O documento apresenta um resumo do comércio exterior em 2010. As exportações globais cresceram 3,6%, impulsionadas por uma alta de 14,5% nas exportações de mercadorias e serviços. No Brasil, o Real se valorizou 14,7% em relação ao dólar e 13,5% frente a uma cesta de 13 moedas em 2010. Países em desenvolvimento lideraram a recuperação do comércio mundial, enquanto o comércio de países desenvolvidos ainda estava abaixo dos níveis pré-crise
4. Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
Diretoria de Relações Industriais e Institucionais
Unidade de Integração Internacional
EQUIPE TÉCNICA
Coordenação geral
Henry Uliano Quaresma
Supervisão
Tatiani Leal
Execução
Bárbara Luz Barth Vetter
Mauro Victor Silveira de Souza
Coordenação de Marketing
Gisele de Andrade Polidoro Muller
Programação
Murilo Nunes Elias
Direção de Arte
Luiz Acácio de Souza
Edição de Arte
João Henrique Moço
2
F293d
FEDERAÇÃO das Indústrias do Estado de Santa Catarina. Diagnóstico do
setor exportador catarinense 2011. Florianópolis: FIESC, 2011.
48 p. : Apresenta tabelas e gráficos.
1. Comércio exterior – Santa Catarina. 2. Exportação – Santa Catarina.
3. Exportadores (empresas) – Santa Catarina. 4. Política de exportação.
CDU 339.564(816.4)“2011”
FIESC
Rodovia Admar Gonzaga, 2765 – Florianópolis/SC – CEP 88034-001
Exemplares à disposição on-line através do site http://www.fiescnet.com.br/cin/diagnostico
Telefone (48) 3231-4664 Fax (48) 3231-4669
E-mail: cin@fiescnet.com.br Site: www. fiescnet.com.br/cin
5. Sumário
Apresentação ........................................................................................4
O Comércio Exterior em 2010 .........................................................6
Caracterização das Empresas Pesquisadas ........................... 16
3
Prática Exportadora .......................................................................... 19
Perspectivas das Empresas Pesquisadas ................................ 24
Negociações Internacionais .......................................................... 29
A Atual Política de Comércio Exterior Brasileira ..................... 35
Considerações Finais ...................................................................... 38
Anexo 1: Questionário Aplicado ............................................. 42
Anexo 2: Listagem das Empresas Participantes .............. 44
Anexo 3: Diretorias e Conselhos do Sistema FIESC ....... 46
6. Apresentação
Como em edições anteriores, a Federação das Indústrias do Estado de San-
ta Catarina – FIESC, por meio de sua Unidade de Integração Internacional,
vinculada à Diretoria de Relações Industriais e Institucionais, apresenta o
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense 2011.
O trabalho em questão, realizado a partir da coleta e análise de dados de
empresas exportadoras de Santa Catarina, objetiva ser um importante ins-
trumento para a criação e o aperfeiçoamento de ações que efetivamente
contribuam para o fortalecimento das empresas catarinenses no comércio
internacional, em um ambiente global de negócios cada vez mais compe-
titivo e complexo.
Essencialmente, a presente publicação visa apresentar o atual cenário ex-
portador e as perspectivas na exportação das empresas catarinenses, com
uma análise focada em suas principais dificuldades e desafios. Na pesqui-
4 sa deste ano, participaram 118 indústrias representantes de aproximada-
mente 20 diferentes setores. De forma a obter resultados representativos
do segmento exportador catarinense, no presente trabalho procurou-se
assegurar que as empresas exportadoras de relevância do estado partici-
passem da pesquisa.
Não obstante, objetivando atingir empresas dos diversos portes e regiões
de Santa Catarina, o questionário da pesquisa foi disponibilizado a todas
as empresas do estado que efetuaram exportações no ano de 2010, perfa-
zendo um total de 1.769 empresas, de acordo com dados fornecidos pela
Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior – MDIC.
