1. Aluno(a):_______________________ Turma: ______
“PATRIMÔNIO CULTURAL”
Quando pensamos em patrimônio,
inicialmente lembramos dos bens materiais que
possuímos: um apartamento, um carro, móveis e
objetos diversos. Estes bens constituem nosso
patrimônio particular, e podem ser classificados
conforme o valor econômico, afetivo e/ou utilitário
que tenham para nossa vida.
Há, no entanto, um outro tipo de
patrimônio, que também nos pertence, embora de
modo diferente: trata-se do patrimônio público, ou
seja, o patrimônio de toda a sociedade, de todo um
povo. Em nosso estudo, abordaremos um tipo
específico de patrimônio público, que é aquele
representativo de nossa história, arte e cultura – o
patrimônio cultural. Na avaliação e na classificação
deste tipo de patrimônio não serão considerados os
mesmos fatores que empregamos em relação aos
nossos bens particulares; um bem será considerado
patrimônio cultural devido ao seu valor histórico,
cultural, ambiental, científico ou artístico.
Como podemos definir estes valores?
Valor histórico –
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Valor ambiental -
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Valor científico -
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Valor artístico -
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Valor cultural -
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BREVE HISTÓRICO
Na história de nosso país, nem sempre houve
a noção de que seria importante se preservar a
memória cultural. Estas idéias de preservação só
foram surgir na década de 30, quando foi criado um
órgão que ficaria encarregado de preservar nosso
patrimônio cultural – o IPHAN.
O IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional, hoje vinculado ao Ministério da
Cultura, foi criado em 13 de janeiro de 1937, no
governo de Getúlio Vargas. Foi o escritor Mário de
Andrade que, em 1936, elaborou o anteprojeto que
resultou na criação do Instituto. Outros brasileiros
ilustres também colaboraram, como Manuel
Bandeira, Afonso Arinos, Lúcio Costa e Carlos
Drummond de Andrade.Há mais de 70 anos, o IPHAN
vem realizando um trabalho permanente e dedicado
de fiscalização, proteção, identificação, restauração,
preservação e revitalização dos monumentos, sítios e
bens móveis do país.
Para tanto, foi elaborada uma legislação
específica, investiu-se na preparação de técnicos,
realizaram-se tombamentos, restaurações e
revitalizações, que asseguraram a permanência da
maior parte do acervo arquitetônico e urbanístico
brasileiro, bem como do acervo documental e
etnográfico, das obras de arte integradas e dos bens
móveis. Buscando a proteção do patrimônio cultural,
a ação foi estendida à proteção dos acidentes
geográficos notáveis e das paisagens agenciadas pelo
homem.
O trabalho do IPHAN pode ser reconhecido
em cerca de 20 mil edifícios tombados, 83 centros e
conjuntos urbanos, 12.517 mil sítios arqueológicos
cadastrados, mais de um milhão de objetos, incluindo
acervo museológico, cerca de 250 mil volumes
2. bibliográficos, documentação arquivística e registros
fotográficos, cinematográficos e videográficos. Hoje o
Brasil conta com dezenove monumentos culturais e
naturais considerados pela Unesco como Patrimônio
Mundial.
- O penúltimo parágrafo fala de “acervo documental e
etnográfico”. O que seria um acervo etnográfico?
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- O que você entende por “revitalização” do
patrimônio cultural? Cite um exemplo:
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TOMBAMENTO – algumas questões importantes.
1 - No texto acima, você leu o termo “tombamento”.
O que ele significa?
O tombamento é um ato administrativo realizado pelo
Poder Público com o objetivo de preservar, por
intermédio da aplicação de legislação específica, bens
de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e
também de valor afetivo para a população, impedindo
que venham a ser destruídos ou descaracterizados.
2 - O que pode ser tombado?
O Tombamento pode ser aplicado aos bens móveis e
imóveis, de interesse cultural ou ambiental, quais
sejam: fotografias, livros, mobiliários, utensílios, obras
de arte, edifícios, ruas, praças, cidades, regiões,
florestas, cascatas etc. Somente é aplicado aos bens
de interesse para a preservação da memória coletiva.
3 - Quem pode efetuar um tombamento?
O Tombamento pode ser feito pela União, através do
IPHAN, pelo Governo Estadual, por meio do Instituto
pertencente ao Estado ou pelas administrações
municipais, utilizando leis específicas ou a legislação
federal.
4 - O Tombamento preserva?
