Palestra Contador 2.0: Estratégias inovadoras para vencer a crise
Revista Mundo Corporativo explora oportunidades em mercados emergentes
1. Ano 6 • Nº 21 • 3º trimestre • 2008
Mundo corporativo
As oportunidades
sem fim de um
país que precisa
de fôlego e
preparo para
mergulhar fundo
na globalização
Um oceano
a descobrir
2. Mundo Corporativo Nº 21
3º trimestre 2008
Mundo Corporativo
Conselho editorial: Juarez Lopes de Araújo
Heloisa Helena Montes
Edição: Renato de Souza
MTb 26.563
resouza@deloitte.com
Produção: Andrea Braga
Daniela Zaha
Julio Meneghini (MTb 52.308)
Leonardo Salles
Otavio Sarsano
Arte: Mare Magnum
Fotos: Gabriela Haddad
Carlos Della-Roca
(Santander, pág. 15)
Nellie Solitrenick
(Câmara Brasil-Alemanha, pág. 15)
Pierre Rocha Gontijo
(Manaus, pág. 20)
Reportagens e artigos: André Sales
Camila Viegas-Lee
Dagoberto Souto Maior Jr.
Eugênio Melloni
Gleise de Castro
Jander Ramon
Roberto Rodrigues
Colaboração: ANAHP
Banco Santander
BID
Câmara Brasil-Alemanha
General Motors
Hospital do Coração
Hospital São Luiz
IFC
José Goldemberg
MRS Logística
Sociedade Albert Einstein
Universidade de Columbia
Pesquisa econômica: Silvana De Sario
Revisão: Miriam M. Soares
Sonia Hagemann
Gráfica: Intergraf
Tiragem: 130.000 exemplares
Contato para leitores:
mundocorporativo@deloitte.com
(fone 11-5186-6686)
Filiada à Associação Brasileira de
Comunicação Empresarial (Aberje)
O conteúdo expresso nos artigos assinados
pelos articulistas colaboradores e nas entrevistas
concedidas à revista Mundo Corporativo não
reflete necessariamente as opiniões da Deloitte.
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Acesse, no site da Deloitte, mais
informações sobre os assuntos tratados
nesta edição e em edições anteriores.
2
3. Exploradores e visionários
Estar sempre um passo à frente é a essência
da estratégia vencedora nos nossos tempos.
Mais do que nunca, o mundo dos negócios
precisa de novas maneiras de pensar, agir e
propor soluções. Os novos desafios requerem
hoje líderes que também se desafiam,
sobretudo, a explorar novas possibilidades.
A preocupação em inovar está hoje na agenda
das empresas, dos governos e da sociedade
em todo o mundo. A edição 2008 do World
Meeting da Deloitte, evento recentemente
realizado na Califórnia, mostrou isso
claramente a partir de visões expostas por
personalidades – como o Prêmio Nobel da Paz,
Al Gore – que hoje influenciam os rumos da
globalização.
O Prêmio Nobel da Paz, Al Gore,
no World Meeting da Deloitte: inovar
para estar sempre à frente É desse ambiente de oportunidades, transformações, riscos e descobertas que
tratam as reportagens desta edição de Mundo Corporativo: do peso dos mercados
emergentes nas estratégias das multinacionais à consolidação do Brasil como
fornecedor de produtos agrícolas, energias alternativas e tecnologias que viabilizam
um mundo sustentável; da busca de fontes internacionais para financiar a nossa
infra-estrutura à urgência do País em se planejar para não desperdiçar os ganhos
que se projetam no médio prazo.
Diante desse oceano de perspectivas a explorar, a Deloitte renova o seu compromisso
de continuar ajudando os líderes empresariais e o País a estarem sempre à frente.
Boa leitura!
Juarez Lopes de Araújo
Presidente da Deloitte
Nesta edição
As voltas que o mundo dá Sempre alerta
4 Mundos emergentes – Agora, 18 Bola em jogo – Os riscos
são as nascentes economias potenciais de o País não se preparar
do século 21 que ditam os rumos desde já para a Copa de 2014
das multinacionais 22 As páginas da nova era fiscal –
7 A (nossa) energia verde – Se Fique atento ao calendário do SPED,
o mercado global precisa de o novo modelo contábil e fiscal
alternativas, é o Brasil quem pode 26 Transparência nos níveis de
ter a solução risco – Os esforços dos bancos para
gerenciar o risco operacional
Ajuste de rota Ondas que revelam
10 As vias do crescimento – Em 29 Estado crítico – Após anos de
tempos de baixa liquidez e gargalos dificuldades, o mercado vê, enfim,
na infra-estrutura, o País busca saídas para reduzir o alto custo dos
novas fontes de recursos benefícios de saúde
14 Na dose certa – A busca do 32 Uma crise em vários tons – As
equilíbrio entre as metas das empresas razões da inflação dos alimentos, na
estrangeiras e o mercado brasileiro visão do ex-ministro Roberto Rodrigues
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3º trimestre 2008
Mundos
Os mercados das nascentes potências
econômicas do século 21, da China ao Brasil,
se projetam como as novas estrelas no céu de
riscos e oportunidades das multinacionais
Por Camila Viegas-Lee, de Nova York
Já faz tempo que o motor do Grandes corporações européias ou
crescimento econômico vem girando de norte-americanas de segmentos como
modo mais rápido fora daqueles países logística, siderurgia ou máquinas e
que, décadas atrás, eram chamados equipamentos precisam se relacionar
de “desenvolvidos”. Os mercados cada vez mais com os mercados
ditos “emergentes”, como China, emergentes, na busca de commodities
Índia, Brasil, Rússia, México e outros, do Brasil, mão-de-obra da Índia,
são os que oferecem hoje as melhores manufaturados em larga escala da
oportunidades de expansão para as China e assim por diante.
organizações multinacionais. Seus
grandes e dinâmicos mercados internos Esse cenário global está refletido em boa
se mostram receptivos às mais diversas parte das conclusões de três estudos
novidades em produtos e serviços. Da recentes da Deloitte. Em “Os Poderosos
mesma forma, porém, que esses milhões do Varejo Global”, que elenca as
de pessoas se integram à economia principais redes varejistas do mundo,
globalizada, cresce também o seu nível as conclusões indicam, mais do que a
de exigência. Mais do que nunca, o relevância dos mercados de consumo
consumidor dos mercados emergentes emergentes, a ascensão de empresas
quer variedade, qualidade, ofertas nascidas em países como China, Rússia
customizadas e, sobretudo, respeito. e Brasil. Por sua vez, o estudo “Os
Os emergentes, enfim, amadureceram Poderosos da Indústria de Produtos de
e ficaram exigentes, impondo às Consumo”, que destaca os fabricantes
multinacionais a necessidade de repensar que fornecem ao varejo, aponta que,
suas estratégias e sua forma das 50 empresas de crescimento mais
de atuação. Esses acelerado no mundo, três são chinesas,
novos desafios duas são da Índia e outras duas, de
não se limitam Taiwan. Para Altair Rossato, sócio da
ao varejo. Deloitte que lidera as estratégias de
mercado para empresas de varejo e bens
de consumo, a presença de empresas
de países emergentes nesses rankings
denota o estágio de equilíbrio que o
setor vem alcançando no mundo. “Se,
por um lado, a conquista de mercados
emergentes se tornou difícil para
empresas de economias mais
desenvolvidas, as oportunidades
de internacionalização se
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emergentes
disseminaram entre as organizações e Planejamento da General Motors joint venture – passam pelo mesmo
de todo o mundo, inclusive para as Corporation, explica que, apesar de esse teste de qualidade e utilizam os mesmos
brasileiras”, afirma. processo ser mundial, as necessidades padrões e medidas. “É um processo
específicas de cada mercado emergente internacional padronizado para garantir
O terceiro estudo da Deloitte é o começam a influenciar a produção o mesmo sistema métrico de qualidade
“Innovation in Emerging Markets”, cada vez mais cedo. “Os carros para a em todos os mercados, sem importar de
que aborda as estratégias de empresas região dos Andes, por exemplo, têm de onde veio o produto.”
