Criação e manejo de cobaias em laboratórios de biotério para experimentação. Dados biológicos como anatomia, fisiologia, peso dos animais etc. Dados comportamentais e manejo adotado na criação desses animais. Aspectos produtivos e reprodutivos e tipos de pesquisas envolvidas com esses animais. Instalações a serem adotadas e ambiência para esses animais. Manejo reprodutivo, desmame, manejo lactacional, nutricional etc.
Max weber e a Análise Cultural da Valorização do Trabalho
Cobaias: Dados Biológicos, Comportamentais e Pesquisas
1. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
ANIMAIS DE BIOTÉRIO
Profª HELENA EMÍLIA C. C. CORDEIRO MANSO
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva
Recife – PE
2024
O COBAIA:
Dados Biológicos,
Comportamentais & Pesquisas
1
2. COBAIAS
Criação e Manejo
2
1. INTRODUÇÃO
➢“O COBAIA” → Animal – “A COBAIA” → Aquilo ou aquele que é objeto de
experiências ou experimentos (HOUAISS, 2001);
➢Animal versátil → alimentação (viveiros, caça etc.) e pesquisa;
➢Originários da América do Sul → espanhóis no século XVII → Europa
(domesticação e exposição) → roedor nativo para animal de laboratório;
➢Primeiras tentativas na obtenção de germ-free na Alemanha (Nuttal & Thierfelder, 1895);
➢1906 → contribuição para compreensão da genética e reprodução através de cepas
consaguíneas;
➢1946 → sucesso absoluto na produção de animais GF (Reyniers, 1946).
3. COBAIAS
Criação e Manejo
3
Fonte: WAGNER & MANNING, 1976.
Fonte: GESSNER, 1551.
Fonte: Meus Animais, 2024.
Domesticação: ~2,5-3,6
mil anos (INIA, 2018)
400 d.C. → Incas
consumo e oferenda
5. COBAIAS
Criação e Manejo
5
2. OBJETIVOS
➢Analisar e descrever os dados comportamentais e aspectos relacionados à
fisiologia dos cobaias, tendo como base as principais espécies utilizadas em
biotérios, a fim de compreender melhor sua biologia e comportamento.
➢Apresentar dados biológicos dos cobaias utilizados em experimentos fazendo uma
analogia com a fisiologia humana.
➢Discutir os aspectos relacionados à nutrição e determinas as exigências
nutricionais, apontando suas principais necessidades nutritivas.
➢Construir um perfil abrangente sobre as cobaias, contribuindo para a ampliação
dos conhecimentos científicos e, potencialmente, para o desenvolvimento de
práticas mais adequadas de cuidado e uso desses animais em experimentos
científicos, com base nos dados compilados na literatura.
6. COBAIAS
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6
3. CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA
REINO
Animalia
FILO
Chordata
CLASSE
Mammalia
ORDEM
Rodentia
FAMÍLIA
Cavidae
GÊNERO
Cavia
Fonte: COUTO, 2002; McDONALD, 1984.
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Criação e Manejo
9
3.2 Variedades
➢Identificação pelo tamanho e direção dos pelos:
Fonte: FONCODES, 2014.
Dunkin-Hartley (Inglesa)
Pelagem curta, lisa e macia
+ usado em pesquisas
Fácil manejo
Abissínia (Inglesa)
Mutação do D-H
Pelos curtos e ásperos em
rosetas, com coloração
diferente
Peruana
Mutante de pelos longos e
sedosos. Exposição e
doméstico.
10. COBAIAS
Criação e Manejo
10
4. IMPORTÂNCIA NA EXPERIMENTAÇÃO
➢Lavoisier → 1790: primeiros experimentos com
calor → respiração é um tipo de combustão;
➢Experimentos (Modelo animal): Nutrição,
Farmacologia, Imunologia, Alergia, Radiologia,
Reativos biológicos etc.;
➢Isolamento de bactérias (Tuberculose humana);
➢Reação de Wassermann (Complemento);
➢Demonstração de carência de Vit. C;
➢Etc.
Fonte: CONN, 2008.
12. COBAIAS
Criação e Manejo
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➢Sociável, tímido, dócil e raramente mordem ou arranham;
➢Assustam-se com facilidade (60 dB);
➢Defecam e urinam em comedouros e derrubam a comida;
➢Mordimento das orelhas dos mais jovens;
➢Brigas em disputa por fêmeas em cio – até hierarquia;
➢Vocalização (prazer) → situações gratificantes;
➢Juntas ou em cima das outras durante manejo;
➢Suscetíveis à estímulos estressantes e antibióticos.
