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POR QUE TEMOS QUE TRABALHAR?
HUMANIDADES PARA ECONOMIA E TRABALHO
O QUE O TRABALHO REPRESENTA PARA O SER
HUMANO E QUAL É A IMPORTÂNCIA DELE NA
VIDA DE UMA PESSOA?
Quais são os tipos históricos de produção e de trabalho?
Como o trabalho era visto culturalmente?
Quais as principais formas de organização da produção no
capitalismo?
Como o trabalhador se organiza politicamente?
O TRABALHO DIGNIFICA O
HOMEM???
A sociedade grega (séculos V e IV a.c.) e
romana (séculos I e II) se caracterizavam pelo
modo de produção escravista e o trabalho
escravo era a base de sua economia.
Durante o Período Clássico, a Grécia instaurou
a democracia, que contava com a participação
de todos os cidadãos, mas só eram
considerados como tal: os homens nascidos
em Atenas, filhos de pais livres, maiores de 18
anos e com poder econômico. Assim, a
democracia grega excluía as mulheres, as
crianças, os não atenienses e os escravizados.
O TRABALHO ESCRAVO NA
ANTIGUIDADE
Com o processo de ruralização da economia, o poder
na sociedade medieval foi descentralizado e ficou nas
mãos dos senhores feudais, que formaram feudos com
produção agropecuária baseada no trabalho servil.
O feudalismo se caracterizava pela sociedade dividida
em rígidos estamentos, onde há pouca ou nenhuma
mobilidade social. Os servos, em especial, nunca
poderiam ascender à senhores feudais, eram
juridicamente considerados livres, sendo presos à
terra e à exploração de seu trabalho pelo senhor
feudal.
As funções sociais eram claras: o clero cuidava da
vida espiritual, a nobreza era responsável pela defesa
e os servos trabalhavam na produção de alimentos
para toda economia feudal.
O TRABALHO SERVIL NA IDADE MÉDIA
Com o desenvolvimento comercial e urbano,
impulsionado pelas Grades Navegações, formou-se
uma nova classe: a burguesia comercial, constituída
por mercadores, instaurando assim um novo modo de
produção.
No modo de produção capitalista, o trabalho
assalariado constitui a base para que o capital e,
consequentemente, a sociedade capitalista se
reproduzam socialmente. Isso ocorre pela relação
social desigual na produção entre o capitalista (dono
dos meios de produção) e trabalhadores, na medida
em que apenas o trabalhador produz. Este é
remunerado a apenas uma parte do tempo de
trabalho consumido no processo de produção.
O TRABALHO ASSALARIADO NAS
SOCIEDADE CAPITALISTAS
Os escravos da Antiguidade e os servos da
Idade Média não tinham liberdade nem direitos
políticos: eram subordinados aos senhores de
escravizados e aos senhores feudais,
respectivamente.
Com o desenvolvimento da produção capitalista
baseada no trabalho assalariado e o crescimento
da industrialização, o trabalho escravo e o
trabalho servil perderam força. No capitalismo,
um pressuposto central para a formação do
lucro é que o trabalho e o trabalhador sejam
livres.
A NEGAÇÃO E A AFIRMAÇÃO DO
TRABALHO
Essa liberdade é um pressuposto para a formação do
lucro para que o capitalista possa comprar a força de
trabalho que, quando mais disponível, mais barata é. Ao
comprá-la, a empresa pode explorar toda a capacidade
do trabalhador ao longo de uma jornada diária, semanal
ou mensal, mas paga a ele apenas uma parte daquilo
que o trabalho dele gerou.
TRABALHO E TRABALHADOR “LIVRES”
A CONCEPÇÃO NEGATIVA DO
TRABALHO
Os trabalhos escravo, servil e assalariado (até 1970) são
fundamentalmente manuais e serviram como força
produtiva central para a geração de riqueza da
Antiguidade até parte da Idade Contemporânea. Estas
sociedades mesmo assentadas em modos de produção
diferentes, compreendiam o trabalho manual como uma
atividade negativa.
Na Atiguidade, era visto como uma forma de pena,
castigo, dor e era relegado aos escravizados, pois nessa
sociedade, os valores entendidos como superiores eram a
contemplação filosófica, o vigor, a força física e a saúde
A CONCEPÇÃO NEGATIVA DO
TRABALHO
Já durante o feudalismo, o entendimento negativo do
trabalho manual se reproduziu até o século XIII. Nesse
período a nobreza e o clero eram fundamentalmente
classes ociosas, ou seja, não trabalhavam. O trabalho
manual, era visto negativamente, mas necessário, pois
sustentava toda economia feudal.
Então, para justificar o trabalho dos servos, a Igreja
passou a difundir que a divisão social era uma
designação de Deus, estabelecendo, por
consequência, quem deveria trabalhar e quem iria
usufruir.
E QUANDO O TRABALHO PASSOU A SER
VALORIZADO?
Somente nas sociedades modernas, nas quais
predominam o trabalho assalariado e formalmente livre, é
que o trabalho deixa de ser considerado uma relação
social negativa, tornando-se culturalmente valorizado.
Com o avanço da industrialização e urbanização das
cidades, o trabalho torna-se o centro da vida social,
passando a ser considerado algo útil, e o ócio e a
contrmplação, improdutivos.
A Revolução Industrial criou novas condições de vida e
transformações na relação entre trabalhador assalariado
e o proprietário dos meios de produção.