manufatureiras, reforça um sinal da funcionar bem em altas altitudes e isso
nova face exigente dos compradores é algo que colocamos em nossos livros Apfel destaca também, a respeito do
de países emergentes, hoje mais desde o princípio e é acompanhado modelo de operação da GM, o que
atentos a questões de segurança e por engenheiros até o processo de chama de “sistema de manufatura
qualidade. É essa postura que ajuda a desenvolvimento”, diz Apfel. Ele garante global”, uma descrição detalhada de
explicar, na avaliação de José Othon de que todas as fábricas – seja da GM, de como os produtos são construídos,
Almeida, sócio da Deloitte que lidera uma montadora contratada ou de uma desde a participação dos funcionários
o atendimento às empresas do setor
manufatureiro, o fato de quase um
quarto dos 651 executivos ouvidos pela
pesquisa – a grande maioria baseada Gigantes em nossas fronteiras
em países emergentes – indicar que
suas empresas estiveram envolvidas em Apesar dos entraves que ainda autonomia para tomar decisões que
processos de recall de produtos nos desestimulam o investimento façam sentido à realidade local.”
estrangeiro, o Brasil segue firme entre
últimos cinco anos. “À medida que os
as prioridades das multinacionais. O A Pepsico, outra gigante mundial
consumidores de mercados emergentes investimento de US$ 200 milhões da fornecedora do varejo, com 11 fábricas
se mostram mais conscientes e exigentes General Motors na criação de uma nova no Brasil, vê o País como um mercado
quanto à qualidade dos produtos que fábrica no País, em Joinville, gerando essencial às suas estratégias. “O Brasil
compram, a responsabilidade dos 500 empregos diretos e mais 1.300 vem se tornando na Pepsico uma
fabricantes aumenta. Esse grande indiretos a partir de 2009, é apenas das prioridades de investimento e
número de recalls é um indicativo de uma entre as muitas boas notícias a desenvolvimento de novos negócios”,
celebrar. A visão do diretor executivo afirma José Roberto Lettiere, Chief-
que ainda há sérios riscos a serem
da empresa, Martin Apfel, explica Financial Officer (CFO) da Pepsico. Lettieri
gerenciados. Conhecer esses riscos, além por si o investimento: “os indicadores reclama, porém, da carga tributária e
de prevenir situações desagradáveis, macroeconômicos do Brasil nos deixam dos juros que incidem sobre o crédito.
também pode gerar oportunidades muito confiantes de que o País vai
competitivas”, avalia. crescer sustentavelmente”. Os obstáculos inseridos no chamado
“Custo Brasil” são as maiores
A experiência da GM Essa certeza está expressa também preocupações da fabricante de
nas estratégias da Kraft Foods, uma automóveis Renault em suas estratégias
A preocupação com a segurança e a das maiores fabricantes de alimentos locais. As deficiências na logística de
qualidade dos produtos não é novidade, do mundo, hoje presente em todos transportes, a burocracia, a complexidade
mas, após os problemas ocorridos nos os grandes países emergentes, do sistema tributário e a instabilidade
últimos anos – com a contaminação de como informa o diretor de Assuntos das regras, além da atual valorização
brinquedos, creme dental e até ração Corporativos e Relações Governamentais do real, ainda inibem o investimento
para cachorro –, a questão se tornou da empresa no Brasil, Fabio Acerbi. “Na externo, conforme revela à Mundo
Kraft internacional – que compreende Corporativo a administração da empresa
mais evidente para consumidores,
todas as unidades da organização no Brasil. Apesar disso, entre as maiores
empresas, investidores e reguladores. sediadas fora dos Estados Unidos e do economias emergentes do mundo, o
Além disso, a discussão agora inclui Canadá –, o Brasil é o país que mais Brasil é hoje um país que oferece bons
aspectos relacionados à preservação tem recebido atenção e está no foco resultados à Renault em termos de
ambiental, por exemplo. Em entrevista dos investimentos”, afirma. A unidade rentabilidade e volume, se comparado
à Mundo Corporativo, Martin Apfel, brasileira da Kraft tem uma gestão à Rússia, Índia e China, lembrando que,
diretor executivo do Departamento autônoma, como explica Acerbi. “Isso nesses dois últimos, as operações da
simplifica os processos e garante mais empresa ainda estão se iniciando.
de Manufatura Global, Estratégia
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A estratégia da diferença: menos risco, mais valor
Especialista em estratégias de terceirizados. Ao mesmo tempo, porém,
multinacionais, investimento estrangeiro elas estão percebendo que a demanda
e mercados emergentes, o professor da Índia por softwares está crescendo.
de Administração Estratégica da Por isso, querem estar na Índia não
Universidade de Columbia, Bruce Kogut, apenas para comprar, mas também para
falou à Mundo Corporativo sobre os vender. E estão descobrindo que suas
atuais riscos das empresas transnacionais fornecedoras, como a Wipro e a Infosys,
e as oportunidades do Brasil. se tornaram também suas concorrentes.
A outra razão é que a estratégia de
Como lidar com os riscos do processo de contar com parceiros locais nem sempre
suprimentos em países emergentes? funciona porque esses parceiros estão
O risco é melhor gerenciado no contexto freqüentemente se tornando globais.
do relacionamento entre fornecedores
e compradores. Uma das razões desse Como o Brasil pode se diferenciar?
