de um
magmatismo fissural de idade mesoarqueana, este
evento está associado a processos distensivos ou de
relaxamento crustal, estes eventos resultaram
portando nos enxames de diques máficos nessa
crosta siálica, que por sua vez serviram de protólito
para unidades anfibolíticas que ocorrem encaixadas
nesse complexo metamórfico. A ocorrência de dois
outros episódios de magmatismo fissural básico – um
no Neoarqueano e outro no fim do Mesoproterozoico,
que foram responsáveis pelas intrusões de diques de
gabronorito e gabro. A unidade tonalítica é descrita
por Fernandes & Carneiro (2000), com ocorrências em
paralelas aos bandamentos gnáissicos. Este litotipo
apresenta cor clara e tons acinzentados, com
granulação média e texturas porfiríticas e do tipo
granítica e apresentam alinhamentos dos minerais
máficos, subordinadamente a quartzo e feldspatos,
apresentando uma textura magmática fluídal. Segundo
Fernandes & Carneiro, (2000) as unidades graníticas
ocorrem na forma de grandes corpos que estão
intrudidos em rochas da suíte gnáissica. Esta litologia
apresenta cor clara e em alguns pontos tons rosados
ou esbranquiçados, granulação média e texturas
porfiríticas. A unidade Metaultramáfica segundo
Carneiro et al. (1996), corresponde a uma sequência
acamadada de rochas metaultramáficas e que estão
distribuídas na região de estudo. A maior parte deste
corpo rochoso ocorre encaixada nos gnaisses e estão
orientados segundo a direção NE-SW. A unidade
gabronorítica é representada por diques máficos
orientados segundo a direção N65-70W, e estão
intrudidas entre as unidades gnáissicas e em alguns
afloramentos podem ser encontrados cortando as
unidades ultramáficas. As rochas da unidade
gabronorítica apresentam textura subofítica e em
alguns pontos textura fluídal (Carneiro et al. 1996a).
Ainda conforme Carneiro et al. (1996a), a unidade
gabróica é representada por diques que estão
orientados conforme a direção N50-55W. Estes diques
cortam as unidades gabronoríticas não apresentam
nenhuma relação com as intrusões dos granitóides.
Conforme Roeser & Roeser (2010), os greenstones
belts citados anteriormente estão representados pelas
sequências vulcanossedimentares arqueanas do
Supergrupo Rio das Velhas, compostas por
metassedimentos vulcanoclásticos, químicos e
pelíticos, que se encontram discordantes acima do
embasamento cristalino. Segundo Goulart (2006),
sequências supracrustais estão associadas a
episódios extensionais e compressionais de um
segmento de crosta arqueana primitiva, e que estão
correlacionadas a uma das fases do evento tectono-
termal Rio das Velhas, e que foi responsável pela
extrusão de lavas komatiíticas e basaltos toleíticos
durante o Neoarqueano. Já no Paleoproterozoico,
12. ocorreram as bacias do tipo rifte, com estabilização
dos processos ao final da Orogenia Transamazônica,
neste período ocorreram às deposições dos Grupos
Itacolomi e Sabará. Por fim, Goulart (2006) descreve
que na região de estudo afloram corpos granitóides
provindos de magmatismo com início no Arqueano e
estendido até o Neoproterozoico, correlacionando-se a
fase compressional que está ligada a um movimento
de subducção da crosta oceânica gerada
anteriormente. Conforme descrito nos estudos
anteriores pela parceria CPRM/CODEMIG (2005), o
empilhamento estratigráfico (Tabela 1) da área é
composto pelas unidades Arqueanas (3200 Ma a 2800
Ma), que são os Complexos Ortognáissicos do tipo
TTGs (Passa Tempo e Alberto Flores), seguida pelas
rochas do Supergrupo Rio das Velhas (Greenstone
Belts), pelo Tonalito Itaúna e pelos Granitos Piracema
e Ortognaisse. Já as rochas de idades
Paleoproterozoicas (2300 Ma a 2050 Ma), estão
representadas pelo Supergrupo Minas (Grupo Itabira),
e pelas rochas da Suíte acamadada Itaguara-Rio
Manso (Figura 6). Já no topo temos os depósitos
aluvionares e os terraços aluvionares de idade
Holoceno. Estes depósitos são encontrados
principalmente as margens e no leito do Rio Manso e
em parte do Córrego Morro da Onça.
