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Coordenadora Profa. Dra. Giselle Falbo (UFF)
Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa (Doutorando PPGP/UFF)
Contato: angelocosta@id.uff.br
Extensão Acadêmica – Projeto de Ensino – Curso de Férias
A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA NAS ENTREVISTAS
PRELIMINARES A UMA ANÁLISE
SABERES EM QUESTÃO: PSICANÁLISE E PESQUISA
NA UNIVERSIDADE
2024.1
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1
A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa
Objetivos:
 Apresentar coordenadas na obra freudiana para conduzir uma
pesquisa em psicanálise;
 Introduzir o tema do diagnóstico nas entrevistas preliminares;
 Apontar a diferença entre neurose e psicose a partir de Freud;
 Tematizar as características do campo clínico no contexto do início
do tratamento;
 Questionar a relevância da técnica analítica clássica no
contemporâneo.
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Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1
A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa
Roteiro:
 1) O início do tratamento: uma psicanálise não existe desde o início
 2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan
 3) Aspectos gerais das entrevistas preliminares
 4) Hipótese diagnóstica e construção do caso clínico
 5) Pesquisa em psicanálise: coordenadas na obra freudiana
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Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1
A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa
Roteiro:
 6) Diagnóstico desde os primórdios da psicanálise
 7) Diferença entre neurose e psicose a partir da primeira tópica
 8) Diferença entre neurose e psicose a partir da segunda tópica
 9) Notas sobre a especificidade do tempo na psicanálise
 10) A arquitetura clássica da psicanálise no contemporâneo: ainda?
Observações práticas:
Psicanálise aplicada na avaliação psicológica (para o tratamento da obesidade)
Psicanálise aplicada ao atendimento a funcionários de instituição hospitalar
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A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa
1) O início do tratamento: uma psicanálise não existe desde o início
“Quem desejar aprender nos livros o nobre jogo do xadrez logo
descobrirá que somente as aberturas e os finais permitem uma
descrição sistemática exaustiva, enquanto a infinita variedade de
movimentos após a abertura desafia uma tal descrição. Apenas o
estudo diligente de partidas dos mestres pode preencher a lacuna na
instrução. As regras que podemos oferecer para o exercício do
tratamento psicanalítico estão sujeitas a limitações parecidas” (p.
164).
▪ Um analista não se forma como cada outro.
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A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa
1) O início do tratamento: uma psicanálise não existe desde o início
▪ A psicanálise resiste ao empuxo ao Manual, ao Protocolo:
“[…] farei bem em designá-las como ‘recomendações’ e em não
reivindicar sua obrigatoriedade. A extraordinária diversidade das
constelações psíquicas envolvidas, a plasticidade de todos os
processos anímicos e a riqueza de fatores determinantes resistem à
mecanização da técnica […] Essas circunstâncias não impedem,
porém, que se estabeleça uma conduta medianamente adequada
para o médico” (p. 164).
▪ O início de uma análise não coincide com a abertura da porta do
consultório.
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Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1
A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa
2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan
Escolha metodológica (alguns termos a evitar, para não virar “lacanês”):
Gozo; falo; Nome-do-Pai; Outro; imaginário; falta; desejo; etc.
O início do tratamento em Freud:
Em alemão – Probebehandlung (Tratamento de prova)
Tradução antiga: “tratamento de ensaio”
Tradução atual: “ensaio preliminar” (p. 165); “período de prova” (p. 165);
“sondagem” (p. 165); tratamento experimental (p.166); “longas entrevistas” (p.
166); “terapia preliminar” (p. 166).
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Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1
A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa
2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan
O início do tratamento em Lacan:
Em francês – Entretiens preliminaires
Primeira menção: LACAN, J. (1971). Da incompreensão e outros temas. In: LACAN,
J. Estou falando com as paredes: conversas na Capela de Sainte-Anne. Rio de
Janeiro: Zahar, 2011, p. 39-70.
Discurso da mesma época do seminário 19 “… Ou pior”; registrado em um dos "Paradoxos de Lacan".