Sim. O Tombamento é a primeira ação a ser tomada
para a preservação dos bens culturais, na medida que
impede legalmente a sua destruição. A preservação
somente se torna visível para todos quando um bem
cultural se encontra em bom estado de conservação,
propiciando sua plena utilização.
5 - O que é “ENTORNO” de imóvel tombado?
É a área localizada na vizinhança dos imóveis
tombados, que é delimitada para preservar a sua
ambiência e impedir que novos elementos obstruam
ou reduzam sua visibilidade. Compete ao órgão que
efetuou o Tombamento estabelecer os limites do
entorno.
6 - É possível qualquer cidadão pedir um
tombamento?
Sim. Qualquer pessoa física ou jurídica pode solicitar,
aos órgãos responsáveis pela preservação, o
tombamento de bens culturais e naturais.
7 - O Tombamento é a única forma de preservação?
Não. O inventário é a primeira forma para o
reconhecimento da importância dos bens culturais e
ambientais, por meio do registro de suas
características principais. Os Planos Diretores também
estabelecem formas de preservação do patrimônio,
através do planejamento urbano. Os municípios
devem promover o desenvolvimento das cidades sem
a destruição do patrimônio. Podem ainda criar leis
específicas que estabeleçam incentivos à preservação.
3. 8 - Como é possível impedir a destruição de um bem
que interesse preservar?
Qualquer cidadão pode impedir a destruição ou
descaracterização de um bem de interesse cultural ou
natural, solicitando apoio ao Promotor Público local.
Ele está instruído a promover a preservação com
agilidade, acionando os órgãos responsáveis da União,
Estado ou Município.
- O que significa “inventariar” um bem?
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CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO
Os bens culturais, chamados em conjunto de
“patrimônio”, são classificados em dois tipos,
conforme suas características: patrimônio material e
patrimônio imaterial.
PATRIMÔNIO MATERIAL
Patrimônio material, como o próprio nome
já indica, refere-se aos bens físicos, concretos, e que
poderão ser preservados com base nestas
características. O patrimônio material protegido pelo
IPHAN é composto por um conjunto de bens culturais
classificados segundo sua natureza:
- arqueológico, paisagístico e etnográfico;
- histórico;
- belas artes;
- artes aplicadas.
- O que são “artes aplicadas”?
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Eles estão divididos em bens imóveis como
os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e
paisagísticos e bens individuais; e móveis como
coleções arqueológicas, acervos museológicos,
documentais, bibliográficos, arquivísticos,
videográficos, fotográficos e cinematográficos.
Vamos entender um pouco melhor:
- O que seriam os núcleos urbanos?
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- E os sítios paisagísticos?
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* Patrimônio Mundial
Em 1972, a Organização das Nações Unidas
para a Ciência e a Cultura (UNESCO) criou a Convenção
do Patrimônio Mundial, para incentivar a preservação
de bens culturais e naturais considerados significativos
para a humanidade, para que possam ser
considerados patrimônio de todos os povos.Os países
signatários dessa Convenção podem indicar bens
culturais e naturais a serem inscritos na Lista do
Patrimônio Mundial. As informações sobre cada
candidatura são avaliadas por comissões técnicas e a
aprovação final é feita anualmente pelo Comitê do
Patrimônio Mundial, integrado por representantes de
21 países. A proteção e conservação dos bens
declarados Patrimônio da Humanidade é
compromisso do país onde se localizam. A UNESCO
participa apoiando ações de proteção, pesquisa e
divulgação com recursos técnicos e financeiros do
Fundo do Patrimônio Mundial.
O Brasil possui dezoito bens inscritos na lista
do Patrimônio Mundial:
4. •Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto
(MG) - 05/09/80
•Conjunto Arquitetônico, Paisagístico e Urbanístico
de Olinda (PE) - 17/12/82
•Ruínas da Igreja de São Miguel das Missões (RS) -
09/12/83
•Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Salvador
(BA) - 06/12/85
•Santuário do Bom Jesus de Matosinhos - Congonhas
(MG) - 06/12/85
•Parque Nacional do Iguaçu - Foz do Iguaçu (PR) -
28/11/86
•Conjunto Urbanístico, Arquitetônico e Paisagístico
de Brasília (DF) - 11/12/87
•Parque Nacional Serra da Capivara - São Raimundo
Nonato (PI) - 13/12/91
•Conjunto Arquitetônico e Urbanístico do Centro
Histórico de São Luís (MA) - 3/12/97
•Conjunto Arquitetônico e Urbanístico do Centro
Histórico de Diamantina (MG) - 01/12/99
•Conjunto Paisagístico do Pantanal Matogrossense
(MT/MS) - 30/11/2000
•Conjunto Paisagístico do Parque Nacional do Jaú
(AM) - 30/11/2000
•Costa do descobrimento - Bahia- 01/12/1999
•Mata Atlântica do Sudeste - 30/11/2000
•Reservas do Cerrado - Parque Nacional das Emas e
Parque Nacional Chapada dos Veadeiros
•Centro Histórico de Goiás
•Ilhas Atlânticas - Reservas de Fernando de Noronha
e Atol das Rocas
•Praça São Francisco, em São Cristóvão (SE) – 2010.