6. DADOS COMPORTAMENTAIS
Bom
menino,
assim
como eu!
Fonte: FONCODES, 2014.
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➢Capacidade de saltar pouco desenvolvida;
➢Sensíveis ao calor, mais que ao frio (16-22ºC);
➢Adultos usam glândulas sebáceas para
demarcar território;
➢Hábitos crepusculares;
➢Hierarquia com macho dominante;
➢5-10 indivíduos na natureza;
➢Vocalização importante – 11 observadas (não
percebidas);
➢Paralização durante manejo no biotério;
➢Olfateio dos genitais, períneo e as orelhas.
Fonte: FONCODES, 2014.
15. COBAIAS
Criação e Manejo
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7. MANUSEIO E CONTENÇÃO
➢Voltas na caixa → dificulta;
➢Com as duas mãos → ao redor dos ombros e
por baixo suportando o peso do posterior;
➢Animal sentado, apoiado sobre a mão do
manejador;
➢Polegar e indicador em volta do pescoço = +
relaxado;
➢Fêmeas prenhes → suportar peso da barriga
para evitar ruptura do útero;
➢Anestésicos, se necessário.
Fonte: Wikihow, 2024.
16. COBAIAS
Criação e Manejo
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Contenção de cobaia macho em biotério. Fonte:
SALDANA et al., 2023.
Contenção de cobaia gestante em
biotério. Fonte: SALDANA et al., 2023.
17. COBAIAS
Criação e Manejo
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8. TRANSPORTE
➢Animais sensíveis = evitar transporte;
➢Caixa de transporte adequada;
➢Caixa higienizada;
➢1200 cm2/animal;
➢Imediatamente após coleta dos animais;
➢Influência nos resultados experimentais;
➢O veículo de transporte deverá ser fechado e
climatizado, com a temperatura mantida entre
20°C e 26°C.
➢Melhores horários (manhã ou final de tarde).
40 cm
30
cm
18. COBAIAS
Criação e Manejo
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9. MANEJO NO BIOTÉRIO
9.1 GESTAÇÃO
❑ 68 dias (58 a 72 dias);
❑ Ninhada depende: linhagem, idade e tamanho;
❑ Geralmente 3 crias/parto (1-8 crias);
❑ 4-6 partos → descarte, consumo, venda etc.
❑ Fatores genéticos, climáticos e alimentação
afetam tamanho da ninhada;
❑ Partos pela noite: 10-30 min. e 7 min./cria;
❑ Limpeza das crias → estimular micção e
defecação.
Durante minha
prenhez, devem
me alimentar
bem e evitar me
agarrar.
Fonte: FONCODES, 2014.
19. COBAIAS
Criação e Manejo
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9.2 LACTAÇÃO
❑ Ingestão do colostro = imunidade, sanidade;
❑ Pico de produção de leite 5-8º dia;
❑ Até 60 g de leite/dia, caindo;
❑ Crias com a mãe por 2-3 semanas;
❑ Ração palatável na primeira semana;
❑ Fornecer fonte de calor para as crias;
❑ GPD de 3-5 g;
❑ Duplicam o peso do nascimento ao desmame;
❑ Desmame 2-3 semanas de idade.
Fonte: FONCODES, 2014.
21. COBAIAS
Criação e Manejo
21
9.3 REPRODUÇÃO
❑ Ciclo estral 16 dias;
❑ Estro 12 horas;
❑ 3-4 Óvulos, ou mais;
❑ Fêmeas: 3 meses (400-500 g);
❑ Machos: 4 meses (500-600 g);
❑ IPP: <6 meses;
❑ 4-5 partos/ano: ciclo ±77 dias/365 dias = 4,7
partos/ano. 3 crias = 14 crias/ano;
❑ Reprodutores: 24-30 meses;
❑ Acasalamentos: monogâmico, poligâmico ou
colônia estática.
Fonte: FONCODES, 2014.
22. COBAIAS
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Monogâmico:
❑ M + F durante toda vida reprodutiva:
1. Fácil identificação dos filhotes;
2. + Controle de enfermidades;
3. Boa seleção de futuros reprodutores;
4. Utilizado em colônias consanguíneas;
5. ↓ nº de animais produzidos;
6. ↑ mão de obra;
7. ↑ espaço para os animais.
Fonte: FONCODES, 2014.