Figura 6: Mapa Geológico do Quadrilátero Ferrífero onde se encontra a área de estudo.
13. Fonte: BIZZI et al., 2003.
Tabela 1: Coluna estratigráfica simplificada da área de
estudo.
Unidade de
Tempo
Idade Unidades
11,5 Mil anos
Depósitos Aluvionares
Terraços Aluvionares
PALEOPROTEROZOICO
2050 Ma
(Orosiriano)
Suíte Itaguara-Rio
Manso
2300Ma (Riaciano)
Supergrupo Minas -
Grupo Itabira
14. 2800Ma
Granito Piracema-
Ortognaisse
Tonalito Itaúna
Supergrupo Rio das
Velhas - Greenstone
Belts
3200Ma
Complexos
Ortognáissicos tipo
TTGs e Granitóides
associados
Passa Tempo e
Gnaisse Alberto Flores
Fonte: Modificada de (CODEMIG, 2005).
1.4.2 GEOLOGIA LOCAL
Pode-se dividir a geologia da área em seis unidades
estratigráficas (Figura 7), separadas por contatos
litológicos que, em alguns pontos, podem ser
observados e descritos como contatos bruscos, ou
seja, uma mudança brusca de litologia. Estas
unidades serão descritas a seguir:
Migmatito: Essa unidade apresenta indicadores
cinemáticos e suas foliações indicam movimentos de
natureza sinistral, ocorre na unidade litoestratigrafica
do completo Alberto Flores (Figura 8 C), é possível
observar uma concentração de fraturas e uma foliação
que se apresenta dobrada e algumas charneiras
espessas e flancos adelgaçados. Coloração clara, e
apresentam poucos minerais máficos orientados no
sentido NE. Essa estruturação aparece somente em
um afloramento da área de estudo. O mesmo é
caracterizado com textura granoblástica e
inequigranular, granulação de fina a grossa e
bandamentos milimétricos a centímetricos. Porém, em
alguns pontos do afloramento, pode-se observar
bandas félsicas de aproximadamente 1 metro. A
mineralogia desta unidade apresenta os seguintes
minerais; quartzo (55%), feldspato potássico (20%),
biotita (20%), plagioclásio (5%).
Metaperidotito: Esta unidade aflora na porção oeste e
centroeste da área de estudos (Figura 8 B). É uma
rocha máfica, de coloração cinza escuro a
esverdeado, cuja composição mineralógica apresenta,
anfibolio, serpentina, clorita e olivina em grãos
maiores distribuídos em matriz fina composta por
clinoanfibólio. Sua textura equigranular caracteriza
origem plutônica.
Gnaisse: O gnaisse Alberto Flores pode ser
classificado como gnaisse tipo II, o mesmo é
caracterizado como ortognaisse, (Figura 8 D e E), com
textura granoblástica e inequigranular, granulação
média, e foliações que vão de milimétricas a
centimétricas, podendo observar a orientação das
bandas máficas e félsicas. O complexo apresenta
lineações com uma direção preferencial NE-SW e sua
composição mineralógica é representada por quartzo
(50%), feldspato (20%), microclínio (10%), biotita
(15%), e minerais acessórios de titanita, apatita e
zircão (5%).
Granito: O granito Alberto Flores pode ser classificado
como granito tipo II (Figura 8 A), com textura
granoblástica e inequigranular, granulação fina a
média. Sua composição mineralógica apresenta
quartzo (50%), plagioclásio (20%), ortoclásio (15%),
biotita (10%) e minerais acessórios (5%). Essa
litologia se restringe somente a região norte da área,
situada a noroeste do distrito de Bernardas.
Gabro: Encontrado em apenas um ponto da área de
estudo, não foi possível coletar amostra. É uma rocha
plutônica intrusiva de coloração escura, com textura
fanerítica e granulação que varia de média a grossa.
Essa litologia é composta essencialmente por
plagioclásio, piroxênio e outros minerais acessórios.
Os depósitos aluvionares: São localizados em áreas
de menor elevação e declividade, próximo aos rios,
sendo o Rio Manso o principal, caracterizam depósitos
de moderadamente a muito mal selecionados, com
presença de clastos que variam sua granulação de
15. areia a blocos subarredondados e arredondados, em
alguns pontos apresentam depósitos concentrado de
argila, os mesmos são utilizados na produção
industrial de telhas e tijolos.
Figura 7: Mapa Geológico em escala de 1:10000 de parte da área de estudo, Rio Manso-MG.