A publicação é iniciada apresentando-se a evolução do comércio mundial
em 2010, com foco em informações e dados relativos às exportações e à
evolução da balança comercial nos cenários brasileiro e catarinense.
7. Após essa análise inicial, os resultados da pesquisa são divulgados e dis-
cutidos, respeitando-se a seguinte estrutura:
• Na primeira parte as empresas pesquisadas foram caracterizadas de
acordo com o porte, setor industrial e origem do capital;
• A seguir, foram analisadas as respostas relativas à prática exportado-
ra dessas empresas, permitindo classificá-las em termos de volume de
faturamento no mercado externo, frequência exportadora e volume da
produção destinado à exportação, além de identificar os principais pro-
gramas e incentivos à exportação utilizados;
• Na terceira parte, buscou-se avaliar as perspectivas das empresas pes-
quisadas quanto às exportações em 2011. Para isso, as empresas apre-
sentaram, entre outros aspectos, os entraves mais significativos na ati-
vidade exportadora, provenientes dos ambientes interno e externo, e as
áreas que devem ser priorizadas pelo atual governo;
5
• Finalmente, encerra-se a pesquisa com uma avaliação da atual política do
comércio exterior brasileiro, na visão das empresas pesquisadas, abran-
gendo informações relativas às negociações de acordos internacionais
de comércio em curso e de instrumentos de defesa comercial utilizados,
além de uma análise do impacto da valorização do real frente ao dólar
em 2010 para o segmento exportador catarinense.
Após a exposição dos resultados da pesquisa, conclui-se o trabalho com
um sumário de suas principais contribuições, evidenciando as ações que
necessitam ser colocadas em prática ou refinadas com vistas ao melhor
posicionamento das empresas de Santa Catarina no mercado mundial.
Ao final da publicação, os anexos 1, 2 e 3 apresentam, respectivamente, o
questionário utilizado na presente pesquisa, a listagem das empresas par-
ticipantes e a relação das Diretorias e Conselhos do Sistema FIESC.
8. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
O Comércio
Exterior em 2010
O comércio mundial continuou sua recuperação em 2010, mas o crescimento mais forte observado no primeiro semestre
do ano não seguiu no mesmo ritmo durante todo o período. Enquanto o volume das exportações de muitas economias
emergentes já foi recuperado em níveis iguais ou superiores aos níveis mais altos obtidos no período pré-crise, as ex-
portações de países desenvolvidos ainda não vivenciaram uma completa recuperação.
O aumento de 3,6% na produção global ocorrida em 2010 foi liderado por uma expansão recorde de 14,5% nas expor-
tações globais de mercadorias e serviços, impedindo que outra recessão também ocorresse no ano passado. Em 2010
as exportações mundiais de mercadorias foram 22% superiores em valor comparativamente às exportações de 2009.
Na verdade, esse indicador recorde foi resultado da forte queda ocorrida em 2009 no comércio mundial, da ordem de
12%. O elevado crescimento ocorrido no ano passado permitiu ao comércio mundial recuperar-se a níveis similares ao
período pré-crise, mas não sua tendência de longo prazo, que ainda é de incerteza, uma vez que a crise financeira mun-
dial e a recessão global recentes continuam impactando a economia mundial.
A recuperação da economia global foi particularmente forte entre meados de 2009 e meados de 2010, quando o volu-
6 me de comércio cresceu a uma taxa anual próxima a 20%. Desde então, entretanto, o crescimento do comércio global
perdeu fôlego como resultado da desaceleração na recuperação econômica mundial.
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), os fatores que contribuíram para a elevada queda ocorrida
em 2009 também podem ter contribuído para impulsionar a recuperação verificada em 2010. Esses fatores incluem o
avanço das cadeias globais de suprimento e a composição da pauta dos produtos comercializados mundialmente.
O primeiro fator – cadeias globais de suprimento – possibilita que as mercadorias atravessem as fronteiras nacionais
diversas vezes durante o processo de produção, o que resulta em maior incremento no fluxo de comércio mundial com-
parativamente a décadas anteriores.
