Esta apresentação contempla alguns aspectos das reformas urbanas que a cidade do Rio de Janeiro passou entre o final do século XIX e início do século XX.
2. Noções Gerais
• Período em que ocorreram as grandes reformas
urbanísticas da cidade do Rio de Janeiro.
• Rio de Janeiro como o exemplo vivo do
crescimento em todas as suas facetas, sejam
elas técnicas, produtivas ou culturais.
• Intervenções: “progresso”, “desenvolvimento”,
“civilização”
• A cidade é um passo adiante do campo → o homem
toma consciência de seu papel na transformação
da natureza.
3. Antecedentes
• Rio de Janeiro = dupla fundação → francesa e
portuguesa, além de fruto dessa luta, sendo
lugar de colonos e de centro articulador e
irradiador de políticas e de ideias, sobretudo
quando, em 1763, se torna capital.
• Rio Capital = Força simbólica e estética que,
além de um papel moral e civilizador,
desempenha papel de difusão de condutas e modos
de agir. Essas qualidades a transformaram num
microcosmos da nação, se confundindo com o
próprio Brasil
4. Antecedentes
• Década de 1870: ao lado da introdução dos temas
da abolição e da República, se desenham desejos
civilizatórios mais concretos, na linha das
reformas urbanas europeias que tiveram como
modelo as reformas francesas de Haussmann.
6. Antecedentes: nos tempos do
Império
• Década de 1870: ao lado da introdução dos temas
da abolição e da República, se desenham desejos
civilizatórios mais concretos, na linha das
reformas urbanas europeias que tiveram como
modelo as reformas francesas de Haussmann.
• Intelectuais da década de 1870 buscavam tirar o
Brasil de seu sono colonial → dar à capital um
ar cada vez mais cosmopolita, retomando
tradições antigas e eliminando a mancha da
escravidão que em muito contribuía, na visão de
alguns, para dar à cidade um ar colonial.
7. Nos tempos do Império
• A expansão demográfica e o crescimento
industrial, especialmente do setor têxtil,
indicam alterações no funcionamento e na
distribuição da sociedade carioca →
Crescimento do setor de serviços, surgimento do
mercado de trabalho livre, ampliação das
oportunidades comerciais – que consequentemente
aumentam os investimentos no setor mercantil,
reforçando a sua dominância e garantindo a
expansão das manufaturas e dos ofícios –,
crescimento dos transportes e da circulação,
ampliação dos setores ligados à construção
civil e obras em geral e intensificação da
8. Nos tempos do Império
Era necessário o afastamento das “classes
perigosas”, da nação subterrânea,
daqueles que enfeavam a cidade e
provocavam tumultos, entendidos como
manifestações de uma “barbárie colonial”
Polícia como uma função civilizadora,
definindo-a como intermediária entre a
população urbana e o governo.
9. Nos tempos do Império
• Necessidade de um plano urbanístico que definisse
sua vocação de futuro em confronto com o passado
colonial; a falta de luz elétrica, de esgotos e de
água pura; a questão da habitação, associada à da
higiene, em função das doenças e febres que
assolavam a cidade, no inverno e no verão, dando-
lhe um aspecto de atrasada
• Década de 1870: o serviço de esgoto é estabelecido
nos bairros do Catete, Gávea, Botafogo, Centro e
Cidade Nova, ampliando-se até 1875, para Catumbi,
Laranjeiras, São Cristóvão e Engenho Velho. A
iluminação a gás e o abastecimento de água seriam
introduzidos nas áreas nobres da cidade.
• Exposição Internacional de 1873: “uma demonstração
da vocação nobre e civilizada da cidade”
10. Nos tempos do Império
• Essas mudanças atendem às demandas dos setores
dominantes da sociedade carioca, por outro, não
configuram nada que se possa definir como um plano
organizado de reformas. São apenas melhorias
necessárias a uma capital que aumenta sua
população, recebe a “fina-flor” da
intelectualidade política nacional e se apresenta
como o centro político e cultural do Brasil.
• As casas de modas crescem – Notre Dame, Salgado
Senha e América e China; destacam-se as livrarias
que anunciam o crescimento cultural – Garnier,
Laemmert, Faro, F. Alves, Cruz Coutinho – e as
confeitarias dão o tom do que é moderno nas suas
11. A Rua do Ouvidor, o ponto de
consumo e de encontro da
sociedade carioca do século XIX.
Fotografia de 1862
Confluência da Rua
Uruguaiana com o Largo da
Carioca, por volta de 1890.