23. COBAIAS
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Poligâmico:
❑ M com x nº de fêmeas (4, 6, 8, 10, 12):
1. Sistema + utilizado;
2. Recomendação 1M:5F;
3. Caixas com 100 cm C x 70 cm L x 30 cm
H;
4. ↑ nº de animais produzidos/espaço;
5. Dificulta registro de animais;
6. Dificulta registro de M e F inférteis.
100 cm
30 cm
24. COBAIAS
Criação e Manejo
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9.4 DESMAME E SEXAGEM
❑ 2-3 semanas, 180 g PC ou +;
❑ Separação por sexo e tamanho;
❑ Identificação pela pelagem ou genitais;
❑ Marcação de machos e fêmeas;
❑ Importância para descarte, seleção ou reposição;
❑ M e F genitais mesma distância do ânus;
❑ M – área arredondada com sulco único e
contínuo. Y com um ponto no centro;
❑ F – forma de Y maiúsculo. Sulco interrompido
pela membrana vaginal;
❑ Separação: 10 M e 15 F nas gaiolas.
Fonte: WAGNER & MANNING, 1976.
Fonte: SALDANA et al., 2023.
27. COBAIAS
Criação e Manejo
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10. NUTRIÇÃO
➢Herbívoros (grãos, verduras, pasto);
➢Rações comerciais são peletizadas (50 mm);
➢Consumo de ração 40 g, ou mais;
➢Dependentes de fontes de ácido ascórbico;
➢Rações válidas por 90 dias (vit. C);
➢Suplementação 10-30 mg/kg de ração;
➢+ fibra em situações de estresse;
➢Consumo de pasto: 50 g/dia lactentes e 200
g/dia reprodutores;
➢Água ad libitum;
Fonte: NUTRICOBAIA, 2024.
31. COBAIAS
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11. TIPOS DE PESQUISAS
➢Animal modelo;
➢Fisiologia parecida com a humana;
➢Metabolismo lipídico e colesterol;
➢Modelo para estudos de aterosclerose e
inflamações;
➢Alterações fisiológicas de feedback
com gênero e status hormonal;
➢Farmacologia, Imunologia, Nutrição,
Genética etc.
safena cava cranial
Fonte: SALDANA et al., 2023.
32. COBAIAS
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12. TRABALHOS CIENTÍFICOS
Fonte: DUEMES et al., 2022.
➢90% eficaz;
➢↓ fármacos posteriores;
➢Uso posterior em caninos e felinos.
34. COBAIAS
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➢Animais infectados pelo ar;
➢Grupos com e sem máscaras;
➢76% com máscara sucesso;
➢92% sem máscara infectados;
➢8% assintomáticos com e sem máscara.
35. COBAIAS
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13. CONCLUSÃO
➢Experimentação constante e evolutiva;
➢Importância para desenvolvimento de vacinas, métodos de prevenção,
modelos de tratamento, remédios, técnicas cirúrgicas;
➢Essencial para compreensão de interações agente-hospedeiro, fisiologia de
doenças, avanço na patologia etc;
➢Medicina veterinária beneficiada com a experimentação animal;
➢Seguir legislação quando macro e microambiente, contenção, transporte,
espaçamento, densidade etc.
➢Respeitar a fisiologia e anatomia do animal, bem como suas necessidades
básicas como a alimentar, de sede etc.
36. COBAIAS
Criação e Manejo
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CONCEA. Guia brasileiro de produção, manutenção ou utilização de animais em atividades de ensino ou
pesquisa científica. 1ª ed. Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2023.
2. COUTO, S. E. R. Criação e manejo de cobaias. In. Andrade, A. et al. Animais de laboratório: criação e
experimentação. 1ª ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002.
3. FONCODES. Crianza de cuyes. Manual técnico nº 4. 1ª ed. Lima: FONCODES, 2014.
4. HOUAISS, A. et al. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
5. McDONAL, D. W. The encyclopedia of mammals. 3ª ed. Oxford: Academic Press, 1984.
6. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of the guinea pig. In: ___ . Nutrient
Requirements of Laboratory Animals. 3rd ed. Washington, D.C.: National Academy of Sciences, 1995.
7. NUTTALL, G. H. F. & THIERFELDER, H. Thierisches leben ohne bakterien im verdauungekanal. Hoppe-
Seyler’s Z.Physiol. Chem., 21:109-121, 1895.
8. REYNIERS, J. A. Germfree life applied to nutrition studies. Lobund Rep., 1:867-120, 1946.
9. SALDANA, J. C. et al. Manejo de animals tradicionales en experimentación. 1ª ed. Montevideo: Universidad
de la República Uruguay, 2023.
10. WAGNER, J. E.; MANNING, P. J. The Biology of the Guinea Pig. New York: Academic Press, 1976.