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O desejo secreto de AnnikaO desejo secreto de AnnikaO desejo secreto de AnnikaO desejo secreto de Annika
ra a antevéspera de Natal.
Annika raspou alguns pedaços de cera endurecida da cornija da lareira. A sua cabeça
estava cheia de sonhos sobre o Natal. Sonhos com pudim de arroz. E com a amêndoa. Há dez
anos que a esperava e agora só faltava um dia.
Um dia mais para desejar e sonhar.
O seu irmão Erik quebrou o silêncio ao bater no chão de madeira brilhante com um ioió
vermelho.
— O ioió é meu — reclamou o pequeno Davy, fazendo menção de o agarrar com a muleta.
O gesto quase atingia as casinhas de gengibre que estavam em cima da mesa de café e
derrubou dois homenzinhos gordos feitos dessa massa.
— Cuidado! — pediu Annika, indo em socorro das figurinhas.
Havia sinais de Natal em toda a casa. Uma estrela brilhava no topo da árvore e ramos de
sempre-verdes emolduravam a lareira. Maçãs e nozes douradas pendiam em cachos de ramos
E
de pinheiro. E por todo o lado havia velas, uma em cada janela, para iluminar o caminho de Jesus,
Cristo feito criança.
Annika colocou uma caixa comprida e estreita nas mãos de Davy.
— Creio que isto te vai manter entretido.
O pequeno apressou-se a contar dez novos
pavios.
Da cozinha vinha um cheiro a pãezinhos de
açafrão recém-cozidos.
Davy inspirou o aroma tranquilizador e
perguntou:
— Quando será que a Mamã vai cozinhar o
pudim de arroz para nós?
— Amanhã de manhã — respondeu
Annika, alinhando as velas ao longo da cornija.
— Espero encontrar a amêndoa no pudim
este ano — confessou Davy.
— Quem quer a amêndoa sou eu! — protestou Erik.
O benjamim sentou-se junto da lareira e, suspirando, disse:
— A prima Ingrid recebeu um novo par de raquetes de neve
depois de lhe sair a amêndoa.
Annika endireitou um anjinho de palha na árvore, enquanto
escutava e sonhava. Depois, sentou-se à lareira e acariciou os
caracóis loiros do irmão.
— O papá diz que é Deus quem nos concede os desejos. Mas não deixa de ser bom sonhar —
sussurrou.
Davy apoiou-se nela, acenando com a cabeça e com um brilho intenso nos olhos.
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Annika correu para a janela e espreitou pelas cortinas. Havia pequenos montes brancos
em cima de cada telhado, como se fossem fermento de pão.
— Qual é o meu desejo? — perguntou em voz alta. — Se encontrasse a amêndoa no meu
pudim, o que desejaria eu?
OOOO
Os seus pensamentos deixaram-se levar por ideias doces e
agradáveis: uma pilha de trufas coroadas com cacau, taças enormes
de gelado de menta…
Com um profundo suspiro, Annika lembrou-se do seu desejo mais
profundo e secreto.
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lguém tocou à porta da frente. Annika vestiu o seu roupão e
foi abri-la de imediato.
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“Feliz Natal!” em uníssono, e ofereceu-lhe um prato de bolachas em
forma de estrela.
— Feliz Natal para vocês também! — disse Annika, aceitando os
doces. — Entrem e venham aquecer-se um pouco.
AAAA
Erik entrou na sala, a esfregar os olhos sonolentos. Em seguida apareceu Davy, com a muleta
debaixo do braço. Annika e as amigas reuniram-se em torno da árvore a admirar os ornamentos
feitos à mão.
— Hoje é a noite do pudim de arroz — disse ela com alegria.
— Não te esqueças da amêndoa — lembrou uma rapariga.
— Nunca a vi no meu pudim — queixou-se Erik.
Annika acenou em concordância:
— A amêndoa também nunca me apareceu — confessou. — Nunca.
— Eu tive direito a um desejo — contou uma das colegas. — Um gatinho amoroso.
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Em seguida, virando-se para Annika, disse:
— Preciso da tua ajuda agora, filha.
Annika despediu-se das amigas, que se foram embora banhadas ainda pelos raios do sol.
Uma vez na cozinha, ajudou a mãe a mexer o arroz a ferver. Fez figas com uma das mãos
enquanto a mãe juntava natas à mistura. Por fim, uma única amêndoa foi adicionada.
“Faz com que este seja o meu ano, meu Deus,” pediu.
AAAA
essa noite, os parentes conversavam na sala de estar enquanto as velas brilhavam na
cornija da lareira.