Primeira discussão: LACAN, J. (1945). O tempo lógico e a asserção da certeza
antecipada. In: LACAN, J. (1966). Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020, p. 197-213.
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A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
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2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan
Primeira menção: LACAN, J. (1971). Da incompreensão e outros temas. In: LACAN,
J. Estou falando com as paredes: conversas na Capela de Sainte-Anne. Rio de
Janeiro: Zahar, 2011, p.41.
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2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan
O início do tratamento em Lacan:
Em francês – Entretiens preliminaires
Outras discussões:
▪ LACAN, J. (1951). Intervenção sobre a transferência. In: LACAN, J. (1966). Escritos. Rio de
Janeiro: Zahar, 2020, p. 214-225.
▪ LACAN, J. (1957). De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose. In:
LACAN, J. (1966). Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020, p. 537-590.
▪ LACAN, J. (1958). A direção do tratamento e os princípios de seu poder. In: LACAN, J. (1966).
Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020, p. 591-652.
▪ LACAN, J. (1977). “Ouverture de la Section Clinique”, Ornicar?, no 9, Seuil. Traduzido pela
Traço Freudiano: “A abertura da seção clínica”.
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A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
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3) Aspectos gerais das entrevistas preliminares
 Objetivos:
1) “O começo do tratamento com um período de prova de algumas
semanas tem também uma motivação relacionada ao
diagnóstico” (p. 156).
2) “O primeiro objetivo do tratamento é ligá-lo à terapia e à pessoa
do médico” (p. 187).
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3) Aspectos gerais das entrevistas preliminares
 Comunicados (Regra Técnica Fundamental - Associação Livre)
 Combinados sobre o pagamento
 Frequência das entrevistas
 Avertências sobre os efeitos da interrupção (operação inacabada)
 Advertências sobre a temporalidade inconsciente
 Evitar intervenções prematuras
 Entrada em análise e uso do divã
 Anamnese médica ≠ Entrevista psiquiátrica ≠ Entrevista psicológica ≠ Entrevistas
preliminares
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A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
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4) Hipótese diagnóstica e construção do caso clínico
“Ocorre que para o psicanalista o erro é mais funesto que para o assim chamado
psiquiatra clínico. Pois este não empreende, seja num caso ou no outro, algo de
realmente proveitoso; corre apenas o perigo de um erro teórico, e seu diagnóstico
tem interesse apenas acadêmico. Já o psicanalista comete, num caso desfavorável,
um desacerto prático, torna-se culpado de um gasto inútil e desacredita seu
procedimento terapêutico. Ele não pode manter sua promessa de cura caso o
paciente sofra, não de histeria ou de neurose obsessiva, mas de parafrenia, e então
tem motivos particularmente fortes para evitar o erro diagnóstico. Num tratamento
experimental de algumas semanas, ele com frequência perceberá coisas suspeitas,
que poderão levá-lo a não prosseguir com a tentativa” (p. 166).
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A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
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4) Hipótese diagnóstica e construção do caso clínico
▪ Do caos ao caso clínico:
“É preciso manter a preocupação constante com extração de uma lógica do caso
que sustente um diagnóstico diferencial entre neurose e psicose, sob o risco, em
última instância, de tratar como neurótico um psicótico”.
Fonte: OLIVEIRA, F. L. G.; COSTA, A. M. V. Sobre o início do tratamento. In: Laboratório de
Ensino (ISEPOL), 2020. Resenha de O início do tratamento: novas recomendações sobre a
técnica da psicanálise I.