Porém há situações nas quais o trabalho não é algo
prazeroso e pode ser muito degradante física e
psicologicamente para o ser humano.
Por que temos que trabalhar e modos de produção e trabalho

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  • 2. O QUE O TRABALHO REPRESENTA PARA O SER HUMANO E QUAL É A IMPORTÂNCIA DELE NA VIDA DE UMA PESSOA?
  • 3. Quais são os tipos históricos de produção e de trabalho? Como o trabalho era visto culturalmente? Quais as principais formas de organização da produção no capitalismo? Como o trabalhador se organiza politicamente? O TRABALHO DIGNIFICA O HOMEM???
  • 4. A sociedade grega (séculos V e IV a.c.) e romana (séculos I e II) se caracterizavam pelo modo de produção escravista e o trabalho escravo era a base de sua economia. Durante o Período Clássico, a Grécia instaurou a democracia, que contava com a participação de todos os cidadãos, mas só eram considerados como tal: os homens nascidos em Atenas, filhos de pais livres, maiores de 18 anos e com poder econômico. Assim, a democracia grega excluía as mulheres, as crianças, os não atenienses e os escravizados. O TRABALHO ESCRAVO NA ANTIGUIDADE
  • 5. Com o processo de ruralização da economia, o poder na sociedade medieval foi descentralizado e ficou nas mãos dos senhores feudais, que formaram feudos com produção agropecuária baseada no trabalho servil. O feudalismo se caracterizava pela sociedade dividida em rígidos estamentos, onde há pouca ou nenhuma mobilidade social. Os servos, em especial, nunca poderiam ascender à senhores feudais, eram juridicamente considerados livres, sendo presos à terra e à exploração de seu trabalho pelo senhor feudal. As funções sociais eram claras: o clero cuidava da vida espiritual, a nobreza era responsável pela defesa e os servos trabalhavam na produção de alimentos para toda economia feudal. O TRABALHO SERVIL NA IDADE MÉDIA
  • 6. Com o desenvolvimento comercial e urbano, impulsionado pelas Grades Navegações, formou-se uma nova classe: a burguesia comercial, constituída por mercadores, instaurando assim um novo modo de produção. No modo de produção capitalista, o trabalho assalariado constitui a base para que o capital e, consequentemente, a sociedade capitalista se reproduzam socialmente. Isso ocorre pela relação social desigual na produção entre o capitalista (dono dos meios de produção) e trabalhadores, na medida em que apenas o trabalhador produz. Este é remunerado a apenas uma parte do tempo de trabalho consumido no processo de produção. O TRABALHO ASSALARIADO NAS SOCIEDADE CAPITALISTAS
  • 7. Os escravos da Antiguidade e os servos da Idade Média não tinham liberdade nem direitos políticos: eram subordinados aos senhores de escravizados e aos senhores feudais, respectivamente. Com o desenvolvimento da produção capitalista baseada no trabalho assalariado e o crescimento da industrialização, o trabalho escravo e o trabalho servil perderam força. No capitalismo, um pressuposto central para a formação do lucro é que o trabalho e o trabalhador sejam livres. A NEGAÇÃO E A AFIRMAÇÃO DO TRABALHO
  • 8. Essa liberdade é um pressuposto para a formação do lucro para que o capitalista possa comprar a força de trabalho que, quando mais disponível, mais barata é. Ao comprá-la, a empresa pode explorar toda a capacidade do trabalhador ao longo de uma jornada diária, semanal ou mensal, mas paga a ele apenas uma parte daquilo que o trabalho dele gerou. TRABALHO E TRABALHADOR “LIVRES”
  • 9. A CONCEPÇÃO NEGATIVA DO TRABALHO Os trabalhos escravo, servil e assalariado (até 1970) são fundamentalmente manuais e serviram como força produtiva central para a geração de riqueza da Antiguidade até parte da Idade Contemporânea. Estas sociedades mesmo assentadas em modos de produção diferentes, compreendiam o trabalho manual como uma atividade negativa. Na Atiguidade, era visto como uma forma de pena, castigo, dor e era relegado aos escravizados, pois nessa sociedade, os valores entendidos como superiores eram a contemplação filosófica, o vigor, a força física e a saúde
  • 10. A CONCEPÇÃO NEGATIVA DO TRABALHO Já durante o feudalismo, o entendimento negativo do trabalho manual se reproduziu até o século XIII. Nesse período a nobreza e o clero eram fundamentalmente classes ociosas, ou seja, não trabalhavam. O trabalho manual, era visto negativamente, mas necessário, pois sustentava toda economia feudal. Então, para justificar o trabalho dos servos, a Igreja passou a difundir que a divisão social era uma designação de Deus, estabelecendo, por consequência, quem deveria trabalhar e quem iria usufruir.
  • 11. E QUANDO O TRABALHO PASSOU A SER VALORIZADO? Somente nas sociedades modernas, nas quais predominam o trabalho assalariado e formalmente livre, é que o trabalho deixa de ser considerado uma relação social negativa, tornando-se culturalmente valorizado. Com o avanço da industrialização e urbanização das cidades, o trabalho torna-se o centro da vida social, passando a ser considerado algo útil, e o ócio e a contrmplação, improdutivos. A Revolução Industrial criou novas condições de vida e transformações na relação entre trabalhador assalariado e o proprietário dos meios de produção. Porém há situações nas quais o trabalho não é algo prazeroso e pode ser muito degradante física e psicologicamente para o ser humano.