12. Interior da Livraria Garnier, na Rua do
Ouvidor, de propriedade dos irmãos
franceses Auguste e Hippolyte Garnier
13. Capa de A Moreninha, romance de
grande sucesso publicado pela
Garnier
14. A Confeitaria Colombo, na Rua
Gonçalves Dias, foi fundada em
1894 e tinha um rol de clientes
célebres entre seus
frequentadores
15. A Confeitaria Colombo, na Rua
Gonçalves Dias, ainda está em
funcionamento e é patrimônio
cultural e artístico da cidade.
16. Nos tempos do Império
• A área central assiste-se ao crescimento de
vendedores ambulantes e de ofícios menos
prestigiosos, como por exemplo, o passeio dos
perus, os vendedores de flores do largo de São
Francisco e o comércio de verduras e de leite.
A cidade ainda está indefinida, caminha
cambaleante em direção ao moderno.
• Alguns bairros vão se formando na periferia dos
antigos. Os abastados começam a tentar
diferenciar o ambiente de trabalho do lugar
destinado ao lazer e à família. Toda essa
movimentação de pobres e ricos aumenta o
17. Nos tempos do Império
• Assim, a libertação dos escravos e sua
disponibilidade para o trabalho agitam a vida
urbana, num momento em que ela também tem
disponibilidade para recebê-los. As companhias
de bondes, de eletricidade, de abastecimento de
água e da construção civil são algumas das
outras empresas que utilizam essa mão de obra,
incorporando-a ao mercado do trabalho livre. A
maneira de a cidade dar conta dos negros
libertos produz uma euforia cultural,
civilizatória e econômica que legitima o
caminho das reformas, uma vez que atesta a
verdade do discurso da ordem e do progresso.
Acentua-se o cosmopolitismo. Afinal, sem
18. A cidade do Rio de
Janeiro assume, então,
uma função exemplar para
o restante do Brasil. É
através dela que os
hábitos civilizatórios
penetram no interior,
levando a modernidade
para todos os cantos do
19. Nos tempos da República
• República = “regeneração” da cidade: o
embelezamento da cidade. Em 1891, intensificam-
se as proibições de hortas e capinzais no
centro urbano e, no ano seguinte, produzem-se
as posturas que têm como objetivo conter a
ampliação das habitações coletivas.
• Em 20 de agosto de 1892 é definida a autonomia
do Distrito Federal, que passa a ter governo
próprio. Barata Ribeiro é o primeiro a ser
indicado como prefeito. Ele começa a
desencadear as mudanças, tentando estabelecer a
vocação moderna da cidade.
20. Barata Ribeiro, por exemplo, reforma a
Praça XV, intensifica a vigilância sobre
a higiene e o saneamento, e controla as
habitações coletivas da cidade,
entendidas como sínteses da falta de
higiene e do crime, ou seja, marcos da
barbárie. A ação contra os cortiços é
tão intensa que passará a ser um dos
elementos centrais de sua
administração.
22. A Revista Ilustrada, de fevereiro de 1893,
versejava:
Era de ferro a cabeça/De tal poder infinito/Que –
se bem nos não pareça –/Devia ser de granito./No
seu bojo secular/De forças devastadoras/Viviam
sempre a bailar/Punhais e metralhadoras./Por
isso viveu tranquila/Dos poderes
temerosos/Como louco cão de fila/ Humilhando
poderosos./Mas eis que um dia a barata,/Deu-lhe
na telha, almoçá-la/E assim foi – sem patarata –
/Roendo, até devorá-la (apud Macedo, 1943, p.
63).
23. (UERJ 2019/2) No início da noite de 26 de janeiro de
1893, por ordem do prefeito do Distrito Federal,
Cândido Barata Ribeiro, a polícia ocupou o mais
célebre dos cortiços cariocas, conhecido como Cabeça
de Porco, no centro da cidade. A estalagem, conjunto
de casinhas onde viviam de 400 a 2000 pessoas, foi em
seguida desocupada, sem que se desse aos moradores o
tempo necessário para recolherem suas coisas. Em
poucas horas, foi demolida. Não tardou para que a
expressão “cabeça de porco” se impusesse como sinônimo
de cortiço.
Adaptado de projetomemoria.art.br.
A ordem de desocupação e demolição do famoso cortiço
em 1893, ironizada em capa de revista da época,
representou mudanças na ação do então prefeito com
relação aos problemas sociais da cidade do Rio de
Janeiro.