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5) Pesquisa em psicanálise: coordenadas na obra freudiana
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A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise
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5) Pesquisa em psicanálise: coordenadas na obra freudiana
 Momentos da obra:
 Primórdios da psicanálise
 Duas teorias do aparelho psíquico
 Dois momentos da teoria pulsional e momento de revisão
 Artigos técnicos (1911-1915)
 Ensaios metapsicológicos (1915; outros)
 Os cinco casos paradigmáticos da psicanálise
 Uso das referências:
(FREUD, 1917[1915]/2017, p. 176) (LACAN, 2001[1938]/2021)
Ano de publicação atual
(traduzido)
Ano em que foi escrito
Ano de publicação original (em alemão)
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6) Diagnóstico desde os primórdios da psicanálise
Observa-se que diferenciar a histeria de uma enfermidade orgânica não foi tarefa
fácil. Desafio ao qual Freud respondeu com esforço científico para discernir o que é
típico de uma histeria do que não é. Freud construiu uma nosologia específica para
avançar com o tratamento e a pesquisa psicanalítica, apontando para uma
psicogênese dos sintomas histéricos (FREUD, 1910/2020). Destaca-se o caráter
fundamental do desafio diagnóstico desde os primórdios da psicanálise e observa-
se ainda que seu contexto de surgimento é, com efeito, o hospital. Uma neurose
histérica não é uma neurose obsessiva, nem uma psicose. Desde o início estava
posto que a função diagnóstica seria fundamental para estabelecer uma efetiva
direção do tratamento.
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7) Diferença entre neurose e psicose a partir da primeira tópica
 Sondagem diagnóstica da estrutura defensiva:
Na histeria, a defesa tem a forma de um recalque (Verdrangung) que resulta em
tornar a ideia incompatível inconsciente e condensar seu afeto na direção do corpo,
produzindo conversões somáticas
Na neurose obsessiva, a ideia incompatível permanece na consciência, mas
despojada de sua carga afetiva. Os afetos obsessivos ficam isolados da ideia original
por um processo de deslocamento entre ideias variadas, ocasionando profusão e
repetição de pensamentos
Diferente do que ocorre em neuroses, nas psicoses a defesa é muito bem sucedida.
Freud a chama de “rejeição” (Verwerfung), o que será trabalhado por Lacan em
termos da noção jurídica de foraclusão.
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8) Diferença entre neurose e psicose a partir da segunda tópica
 Sondagem diagnóstica da dinâmica intrapsíquica (Eu/Isso/Supereu)
Na neurose o Eu tem como fator preponderante a realidade (mundo externo), o
que leva o sujeito ao recalque de parte do Isso.
Na psicose, o Eu tem como fator preponderante o Isso, o que leva o sujeito a um
investimento libidinal que rejeita parte da realidade.
Exemplo: Caso Elisabeth von R. (1985) no enterro da irmã, diante do cunhado. O
funcionamento neurótico recalca a exigência pulsional (amor ao cunhado). O
funcionamento psicótico recusa a realidade (a irmã ainda está viva).
(FREUD, 1924/2011)
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9) Notas sobre a especificidade do tempo na psicanálise
"é preciso antes conhecer o passo do andarilho, para poder calcular a duração de
sua viagem. [...] A pergunta sobre a duração do tratamento é quase impossível de
responder, na verdade" (p. 170-171).
"O encurtamento da terapia analítica é um desejo legítimo, cuja realização, como
veremos, é tentada por diversos caminhos. Infelizmente um fator importante o
contraria, a lentidão com que se efetuam mudanças psíquicas profundas, e em
última instância, talvez, a 'atemporalidade' dos nossos processos inconscientes" (p.
173).
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10) A arquitetura clássica da psicanálise no contemporâneo: ainda?
 Édipo, sonho de Freud?
 Qual é a tarefa analítica diante do sonho, da associação livre e das formações
inconscientes?
Na pós-modernidade, proliferam novos sintomas e múltiplas ofertas de soluções
milagrosas para o sofrimento psíquico, bem como questionamentos aos
fundamentos clássicos e à tradição da psicanálise. Insisto em propor que o
diagnóstico psicanalítico é uma importante ferramenta clínica para sustentar a
dimensão singular do inconsciente. Portanto, é clínica a preocupação com a
sondagem diagnóstica como operador lógico das entrevistas preliminares. Sem
a construção precisa de uma hipótese diagnóstica sobre a estrutura inconsciente
do sujeito, desde o início do tratamento, não há lastro para a interpretação dos
fenômenos clínicos, nem para o manejo transferencial.