problema é o fato de as multinacionais O Brasil oferece muitas vantagens às
tradicionalmente avaliarem fornecedores corporações multinacionais. Antes
de mercados emergentes apenas com de mais nada, é uma democracia que
base no preço. No entanto, há custos conseguiu desenvolver instituições
nessa estratégia, em particular, nos riscos Bruce Kogut, da Universidade de Columbia: estáveis, que apóiam o comércio e o
da segurança e qualidade do produto. o diferencial competitivo dos emergentes não investimento estrangeiro. Depois, tem
Os consumidores se importam com isso pode mais se limitar aos custos baixos uma notável força em engenharia,
e estão dispostos a pagar “algo” para como a aeronáutica, mas também
ter certeza de que os produtos sejam ser reduzida, pois as demandas de em TI e software. Em terceiro lugar, o
bons. A questão é: como podem as investimento de capital são grandes. A País opera mais ou menos no mesmo
multinacionais convencer o consumidor resposta para essas multinacionais tem horário dos Estados Unidos e isso torna a
de que essa promessa de valor adicional sido buscar parceiros locais para dividir comunicação e a coordenação muito mais
é verdadeira? Para isso, compradores e investimentos e riscos, enquanto mantêm fáceis. Há muito que o Brasil pode fazer
fornecedores devem trabalhar juntos seu poder de barganha pelo controle e está fazendo para crescer sua posição
para colocar em prática programas de canais globais de distribuição. na economia internacional. Eu resumiria
transparentes e comprováveis, que todos esses esforços simplesmente
garantam a qualidade e a segurança Que tendências podem ser esperadas dizendo que o Brasil entendeu, há muito
do produto, além de assegurar ao dessa forma de atuação? tempo, que precisa competir pelo valor
consumidor o respeito pelas condições A estratégia de manter o controle do que tem a oferecer e não apenas
ambientais. pela distribuição está se desgastando pelo baixo custo. Made in Brazil deve
rapidamente por duas razões. A primeira significar “qualidade”, assim como made
Que fatores influenciam a experiência é que os mercados domésticos de muitos in England significava há 100 anos,
das multinacionais nesses países? países emergentes têm se tornado ou made in U.S. há 60 anos e made in
Elas aprenderam a operar até em interessantes. A Índia, por exemplo, Japan há 30 anos. Isso significa muito
ambientes muito turbulentos e a está crescendo rapidamente e tem uma mais do que qualificar fornecedores por
gerenciar, com muito cuidado, a enorme demanda por mão-de-obra suas práticas. Compreende tornar as
exposição de seus investimentos em especializada para a sua indústria de TI. empresas brasileiras atuantes fora do
certos países. Em algumas indústrias, Por isso, os custos estão aumentando Brasil. A Embraer, que eu visitei há uns 20
como a de petróleo e mineração, mas rapidamente. As multinacionais estão, anos, é um bom exemplo do que pode ser
também a de produção de máquinas portanto, procurando em outros lugares, atingido. Valor, e não custo, é o futuro
e bebidas, essa exposição é difícil de inclusive no Brasil, por softwares do Brasil. (C.V.L.)
até o desenvolvimento e a aplicação de as multinacionais a reformarem e Para o diretor da GM, “o que os
padrões de qualidade e aperfeiçoamento divulgarem suas políticas ambientais. mercados emergentes mais ensinam é
contínuo. “Todas essas atividades são No caso da GM, muitos são os a necessidade de um sistema flexível,
dissecadas nos mínimos detalhes e, princípios que devem ser respeitados. que permita a tomada de decisões com
depois, acompanhadas de perto para “Investimos muito tempo e dinheiro pouca informação. É preciso ser capaz
vermos como nossas fábricas estão com a auditoria da implementação de mudar sempre e aprender com as
funcionando em todo o mundo”, explica. desses padrões, seja no Usbequistão, na experiências”. •
Segundo o diretor, esse trabalho envolve Venezuela ou no Egito”, conta Apfel.
um cuidadoso monitoramento para que No Brasil, a nova fábrica da GM, que Camila Viegas-Lee é
correspondente do jornal
o produto se adeque às necessidades deve ser inaugurada em Joinville no O Estado de S. Paulo,
específicas do mercado e aos padrões de final de 2009, contará com um sistema com passagens por
qualidade internacional. elétrico para os testes de motor, sem veículos como Wall Street
Journal, Valor Econômico,
o uso de gasolina ou etanol, a fim de
Folha de S. Paulo e
A preocupação sempre maior com a eliminar a geração de gases tóxicos telejornais das TVs Globo
ecologia e a sustentabilidade levou dentro das fábricas. e Cultura
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A (nossa)
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energia
verde
As chances de o Brasil aproveitar o cenário
global de instabilidade na oferta de alimentos
e energia para se projetar como um grande
fornecedor de etanol, produtos agrícolas
e tecnologia Por Eugênio Melloni
O etanol brasileiro foi colocado, como parte “do velho jogo internacional Brasileira dos Produtores e Exportadores
nos últimos meses, diante de uma de interesses comerciais” entre os países. de Frangos (Abef). “Temos a possibilidade
encruzilhada, no caminho que percorre “Essa polêmica, no Brasil, não existe”, de explorar mais de 90 milhões de
rumo à criação de novos mercados diz Ferreira, acrescentando que apenas hectares de áreas agricultáveis, sem
no exterior. Incensado como uma das 6% da área agricultável do País, cerca afetarmos áreas de preservação
principais alternativas para a redução de 6 milhões de hectares, é ocupada ambiental, como a Mata Atlântica e a
do efeito estufa, o combustível pela cana e que a expansão do plantio Floresta Amazônica”, assegura Turra.
extraído da cana-de-açúcar passou tem se dado sobre áreas de pastagens
a ser acusado, juntamente com os degradadas e não em locais destinados A própria alta dos preços no mundo
demais biocombustíveis, de ser um dos ao plantio de alimentos. poderá gerar oportunidades ao
principais agentes da crise mundial da agronegócio brasileiro. O economista da
oferta dos alimentos. As acusações Acusações e defesas à parte, a crise Sociedade Rural Brasileira (SRB), André
provocaram reações rápidas e severas do na oferta de alimentos e a busca por Diz, considera que a alta dos alimentos
governo brasileiro, de especialistas em energias alternativas representam é capaz de contribuir também para que
energia e alimentos e de representantes uma grande oportunidade. Para o países como os Estados Unidos venham a
do agronegócio de todo o País, que têm Brasil, a produção de etanol e o cultivo flexibilizar as rígidas barreiras que mantêm
conseguido, aos poucos, desmobilizar de alimentos, além de não serem para a importação de produtos agrícolas.
com argumentos técnicos o arsenal atividades excludentes, representam, “A redução das taxas de importação
antibiocombustíveis (leia artigo de ambas, frentes de negócios com permitiria, por exemplo, ao banco central
Roberto Rodrigues nas págs. 32-34). grande potencial. “Somos o único norte-americano (o Federal Reserve),
país capaz de ampliar a sua oferta adotar uma política de taxas de juros mais
Na opinião do diretor-titular do de alimentos e atender à crescente branda para conter a inflação”, avalia.
Departamento de Agronegócio da demanda mundial, valendo-se de uma
Federação das Indústrias do Estado de grande produtividade”, diz o ex-ministro “Temos grandes potenciais, mas também
São Paulo (Fiesp), Benedito da Silva da Agricultura Francisco Turra, atual grandes desafios”, afirma o professor
Ferreira, o episódio somente se explica presidente-executivo da Associação Antônio Márcio Buainain, do Instituto de
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Economia da Unicamp. Como exemplo, relacionadas a biocombustíveis, destaca Ao estruturar seus projetos, parte
ele aponta os pontos de estrangulamento que não há indícios no Brasil de que dessas organizações está partindo para
existentes na infra-estrutura brasileira e áreas dedicadas ao plantio de soja, investimentos que envolvem a aquisição
a falta de mecanismos de proteção aos milho e outros grãos estejam sendo de terras visando ao plantio próprio
riscos do agronegócio. “O risco, que deslocadas pelo cultivo da cana- de cana. Esse comportamento tem
é elevado, leva, a cada três ou quatro de-açúcar. Ele alerta, porém, para a sido verificado inclusive em regiões do
anos, a um desgastante processo de possibilidade de essa contraposição Centro-Oeste, dedicadas atualmente à
renegociação das dívidas dos produtores vir a existir no futuro. “O aumento produção de grãos. “Não está afastada
rurais, que implica atrasos na ampliação significativo da produção de etanol no a possibilidade de, no futuro, por conta
da produção de grãos”, acrescenta Brasil ocorreu há apenas três anos”, da aquisição de terras por esses grupos,
Buainain. lembra Andrade, que alerta para a existir uma pressão da cana sobre áreas
expectativa de uma série de usinas dedicadas ao plantio de grãos”, admite.