OBS: Ainda relacionado a patrimônio mundial, veja o
quadro “Obras-primas do Patrimônio Oral e Imaterial
da Humanidade”, dentro do tópico geral
“PATRIMÔNIO IMATERIAL”.
* Museus
Desde que o homem surgiu, ele vem criando
utensílios, instrumentos, armas, tecnologias e
desenvolvendo mitos, crenças e comportamentos,
gerando conhecimento e cultura. Muito do que se
sabe hoje, sobre culturas pré-históricas e antigas, foi
reconhecido através das edificações, dos objetos e dos
vestígios deixados por essas culturas.
É na seleção, aquisição, conservação e
divulgação de referências culturais, que entra o
Museu. Os primeiros museus, concebidos e criados
pelos poderosos da época (colecionadores, grandes
senhores e soberanos), tinham a mesma inspiração:
reunir o maior número possível de objetos e obras
raras, curiosas, ricas e memoráveis e, por intermédio
destes, reafirmar seu poder. Criado pelos reis da
França, para deleite dos nobres da corte, o Louvre foi
a primeira instituição designada como Museu.
Durante muito tempo os museus voltaram-
se, quase que exclusivamente, para a preservação do
passado, dos interesses e da memória das classes
dominantes. A concepção e a atuação dos museus só
começaram a mudar nas primeiras décadas do século
XX.
O atual conceito de museus, mundialmente
aceito, foi elaborado na década de 70 pelo ICOM –
Conselho Internacional de Museus – organismo ligado
à UNESCO, que trata dos Museus:
“O museu é uma instituição permanente, aberta ao
público, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e
de seu desenvolvimento, que adquire, conserva,
pesquisa, expõe e divulga as evidências materiais e os
bens representativos do homem e da natureza, com a
5. finalidade de promover o conhecimento, a educação e
o lazer.”
Além dos museus, o ICOM inclui na mesma
definição: as galerias de exposição, os monumentos e
sítios naturais, históricos, arqueológicos e
etnográficos, as instituições que abrigam espécimes
vivos (jardins zoológicos, jardins botânicos e
aquáticos); os planetários.
As atividades de interpretação e uso das
coleções de um museu são muito variadas –
exposições, cursos, palestras, seminários, oficinas, etc.
– mas todas devem estar fortemente identificadas
com as expectativas da comunidade, demonstrando
que o museu é uma organização a serviço do público.
No Brasil existem cerca de 1.300 instituições
museológicas que apresentam uma grande
diversidade: são museus de caráter nacional, regional
e comunitário, públicos e particulares, históricos,
artísticos, antropológicos e etnográficos, científicos,
tecnológicos, museus de tudo e de todos.
Obs: Na categoria “museus” estão incluídas também
as casas históricas.
* Núcleos históricos
São regiões protegidas pelo IPHAN pelo valor
histórico que guardam para a sociedade.
Alguns exemplos:
Manaus (Amazonas); Porto Seguro, Santa Cruz de
Cabrália, Salvador (Bahia); Fortaleza, Sobral (Ceará);
Brasília (Distrito Federal); São Luís, Alcântara
(Maranhão); Belo Horizonte, Diamantina, Congonhas,
Ouro Preto, Sabará (Minas Gerais); Nova Friburgo,
Petrópolis, Paraty (Rio de Janeiro), etc.
* Fortes e fortalezas
Abrange diversas construções de importância
histórica e/ou arquitetônica, realizadas especialmente
durante o período colonial, situadas ao longo do litoral
brasileiro, com o objetivo de defesa militar.