— Sejam bem-vindos ao nosso jantar — disse o pai de Annika, enquanto encaminhava a
família para a cozinha, onde o presunto, a couve vermelha, o molho de maçã ácido e as salsichas
doces estavam postas num aparador.
A mesa estava envolta num brilho acobreado e Davy, com um chapéu de elfo, foi o primeiro a
sentar-se.
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centeio, que mergulhou em seguida numa cafeteira que continha aparas quentes de porco e
salsicha.
Davy mexeu-se de forma impaciente:
— Por que razão fazemos isto todos os Natais? — perguntou a Annika.
— Porque é uma tradição sueca — sussurrou a irmã.
Um brilho de esperança perpassou pelos olhos do rapaz, que tremeu um pouco.
NNNN
O festim começou com bacalhau, servido com batatas
cozidas e molho branco. Os pés de Annika dançavam debaixo da
mesa. Era-lhe difícil comer peixe, porque os seus pensamentos
estavam todos concentrados na amêndoa.
hegou, finalmente, a vez do pudim de arroz. Davy
estremeceu, agarrado ao estômago.
— Sinto-me enjoado, Mamã — queixou-se.
O pai pôs-se logo de pé e pegou-lhe ao colo. A mãe
tranquilizou os convidados.
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Annika observou atentamente a mesa, ao longo da qual os
convidados conversavam sem cessar, enquanto passavam
sobremesas. Ansiosa, bateu levemente com a colher de prata em
cima da sua porção de pudim branco e quente. Foi então que
CCCC
ouviu um som vindo de uma saliência no topo do pudim. Olhou-o
mais de perto e viu que havia um relevo com a forma de uma
amêndoa na taça que lhe tocara.
Do outro lado da mesa, Erik remexia a sua taça em busca da
amêndoa. Annika ia abrir a boca para anunciar a sua descoberta
quando ouviu as passadas do pai no corredor, sobrepondo-se à
voz tímida de Davy.
Com o coração a bater descompassado e a amêndoa tão
perto de si, Annika fixou o prato e sentiu o desejo secreto a dar
voltas na sua cabeça.
s passos do pai tornaram-se mais audíveis e Annika viu que o
irmão, de olhos esbugalhados e expetantes, continuava
agarrado a ele.
OOOO
Annika lutou para conter o seu sonho de um pónei preto e lustroso. “O que faria Davy mais
feliz neste Natal?” interrogou-se. Como desejaria poder andar e correr sem uma muleta. De
certeza que encontrar a amêndoa lhe traria alguma felicidade. Annika também pensou na sua
felicidade ao correr pelo prado com o seu póneizinho. “O que quereria Jesus que eu fizesse?”
perguntou-se.
A sua hesitação só durou alguns segundos. Sem que ninguém desse por isso, Annika trocou o
seu prato de sobremesa pelo do irmão, mantendo a colher de prata em cima do pudim intocado.
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Annika bateu palmas tal como os outros convidados e arvorou um sorriso genuíno.
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realizar o sonho do irmão.T
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milagre.
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Há muito tempo na Suécia, a véspera de Natal começava com bacalhau e
presunto e acabava com pudim de arroz cozido. Descobrir a única amêndoa
no prato de sobremesa era um momento muito desejado por todos, novos e
velhos.
Alguns dias antes do Natal, faziam-se, à mão, anjos em palhinha e estrelas para colocar na
árvore, representando o anúncio aos pastores e a Estrela de Belém.
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Reis Magos.
A manjedoura era posta num lugar proeminente, rodeada pelas figuras de barro pintado à mão
de Maria e José.
No Dia de Natal, os escandinavos cristãos iam para a igreja de manhã cedo em trenós puxados
por cavalos para celebrar o nascimento de Jesus
Beverly Lewis
Annika’s secret wish
Bloomington, Bethany House Publishers, 2000
(Tradução e adaptação)

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O desejo secreto de Annika - Beverly Lewis

  • 1. O desejo secreto de AnnikaO desejo secreto de AnnikaO desejo secreto de AnnikaO desejo secreto de Annika
  • 2. ra a antevéspera de Natal. Annika raspou alguns pedaços de cera endurecida da cornija da lareira. A sua cabeça estava cheia de sonhos sobre o Natal. Sonhos com pudim de arroz. E com a amêndoa. Há dez anos que a esperava e agora só faltava um dia. Um dia mais para desejar e sonhar. O seu irmão Erik quebrou o silêncio ao bater no chão de madeira brilhante com um ioió vermelho. — O ioió é meu — reclamou o pequeno Davy, fazendo menção de o agarrar com a muleta. O gesto quase atingia as casinhas de gengibre que estavam em cima da mesa de café e derrubou dois homenzinhos gordos feitos dessa massa. — Cuidado! — pediu Annika, indo em socorro das figurinhas. Havia sinais de Natal em toda a casa. Uma estrela brilhava no topo da árvore e ramos de sempre-verdes emolduravam a lareira. Maçãs e nozes douradas pendiam em cachos de ramos E
  • 3. de pinheiro. E por todo o lado havia velas, uma em cada janela, para iluminar o caminho de Jesus, Cristo feito criança.