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Referências bibliográficas:
 FREUD, S. (1910). Cinco lições de psicanálise. In: FREUD, S. Observações sobre um caso de neurose
obsessiva (“O homem dos ratos”), uma recordação de infância de Leonardo da Vinci e outros textos.
São Paulo: Companhia das Letras, 2020, v. 9, p. 220-286.
 FREUD, S. (1913). O início do tratamento: novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I. In:
FREUD, S. Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia ("O caso
Schreber"), artigos sobre técnica e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, v. 10, p.
163-192.
 FREUD, S. (1924). A perda da realidade na neurose e na psicose. In: FREUD, S. O Eu e o Id,
“autobiografia” e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, v. 16, p. 214-221.
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Bibliografia complementar:
 MAGTAZ, A. C.; BERLINCK, M. T. O caso clínico como fundamento da pesquisa em Psicopatologia
Fundamental. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 71-
81, mar. 2012.
 COELHO DOS SANTOS, T.; ANTUNES. M. C. Se todo gordo é feliz, a obesidade é um sintoma ou uma
solução? In: BASTOS, A. (Org). Psicanalisar hoje. Rio de Janeiro. Contra Capa, 2006, p. 191-204.
 COELHO DOS SANTOS, T.; OLIVEIRA, F. L. G. Teoria e clínica psicanalítica da psicose em Freud e Lacan.
Revista Psicologia em Estudo, Maringá, v. 17, n. 1, p. 73-82, jan./mar, 2012.
 COSTA, A. M. V. Outro uso do início do tratamento analítico: as entrevistas preliminares como direção
da assistência aos colaboradores. Revista aSEPHallus de Orientação Lacaniana. Rio de Janeiro,
17(34), 135-153, 2022.
 COSTA, A. M. V.; OLIVEIRA, F. L. G.; COELHO DOS SANTOS, T. Como se inicia o tratamento
psicanalítico? Algumas considerações freudianas sobre a construção da hipótese diagnóstica. Tempo
Psicanalítico, 2024. [Aceito para publicação]

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  • 1. Coordenadora Profa. Dra. Giselle Falbo (UFF) Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa (Doutorando PPGP/UFF) Contato: angelocosta@id.uff.br Extensão Acadêmica – Projeto de Ensino – Curso de Férias A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA NAS ENTREVISTAS PRELIMINARES A UMA ANÁLISE SABERES EM QUESTÃO: PSICANÁLISE E PESQUISA NA UNIVERSIDADE 2024.1
  • 2. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa Objetivos:  Apresentar coordenadas na obra freudiana para conduzir uma pesquisa em psicanálise;  Introduzir o tema do diagnóstico nas entrevistas preliminares;  Apontar a diferença entre neurose e psicose a partir de Freud;  Tematizar as características do campo clínico no contexto do início do tratamento;  Questionar a relevância da técnica analítica clássica no contemporâneo.
  • 3. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa Roteiro:  1) O início do tratamento: uma psicanálise não existe desde o início  2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan  3) Aspectos gerais das entrevistas preliminares  4) Hipótese diagnóstica e construção do caso clínico  5) Pesquisa em psicanálise: coordenadas na obra freudiana
  • 4. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa Roteiro:  6) Diagnóstico desde os primórdios da psicanálise  7) Diferença entre neurose e psicose a partir da primeira tópica  8) Diferença entre neurose e psicose a partir da segunda tópica  9) Notas sobre a especificidade do tempo na psicanálise  10) A arquitetura clássica da psicanálise no contemporâneo: ainda? Observações práticas: Psicanálise aplicada na avaliação psicológica (para o tratamento da obesidade) Psicanálise aplicada ao atendimento a funcionários de instituição hospitalar
  • 5. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 1) O início do tratamento: uma psicanálise não existe desde o início “Quem desejar aprender nos livros o nobre jogo do xadrez logo descobrirá que somente as aberturas e os finais permitem uma descrição sistemática exaustiva, enquanto a infinita variedade de movimentos após a abertura desafia uma tal descrição. Apenas o estudo diligente de partidas dos mestres pode preencher a lacuna na instrução. As regras que podemos oferecer para o exercício do tratamento psicanalítico estão sujeitas a limitações parecidas” (p. 164). ▪ Um analista não se forma como cada outro.