Figura 8: Amostra das rochas encontradas na área de
estudo.
16. 1.4.3 GEOLOGIA ESTRUTURAL
Localmente pode ser observado um padrão de direção
das litologias e suas estruturas sempre orientadas na
direção NE (Tabela 2). Algumas falhas podem ser
observadas através do mapa de estudos geofísicos,
também se pode verificar que estas falhas seguem o
mesmo padrão de orientação das litologias, exceto
uma falha maior que corta em direção NS.
Em grande parte dos afloramentos não foram
possíveis realizar medidas e coletar dados estruturais,
isso deve-se ao estado de alteração das rochas.
2 OBJETIVOS
Realizar um mapeamento hidrográfico da área de
estudo com o objetivo de caracterizar
hidrogeologicamente a região, construindo uma ficha
de dados com descrição das nascentes encontradas,
delimitando a microbacia hidrográfica do Córrego
Morro da Onça e realizando o cálculo de vazão em
seu exutório.
Tabela 2: Detalhe das medidas realizadas em
foliações e fraturas das rochas analisadas nos
afloramentos visitados.
3 METODOLOGIA
3.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO E
CARTOGRÁFICO
Estudos preliminares geológicos, climáticos, de solos,
geomorfológicos, de relevo, vegetação e hidrográficos;
bem como análise através de levantamentos
cartográficos para conhecimento e caracterização da
área escolhida como foco de estudo neste artigo.
3.2 DADOS CONSTRUTIVOS DOS POÇOS DA REGIÃO
Foi analisado no sistema de águas subterrâneas
(SIAGAS) informações sobre poços cadastrados na
área de estudo para se obter uma base de
conhecimento sobre caracterização hidrogeológica da
região. No site do SIAGAS é possível escolher os
poços dos quais se desejam obter informações gerais,
construtivas, geológicas, hidrogeológicas, de teste de
bombeamento e de análise química. Os dados
encontrados foram registrados em uma ficha de
inventário de pontos d’água e incluídos neste artigo.
Foi elaborado um mapa de localização dos poços da
região através da junção de imagens de satélite
(utilizando o software Google Earth) e dados obtidos
através do site SIAGAS.
3.3 ELABORAÇÃO DE SEÇÕES HIDROGEOLÓGICAS
17. Elaborado através de estudos geológicos juntamente
com estudos de conceitos hidrográficos possibilitando
a geração de um perfil geológico com a caracterização
dos tipos de reservatórios de água (aquíferos,
aquiclude, aquifugo e aquitardo) presentes em cada
tipo de litologia da área de estudo. A classificação
quanto a zona onde se encontra presente a água
(saturada ou não saturada), pressão que ela exerce
na superfície (confinado ou livre) e o meio poroso em
que se encontra (fissural, poroso e cárstico) são
respondidas através desse estudo. O mapa com
essas informações foi elaborado a partir do software
ARC GIS (versão 10.5).
3.4 INVENTÁRIO DE PONTOS D’ÁGUA
Durante os estudos de campo foram levada em
consideração somente as nascentes não
intermitentes, ou seja, as que apresentam fluxos de
água todo o ano. Foram observados durante os
estudos dois tipos de nascentes predominantes: a
nascente de Forma Pontual, que se refere à surgência
(exfiltração) de forma concentrada em um mesmo
ponto, e a nascente de Forma Difusa, que apresenta
vários pontos de surgência (exfiltração) que em alguns
pontos formam grandes áreas alagadiças.
Os inventários dos pontos de água foram realizados
seguindo alguns padrões de detalhamento conforme
descrito na ficha de descrição. As principais
características descritas durante o cadastramento de
cada nascente podem ser observadas na Tabela 3.
Tabela 3: Características das nascentes.
CARACTÉRÍSTICAS DESCRIÇÃO
LOCAL DE
OCORRÊNCIA
Afloramento, Cavidade, Indefinida
GEOMORFOLOGIA
Canal, Concavidade, Duto, Depressão,
Olho dágua
TIPO DE SOLO Argissolo, Latossolo, Cambissolo e etc.