Sobre o segundo fator – pauta de produtos – verifica-se que as mercadorias mais afetadas pela recessão global (bens
de consumo duráveis, máquinas e equipamentos etc.) tradicionalmente têm uma maior participação no comércio mun-
dial do que no PIB mundial, o que acaba aumentando a magnitude da diferença entre a variação do PIB e do comércio
mundial em 2010 comparativamente a 2009.
O gráfico a seguir apresenta um comparativo da evolução do comércio mundial e do PIB global, de 2000 a 2011, tornan-
do mais fácil compreender a relação existente entre esses dois indicadores.
9. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
Um aspecto interessante observado em 2010 é relativo às tendências no volume das exportações mundiais e nos valo-
res do dólar, que começaram a convergir neste ano, um padrão que também é esperado para os próximos anos, como
verifica-se na figura que segue.
7
10. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
No Brasil, de acordo com dados da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior – FUNCEX, de dezembro de
2009 a dezembro de 2010, a valorização do Real, utilizando-se o IPC como deflator, foi de 14,7%, ante o dólar e 13,5%
em relação a uma cesta de 13 moedas, conforme demonstra a tabela abaixo.
Índices de taxa de câmbio real e de taxa de câmbio efetiva real
Utilizando o IPC como deflator Base: dezembro/2003
R$/Cesta de
Período R$/US$ R$/iene R$/ALADI R$/Europa
13 moedas
Anual
2007 64,2 52,6 73,7 69,0 68,5
2008 59,3 54,6 71,4 66,8 66,8
2009 61,3 61,3 67,5 65,4 66,5
2010 52,3 54,5 61,2 53,6 57,5
Variação do índice de dezembro/2010 em relação ao período indicado – Em (%)
Dez 10 / Nov 10 (1,6) (2,6) (1,0) (3,4) (2,2)
Dez 10 / Dez 09 (7,4) (1,4) (2,7) (14,5) (7,6)
Acumulado 12 meses (14,7) (11,1) (9,4) (18,0) (13,5)
Fonte: FUNCEX, janeiro 2011
Nos anos anteriores à crise, o valor do dólar no comércio mundial aumentou num ritmo muito mais rápido que o volume
das exportações, como resultado, em particular, de picos de aumento nos preços de energia e de commodities, além da
depreciação do dólar norte-americano nesse período.
Durante a crise, a queda de preços das commodities e a valorização do dólar causaram um declínio mais forte no valor
8 da moeda do que no volume do comércio global. No processo de recuperação da economia, o aumento nos preços das
commodities não foi acompanhado inicialmente pela desvalorização do dólar. Essa última tendência somente retornou
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
após meados de 2010, quando pressões sobre os preços das commodities enfraqueceram consideravelmente. Como
resultado disso, as taxas de crescimento de volume e valor têm sido convergentes.
Também no decorrer da crise, a demanda por importação de produtos de consumo duráveis e bens de capital vivenciou
o mais alto declínio. Em meados de 2010, a demanda por esses produtos ainda estava, em média, aproximadamente 20%
abaixo das tendências (ou seja, no nível que seria alcançado se as tendências pré-crise fossem seguidas). O comércio
de produtos de consumo não duráveis não foi afetado com a mesma intensidade. Durante 2010, a demanda internacio-
nal por esses produtos retornou a níveis próximos aos de pré-crise. A demanda por insumos intermediários e primários
ainda está 10% abaixo das tendências pré-crise.
Ao analisar a evolução do comércio internacional regionalmente, verifica-se que a velocidade da recuperação permanece
desequilibrada. Os países em desenvolvimento têm liderado o processo de recuperação, em sintonia com a expansão
mais forte de suas economias. Até setembro de 2010 o volume de negócios desse grupo de países como um todo já ti-
nha ultrapassado o nível de pré-crise, em abril de 2008, em 7%, em particular devido ao forte crescimento do comércio
nos países em desenvolvimento da Ásia.
