O nacionalismo autêntico, segundo Álvaro Vieira Pinto, é aquele que surge a partir da necessidade de superar os problemas de um povo a partir do que o povo tem à mão. Aqui apresenta-se uma agenda de pesquisa em Design inspirada em Álvaro Vieira Pinto, que passa pela fundação do Laboratório de Design contra Opressões (LADO) na UTFPR.
4. O filósofo brasileiro Álvaro Vieira Pinto (1909-1987) escreveu sobre
as relações existenciais entre ciência e projeto.
5. Para ele, o mundo em que vivemos é produzido socialmente por
nossas mãos. Não temos contato imediato com a natureza, mas
sim através de mediações.
6. Para produzir nossa existência e continuar existindo, precisamos
dominar as mediações entre nossa consciência e nosso mundo:
linguagem, técnica, ferramentas e design.
7. Vieira Pinto define a ciência como autoconsciência máxima possível
em cada cultura humana. Assim, ele reconhece que há uma forma
de ciência em todas as culturas, embora com outros nomes.
8. A produção de ciência é inerente a qualquer trabalho, porém,
devido às desigualdades sociais, algumas formas de trabalho se
estabelecem culturalmente como mais científicas que outras.
9. A forma distintiva de trabalho de Design surgiu no século XX a
partir da intensificação da divisão do trabalho na indústria e das
demandas do capital de exploração da subjetividade no consumo.
11. Para superar essas dicotomias, Vieira Pinto recomenda incluir a
condição existencial do pesquisador como parte do problema de
pesquisa e também como uma mediação metodológica.
12. A minha condição existencial passou a ser o ponto de partida real
e efetivo para as minhas investigações científicas no Design.
13. Sou um trabalhador científico localizado num país subdesenvolvido,
que não dá prioridade à ciência para o seu desenvolvimento.
14. Se reconhecermos que nossa condição é subdesenvolvida e que
não podemos fazer a mesma ciência que as metrópoles coloniais,
podemos então nos debruçar sobre os problemas de nossos povos.
15. O metropolitanismo nos leva a pensar que as soluções para nossos
problemas estão sempre em outro lugar, em outro tempo, mas
nunca aqui e agora.
16. Junto com as soluções estrangeiras vêm também os problemas
estrangeiros. Habituamo-nos a resolver os problemas científicos de
outros países e ignoramos as nossas próprias ciências.
17. Minha tese de doutorado identificou uma prática expansiva de
design que inclui contradições como fonte de mudança nas
atividades e nos espaços que habitamos.
18. Desde que defendi minha tese na Holanda e retornei ao Brasil,
tenho focado minha pesquisa na contradição da opressão. Eu me
pergunto: como o design oprime e como pode libertar?
19. Em 2019, realizamos um experimento com estudantes de Design da
UTFPR em que testemunhamos a emergência de um corpo coletivo.
20. Esse corpo coletivo quebrou com todas as regras de design
colonialista para afirmar sua autonomia.
21. Dentre os desdobramentos desse manifesto, destaca-se a fundação
do Laboratório de Design contra a Opressão (LADO) em 2021.
22. Uma descoberta importante realizada por pesquisadores do LADO e
da PUCPR é a opressão do usuário, o usuarismo.
23. Segundo Vieira Pinto,
pesquisadores podem negar suas
origens e servir a outros corpos
coletivos, mas essa não é a
atitude moral mais consistente.
25. Assim, seu trabalho científico
contribuirá para um país mais
consciente de suas ciências, de suas
culturas e de seus mundos, enfim,
de quem somos enquanto nação.