  • 4. Annika colocou uma caixa comprida e estreita nas mãos de Davy. — Creio que isto te vai manter entretido. O pequeno apressou-se a contar dez novos pavios. Da cozinha vinha um cheiro a pãezinhos de açafrão recém-cozidos. Davy inspirou o aroma tranquilizador e perguntou: — Quando será que a Mamã vai cozinhar o pudim de arroz para nós? — Amanhã de manhã — respondeu Annika, alinhando as velas ao longo da cornija. — Espero encontrar a amêndoa no pudim este ano — confessou Davy. — Quem quer a amêndoa sou eu! — protestou Erik.
  • 5. O benjamim sentou-se junto da lareira e, suspirando, disse: — A prima Ingrid recebeu um novo par de raquetes de neve depois de lhe sair a amêndoa. Annika endireitou um anjinho de palha na árvore, enquanto escutava e sonhava. Depois, sentou-se à lareira e acariciou os caracóis loiros do irmão. — O papá diz que é Deus quem nos concede os desejos. Mas não deixa de ser bom sonhar — sussurrou. Davy apoiou-se nela, acenando com a cabeça e com um brilho intenso nos olhos. dia 24 de dezembro amanheceu com guirlandas de sol a embrulhar a neve natalícia. Annika correu para a janela e espreitou pelas cortinas. Havia pequenos montes brancos em cima de cada telhado, como se fossem fermento de pão. — Qual é o meu desejo? — perguntou em voz alta. — Se encontrasse a amêndoa no meu pudim, o que desejaria eu? OOOO
  • 6. Os seus pensamentos deixaram-se levar por ideias doces e agradáveis: uma pilha de trufas coroadas com cacau, taças enormes de gelado de menta… Com um profundo suspiro, Annika lembrou-se do seu desejo mais profundo e secreto. Um pónei negro e corajoso. Um pónei que voasse como o vento. lguém tocou à porta da frente. Annika vestiu o seu roupão e foi abri-la de imediato. Nos degraus nevados, um grupo de amigas da escola desejou-lhe “Feliz Natal!” em uníssono, e ofereceu-lhe um prato de bolachas em forma de estrela. — Feliz Natal para vocês também! — disse Annika, aceitando os doces. — Entrem e venham aquecer-se um pouco. AAAA
  • 7. Erik entrou na sala, a esfregar os olhos sonolentos. Em seguida apareceu Davy, com a muleta debaixo do braço. Annika e as amigas reuniram-se em torno da árvore a admirar os ornamentos feitos à mão. — Hoje é a noite do pudim de arroz — disse ela com alegria. — Não te esqueças da amêndoa — lembrou uma rapariga. — Nunca a vi no meu pudim — queixou-se Erik.
  • 8. Annika acenou em concordância: — A amêndoa também nunca me apareceu — confessou. — Nunca. — Eu tive direito a um desejo — contou uma das colegas. — Um gatinho amoroso. Davy bebia cada uma daquelas palavras, enquanto se apoiava na muleta. mãe apareceu pouco depois, com um avental posto. — Feliz Natal para todas! — saudou, sorridente. Em seguida, virando-se para Annika, disse: — Preciso da tua ajuda agora, filha. Annika despediu-se das amigas, que se foram embora banhadas ainda pelos raios do sol. Uma vez na cozinha, ajudou a mãe a mexer o arroz a ferver. Fez figas com uma das mãos enquanto a mãe juntava natas à mistura. Por fim, uma única amêndoa foi adicionada. “Faz com que este seja o meu ano, meu Deus,” pediu. AAAA
  • 9.