Por outro lado, o comércio de países desenvolvidos ainda estava 9% abaixo do índice alcançado no período pré-crise,
com o volume de comércio da Europa apresentando o mais alto percentual, da ordem de 11%. Como resultado, a par-
ticipação dos países em desenvolvimento no comércio mundial aumentou de aproximadamente um terço para mais de
40% entre 2008 e 2010. O gráfico a seguir apresenta uma análise comparativa da evolução do comércio para grupos
selecionados de países.
11. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
Países com economias em transição situados na África, na Ásia Ocidental e na América Latina e Caribe vivenciaram uma
forte recuperação em seus termos de comércio, tendo sofrido importantes perdas em 2009, seguindo as tendências de
preços de commodities primárias. As exportações de produtos predominantemente manufaturados no Sul e no Leste da
Ásia, em contraste, experimentaram estagnação ou leve declínio em 2010, após uma modesta melhoria ocorrida durante
a recessão global. Uma maior diversificação de produtos exportados explica as flutuações leves nos termos de comércio
dessas economias. De forma similar, os países desenvolvidos apresentaram pouca evolução em tais termos.
9
As grandes flutuações nos termos de comércio ocorridas nos anos mais recentes ocasionaram efeitos mensuráveis no
produto interno nacional e na balança comercial de muitas economias. Países que carecem dos meios necessários (tais
como reservas de divisas internacionais ou fundos de estabilização adequados) para enfrentar desequilíbrios dessa
magnitude tendem a sofrer consequências adversas no crescimento de longo prazo em virtude da volatilidade macroe-
conômica causada por esses choques.
Exportadores de produtos minerais e outros produtos de mineração e, sobretudo, exportadores de petróleo vivenciaram
efeitos particularmente altos em sua produção interna como resultado de mudanças de seus termos de comércio. Isso é
reflexo não somente de grandes flutuações nos preços de exportação, mas também da alta dependência de suas eco-
nomias sobre esses produtos. Economias mais diversificadas, que geralmente também têm uma maior participação de
exportações de manufaturados, tipicamente sofrem muito menos choques nos termos de comércio.
O padrão de choques de comércio, que combina flutuações nos termos de comércio e na demanda de exportação,
confirma o efeito de mercado causado somente pelas flutuações de preço. Países dependentes de exportações de
commodities primárias vivenciaram choques de comércio muito mais agudos (positivos ou negativos) que aqueles que
têm estruturas de exportação mais diversificadas ou dependência em exportações de manufaturados. Exportadores de
produtos tipicamente agrícolas estão no meio das flutuações de preços e demanda.
No Brasil, em 2010, a balança comercial obteve um superávit de US$ 20,3 bilhões, com US$ 201,9 bilhões em expor-
tações (crescimento de 32% em relação a 2009) e importações totalizando US$ 181,6 bilhões (aumento de 42,3% no
comparativo com 2009).
Já em Santa Catarina o incremento nas exportações foi da ordem de 17,96%, com um total de US$ 7,6 bilhões exporta-
dos pelo Estado, como demonstra a tabela a seguir. Esses números colocaram Santa Catarina na décima posição dos
maiores estados exportadores no Brasil, com uma participação de 3,76% nas exportações brasileiras em 2010.
12. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
Exportações brasileiras e catarinenses – Jan-Dez/10 e Jan-Dez/09
Jan-Dez/10 Jan-Dez/09
Variação %
Exportações US$ 1.000 US$ 1.000
(A/B)
FOB (A) FOB (B)
Brasil 201.915.285 152.994.743 31.98
Santa Catarina 7.582.027 6.427.661 17.96
Fonte: FIESC, janeiro 2011,a partir de dados da SECEX/MDIC
No tocante às importações, Santa Catarina obteve um incremento mais substancial que o Brasil. A tabela abaixo de-
monstra que as importações catarinenses aumentaram 64,3% em 2010, ante os 42,22% de acréscimo das importações
brasileiras, comparativamente a 2009.
