O documento descreve as primeiras civilizações que surgiram na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, desde os Sumérios até o Império Neobabilônico. Detalha as transformações sociais, políticas, econômicas e culturais dessas civilizações, incluindo o desenvolvimento da agricultura, da escrita cuneiforme e das primeiras cidades-estado.

1. As civilizações da
Mesopotâmia:
José Roberto da Silva Junior
Graduado em História – UCP.

2. Antecedentes:
Desde o período Neolítico (10.000 a.C – 4.000 a.C.),
os grupos humanos passaram por grandes
transformações:
• Desenvolvimento da Agricultura e da pecuária;
• Novas produções de objetos de metais;
• Cerâmica e confecções de tecidos;
• Sedentarismo e aumento da população.
O aumento populacional gerou:
• Necessidade de ordem e controle, principalmente
sobre a convivência e a produção;
• As pioneiras sociedades meso-orientais criaram o
Estado, a escrita, as leis, as forças militares, as
hierarquias sociais e religiosas.

3. Crescente Fértil:
• Entre a Europa, a Ásia e a África, na região
conhecida como crescente fértil, foram
desenvolvidas as primeiras civilizações.
• A região atraia a migração de povos
nômades que foram fixando-se às margens
de grandes rios, onde passaram a
desenvolver atividades e formar
comunidades complexas.
• As primeiras civilizações da região
dependiam das enchentes, sendo
conhecidas como civilizações hidráulicas.

5. Mesopotâmia = Meso (Meio) +
Potamos (Rios):
• Localizada entre os rios Tigre e Eufrates,
numa região desértica cercada pela
planície da arábia e o planalto iraniano,
tendo clima árido e relevo montanhoso.
• Desde a pré-história, o sul da
mesopotâmia já atraía os povos nômades,
que se viam seduzidos pelas condições
favoráveis de vida naquela localidade. As
principais civilizações mesopotâmicas
serão esmiuçadas a seguir.

6. O termo “civilização”:
As origens históricas do termo são diversas,
podendo referir-se aos bons modos ou hábitos de
civilidade (como comer com talheres), à
intelectualidade, a um estágio avançado do
desenvolvimento da cultura humana, em oposição ao
estado de barbárie ou selvageria. No sentido
que utilizaremos, civilização equivale ao produto
material e cultural do trabalho humano e às
transformações da natureza. Refere-se
especialmente às organizações sociais, políticas e
simbólicas construídas pelo homem. Nesse sentido,
todas as culturas humanas podem ser
consideradas civilizadas, rompendo com a visão
evolucionista e eurocêntrica construída durante o
período de conquistas pelos europeus.

7. Os Sumérios:
Reconstituição em 3D da cidade de Uruk, na Siméria.

8. Os Sumérios II:
Originários da região centro-
asiática, os sumérios se
estabeleceram na região sul da
mesopotâmia (Sumer), antes de
4.000 a.C.
Desenvolveram a primeira
civilização complexa e construíram
as primeiras cidades-estado. As
mais importantes foram Eridu, Ur,
Uruk, Nipur e Lagash. Cada
cidade era governada por um
Patesí (rei). A própria religiosidade
suméria se atrelava à vida na
cidade, esta sendo considerada
sagrada. Segundo sua mitologia,
Marduque criou Eridu, a primeira
cidade.
Marduque, Deus protetor
mesopotâmico.

9. Os Sumérios III:
• Os sumérios desenvolveram a roda, o
arado de cobre, utilizaram a força
animal para os transportes,
construíram canais e diques
(sociedades hidráulicas).
• As necessidades da complexa vida
civilizada levaram os sumérios a
desenvolver a escrita cuneiforme,
utilizando cunhas de madeira
pressionados sobre placas de argila. Ao
longo do tempo, essa escrita foi
aprimorada, em decorrência das relações
comerciais que precisavam de anotações,
pois, em primeiro momento, eram
pictogramas, sendo forma ou imagem
correspondente a uma palavra ou ideia.
Somente por volta de 2.500 a.C. que o
sistema de escrita aproximou-se da
simbologia uneiforme, em forma de
cunhas, representando também sons,
além das habituais palavras isoladas.

10. O Império da Babilônia:
• Os avanços da civilização
caminharam para a formação de um
império. Os sumérios foram dominados
pelos acádios (aproximadamente 2300
a.C.), que unificaram seus domínios.
Posteriormente, os amoritas formaram
o antigo Império da Babilônia. O
império resistiu entre 1800 a.C. até
1600 a.C.
• Sargão I foi o rei acádio responsável
pela união administrativa das
principais cidades-estado, formando um
extenso império.
• A principal novidade do período foi a
elaboração do Código de Hamurabi
(Lei de Talião, “olho por olho, dente por
dente”), o primeiro conjunto de leis
escritas da História, aproximadamente
em 1700 a.C.

11. O Império Assírio:
• Ao declínio do primeiro império
seguiram-se invasões de diversos povos,
chegando alguns a exercer
eventualmente o controle da região.
• Um desses povos, os assírios, oriundos
do norte da mesopotâmia e totalmente
habituados à guerra, formaram um
império entre os anos de 1200 a.C. e 612
a.C..
• Utilizavam armas de metais, eram
caracterizados pela crueldade militar e
pela imposição pelo medo.
• O centro do Império passou a ser Nínive,
no norte da mesopotâmia e às margens
do rio Tigre. Obtiveram domínio das rotas
comerciais a partir da criação de
entrepostos dominados por uma lógica
familiar.
• Assurbanipal, imperador que levou os
assírios a serem ainda mais temidos
morre e, dessa forma, há o declínio do
império assírio, possibilitando o
renascimento do império babilônico.