  • 10. essa noite, os parentes conversavam na sala de estar enquanto as velas brilhavam na cornija da lareira. — Sejam bem-vindos ao nosso jantar — disse o pai de Annika, enquanto encaminhava a família para a cozinha, onde o presunto, a couve vermelha, o molho de maçã ácido e as salsichas doces estavam postas num aparador. A mesa estava envolta num brilho acobreado e Davy, com um chapéu de elfo, foi o primeiro a sentar-se. O pai rezou uma oração de ação de graças e depois espetou um garfo num pedaço de pão de centeio, que mergulhou em seguida numa cafeteira que continha aparas quentes de porco e salsicha. Davy mexeu-se de forma impaciente: — Por que razão fazemos isto todos os Natais? — perguntou a Annika. — Porque é uma tradição sueca — sussurrou a irmã. Um brilho de esperança perpassou pelos olhos do rapaz, que tremeu um pouco. NNNN
  • 11. O festim começou com bacalhau, servido com batatas cozidas e molho branco. Os pés de Annika dançavam debaixo da mesa. Era-lhe difícil comer peixe, porque os seus pensamentos estavam todos concentrados na amêndoa. hegou, finalmente, a vez do pudim de arroz. Davy estremeceu, agarrado ao estômago. — Sinto-me enjoado, Mamã — queixou-se. O pai pôs-se logo de pé e pegou-lhe ao colo. A mãe tranquilizou os convidados. — O nosso filho está muito excitado, nada mais. Annika observou atentamente a mesa, ao longo da qual os convidados conversavam sem cessar, enquanto passavam sobremesas. Ansiosa, bateu levemente com a colher de prata em cima da sua porção de pudim branco e quente. Foi então que CCCC
  • 12. ouviu um som vindo de uma saliência no topo do pudim. Olhou-o mais de perto e viu que havia um relevo com a forma de uma amêndoa na taça que lhe tocara. Do outro lado da mesa, Erik remexia a sua taça em busca da amêndoa. Annika ia abrir a boca para anunciar a sua descoberta quando ouviu as passadas do pai no corredor, sobrepondo-se à voz tímida de Davy. Com o coração a bater descompassado e a amêndoa tão perto de si, Annika fixou o prato e sentiu o desejo secreto a dar voltas na sua cabeça. s passos do pai tornaram-se mais audíveis e Annika viu que o irmão, de olhos esbugalhados e expetantes, continuava agarrado a ele. OOOO
  • 13. Annika lutou para conter o seu sonho de um pónei preto e lustroso. “O que faria Davy mais feliz neste Natal?” interrogou-se. Como desejaria poder andar e correr sem uma muleta. De certeza que encontrar a amêndoa lhe traria alguma felicidade. Annika também pensou na sua felicidade ao correr pelo prado com o seu póneizinho. “O que quereria Jesus que eu fizesse?” perguntou-se. A sua hesitação só durou alguns segundos. Sem que ninguém desse por isso, Annika trocou o seu prato de sobremesa pelo do irmão, mantendo a colher de prata em cima do pudim intocado. O pai trouxe o filho e sentou-o. Pegando na colher, Davy mergulhou-a no pudim. O seu riso ecoou forte e verdadeiro. — A amêndoa! Encontrei a amêndoa! Annika bateu palmas tal como os outros convidados e arvorou um sorriso genuíno. — Pede um desejo, querido — disse a mãe. odos olharam para Davy. Annika susteve a respiração, como se esse gesto ajudasse a realizar o sonho do irmão.T
  • 14. Com um gesto rápido, Davy ergueu a colher com a amêndoa bem acima do seu chapéu, deixando cair a muleta no chão. — Desejo e rezo para que…. Embora o irmão falasse baixo, Annika ouviu o seu desejo e vieram-lhe as lágrimas aos olhos. Sabia que a amêndoa trazia sorrisos e gargalhadas, mas que apenas Deus poderia realizar um milagre. Deu um abraço alegre a Davy e sentiu que talvez este fosse o ano dele…
  • 15. Há muito tempo na Suécia, a véspera de Natal começava com bacalhau e presunto e acabava com pudim de arroz cozido. Descobrir a única amêndoa no prato de sobremesa era um momento muito desejado por todos, novos e velhos. Alguns dias antes do Natal, faziam-se, à mão, anjos em palhinha e estrelas para colocar na árvore, representando o anúncio aos pastores e a Estrela de Belém. As crianças eram encorajadas a fazer calendários de Advento com desenhos das prendas dos Reis Magos. A manjedoura era posta num lugar proeminente, rodeada pelas figuras de barro pintado à mão de Maria e José. No Dia de Natal, os escandinavos cristãos iam para a igreja de manhã cedo em trenós puxados por cavalos para celebrar o nascimento de Jesus Beverly Lewis Annika’s secret wish Bloomington, Bethany House Publishers, 2000 (Tradução e adaptação)