Importações brasileiras e catarinenses – Jan-Dez/10 e Jan-Dez/09
Jan-Dez/10 Jan-Dez/09
Variação %
Importações US$ 1.000 US$ 1.000
(A/B)
FOB (A) FOB (B)
Brasil 181.648.676 127.722.343 42.22
Santa Catarina 11.974.291 7.288.151 64.30
Fonte: FIESC, janeiro 2011, a partir de dados da SECEX/MDIC
Ainda que o saldo da balança no Brasil tenha sido positivo em 2010, verifica-se uma redução significativa, de aproxima-
damente 20%, ou US$ 5 bilhões, em comparação a 2009.
Em Santa Catarina, o saldo da balança comercial foi negativo, resultando em um déficit histórico de US$ 4,4 bilhões,
uma vez que o estado tradicionalmente apresentava saldos superavitários todos os anos, com exceção de 2009, como
10
demonstram a tabela e o gráfico a seguir.
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
13. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
Balança Comercial Catarinense (US$ mil )
Ano Exportações Importações Saldo
1998 2.605.306 1.270.694 1.334.612
1999 2.567.418 883.622 1.683.796
2000 2.712.493 957.170 1.755.323
2001 3.031.172 860.394 2.170.778
2002 3.160.456 931.395 2.229.061
2003 3.701.854 993.810 2.708.044
2004 4.862.608 1.508.950 3.353.658
2005 5.594.238 2.188.540 3.405.698
2006 5.982.112 3.468.764 2.513.348
2007 7.381.839 5.000.221 2.381.618
2008 8.256.219 7.951.658 304.561
2009 6.427.614 7.283.252 -855.638
2010 7.582.026 11.974.291 -4.392.265
11
De acordo com a FUNCEX, tanto as exportações quanto as importações brasileiras apresentaram níveis recordes de
crescimento em 2010, superando os patamares alcançados em 2009, conforme apresenta o próximo gráfico.
14. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
Ainda segundo a FUNCEX, os produtos básicos foram os que apresentaram melhor desempenho nas exportações bra-
sileiras em 2010, com um montante de US$ 90 bilhões (aumento de 45,3% em relação ao valor exportado em 2009).
Os produtos manufaturados e semimanufaturados somaram, respectivamente, US$ 79,6 bilhões e US$ 28,2 bilhões nas
exportações de 2010. Em relação a 2009, o incremento nas exportações foi de 18,1% para produtos manufaturados e
37,6% para produtos semimanufaturados. A tabela a seguir apresenta estes números.
Exportações brasileiras por valor agregado – US$ milhões FOB
Classe de Produtos Categorias de uso
Total Bens Bens de Consumo
Período Semimanu- Manufa- Bens de
Exportado Básicos Interme- Duráveis Combustíveis
faturados turados Capital
diários Não duráveis
Anual
2007 160.649 51.596 21.800 83.943 92.047 92.047 7.480 26.845 14.718
2008 197.942 73.028 27.073 92.683 113.542 113.542 7.688 32.865 21.002
2009 152.995 61.958 20.499 67.349 93.340 93.340 5.272 25.985 14.967
2010 201.915 90.005 28.207 79.563 127.367 127.367 6.843 30.682 20.824
Mensal
Dez 09 14.463 4.730 1.994 7.439 1.533 7.840 612 2.328 2.150
Jan 10 11.305 4.075 1.717 5.198 853 6.499 420 2.035 1.498
Fev 10 12.197 4.755 1.795 5.321 867 7.049 516 2.164 1.600
Mar 10 15.728 6.637 2.072 6.649 1.413 9.454 596 2.491 1.773
Abr 10 15.161 7.017 1.919 5.947 1.233 9.611 500 2.287 1.530
Mai 10 17.703 8.574 2.331 6.494 1.306 11.228 581 2.455 2.132