Mauro Andrade, gerente sênior do entrar em operação até 2010, marcando
Petroleum Services Group da Deloitte a chegada de grandes grupos no Volta por cima
e também especialista em questões negócio do etanol no Brasil. Apesar do intenso tiroteio a que
foi submetido, o etanol à base de
cana também desfruta de imensas
oportunidades. O presidente da
O futuro do etanol, na visão de um precursor Companhia Brasileira de Energia
O físico José Goldemberg, professor Renovável (Brenco), Philippe Reichstul,
emérito do Instituto de Eletrotécnica e afirma que continuam intactos, após
Energia, da Universidade de São Paulo os ataques contra o etanol, os planos
(USP), com passagens pelos ministérios da empresa de investir no País R$ 5,5
da Educação e da Ciência e Tecnologia bilhões até 2015, sendo R$ 4,5 bilhões
e pela Secretaria Nacional do Meio- na construção de novas usinas e R$ 1
Ambiente, foi um dos estudiosos
precursores do programa Pró-Álcool,
bilhão em logística e comercialização.
que deu início, em meados da década “O etanol é cada vez mais uma idéia
de 70, à produção de etanol a partir acertada, se se levar em conta o
da cana-de-açúcar, como alternativa preço do barril do petróleo”, declara
ao súbito encarecimento da gasolina Reichstul. A Brenco – que conta com
após a crise do petróleo. Ele falou acionistas como o ex-presidente
à Mundo Corporativo sobre o atual
norte-americano Bill Clinton e o ex-
cenário energético e as oportunidades O cientista e ex-ministro José Goldemberg
do Brasil.
presidente do Banco Mundial James
O etanol brasileiro volta então a ser D. Wolfensohn – planeja construir
As autoridades e o agronegócio uma alternativa ao mundo? oito novas usinas. Com isso, ela
conseguiram desarmar a campanha São muito boas as perspectivas para o produzirá, a partir de 2015, cerca de
antibiocombustíveis? álcool brasileiro, que continua a ser um 3,8 bilhões de litros de etanol por ano,
Acredito que sim. O instituto criado excelente substituto para a gasolina. o correspondente a 15% da produção
recentemente pelo ex-secretário A produção de etanol no mundo todo nacional e 4% da mundial.
geral da Organização das Nações equivale a 1 milhão de barris por dia,
Unidas (ONU), Koffi Annan, realizou enquanto o consumo de petróleo é de 80
recentemente uma conferência que milhões de barris por dia. Naturalmente, “O mercado do álcool é impulsionado por
tratou da questão dos alimentos de o etanol deverá ganhar espaço, dois fatores: a alta internacional do preço
forma favorável ao etanol brasileiro. influindo na fixação dos preços para os do petróleo e o aquecimento global”,
O Prêmio Nobel da Paz, Rajendra combustíveis. Hoje, o custo de um barril diz Marcos Sawaya Jank, presidente da
Pachauri, presidente do IPCC (painel de etanol produzido no Brasil equivale União da Indústria de Cana-de-Açúcar
da ONU para o clima), fez uma análise a US$ 40. Nos Estados Unidos, o barril
dizendo que, na questão envolvendo
(Unica), a maior entidade representativa
de etanol custa o dobro. É por isso que
a produção de biocombustíveis e os norte-americanos impõem barreiras do setor sucro-alcooleiro, que congrega
de alimentos, é preciso distinguir o alfandegárias ao álcool brasileiro. mais de 100 usinas, responsáveis por
álcool de cana dos seus congêneres. mais de 50% da produção de álcool no
A Royal Society, a academia britânica A produção de etanol a partir da Brasil. “Com o petróleo no preço atual,
de ciências, também tem analisado a celulose, estudada pelos norte- o álcool passa a ser viável”, justifica.
questão, diferenciando o etanol à base americanos, pode limitar o potencial Mauro Andrade, da Deloitte, acredita
de álcool dos demais biocombustíveis do etanol de cana?
em relação à sua sustentabilidade.
que seja irreversível o efeito da alta do
Ainda é muito cedo para se dizer como
Estamos conseguindo, por meio de essa tecnologia irá se afirmar no cenário petróleo como estímulo à produção de
trabalhos científicos, mostrar que mundial. Ela encontra-se em fase de biocombustíveis. “É pouco provável que
o etanol de cana é diferente, no testes, com a produção feita apenas ocorra um recuo grande dos preços do
que se refere à competição com os em usinas-piloto. Não há ainda plantas petróleo. Muito pelo contrário: os preços
alimentos, dos etanóis feitos a partir comerciais. É preciso esperar a evolução ainda podem subir um pouco mais”,
de beterraba e de milho. das pesquisas. estima.
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Jank, da Unica, vislumbra oportunidades as vendas de álcool combustível A exemplo de Biagi, Mauro Andrade,
no longo prazo para o álcool brasileiro correspondem a 50% do consumo da Deloitte, acredita que a Europa teria
nos Estados Unidos. Os norte-americanos, brasileiro de gasolina, enfatiza o benefícios a partir de uma abertura de
que produzem 35 bilhões de litros de presidente da Unica. seu mercado ao etanol brasileiro. “Os
etanol, projetam para 2022 um mercado consumidores europeus reclamam muito
de 118 bilhões de litros, dos quais Tecnologias e mercados dos altos preços dos combustíveis”,
57 bilhões serão supridos por etanol Para Andrade, da Deloitte, há hoje nos enfatiza, acrescentando o peso dos
convencional e 61 bilhões por etanol Estados Unidos um fator que transforma impostos nessa questão. “O etanol
de celulose. “A produção de etanol é, em incógnita a performance do etanol brasileiro, misturado aos combustíveis,
para os Estados Unidos, uma questão brasileiro. “Em no máximo cinco anos, poderia contribuir para uma redução
de segurança energética, o que explica os norte-americanos deverão dominar desses preços. Como vi em muito poucas
a proteção a esse mercado”, diz Jank. a tecnologia que permitirá a produção ocasiões os governos baixarem impostos,
“Será um grande negócio se pudermos de etanol a partir da celulose”, prevê. acredito que a melhor alternativa para
conquistar um pedacinho desse mercado, Com a posse dessa tecnologia, ainda baratear os combustíveis é permitir a
atuando de forma complementar no em fase inicial de desenvolvimento (leia entrada do etanol”, sugere o especialista
suprimento de álcool”, acrescenta. entrevista na pág. ao lado), será possível em energia da Deloitte. Ele acrescenta
utilizar como matéria-prima tudo que que há várias multinacionais européias
Jank ressalta, porém, que, apesar das contém celulose – de folhagem a restos entrando na produção de etanol no
oportunidades fora do País, “o nosso de safras agrícolas, por exemplo. “Eles Brasil. “Com a entrada dessas empresas,
principal alvo é o mercado interno”. As podem, com essa tecnologia, criar um o álcool poderá ser embarcado para a
vendas de álcool seguem aquecidas no produto competitivo em relação ao Europa sem a caracterização de produto
mercado interno desde o advento dos etanol produzido à base de cana-de- importado”, indica.
carros flex fuel, em 2003. Atualmente, açúcar”, alerta.