COR DO SOLO
Acinzentado, Amarelado, Avermelhado,
Indefinido
EXTRATO
VEGETACIONAL
Herbácia, Arbustiva, Arbórea, Ausente
FOCOS EROSIVOS
Solo exposto, Erosão acelerada, Sulcos
erosivos, Não apresenta
DECLIVIDADE DO
TERRENO
Alta, Média, Baixa
USO DA TERRA
Área urbana, Agrícula, Florestada,
Mineração, Silvicultura, Solo exposto
COR DA ÁGUA Escura, Clara, Transparente
ODOR DA ÁGUA Cheiro forte, Fraco, Sem cheiro
LIXO NO ENTORNO Muito, Pouco, Sem lixo
ACESSO Fácil, Difícil, Sem acesso
PROTEÇÃO
Sem Proteção, Com proteção mas com
acesso, Com proteção mas sem acesso
FORMA Pontual, Difusa, Múltipla
ASPECTO Limpa, Poluída, Múltipla
CONDIÇÃO
Natural, Natural Antropizada, Represada,
Drenada, Drenada Confinada, Aterrada,
Outra
VAZÃO
Pouca (1,0 A 3,0 M³/S, Significativa (3,0 A
6,0 M³/S, Grande (> 6,0 M³/S)
USO DA NASCENTE
Consumo humano, Uso doméstico,
Dessedentação de animais, Irrigação,
Harmonia paisagística, Afastamento de
esgoto, Recreação de contato primário,
Indefinida e etc.
Fonte: Modificado de AGÊNCIA PEIXE VIVO, 2017.
As fichas com caracterizações das nascentes foram
adaptadas dos procedimentos propostos no termo de
referência (AGÊNCIA PEIXE VIVO, 2017) e seu
modelo é observado na Tabela 4.
Tabela 4: Ficha individual de cadastro e
caracterização de nascentes.
FICHA INDIVIDUAL - CADASTRO E
CARACTERIZAÇÃO DE NASCENTES BACIA
HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO MORRO DO
ONÇA EM RIO MANSO – MG.
DATA DE
CADASTRO:
CÓDIGO DE
NASCENTE:
18. LOCALIZAÇÃO:
ALTITUDE:
COORDENADAS
UTM:
DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA
NASCENTE E CONDIÇÕES DO ENTORNO
FOTOS
Fonte: Modificado de AGÊNCIA PEIXE VIVO, 2017.
3.5 ELABORAÇÃO DE MAPA COM NASCENTES
ENCONTRADAS
O mapa das nascentes foi elaborado através dos
pontos descritos em campo juntamente com auxílio de
GPS, imagens de satélite (Google Earth) e software
ARC GIS.
3.6 DELIMITAÇÃO DA MICROBACIA DO CORREGO
MORRO DA ONÇA
Para delimitação da microbacia foi escolhido o
município de Rio Manso (MG). Após a escolha do
município estuda-se a hidrografia da região e
posteriormente a identificação da Bacia que a abrange
que no caso deste estudo foi identificada como sendo
a Bacia do Paraopeba. Esta bacia possui uma série de
microbacias, sendo assim, foi escolhida a microbacia
do Córrego Morro da Onça, por ser pouco estudada e
possuir um grande potencial hídrico possivelmente
para água mineral e potável. As delimitações da bacia
hidrográfica do Córrego Morro da Onça foram
realizadas através do método de individualização das
bacias de drenagem. Foram individualizadas 239
drenagens de 1° ordem fluvial, 32 drenagens de 2°
ordem fluvial, 12 drenagens de 3° ordem fluvial e 1
drenagem de 4º ordem que se refere ao leito principal
da bacia.
3.7 TESTE DE VAZÃO
Foi medida a cota topográfica e as coordenadas do
exutório da microbacia onde foi realizado o teste de
vazão (foi usado um trecho em que o córrego se
encontrava retilíneo, apresentava uma profundidade
dentro da considerada ideal e não possuía obstruções
em seu fluxo de água). A distância entre as seções
superior e inferior foi de 6m e o valor do coeficiente
utilizado para o cálculo foi o de 0,8 que serve para rios
com fundo pedregoso. Após a medição do tempo
(realizado quatro vezes) é possível realizar os cálculos
para medição da vazão. Para fazer a medida da vazão
utilizou-se a equação 1 da Figura 9 (PALHARES et al.,
2007):
Figura 9: Equação para medição da vazão.
(1)
Fonte: Palhares et. al., 2007.
Em que V é a vazão dada em metros cúbicos por
segundo (m3
/s), A é a média da área (seção) do rio
dada em metros quadrados (m2
), L é o comprimento
da área de medição dada em metros (m), C é o
coeficiente ou fator de correção usado para o tipo de
fundo que o rio apresenta, podendo ser 0,8 (para
fundo pedregoso) ou 0,9 (para fundo barrento) e T é o
tempo que o flutuador leva para deslocar-se no
comprimento da área, dado em segundos (s).