* Patrimônio arqueológico
Todos os sítios arqueológicos são protegidos pela Lei
nº 3924/61, sendo considerados bens patrimoniais da
União. O tombamento de bens arqueológicos é feito
excepcionalmente, por interesse científico ou
ambiental. Existem cerca de 20.000 sítios
arqueológicos identificados no país, dos quais apenas
cinco são tombados:
1- Sambaqui do Pindaí - São Luis
2- Parque Nacional da Serra da Capivara - São
Raimundo Nonato
3- Inscrições Pré-Históricas do Rio Ingá - Ingá
4- Sambaqui da Barra do Rio Itapitangui -
Cananéia
5- Lapa da Cerca Grande – Matozinhos
PATRIMÔNIO IMATERIAL
De acordo com a UNESCO, entende-se por ‘patrimônio
cultural imaterial’:
“as práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas - junto com os
instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são
associados - que as comunidades, os grupos e, em
alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte
integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio
cultural imaterial, que se transmite de geração em
geração, é constantemente recriado pelas
comunidades e grupos em função de seu ambiente, de
sua interação com a natureza e de sua história,
gerando um sentimento de identidade e continuidade,
contribuindo assim para promover o respeito à
diversidade cultural e à criatividade humana”.
6. Por esta definição, você percebeu que o patrimônio
imaterial refere-se a algo que está em movimento, em
transformação, ou que só tem valor (ou mesmo só
existe) através da prática. É o caso das festas
populares, tradições de artesanato, de comidas
típicas, etc. Repare que, nestes dois últimos exemplos,
existe um objeto concreto, material (o artesanato
produzido e a comida feita) – no entanto, e
diferentemente do patrimônio material, o que
interessa não é o objeto em si, e sim a prática, o
costume, o modo tradicional de realizá-los.
Estes são alguns dos objetivos do Programa Nacional
do Patrimônio Imaterial:
• Contribuir para a preservação da diversidade étnica
e cultural do país e para a disseminação de
informações sobre o patrimônio cultural brasileiro a
todos os segmentos da sociedade.
• Captar recursos e promover a constituição de uma
rede de parceiros com vistas à preservação,
valorização e ampliação dos bens que compõem o
patrimônio cultural brasileiro.
• Promover a inclusão social e a melhoria das
condições de vida de produtores e detentores do
patrimônio cultural imaterial.
• Ampliar a participação dos grupos que produzem,
transmitem e atualizam manifestações culturais de
natureza imaterial nos projetos de preservação e
valorização desse patrimônio.
Obras-primas do Patrimônio Oral e Imaterial da
Humanidade
Em 1997 a UNESCO criou uma nova distinção
internacional intitulada Obra-prima do Patrimônio
Oral e Imaterial da Humanidade, concedida a espaços
ou locais onde são regularmente produzidas
expressões culturais e a manifestações da cultura
tradicional e popular. A criação do título foi a forma de
alertar a comunidade internacional para a importância
dessas manifestações e a necessidade de sua
salvaguarda, uma vez que compõem o diversificado
tesouro cultural do mundo.
A Proclamação das Obras-Primas do Patrimônio
Oral e Imaterial da Humanidade acontece de dois em
dois anos, com a escolha das candidaturas oferecidas
pelos países a cargo de um júri internacional. A
primeira, ocorrida em 2001, selecionou 19 bens. Em
2003 mais 28 itens foram acrescentados à lista das
Obras-primas da Humanidade, entre eles a Arte
Kusiwa – Pintura corporal e Arte gráfica Wajãpi,
candidatura preparada pelo Museu do Índio, que
retrata a cosmologia e a linguagem gráfica dos índios
Wajãpi, do Amapá. A terceira proclamação ocorreu
em novembro de 2005, com mais 43 integrantes da
lista do patrimônio oral e imaterial. Mais uma vez o
Brasil é contemplado, com a inclusão do Samba de
Roda no Recôncavo Baiano.
Exemplos de bens registrados como patrimônio
imaterial:
1) O Ofício das Paneleiras de Goiabeiras
O Ofício das Paneleiras de Goiabeiras foi o
primeiro bem cultural inscrito no Livro de Registro dos
Saberes, em 20 de dezembro de 2002. A fabricação
artesanal de panelas de barro em Goiabeiras Velha,
Vitória do Espírito Santo, é uma atividade
eminentemente feminina e constitui um saber
repassado de mãe para filha por gerações sucessivas.