Nesse mercado, a perspectiva de
A preocupação dos Estados Unidos projeção do Brasil no exterior não se
com o desenvolvimento do etanol tem limita ao etanol, nem aos alimentos.
relação também com a urgência de Na esteira das transformações
reduzir sua enorme dependência do energéticas em curso, o País pode
petróleo, o que explica os constantes também exportar tecnologia. De
subsídios concedidos aos produtores acordo com o presidente da Associação
locais. Um dos mais importantes Brasileira de Engenharia Automotiva
usineiros do Brasil, Maurílio Biagi Filho, (AEA), José Edson Parro, a tecnologia
de Sertãozinho (SP), na região do adotada pelos carros flex fuel, que
principal pólo de produção de tem obtido sucesso no Brasil, também
etanol do País, acredita que, poderia vir a encontrar mercados
mesmo nos Estados Unidos, no exterior. “Esse modelo poderia
os altos dispêndios com facilmente ser exportado, uma vez
os subsídios já estão que os detentores das tecnologias são
provocando protestos. empresas multinacionais, como a Delphi
“Os subsídios e a Bosch”, avalia Parro. Ele acrescenta,
são também um porém, que o fator determinante da
problema em países expansão dessa tecnologia seria a
como a França, disponibilidade, em grande escala,
que produz etanol do etanol produzido a partir da cana
a partir do trigo. nesses países.
Seria melhor para a
França se importasse Parro diz também que não conhece
etanol brasileiro e exemplos de tecnologias semelhantes
exportasse o trigo aos motores flex fuel brasileiros que
para o Brasil”, estejam sendo desenvolvidas em outros
salienta. países. “Já existem carros híbridos,
movidos simultaneamente, por exemplo,
a eletricidade e diesel, mas que contam
Mauro Andrade, do
Petroleum Services com dois motores. Os carros flex
Group da Deloitte: brasileiros têm um único motor movido
etanol brasileiro a dois combustíveis”, compara. São
como solução aos
altos impostos
sinais das oportunidades que hoje se
sobre combustíveis apresentam para o Brasil nessa nova
na Europa era energética. •
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10. Mundo Corporativo Nº 21
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As vias do
crescimento
Para suprir as enormes demandas do País em infra-estrutura,
os organismos financeiros multilaterais se consolidam como fontes
alternativas de recursos, especialmente, em períodos de menor
liquidez global Por Gleise de Castro
Estabilidade econômica, aumento emperram o desenvolvimento pleno do dos R$ 84,1 bilhões que o País destinou
acelerado do consumo e expansão do País. Sinal dessa preocupação são as obras a esse fim, segundo levantamento da
Produto Interno Bruto (PIB) a taxas acima previstas no Programa de Aceleração Associação Brasileira da Infra-estrutura e
das registradas por países desenvolvidos do Crescimento (PAC), do Governo Indústrias de Base (Abdib).
são fatores que não deixam dúvidas: o Federal, que prevê o investimento de
Brasil está definitivamente na rota do R$ 503,9 bilhões em infra-estrutura Com isso, ganha destaque o papel dos
crescimento. E, para crescer de forma de 2007 a 2010. A esses recursos, bancos de fomento e dos organismos
sustentável, são necessários investimentos somam-se os feitos diretamente pela multilaterais, aos quais o governo e a
maciços em infra-estrutura, a fim de iniciativa privada, que corresponderam, iniciativa privada podem recorrer para
remover os inúmeros gargalos que ainda apenas entre 2003 e 2007, a 43,5% obter boa parte do capital necessário
para que as obras saiam do papel. Isso
porque essas instituições operam com
projetos de longo prazo de maturação
e que envolvem grandes volumes de
recursos, oferecem prazos mais dilatados
de financiamento e costumam ser
imunes a percalços conjunturais, como
a crise dos títulos subprime nos Estados
Unidos, que afetou a liquidez global. Há
também a vantagem da isenção fiscal do
imposto de renda sobre a remessa para
pagamentos de juros, que incide sobre os
demais empréstimos feitos no exterior.
Para o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), o PAC compõe,
com o Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE) e a agenda social do
Roberto E. Soares, da IFC, braço
do setor privado do Banco Mundial:
confiança no País
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11. Mundo Corporativo Nº 21
3º trimestre 2008
Os “nós” do Custo Brasil – Em 2008, pelo menos 20% do mínimo que o Brasil precisa de investimento anual em infra-estrutura continuará não atendido pelos
recursos públicos e privados previstos para o período
governo, os três eixos prioritários do de longo prazo, corroborado pela E esses recursos tendem a crescer. O
projeto nacional de desenvolvimento e, obtenção do grau de investimento”, BID registra uma demanda potencial
por isso, serve como ponto de partida complementa Guerra. de 21 projetos em fase de preparação,
para a definição de sua estratégia para que somam US$ 2 bilhões e poderão
o Brasil nos próximos quatro anos. “O O Brasil é o principal parceiro e mutuário ser aprovados em 2008 ou 2009, para
BID vislumbra uma perspectiva de plenas do BID, mantendo a média histórica de beneficiar os segmentos de transportes,
possibilidades para que o País mantenha 21% dos empréstimos aprovados desde saneamento, meio ambiente e infra-
a aceleração nos investimentos públicos a criação do banco. A dívida total do estrutura do setor privado, com destaque
e privados”, diz Wagner Guerra, País hoje com o banco é de cerca de para energia. “Hoje, diante do atual
economista do BID que representa a US$ 13,5 bilhões, equivalentes a 25% ritmo de aceleração dos investimentos,
instituição no Brasil. “A estabilidade dos empréstimos totais do BID. Nos estima-se que o Brasil possa absorver
macroeconômica e a consistência últimos cinco anos, os desembolsos mais de 40% dos recursos disponíveis
na política fiscal e de endividamento anuais médios ao Brasil têm ficado em do BID em 2008”, diz Guerra.
público têm sido fundamentais para US$ 1,5 bilhão. Só na área de infra-
assegurar um cenário favorável à estrutura, o banco tem hoje em carteira Os investimentos do Banco Internacional
economia brasileira mesmo diante de 33 projetos em execução, um total para Reconstrução e Desenvolvimento
eventos internacionais desfavoráveis. contratado de US$ 1,5 bilhão, que (BIRD), braço direito do Banco Mundial,
Os ganhos manifestam-se não só representa 22% de todos os projetos também são ascendentes no Brasil.