Um desses problemas sociais e o objetivo dessa
demolição estão indicados, respectivamente, em:
a) déficit escolar – planificação da expansão urbana
b) fluxo migratório – integração de novos logradouros
24. (UERJ 2019/2) No início da noite de 26 de janeiro de
1893, por ordem do prefeito do Distrito Federal,
Cândido Barata Ribeiro, a polícia ocupou o mais
célebre dos cortiços cariocas, conhecido como Cabeça
de Porco, no centro da cidade. A estalagem, conjunto
de casinhas onde viviam de 400 a 2000 pessoas, foi em
seguida desocupada, sem que se desse aos moradores o
tempo necessário para recolherem suas coisas. Em
poucas horas, foi demolida. Não tardou para que a
expressão “cabeça de porco” se impusesse como sinônimo
de cortiço.
Adaptado de projetomemoria.art.br.
A ordem de desocupação e demolição do famoso cortiço
em 1893, ironizada em capa de revista da época,
representou mudanças na ação do então prefeito com
relação aos problemas sociais da cidade do Rio de
Janeiro.
Um desses problemas sociais e o objetivo dessa
demolição estão indicados, respectivamente, em:
a) déficit escolar – planificação da expansão urbana
b) fluxo migratório – integração de novos logradouros
25. Nos tempos da República
• No início do século XX, a cidade Rio de Janeiro
passou por uma remodelação a fim de renovar a
sua imagem como capital de um país que deveria
ser apresentado como uma nação moderna e
civilizada. Tais mudanças correspondiam aos
anseios de uma elite republicana e estavam
incluídas nos planos de duas reformas urbanas,
uma de responsabilidade do governo federal e
outra da administração municipal.
27. Nos tempos da República
• No início do século XX, a cidade Rio de Janeiro passou
por uma remodelação a fim de renovar a sua imagem como
capital de um país que deveria ser apresentado como uma
nação moderna e civilizada. Tais mudanças correspondiam
aos anseios de uma elite republicana e estavam
incluídas nos planos de duas reformas urbanas, uma de
responsabilidade do governo federal e outra da
administração municipal.
• O governo federal, presidido por Rodrigues Alves, seria
responsável pela remodelação do Porto do Rio de Janeiro
e outras reformas relacionadas à circulação de
mercadorias, como a avenida do cais (atual Rodrigues
Alves), o canal do Mangue e a construção da Avenida
Central, inaugurada em 1905, (atual Rio Branco), esta
última considerada o maior símbolo da “nova capital”. A
administração municipal, comandada pelo então prefeito
28. Com seu ar afrancesado, a
Avenida Central (atual Rio
Branco) se tornou o novo
palco da moda, o lugar
onde as elites exibiam
seus trajes europeus e
onde as lojas anunciavam a
venda de artigos dernière
bateau (chegados no último
29. A remodelação da cidade
previa a inserção dos
hábitos das metrópoles
europeias. Decreto de
Passos determinou que só
pessoas em trajes
completos poderiam
circular pela Avenida
Central, ícone dos novos
30. Com arquitetura
inspirada na Ópera de
Paris, o Theatro
Municipal, inaugurado
em 1909, ajudou a criar
mais um nexo entre o
Rio e a capital
parisiense, tida como a
31. Inauguração dos primeiros 500
metros de cais, em 1906. A
maior parte do aterro da região
portuária foi feita a partir do
arrasamento do Morro do
Senado, demolido para a
criação do eixo de circulação
entre a Lapa e o Estácio
32. Nos tempos da República
• Tais intervenções seriam orientadas por novos
usos da capital, e podem ser vistas como um
investimento simbólico a fim de melhorar a
imagem do país no exterior (atraindo imigrantes
e investimentos) e legitimar o regime
republicano em esfera nacional, alcançando o
imaginário de uma população que ainda estava
afetivamente apegada à Monarquia e à figura
central do Imperador D. Pedro II. A atuação no
imaginário social visava produzir a sensação de
uma inserção em novos tempos, apagando da
memória da população as representações que
tivessem afinidades com o período imperial.
33. Nos tempos da República
• As reformas trariam ao Rio de Janeiro a
“beleza, a salubridade e a modernização”, que
substituiriam a “feiura, a sujeira e o atraso”.
A utilização dessas dicotomias buscava
facilitar a aceitação do público às mudanças
que estavam ocorrendo, mesmo que estas
sacrificassem uma considerável parcela da
população, que precisaria se deslocar e mudar
seu cotidiano. Afinal, a renovação da capital
iria além de mudanças físicas. O prefeito
Pereira Passos buscou eliminar vários hábitos
que faziam parte do cotidiano da cidade,
lançando uma série de proibições. As classes
populares deveriam se adequar às mudanças,
34. Nos tempos da República:
Conflitos
Revolta da Vacina (1904/Rio de Janeiro)
• Causas Principais: Obrigatoriedade da vacinação
contra a varíola
• Objetivos: Revogação da obrigatoriedade da
vacinação obrigatória
• Resultados: Revolta reprimida, revogação da lei de
obrigatoriedade.