É também o meio de vida de mais de 120 famílias,
muitas das quais aparentadas entre si.Utiliza-se
técnica cerâmica de origem indígena, possivelmente
das tradições Tupi-Guarani e Una, caracterizada pela
modelagem manual, queima a céu aberto e aplicação
de tintura de tanino. O processo de produção das
panelas de barro emprega matérias-primas
provenientes do meio natural: a argila é retirada de
um barreiro no Vale do Mulembá, localizado na Ilha de
Vitória e a casca de mangue vermelho, com que é feita
a tintura de tanino, é coletada diretamente do
manguezal, à beira do qual Goiabeiras se desenvolveu.
7. 2) A Arte Kusiwa
A Arte Kusiwa é uma técnica de pintura e
arte gráfica própria da população indígena Wajãpi, do
Amapá. Os grafismos podem ter como suporte o corpo
humano, mas também cestos, cuias, tecelagem,
bordunas e objetos de madeira. Os padrões Kusiwa
representam animais, partes do corpo ou objetos e
estão carregados de significados e simbolismo.
Constituem um sistema de comunicação e uma
linguagem gráfica que remete à cosmologia e visão de
mundo dos Wajãpi. Para a elaboração das tintas são
utilizadas sementes de urucum, gordura de macaco,
suco de jenipapo e resinas perfumadas. O apoio à
continuidade dessa forma de expressão está sendo
feito por meio de diversas ações: campanhas de
sensibilização e informação, implantação de um
Centro de Referências da Cultura Wajãpi, e,
finalmente, a formação de professores indígenas,
responsáveis pela alfabetização das crianças em sua
língua materna e pela elaboração de materiais
didáticos de interesse da comunidade.
3) O Círio de Nazaré
O Círio de Nazaré é uma celebração religiosa
de Belém do Pará, cujo ápice ocorre na segunda
semana do mês de outubro. Para os paraenses, é o
grande momento anual de demonstração de devoção
e solidariedade, de reiteração de laços familiares,
assim como de manifestação social e política.Essas
práticas têm desdobramentos regionais e congregam,
anualmente, no segundo domingo de outubro, em
torno de um milhão e meio de pessoas na cidade de
Belém. Grande parte dessa massa humana vem pagar
promessas ou agradecer pedidos realizados. O Círio de
Nazaré reúne devotos, romeiros ou promesseiros do
Pará, da Amazônia e das demais regiões do país. Além
dessa mobilização humana decorrente da devoção
popular, os festejos religiosos e profanos em torno do
Círio atraem também turistas e curiosos de todas as
partes do Brasil e até de países estrangeiros.
A festa, que foi instituída em 1793, é marcada pelo
sentido da rememoração. O Círio de Nazaré reconta,
por meio de seu cerimonial religioso, a lenda que
envolve o achado, em 1700, da imagem de Nossa
Senhora de Nazaré por um caboclo denominado
Plácido. Sua duração temporal está associada à
permanência da participação popular e à
disseminação regional dos devotos, o que torna
Belém, todos os anos, um lugar de peregrinação.
4) O Samba de Roda baiano
O Samba de Roda baiano é uma expressão musical,
coreográfica, poética e festiva das mais importantes e
significativas da cultura brasileira. Presente em todo o
estado da Bahia, ele é especialmente forte e mais
conhecido na região do Recôncavo, a faixa de terra
que se estende em torno da baía de Todos os Santos.
Seus primeiros registros, já com esse nome e com
muitas das características que ainda hoje o
identificam, datam dos anos 1860.O Samba de Roda
pode ser realizado em associação com o calendário
festivo – caso das festas da Boa Morte, em Cachoeira,
em agosto, de São Cosme e Damião, em setembro, e
de sambas ao final de rituais para caboclos em
terreiros de candomblé. Mas ele pode também ser
realizado em qualquer momento, como uma diversão
coletiva, pelo prazer de sambar.Historiadores da
música popular consideram o Samba de Roda baiano
como uma das fontes do samba carioca que, como se
sabe, veio a tornar-se, no decorrer do século XX, um
símbolo indiscutível de brasilidade. A narrativa de
origem do samba carioca remete à migração de negros
baianos para o Rio de Janeiro ao final do século XIX,
que teriam buscado reproduzir, nos bairros situados
entre o canal do Mangue e o cais do porto, seu
ambiente cultural de origem, onde a religião, a
culinária, as festas e o samba eram partes destacadas.