pela redução da incerteza e do risco, em execução do BID no País. São 23 Entre 2005 e 2008, o banco aplicou
que inibiam a taxa de retorno dos projetos realizados com entidades do US$ 1,6 bilhão em projetos de infra-
investimentos privados, como também setor público (US$ 734 milhões) e 10 estrutura no País. Para o período de
pelo favorecimento ao financiamento com o privado (US$ 730 milhões). 2008 a 2011, as expectativas são de
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3º trimestre 2008
investir US$ 4,6 bilhões no setor, de um duas décadas de crescimento econômico Infra-Estrutura da International Finance
total estimado de US$ 7 bilhões. Entre emperrado e pouco investimento em Corporation (IFC), o braço do setor
os projetos envolvidos, figuram o de infra-estrutura, o Brasil se encontra em privado do Banco Mundial. “O País vem
desenvolvimento regional do Rio Grande uma posição extremamente favorável atraindo um volume crucial de capital
do Sul, com US$ 180 milhões, e o plano para iniciar um ciclo de desenvolvimento privado para infra-estrutura. Com a
para trens e sinalização de São Paulo, sustentável”, diz Roberto Emrich Soares, melhora dos fundamentos econômicos e
com US$ 550 milhões. “Após mais de investment officer do Departamento de os avanços em marcos regulatórios,
A longa e compensadora jornada rumo ao crédito
Apesar da disposição dos organismos
internacionais em ampliar o crédito
ao País, há um longo caminho a ser
percorrido pelos interessados em
tomar esses empréstimos, como alerta
Susana Furquim, gerente sênior da
área de Corporate Finance da Deloitte.
Ela ressalta a importância de que a
organização que busca o crédito se
prepare de tal forma que a instituição
multilateral possa entender bem o
contexto da aplicação do recurso. “Para
se credenciarem ao recebimento de
recursos dessas instituições, as empresas
privadas e públicas precisam lançar mão
de uma análise adequada da viabilidade
de seus projetos, de uma avaliação
econômico-financeira bem estruturada
e do estabelecimento de um plano de
gestão, entre outras medidas. Tudo para
atender às exigências dessas instituições
e também para melhorar sua própria
gestão interna”, explica Susana.
“As exigências prévias constituem um Henrique Pillar, da MRS Logística: esforço recompensado com a captação de US$ 100 milhões da IFC
processo trabalhoso para a estrutura
interna da companhia. Elas são bastante flutuações do dólar em casos nos quais na distribuidora Enersul. Na área de
consumidoras de esforço e tempo”, as receitas são em moeda estrangeira) geração, o EDP tem investido até agora
diz Henrique Aché Pillar, diretor de constitui outra dificuldade inerente a basicamente em hidrelétricas, cujo índice
Planejamento e Finanças da MRS Logística. esses empréstimos, como lembra Carlos de nacionalização é de praticamente
Ele afirma que muitas empresas levam Andrade, diretor financeiro do grupo 100% e, por isso, os financiamentos
até um ano na montagem da operação. EDP Energias do Brasil. “Isso encarece provêm do BNDES. “Os investimentos
A MRS conseguiu fazer isso em tempo um pouco as operações, mas, como essas de instituições multilaterais fazem mais
relativamente rápido, quatro meses, em fontes de recursos são mais competitivas sentido quando destinados à compra de
uma operação para a captação de US$ em juros e prazos em relação a outras equipamentos importados, como no caso
100 milhões com a IFC, contratada no fontes de financiamento externo, acaba de termelétricas, área em que também
final de 2005, com prazo de oito anos e compensando”, diz Andrade. O grupo temos projetos”, afirma Andrade.
três meses de carência. Os recursos foram lançou mão de um empréstimo do BID
aplicados na compra de ativos importados: pela primeira vez em 2004, para sua Já a CCR fechou uma operação de
locomotivas, trilhos e sistemas de distribuidora controlada Bandeirante US$ 128,9 milhões com o BID, por 14
sinalização e telecomunicação. “O lado Energia, no valor de US$ 100 milhões, anos, para a compra de equipamentos
bom da história foi termos conseguido nas modalidades A (recursos do BID) e B destinados à linha 4 do Metrô de São
uma linha não disponível no Brasil na (bancos comerciais). “Foi uma operação Paulo. “Se tomássemos esses recursos
época, com a combinação de prazo e pioneira, em uma situação difícil para o diretamente dos fabricantes, teríamos de
custo competitivo”, afirma Pillar. “Agora setor elétrico. As negociações começaram pagar cerca de US$ 20 milhões adicionais
que a companhia já está organizada para em 2003, quando tínhamos acabado de por conta do imposto de renda sobre
buscar esse tipo de financiamento, se sair do racionamento e o dólar havia remessa de juros”, diz Arthur Piotto,
viermos a nos credenciar novamente, disparado”, conta o executivo. diretor financeiro e de relações com
fica muito mais fácil.” investidores da companhia. “Outra
O EDP também contratou uma operação vantagem é a percepção de que esses
A necessidade de se fazer uma operação de US$ 40 milhões com o Banco Europeu recursos são mais abundantes do que os
de hedge cambial (que permite à de Investimento (BEI), em 2002, com do crédito direto, por causa da menor
empresa proteger seu balanço das prazo de seis anos, para investimentos liquidez internacional”, afirma Piotto.
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o cenário para a participação de agentes técnicos e financeiros para estruturar se recursos públicos e privados,
financeiros tem sido muito favorecido. e fomentar projetos de infra-estrutura corresponde a pouco menos de
Investidores estrangeiros passaram na forma de Parcerias Público-Privadas 80% do necessário. “As instituições
a considerar o Brasil como um país (PPPs). Desse total, a IFC entra com multilaterais são fundamentais e sempre
confiável para aplicações de recursos de US$ 1 milhão, o BID com mais US$ 1 consideradas na hora de estruturar
longo prazo, principalmente em infra- milhão e o BNDES, via BNDESPar, com o financiamentos para empreendimentos
estrutura”, avalia Soares. restante. “As captações com organismos de infra-estrutura”, diz Godoy. “Basta
multilaterais podem representar olhar para São Paulo e verificar que uma
A IFC participou no Brasil de projetos um complemento importante para série de empreendimentos nas áreas de
de infra-estrutura que envolveram um enfrentar a forte demanda por água, esgoto e transporte público foi
financiamento de cerca de US$ 660 financiamento que o banco vivencia financiada por esses bancos.”
milhões nos últimos seis anos e mais hoje”, diz Terezinha Moreira, chefe do
US$ 276 milhões em empréstimos Departamento de Captação junto a Paulo Resende, diretor do Núcleo
sindicalizados, incluindo segmentos tão organismos internacionais do BNDES. de Logística da Fundação Dom
variados como energia, rodovias, portos “Com o dinamismo do PAC e uma Cabral, entende também que é
e ferrovias. A carteira comprometida série de projetos em infra-estrutura, essencial o papel dessas agências na
total da IFC no País é hoje de cerca de é importante contar com fontes de construção da infra-estrutura brasileira,
US$ 2,4 bilhões e mais US$ 846 milhões recursos adequadas, em prazos e em principalmente porque elas podem
em empréstimos sindicalizados. Desse condições, para o atendimento desses suprir projetos não tão atraentes ao
total, 22% estão concentrados em investimentos.” investimento privado. São projetos que
projetos de infra-estrutura. têm como características estimular o
Potencial ainda maior desenvolvimento regional e ampliar
O principal agente de fomento brasileiro, O Brasil pode ampliar ainda mais o alcance social. Ele avalia que 40%
o Banco Nacional de Desenvolvimento a utilização dessas instituições nas dos projetos de logística de transporte
Econômico e Social (BNDES), também operações de financiamento. Segundo compreendidos pelo PAC se encaixam
utiliza as fontes multilaterais para levantamento da Abdib, o País precisa nessa categoria. Além disso, Resende
financiar seus projetos. A meta do de R$ 108,4 bilhões de investimentos estima que a necessidade real de
banco para este ano é captar US$ 1,5 em infra-estrutura por ano, ao longo investimentos em obras de logística
bilhão desses organismos, dos quais de uma década, sem interrupção, “para no Brasil é de R$ 80 bilhões, contra
US$ 500 milhões destinam-se à área de evitar que problemas nos sistemas os R$ 58,3 bilhões previstos no PAC.