12. O Império Neobabilônico:
• Os caldeus reconstruíram a cidade da
Babilônia que voltou a ser o centro do
império. Durante esse período, o império
chegou a expandir ao máximo sua força
na região. Dominaram os fenícios e os
hebreus, no episódio conhecido como
“cativeiro da Babilônia”.
• A Babilônia era a mais rica e maior
cidade do mundo antigo até então.
Grandes obras foram empreendidas, como
os jardins suspensos, o Portal de Ishtar e
a Torre de Babel.

13. Jardins suspensos Portal de Ishtar
Torre de Babel

14. O Império Neobabilônico II:
• Esse império, que durou de 612 a.C. até 539 a.C.,
encontrou seu apogeu sob comando de Nabucodonosor
(604 a.C. a 562 a.C.). A grandiosidade territorial exigiu
uma organização administrativa através da divisão do
território em províncias. Nobres, guerreiros, sacerdotes e
comerciantes formavam a elite da sociedade, sustentada
pelo trabalho de camponeses, trabalhadores urbanos,
artesãos, além dos escravos.
• A religião predominante era o politeísmo, com deuses
universais e locais que eram bons ou maus sem
distinção. Também cultuavam espíritos da natureza e
entidades perversas. Ligado ainda à religião, a astrologia
utilizava signos do zodíaco.
• Tinham a matemática e a astronomia avançadas,
desenvolvendo as noções de multiplicação, de
geometria, de semana com sete dias e de dias divididos
em horas, minutos e segundos.
• O Império chega ao fim em 539 a.C, com o rei persa
Ciro II dominado a região.

15. Outros povos importantes:
• Além dos sumérios, acádios, amoritas,
assírios e caldeus, outros povos viveram
na mesma região do oriente próximo no
perído das sociedades hidráulicas. Dentre
eles, destacam-se:
- Hebreus;
- Hititas;
- Fenícios;
- Lídios;
- Medos;
- Persas.

16. Economia, sociedade e
cultura:
• A agricultura era a principal atividade econômica
praticada pela população. À frente das primeiras cidades,
emergiram lideranças com a responsabilidade de cuidar
dos canais de irrigação, da justiça e da burocracia.
•Não havia a separação entre a vida prática, do dia a dia,
e a religiosa, sendo as duas principais instituições o
templo e o palácio.
- Cabia a elas a maior parte das terras, além de cuidar da
tributação e redistribuição dos excedentes agrícolas.
Dessa forma, a estrutura social baseava-se na existência
de uma elite que controlava a parcela da população
submetida ao trabalho compulsório, caracterizando o
domínio de todos os grupos sociais por meio de uma
administração centralizada, de um governo despótico
e teocrático, ou seja, associava-se a autoridade do
governante à religiosidade.

17. Economia, sociedade e
cultura II:
• Quanto aos escravos, seu número tendia a ser bem elevado,
principalmente no período do Império Assírio.
• A religião servia de elemento de ligação entre a população e os
governantes. Os sacerdotes (templo) tinham importante função
política e o governante (palácio) era considerado um representante
dos deuses – diferente do que ocorria no Egito, onde o governante
era visto como uma divindade viva.
• Politeístas, acreditavam que os Deuses – que habitavam
zigurates, templos em forma de pirâmide – podia interferir em sua
vida, causando o bem e o mal estar. Ishtar, deusa da chuva e da
fertilidade, ganhou muita importância na mesopotâmia.

18. Economia, sociedade e cultura
III:
• Os povos mesopotâmicos destacaram-se na ciência,
arquitetura e literatura. Observando o céu, os sacerdotes
desenvolveram os princípios da Astronomia e da
Astrologia. Os zigurates, além de morada dos deuses e de
abrigar celeiros e ofi cinas, eram também verdadeiras torres
de observação dos céus. Possibilitaram cálculos do
movimento de planetas e estrelas e a posterior elaboração de
sofisticados calendários. Foram os mesopotâmios que
elaboraram o calendário dividindo o ano em doze meses e a
semana em sete dias, cada um dos quais dividido em dois
períodos de doze horas.
• Os mesopotâmios desenvolveram ainda cálculos
algébricos, dividiram o círculo em 360 graus e calcularam as
raízes quadrada e cúbica.

19. Economia, sociedade e cultura
IV:
• Sua arquitetura introduziu o uso
de arcos e a decoração em baixo-
relevo.
• Na literatura, criaram poemas e
narrativas épicas, como A epopeia
de Gilgamesh. Esse texto,
considerado por alguns estudiosos a
narrativa escrita mais antiga de que
se tem notícia (c. 2000 a.C.), conta
as aventuras do lendário rei sumério
Gilgamesh, de Uruk, na
Mesopotâmia, que teria sido o quinto
rei da primeira dinastia após o
dilúvio de Uruk. Um dos episódios
traz a referência ao dilúvio, narrativa
recorrente em muitas culturas,
estando presente nas narrativas
mais antigas do Velho Testamento,
que faz parte do livro sagrado dos
judeus e dos cristãos.