O teste de vazão é realizado para medir o pico de
vazão no exutório, o mesmo apresenta variação de
acordo com a taxa de precipitação pluviométrica e as
estações do ano.
4 RESULTADOS
4.1 MAPA DOS POÇOS PRÓXIMOS A AREA DE ESTUDO
COM SEUS DADOS CONSTRUTIVOS
Não foram encontrados poços cadastrados dentro da
área de estudo segundo dados do SIAGAS. No
município de Rio Manso – MG, encontram-se sete
poços cadastrados da COPASA e os mais próximos
da área estudada são os poços de número
3100006678 e 3100006679 em Bernardas. O mapa da
área de estudo com os poços da região e as fichas
19. com dados construtivos dos dois poços de Bernardas
são apresentados na Figura 10. O poço tubular
3100006678 construído pela COMIG no dia 17 de
novembro de 1993 com latitude UTM de7755846 e
longitude 570072 apresenta diâmetro de 6 polegadas,
perfuração de 0 a 100 metros, sem informações de
medidas de revestimento, pré-filtro, filtro e cimentação.
Sua vazão é de 2,62 Q (taxa de vazão em m3
/h), nível
estático de 1,28 metros, nível dinâmico de 66,17
metros. Já o poço tubular 3100006679 foi construído
pela COPASA no dia 20 de janeiro de 1994, com
latitude UTM de 7755815 e longitude 570072, com
diâmetro de 6 polegadas, perfuração de 0 a 112
metros, sem informações de medidas de revestimento,
pré-filtro, filtro e cimentação. Sua vazão é de 10,54 Q
(m3
/h), nível estático de 2,36 metros, nível dinâmico de
40,76 metros. Os dois poços estão localizados em
Bernardas no Município de Rio Manso – MG dentro da
sub Bacia Paraopeba em aquífero livre fissural dentro
do Complexo Bomfim e tem como principais fontes de
contaminação os currais, granjas, e postos de
combustíveis da região.
Figura 10: Mapa de poços no município de Rio Manso MG.
20. 4.2 MAPA GEOLÓGICO COM SEÇÃO
HIDROGEOLÓGICA
As rochas da região compreendem faixas de idade do
mesoarqueano ao proterozóico contendo no perfil A-B
(Figura 11) ortognaisses tonalíticos a graníticos,
rochas da suíte Itaguara – Rio Manso e ortognaisses
bandados conhecidos como gnaisses Alberto Flores
respectivamente. Seus reservatórios de água são
classificados como aquíferos por possuírem certa
porosidade ocasionada por fatores intempéricos que
contribuem para a permeabilidade nos litotipos
presentes na área. Este tipo de reservatório de água
se encontra sob pressão atmosférica e sendo assim é
denominado como aquífero livre e sua porosidade nos
permite inferir que são fissurais já que são comuns em
locais com presença de rochas ígneas e metamórficas
com muitas fendas e fraturas.
Figura 11: Mapa geológico com caracterização hidrogeológica da área de estudo.
21. 4.3 MAPA DE PONTOS EM CAMPO COM AS
NASCENTES MAPEADAS
Foram mapeadas quarenta e nove nascentes na
microbacia do Córrego da Onça em Rio Manso (MG).
A maior parte delas localizadas em drenagens de
primeira ordem. Foram encontradas nascentes difusas
e pontuais (Figura 12), com vazões e declividades
variadas entre elas e localizadas em áreas com solos
de cor vermelha a amarela onde o acesso aos pontos
d’água muitas vezes foram dificultadas por estarem
em áreas de mata arbórea fechada.
Figura 12: Mapa de pontos em campo.
22. Essas águas possuem aparência transparente sem
nenhum tipo de odor e são principalmente utilizadas
para consumo humano, irrigação e dessedentação de
animais.
Figura 13: Gráfico com tipos de nascentes
encontradas na área de estudo.
33%
8%
49%
10%
TIPOS DE NASCENTES
Nascente natural
difusa com pouca
vazão
Nascente natural
difusa com vazão
significativa
Nascente natural
pontual com pouca
vazão
16
Nascentes
4
Nascentes
24
Nascentes
5
Nascentes
O gráfico (Figura 13) foi elaborado para ilustrar os
tipos de nascentes encontradas na região de estudo,
onde se observa que as maiores porcentagens para
nascentes do tipo pontual com pouca vazão, ou seja,
nascentes que apresentam surgência (exfiltracão)
concentrada em um mesmo ponto escorrendo
lentamente.