infra-estrutura. Do KfW, da Alemanha, de energia, transporte, saneamento “Daí o papel indispensável dessas
devem ser captados € 50 milhões para e telecomunicações se transformem agências de fomento”, afirma Resende.
a construção de pequenas centrais em impeditivos ou gargalos ao
hidrelétricas e usinas eólicas e mais crescimento econômico”, diz Paulo Essa visão é compartilhada por José
€ 100 milhões para saneamento. Além Godoy, presidente da entidade. Hoje, o Paulo Rocha, sócio que lidera a área
disso, estão em fase de desembolso total investido por ano, considerando- de Corporate Finance da Deloitte.
uma operação firmada, em dezembro “Uma análise feita apenas a partir de
de 2007, com o China Development uma ótica exclusivamente financeira
Bank (CDB), de US$ 750 milhões, para não colocaria investimentos em
a construção do Gasoduto Sudeste- saneamento, habitação, estradas e
Nordeste (Gasene), e um financiamento portos, por exemplo, no topo das
do Japan Bank for International prioridades dos investidores privados”,
Cooperation (JBIC), fechado em 2005, diz. “Já as agências multilaterais, por
de US$ 500 milhões, para obras gerais terem uma visão de desenvolvimento
de infra-estrutura. Esses recursos, humano de longo prazo, acabam
somados aos de outras instituições, dando peso maior a essas áreas, em
entram no funding do BNDES para que o Brasil tem grande carência.”
compor o total de R$ 80 bilhões que Para Pieter Freriks, sócio da mesma
serão desembolsados em 2008. Nos 12 área da Deloitte, “os organismos
meses anteriores a abril deste ano, o financiadores internacionais tendem
total de financiamentos do banco somou a se consolidar, cada vez mais, como
R$ 76,2 bilhões, dos quais R$ 30,2 uma excelente alternativa na busca de
bilhões em infra-estrutura. recursos, especialmente em tempos
nos quais a liquidez global pode ficar
Além disso, o BNDES firmou, em comprometida”. E conclui: “essas
outubro de 2007, um convênio com instituições oferecem boas condições de
a IFC e o BID para a criação de um crédito e o Brasil deve aumentar o uso
fundo, com aporte inicial de US$ 3,9 Wagner Guerra, do BID: Brasil como principal dessas fontes de recursos para financiar
milhões, destinado a prover recursos parceiro e mutuário da instituição o seu desenvolvimento”. •
13
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Na dose certa
O esforço contínuo Os dados sobre Investimentos solidez das instituições e a perspectiva
Estrangeiros Diretos (IED) no Brasil de continuidade do ciclo de crescimento
das empresas indicam uma fase excepcional de de atividade – com a oferta de
atratividade da economia local para os oportunidades de negócios em setores
estrangeiras em capitais externos. Em 2007, corporações ainda inexplorados – formam um
ajustar os objetivos produtivas e financeiras internacionais
trouxeram ao País a quantia recorde
ambiente de sedução para a entrada de
investimentos. Boa parte desses recursos
e a cultura de de US$ 34,6 bilhões, conforme dados
do Banco Central (Bacen). Apenas no
chega na forma de investimento direto
feito pelas próprias empresas estrangeiras
suas matrizes às período de janeiro a maio deste ano,
o volume atingiu a casa de US$ 14
que mantêm negócios no País.
peculiaridades do bilhões, quase o mesmo obtido em Como traço comum, todas as
todo o ano de 2005, por exemplo, em corporações que investem no Brasil
mercado brasileiro, uma clara indicação de manutenção seguem as mesmas premissas, como a
a fim de garantir do elevado ritmo de expansão. Em
um cenário interno que combina
meta da geração de lucros e de retorno
aos seus acionistas, seja pela expansão
o sucesso de seus estabilidade econômica, política e
regulatória, a recente obtenção do
das suas atividades, pela eficiência
na gestão de custos ou por meio da
investimentos “grau de investimento” (investment obtenção de ganhos de produtividade.
grade) das agências de classificação Basta posicionar, entretanto, uma
Por Jander Ramon de risco Standard & Poors e Fitch, a lupa sobre o modo como atuam essas
organizações que se dispõem a remeter
altos investimentos ao País para que se
identifique uma série de peculiaridades
nas operações desenvolvidas, nem
sempre alinhadas com os parâmetros
culturais e mesmo de negócios da
realidade local. “Percebemos situações
inusitadas, na qual um negócio não é
concretizado puramente por aspectos
culturais. Os valores acertados podem
agradar a estrangeiros e brasileiros
e a operação pode ser interessante
para ambos, mas o negócio não se
materializa pelo simples fato de os
dois lados não se entenderem”, cita o
sócio da Deloitte que lidera a área de
Relações com Clientes, Edgar Jabbour.
Ele também é responsável pela recém-
criada Spanish Desk, a versão espanhola
da estrutura de apoio que a Deloitte
oferece a empresas estrangeiras que
realizam investimentos no Brasil.
Exatamente por ser crescente a presença
de investidores internacionais no
mercado brasileiro, cada vez mais é
observada a necessidade de as empresas
lançarem mão de um “olhar local” para
que não apenas o ingresso dos recursos,
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entrega do que foi prometido. O estilo do mundo e trabalha para isso”,
de trabalhar é seco, muitas vezes, com exemplifica o vice-presidente da
palavras duras, algo por vezes não instituição financeira.
compreendido pelos brasileiros”, relata
o executivo. Se poucos países do mundo contam,
como o Brasil, com investimentos
Para dirimir esses ruídos, o responsável de procedências tão diversificadas,
pela Spanish Desk da Deloitte comenta há de se ter também versatilidade
que as empresas espanholas precisam, para que os negócios possam fluir
em muitas ocasiões, de facilitadores no mercado local. Assim acontece
que atuem como “espuma entre com as organizações japonesas, que
cristais”. “É preciso, por exemplo, contam com características muito
harmonizar e convergir relatórios de próprias em seus modelos de gestão.