  • 6. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 1) O início do tratamento: uma psicanálise não existe desde o início ▪ A psicanálise resiste ao empuxo ao Manual, ao Protocolo: “[…] farei bem em designá-las como ‘recomendações’ e em não reivindicar sua obrigatoriedade. A extraordinária diversidade das constelações psíquicas envolvidas, a plasticidade de todos os processos anímicos e a riqueza de fatores determinantes resistem à mecanização da técnica […] Essas circunstâncias não impedem, porém, que se estabeleça uma conduta medianamente adequada para o médico” (p. 164). ▪ O início de uma análise não coincide com a abertura da porta do consultório.
  • 7. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan Escolha metodológica (alguns termos a evitar, para não virar “lacanês”): Gozo; falo; Nome-do-Pai; Outro; imaginário; falta; desejo; etc. O início do tratamento em Freud: Em alemão – Probebehandlung (Tratamento de prova) Tradução antiga: “tratamento de ensaio” Tradução atual: “ensaio preliminar” (p. 165); “período de prova” (p. 165); “sondagem” (p. 165); tratamento experimental (p.166); “longas entrevistas” (p. 166); “terapia preliminar” (p. 166).
  • 8. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan O início do tratamento em Lacan: Em francês – Entretiens preliminaires Primeira menção: LACAN, J. (1971). Da incompreensão e outros temas. In: LACAN, J. Estou falando com as paredes: conversas na Capela de Sainte-Anne. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p. 39-70. Discurso da mesma época do seminário 19 “… Ou pior”; registrado em um dos "Paradoxos de Lacan". Primeira discussão: LACAN, J. (1945). O tempo lógico e a asserção da certeza antecipada. In: LACAN, J. (1966). Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020, p. 197-213.
  • 9. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan Primeira menção: LACAN, J. (1971). Da incompreensão e outros temas. In: LACAN, J. Estou falando com as paredes: conversas na Capela de Sainte-Anne. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.41.
  • 10. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 2) Esclarecimentos sobre os termos entre Freud e Lacan O início do tratamento em Lacan: Em francês – Entretiens preliminaires Outras discussões: ▪ LACAN, J. (1951). Intervenção sobre a transferência. In: LACAN, J. (1966). Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020, p. 214-225. ▪ LACAN, J. (1957). De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose. In: LACAN, J. (1966). Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020, p. 537-590. ▪ LACAN, J. (1958). A direção do tratamento e os princípios de seu poder. In: LACAN, J. (1966). Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020, p. 591-652. ▪ LACAN, J. (1977). “Ouverture de la Section Clinique”, Ornicar?, no 9, Seuil. Traduzido pela Traço Freudiano: “A abertura da seção clínica”.
  • 11. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 3) Aspectos gerais das entrevistas preliminares  Objetivos: 1) “O começo do tratamento com um período de prova de algumas semanas tem também uma motivação relacionada ao diagnóstico” (p. 156). 2) “O primeiro objetivo do tratamento é ligá-lo à terapia e à pessoa do médico” (p. 187).