4.4 MAPA DE DRENAGEM COM DELIMITAÇÃO DA
BACIA
A microbacia (Figura 14) está contida dentro de uma
bacia exorréica (Bacia do São Francisco) e apresenta
padrão de drenagem dendrítica (que lembram galhos
de (árvores), forma subcircular com fluxo na direção
de W-E e exutório no encontro com o Rio Manso no
município de Rio Manso (MG). A utilização do modelo
de elevação e de cota topográfica foi usada como
base para sua delimitação. O Córrego do Morro da
Onça é uma das principais drenagens de primeira
ordem contidas na microbacia, apesar das drenagens
23. de segunda e terceira ordem possuírem maior
ocorrência na região elas não foram escolhidas como
foco do estudo.
Figura 14: Mapa de delimitação da microbacia da área de estudo.
4.5 CALCULO DE VAZÃO NO EXUTÓRIO
Cálculo realizado no exutório da microbacia estudada
com os seguintes resultados de vazão apresentados
na Tabela 5:
Figura 15: Fotografia de teste de vazão realizado na área de estudo.
24. Tabela 5: Cálculo de vazão no exutório da Microbacia Morro da Onça.
SEÇÃO SUPERIOR SEÇÃO INFERIOR
LARGURA ENTRE AS
MARGENS
5,16 m ou 516 cm
LARGURA ENTRE AS
MARGENS
5,20 m ou 520 cm
PROFUNDIDADES
Intervalo A-B (75 cm)
PROFUNDIDADES
Intervalo A-B (65 cm)
Intervalo B-C (58 cm) Intervalo B-C (50 cm)
Intervalo C-D (61 cm) Intervalo C-D (51 cm)
Intervalo D-E (48 cm) Intervalo D-E (43 cm)
TOTAL
∑ dos valores de
profundidade (242 cm)
TOTAL
∑ dos valores de
profundidade (209 cm)
MÉDIA 242/5 = 48,8 cm MÉDIA 209/5 = 41,8 cm
ÁREA MÉDIA DA SEÇÃO
SUPERIOR
516*48,8 = 25180,8 cm²
ou 2,51 m²
ÁREA MÉDIA DA SEÇÃO
INFERIOR
520*41,8 = 21736 cm² ou
2,17 m²
ÁREA MÉDIA DO TRECHO DO RIO (2,51+2,17)/2 = 2,34 m²
MÉDIA DE REPETIÇÕES DE TEMPO (52+53+41+48)/4 = 48,5 s
VAZÃO (A*L*C)/T (2,34*6,0*0,8)/48,5 = 0,23 m³/s
5 DISCUSSÕES
A partir das análises de campo e das descrições das
principais nascentes, pode-se definir que algumas
delas podem e devem ser objetos de futuros estudos
na prospecção de água mineral, pois apresentam boa
vazão e alto potencial de potabilidade. Em alguns
pontos estas nascentes são totalmente drenadas para
as residências e/ou para irrigações, e em um ponto
específico no povoado de Canela, uma drenagem
encontra-se totalmente suprimida, ou seja, a água é
represada e usada em sua totalidade para irrigação.
Com estudos mais detalhados pode se tornar possível
uma distribuição mais homogênea dos recursos
hídricos da região.
6 CONCLUSÕES
A microbacia do Córrego Morro da Onça apresenta
forma subcircular, seu fluxo apresenta direção W-E,
padrão de drenagem dendrítica, com drenagens de
primeira, segunda, terceira e quarta ordens que
apontam em todas as direções, formando ângulos
25. agudos de várias graduações, mas nunca retos, isso
atribuído principalmente aos litotipos e eventos
tectônicos ocorridos no local estudado.
Cerca de 59% das nascentes estudadas foram
caracterizadas como pontuais, enquanto que as
demais foram descritas como difusas e são poucas as
que possuem qualquer tipo de proteção para sua
conservação.
AGRADECIMENTOS
Os autores deste trabalho agradecem aos professores
do curso de Bacharelado em Geologia do UNI-BH,
pela disponibilidade em colaborar com a presente
pesquisa e ao nosso orientador Dionísio Uendro
Carlos pela colaboração e apoio em nosso estudo.
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