Jun 10 17.094 7.628 2.540 6.532 1.368 10.961 642 2.578 1.545
Jul 10 17.673 7.955 2.570 6.830 1.368 11.827 556 2.832 1.090
12 Ago 10 19.236 9.182 2.476 7.138 1.367 12.500 551 2.975 1.844
Set 10 18.833 8.906 2.449 7.152 1.434 12.225 597 2.878 1.700
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
Out 10 18.381 8.210 2.691 7.183 1.515 12.349 666 2.790 1.060
Nov 10 17.687 7.432 2.971 6.983 1.509 11.415 611 2.551 1.601
Dez 10 20.918 9.634 2.677 8.136 1.968 12.247 608 2.644 3.452
Variação Percentual
Dez 10/Nov10 18,3 29,6 (9,9) 16,5 30,3 7,3 (0,5) 3,6 115,6
Dez 10/Dez 09 44,6 103,7 34,3 9,4 28,4 56,2 (0,7) 13,6 60,6
Acumulado
no ano 32,0 45,3 37,6 18,1 20,6 36,5 29,8 18,1 39,1
Acumulado
12 meses 32,0 45,3 37,6 18,1 20,6 36,5 29,8 18,1 39,1
Fonte: FUNCEX, Janeiro 2011, a partir de dados da SECEX/MDIC
15. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
De acordo com a mesma Fundação, o crescimento nas exportações brasileiras em 2010 foi resultado, em sua maior par-
te, do aumento de preços (20,5%), ainda que o quantum (volume) exportado também tenha sido positivo (9,5%).
A respeito dos preços de exportação, verifica-se o melhor desempenho nos bens básicos (+30,4%), seguidos pelos pro-
dutos semimanufaturados (+29%) e produtos manufaturados (+8,5%). No quantum exportado, houve alta em todas as
classes de produtos, com destaque para os básicos (+11,4%).
Os próximos gráficos demonstram que tanto os preços quanto o quantum das exportações brasileiras apresentaram tra-
jetória ascendente em 2010. Segundo a FUNCEX, em todas as classes de produtos os preços já alcançaram níveis tão
ou mais elevados que aqueles registrados antes da crise internacional eclodida em meados de 2008.
13
16. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
A tabela a seguir apresenta o desempenho das exportações brasileiras por setores da economia, de acordo com o có-
digo CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas.
Valor das exportações brasileiras por setor CNAE em 2010 – US$ milhões FOB
Variação
Valor de exportação
(Em %)
Setores CNAE 12 No 12
Jul/10 Ago/10 Set/10 Out/10 Nov/10 Dez/10 No ano
meses ano meses
Agricultura e pecuária 2.637 2.277 2.226 1.955 1.454 1.482 23.030 23.030 10,0 10,0
Silvicultura e exploração florestal 11 9 10 11 11 12 129 129 57,1 57,1
Pesca e aquicultura 2 2 3 3 3 3 29 29 (7,6) (7,6)
Extração de carvão mineral 0 0 0 0 0 0 0 0 33,3 33,3
Extração de petróleo 712 1.393 1.299 717 1.333 2.816 16.293 16.293 74,2 74,2
Extração de minerais metálicos 3.009 3.762 3.466 3.632 2.893 3.688 30.838 30.838 113,4 113,4
Extração de minerais
não metálicos 64 65 63 65 66 73 744 744 22,9 22,9
Produtos alimentícios e bebidas 3.687 3.657 3.826 3.645 3.649 3.103 38.119 38.119 22,1 22,1
Produtos do fumo 5 5 6 5 5 3 56 56 2,4 2,4
Produtos Têxteis 130 216 245 247 192 172 1.936 1.936 17,9 17,9
Confecção de artigos do
vestuário e acessórios 17 20 19 17 17 20 208 208 11,5 11,5
Preparação de couro seus
artefatos e calçados 316 299 258 273 267 318 3.468 3.468 27,3 27,3