  • 12. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 3) Aspectos gerais das entrevistas preliminares  Comunicados (Regra Técnica Fundamental - Associação Livre)  Combinados sobre o pagamento  Frequência das entrevistas  Avertências sobre os efeitos da interrupção (operação inacabada)  Advertências sobre a temporalidade inconsciente  Evitar intervenções prematuras  Entrada em análise e uso do divã  Anamnese médica ≠ Entrevista psiquiátrica ≠ Entrevista psicológica ≠ Entrevistas preliminares
  • 13. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 4) Hipótese diagnóstica e construção do caso clínico “Ocorre que para o psicanalista o erro é mais funesto que para o assim chamado psiquiatra clínico. Pois este não empreende, seja num caso ou no outro, algo de realmente proveitoso; corre apenas o perigo de um erro teórico, e seu diagnóstico tem interesse apenas acadêmico. Já o psicanalista comete, num caso desfavorável, um desacerto prático, torna-se culpado de um gasto inútil e desacredita seu procedimento terapêutico. Ele não pode manter sua promessa de cura caso o paciente sofra, não de histeria ou de neurose obsessiva, mas de parafrenia, e então tem motivos particularmente fortes para evitar o erro diagnóstico. Num tratamento experimental de algumas semanas, ele com frequência perceberá coisas suspeitas, que poderão levá-lo a não prosseguir com a tentativa” (p. 166).
  • 14. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 4) Hipótese diagnóstica e construção do caso clínico ▪ Do caos ao caso clínico: “É preciso manter a preocupação constante com extração de uma lógica do caso que sustente um diagnóstico diferencial entre neurose e psicose, sob o risco, em última instância, de tratar como neurótico um psicótico”. Fonte: OLIVEIRA, F. L. G.; COSTA, A. M. V. Sobre o início do tratamento. In: Laboratório de Ensino (ISEPOL), 2020. Resenha de O início do tratamento: novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I.
  • 15. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 5) Pesquisa em psicanálise: coordenadas na obra freudiana
  • 16. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 5) Pesquisa em psicanálise: coordenadas na obra freudiana  Momentos da obra:  Primórdios da psicanálise  Duas teorias do aparelho psíquico  Dois momentos da teoria pulsional e momento de revisão  Artigos técnicos (1911-1915)  Ensaios metapsicológicos (1915; outros)  Os cinco casos paradigmáticos da psicanálise  Uso das referências: (FREUD, 1917[1915]/2017, p. 176) (LACAN, 2001[1938]/2021) Ano de publicação atual (traduzido) Ano em que foi escrito Ano de publicação original (em alemão)
  • 17. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 6) Diagnóstico desde os primórdios da psicanálise Observa-se que diferenciar a histeria de uma enfermidade orgânica não foi tarefa fácil. Desafio ao qual Freud respondeu com esforço científico para discernir o que é típico de uma histeria do que não é. Freud construiu uma nosologia específica para avançar com o tratamento e a pesquisa psicanalítica, apontando para uma psicogênese dos sintomas histéricos (FREUD, 1910/2020). Destaca-se o caráter fundamental do desafio diagnóstico desde os primórdios da psicanálise e observa- se ainda que seu contexto de surgimento é, com efeito, o hospital. Uma neurose histérica não é uma neurose obsessiva, nem uma psicose. Desde o início estava posto que a função diagnóstica seria fundamental para estabelecer uma efetiva direção do tratamento.
  • 18. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 7) Diferença entre neurose e psicose a partir da primeira tópica  Sondagem diagnóstica da estrutura defensiva: Na histeria, a defesa tem a forma de um recalque (Verdrangung) que resulta em tornar a ideia incompatível inconsciente e condensar seu afeto na direção do corpo, produzindo conversões somáticas Na neurose obsessiva, a ideia incompatível permanece na consciência, mas despojada de sua carga afetiva. Os afetos obsessivos ficam isolados da ideia original por um processo de deslocamento entre ideias variadas, ocasionando profusão e repetição de pensamentos Diferente do que ocorre em neuroses, nas psicoses a defesa é muito bem sucedida. Freud a chama de “rejeição” (Verwerfung), o que será trabalhado por Lacan em termos da noção jurídica de foraclusão.