Parece indiscutível que as famosas tias baianas – como
tia Amélia, tia Perciliana e sobretudo tia Ciata – e seus
filhos – como Donga e João da Baiana – tiveram papel
de relevo na fase pioneira do samba no Rio de Janeiro,
sobretudo até meados dos anos 1920.Depois disso, o
Samba de Roda baiano continuou sendo uma das
referências do samba nacional, presente nas obras de
baianos nacionais como Dorival Caymmi, João Gilberto
8. e Caetano Veloso, assim como na ala das baianas das
escolas de samba e nas letras de inúmeros
compositores de todo o país.
5) O Ofício das Baianas de Acarajé
O Ofício das Baianas de Acarajé, em
Salvador, Bahia, consiste em uma prática tradicional
de produção e venda em tabuleiro das chamadas
comidas de baiana ou comidas de azeite, em que se
destaca o acarajé, um bolinho de feijão fradinho, frito
no azeite de dendê. A feitura do acarajé foi trazida
pelas escravas negras no período colonial e tem sido
reproduzida no Brasil há vários séculos. Na maior
parte do tempo foi transmitida oralmente por
sucessivas gerações. O acarajé era comercializado no
período colonial pelas chamadas escravas de ganho ou
negras libertas, proporcionando a sobrevivência
dessas últimas após a abolição da escravatura. No
decorrer dos séculos essa comida, que teve uma
origem sagrada, associada ao culto de divindades do
candomblé, passou a marcar toda a sociedade baiana
como um valor alimentar integrado à culinária
regional. O acarajé, com seus recheios habituais, além
do abará, acaçá, fato, bolinho de estudante, cocadas,
bolos, mingaus, são vendidos em tabuleiros instalados
pelas baianas em lugares que lembram os antigos
cantos, pontos dos escravos que comercializavam
produtos no período colonial. Os elementos essenciais
do Ofício das Baianas de Acarajé compreendem os
rituais envolvidos na produção do acarajé, na
arrumação do tabuleiro e na preparação do lugar onde
as baianas se instalam; os modos de fazer as comidas
de baiana; o uso do tabuleiro para venda das comidas;
a comercialização informal em logradouros, feiras e
festas de largo; o uso da indumentária própria das
baianas, como marca distintiva de sua condição social
e religiosa.
* Veja abaixo outros exemplos de bens tombados
como patrimônio imaterial – você conhece alguma
destas práticas culturais?
- Modo de fazer viola-de-cocho;
- Jongo da região Sudeste;
- Cachoeira de Iauaretê – lugar sagrado dos povos
indígenas dos rios Uaupés e Papuri;
- Feira de Caruaru;
- Tambor de Crioula;
- Modo artesanal de fazer o queijo de Minas, nas
regiões do Serro e das serras da Canastra e do Salitre;
- Roda de capoeira e ofício dos mestres de capoeira;
- O modo de fazer renda irlandesa produzida em
Divina Pastora (SE).
QUESTÕES SOBRE PATRIMÔNIO
Além do conteúdo desta apostila e do que já
discutimos em sala, uma visita ao site do IPHAN
(http://portal.iphan.gov.br ) irá ajudá-lo a responder
estas questões:
1 – O samba do Rio de Janeiro, das escolas de samba,
é considerado um bem tombado pelo IPHAN? E o
frevo, de Pernambuco?
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2 – Qual a importância de se preservar um núcleo
urbano (os centros históricos, etc.)? Qual seria a
diferença, caso fosse realizado o tombamento de
apenas algumas de suas casas e ruas?
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3 - Releia a questão 4 do item “tombamento” e
responda: uma vez que um bem seja tombado,
nenhuma alteração poderá ser feita nele? Ele poderá
ser utilizado para alguma atividade econômica? Ao
sair do colégio, observe as construções do “entorno” e
9. reflita sobre este tema, procurando exemplificar na
sua resposta.
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4 - O IPHAN existe há mais de 70 anos. Você acha que
as pessoas, de um modo geral, têm consciência da
importância da preservação dos bens culturais? Por
que?
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5 - Você acha que o patrimônio público é respeitado?
Você poderia citar exemplos de ações positivas e de
ações negativas em relação a este assunto?
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6 – Diferencie: patrimônio material e imaterial,
exemplificando.
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7 – Qual a diferença entre um bem tombado pelo
IPHAN e outro reconhecido como patrimônio da
humanidade pela UNESCO?
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8 – Apenas o IPHAN pode promover o tombamento de
um bem? Um cidadão pode interferir neste processo?
Comente.
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9 – O que significa dizer que devemos preservar a
“memória da diversidade cultural brasileira”? Que
ações podem ser feitas neste sentido?
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