uma operação brasileira para atender As relações comerciais estabelecidas
à regulamentação espanhola, medida pelos nipônicos são baseadas em
que exige ajustes aos dois mercados”, uma receita de confiança e que exige
explica Jabbour. Também faz parte paciência dos interlocutores, comenta
do processo compreender o perfil o sócio que lidera a chamada “Prática
de realização de negócios, no caso Japonesa”, a Japanese Desk da
espanhol, muitas vezes, rotulado de Deloitte, Tosiyuki Nakamura. “Pesam
“agressivo”, quando analisadas as muito o relacionamento pessoal e
subsidiárias locais de gigantes como o cumprimento preciso do que foi
Ulrico Barini Filho, vice-presidente de RH do banco
espanhol Santander: uma cultura de pragmatismo,
Telefônica, OHL e o próprio Santander. estabelecido no contrato, sem jeitinhos
urgência e desburocratização “O estilo da corporação espanhola ou flexibilizações”, acrescenta. “Antes
atende a um objetivo claro de que de chegar ao presidente da empresa,
como também a manutenção das as empresas se tornem líderes dos o assunto é analisado profundamente
operações, se torne bem-sucedido. “No mercados que disputam”, analisa o e de forma exaustiva pelos níveis
caso dos espanhóis, houve uma clara sócio da Deloitte. “Há, claramente, gerenciais de comando, em uma cultura
decisão de destinar investimentos para a arrojo e determinação. O Santander de trabalho coletivo, com levantamento
América Latina, pelos motivos óbvios de decidiu ser um dos primeiros bancos de todos os riscos. Isso demanda tempo
históricos laços culturais e facilidade com
o idioma. Embora o Brasil não tenha o
espanhol como língua, trata-se da maior
economia da região e as organizações
espanholas identificaram nosso mercado
como prioritário”, explica Jabbour.
Agressividade e paciência
Em 2007, o capital de origem espanhola
foi um dos líderes em IED no Brasil. A
presença ibérica no País advém de longa
data, revestida de pleno conhecimento
das peculiaridades que permeiam o
ambiente de negócios local. “Não
são muito diferentes de franceses,
portugueses ou italianos. Caracterizam-
se por uma gestão de perfil mais
centralizador, com regras definidas
no país de origem e que devem ser
seguidas à risca por suas subsidiárias”,
relata Jabbour. Acostumado ao “jeito
espanhol” de negociar, o vice-presidente
de Recursos Humanos do Santander,
Ulrico Barini Filho, destaca a forma
“pragmática e desburocratizada e
o sentido de urgência” pelos quais
o alto comando da empresa opera.
“Um dos valores do Santander está no
grau altamente ético e na garantia de Rolf-Dieter Acker, da Câmara Brasil-Alemanha: cerca de 1.200 empresas alemãs, como a Basf, atuam no País
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e não adianta o empresário local se vezes, evita dar respostas negativas comenta, ao vincular tal preocupação
enervar e ter pressa, porque a visão diretamente, para não contrariar o com as estratégias de longo prazo.
japonesa estabelece que, coletivamente, parceiro estrangeiro logo no começo”,
é mais difícil errar”, pondera Nakamura. exemplifica. Os fatores culturais se mostram
também muito relevantes nos
Característico, e paciente, também é o O sócio-líder da German Desk da relacionamentos conduzidos pelas
modo de uma empresa nipônica operar, Deloitte, Maurício Pires Resende, empresas francesas, como conta o sócio
sempre focada em objetivos de longo esclarece que a superação de barreiras Philippe Canel, que lidera a French Desk
prazo. “Se tomarmos o exemplo da se torna mais fácil a partir do momento da Deloitte. “Entender as diferenças
entrada da Toyota e da Honda no Brasil, em que os brasileiros compreendem, culturais é fundamental nas relações
notamos que iniciaram a produção com com precisão, quais são as expectativas transnacionais. O executivo francês tem
volumes baixos, em torno de 20 mil do investidor alemão quando ingressa uma forma mais direta para encaminhar
veículos por ano, e foram crescendo em um negócio. “Culturalmente, uma negociação, o que pode ser
aos poucos”, cita. Hierarquia também é o executivo alemão é detalhista e interpretado como uma atitude rude ou
outro ponto-chave no relacionamento objetivo e tende a ser mais formal indelicada. Porém, com a globalização
com executivos japoneses. “Um e centralizador. Muito organizados, das empresas, o aprendizado sobre
presidente de uma organização mostram-se profundamente restritivos como outras culturas conduzem os
japonesa não admite, por exemplo, sobre a qualidade do que contratam”, negócios e a interação com os costumes
discutir negócios com um interlocutor informa. “Embora a impressão que o praticados em outros países tornam-se
que não tenha um cargo elevado”, povo alemão passe seja de excesso de credenciais essenciais”, avalia Philippe.
comenta. rigor, na realidade, trata-se de um perfil A respeito da complexidade encontrada
extremamente focado e disciplinado em questões técnicas relacionadas à
Foco e disciplina na busca de resultado”, adiciona. prática de negócios no Brasil, como o
Ao ingressarem no Brasil, os investidores sistema tributário, Philippe considera não
estrangeiros, independentemente Também é recorrente a preocupação ser um grande problema, desde que se
do país de origem, têm queixas com questões de preservação ambiental, possa contar com um assessoramento
freqüentemente relacionadas à conforme destaca Acker, da Câmara adequado.
complexidade do sistema tributário e do Brasil-Alemanha. “As empresas alemãs,
excesso de burocracia. “Mas isso não em geral, se caracterizam pela busca Ligeiros e certeiros
impede que as empresas invistam no contínua por inovação e qualidade Se, em grande parte, os investimentos
Brasil. Não conheço nenhum caso de de serviço. Estão entre os líderes diretos estrangeiros estão atrelados
uma empresa estrangeira ter desistido em tecnologia de ponta. Zelam pela a projetos de maturação de longo
de investir no País justificando a decisão implantação de normas ambientais e prazo, como enfrentar então o desafio
apenas com o ‘Custo Brasil’”, ressalva o sociais e pelo cumprimento destas”, imposto pelo grupo de investidores
presidente da Câmara Brasil-Alemanha,
Rolf-Dieter Acker.
Presentes há décadas no País, Bem-vindos sejam
com cerca de 1,2 mil empresas e Ao mesmo tempo em que o movimento de internacionalização de empresas brasileiras
representando cerca de 8% do Produto se intensifica, os investimentos de organizações estrangeiras no País também crescem.
Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro, Os recentes recordes no montante de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil
os alemães também vinculam sua refletem essa tendência.
instalação no território nacional a
IED e IBD
uma relação de confiança e respeito à (Em US$ bilhões)
íntegra dos contratos. “Dependendo
45
um pouco do lugar, encontramos no 40
38
Brasil uma cultura empresarial em 35 33
35
muitos aspectos semelhante à européia, 30
29 29 28
sobretudo no sul do País. Ao contrário 25 22
19 19
do que acontece, por exemplo, em 20 17
18 18
15
países da Ásia, o estrangeiro adapta-se 15 11 10 10
aqui mais facilmente, pois os brasileiros 10 7
são um povo aberto e receptivo”, 5
0
1
3 2 2 2
0
3
-2
descreve Acker. “No entanto, o 0
alemão, pelo menos no começo, -5
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
pode estranhar certas situações. Por Investimento Estrangeiro Direto (IED) líquido Investimento Brasileiro Direto (IBD) líquido
exemplo, aqui demora um pouco mais
Fonte: Deloitte (a partir da consolidação de dados do Banco Central do Brasil); montantes de investimentos
para se obter uma resposta definitiva acumulados em 12 meses móveis
a uma solicitação. O brasileiro, às
16