  • 19. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 8) Diferença entre neurose e psicose a partir da segunda tópica  Sondagem diagnóstica da dinâmica intrapsíquica (Eu/Isso/Supereu) Na neurose o Eu tem como fator preponderante a realidade (mundo externo), o que leva o sujeito ao recalque de parte do Isso. Na psicose, o Eu tem como fator preponderante o Isso, o que leva o sujeito a um investimento libidinal que rejeita parte da realidade. Exemplo: Caso Elisabeth von R. (1985) no enterro da irmã, diante do cunhado. O funcionamento neurótico recalca a exigência pulsional (amor ao cunhado). O funcionamento psicótico recusa a realidade (a irmã ainda está viva). (FREUD, 1924/2011)
  • 20. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 9) Notas sobre a especificidade do tempo na psicanálise "é preciso antes conhecer o passo do andarilho, para poder calcular a duração de sua viagem. [...] A pergunta sobre a duração do tratamento é quase impossível de responder, na verdade" (p. 170-171). "O encurtamento da terapia analítica é um desejo legítimo, cuja realização, como veremos, é tentada por diversos caminhos. Infelizmente um fator importante o contraria, a lentidão com que se efetuam mudanças psíquicas profundas, e em última instância, talvez, a 'atemporalidade' dos nossos processos inconscientes" (p. 173).
  • 21. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa 10) A arquitetura clássica da psicanálise no contemporâneo: ainda?  Édipo, sonho de Freud?  Qual é a tarefa analítica diante do sonho, da associação livre e das formações inconscientes? Na pós-modernidade, proliferam novos sintomas e múltiplas ofertas de soluções milagrosas para o sofrimento psíquico, bem como questionamentos aos fundamentos clássicos e à tradição da psicanálise. Insisto em propor que o diagnóstico psicanalítico é uma importante ferramenta clínica para sustentar a dimensão singular do inconsciente. Portanto, é clínica a preocupação com a sondagem diagnóstica como operador lógico das entrevistas preliminares. Sem a construção precisa de uma hipótese diagnóstica sobre a estrutura inconsciente do sujeito, desde o início do tratamento, não há lastro para a interpretação dos fenômenos clínicos, nem para o manejo transferencial.
  • 22. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa Referências bibliográficas:  FREUD, S. (1910). Cinco lições de psicanálise. In: FREUD, S. Observações sobre um caso de neurose obsessiva (“O homem dos ratos”), uma recordação de infância de Leonardo da Vinci e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2020, v. 9, p. 220-286.  FREUD, S. (1913). O início do tratamento: novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I. In: FREUD, S. Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia ("O caso Schreber"), artigos sobre técnica e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, v. 10, p. 163-192.  FREUD, S. (1924). A perda da realidade na neurose e na psicose. In: FREUD, S. O Eu e o Id, “autobiografia” e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, v. 16, p. 214-221.
  • 23. INSTITUTO DE PSICOLOGIA Projeto de Ensino – Curso de Férias – Aula 1 A função diagnóstica nas entrevistas preliminares a uma análise Ministrado por Angelo Márcio Valle da Costa Bibliografia complementar:  MAGTAZ, A. C.; BERLINCK, M. T. O caso clínico como fundamento da pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 71- 81, mar. 2012.  COELHO DOS SANTOS, T.; ANTUNES. M. C. Se todo gordo é feliz, a obesidade é um sintoma ou uma solução? In: BASTOS, A. (Org). Psicanalisar hoje. Rio de Janeiro. Contra Capa, 2006, p. 191-204.  COELHO DOS SANTOS, T.; OLIVEIRA, F. L. G. Teoria e clínica psicanalítica da psicose em Freud e Lacan. Revista Psicologia em Estudo, Maringá, v. 17, n. 1, p. 73-82, jan./mar, 2012.  COSTA, A. M. V. Outro uso do início do tratamento analítico: as entrevistas preliminares como direção da assistência aos colaboradores. Revista aSEPHallus de Orientação Lacaniana. Rio de Janeiro, 17(34), 135-153, 2022.  COSTA, A. M. V.; OLIVEIRA, F. L. G.; COELHO DOS SANTOS, T. Como se inicia o tratamento psicanalítico? Algumas considerações freudianas sobre a construção da hipótese diagnóstica. Tempo Psicanalítico, 2024. [Aceito para publicação]