Produtos de madeira 177 170 158 166 157 174 1.928 1.928 13,9 13,9
Celulose, papel e
produtos de papel 542 554 542 577 571 653 6.745 6.745 35,6 35,6
14
Edição, impressão e
reprodução de gravações 6 5 7 6 5 11 84 84 7,7 7,7
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
Coque, refino de petróleo
e combustíveis 391 460 361 349 282 414 4.362 4.362 (6,0) (6,0)
Produtos químicos 941 996 940 893 987 1.061 11.023 11.023 23,6 23,6
Artigos de borracha e plástico 248 273 249 259 234 264 2.866 2.866 23,5 23,5
Produtos de minerais
não metálicos 163 153 142 139 131 139 1.681 1.681 18,8 18,8
Metalurgia básica 1.327 1.252 1.304 1.523 1.660 1.837 16.349 16.349 22,1 22,1
Produtos de metal 164 161 149 155 144 163 1.757 1.757 4,6 4,6
Maquinas e equipamentos 747 793 764 828 787 864 8.587 8.587 28,5 28,5
Maquinas para escritório
e de informática 25 30 31 31 31 32 346 346 12,9 12,9
Maquinas, aparelhos e
materiais elétricos 304 288 267 295 263 312 3.201 3.201 5,1 5,1
Material eletrônico e
de comunicações 162 163 126 148 154 131 1.754 1.754 (14,6) (14,6)
Equipamentos médicos-
hospitalares 74 73 79 86 74 79 856 856 18,5 18,5
Veículos automotores,
reboques e carrocerias 1.231 1.239 1.229 1.325 1.299 1.329 13.858 13.858 47,2 47,2
Outros equipamentos
de transporte 443 414 565 616 603 973 6.168 6.168 17,6 17,6
Móveis e indústrias diversas 103 120 117 122 121 123 1.342 1.342 11,0 11,0
TOTAL 17.673 19.236 18.833 18.381 17.687 20.918 201.915 201.915 32,0 32,0
Fonte: FUNCEX, janeiro 2011, a partir de dados da SECEX/MDIC
17. O C o m é r c i o E x t e r i o r e m 2 0 11
De acordo com a tabela anterior, os setores com melhores desempenhos no Brasil nos preços de exportação em 2010,
e respectivas taxas de variação, foram em ordem de importância:
Setores Variação (%)
Extração de minerais metálicos 113,4
Extração de petróleo 74,2
Silvicultura e exploração florestal 57,1
Veículos automotores, reboques e carrocerias 47,2
Celulose, papel e produtos de papel 35,6
Extração de carvão mineral 33,3
Já em Santa Catarina, para os 10 principais produtos exportados em 2010, verifica-se que todos apresentaram evolução
positiva, comparativamente a 2009. Dentre esses 10 produtos, os maiores aumentos ocorreram em blocos de cilindros e
cabeçotes para motores (149,38%), grãos de soja (48,83%) e motocompressores herméticos (33,83%).
10 produtos mais exportados por Santa Catarina – Jan-Dez/2010
Jan-Dez/2010 Jan-Dez/2009 %
Produtos
US$ FOB US$/FOB (A/B)
Frango (carnes e miudezas) 1.737.636.504 1.444.657.703 20,28
Fumo 855.233.785 797.391.820 7,25
Motocompressores herméticos 460.132.827 343.813.165 33,83
Motores, transformadores e geradores elétricos 452.231.018 382.685.533 18,17
Suínos (carnes, carcaças e miudezas) 313.947.902 310.903.505 0,98
Blocos de cilindros, cabeçotes etc. para motores 300.364.972 120.444.398 149,38
Preparações alimentícias e conservas de galos/galinhas 282.166.683 276.753.952 1,96
Móveis de madeira 216.400.817 211.603.430 2,27 15
Grãos de soja 139.295.028 93.594.409 48,83
Portas, resp. caixilhos,alizares e soleiras de madeira 127.564.595 109.967.151 16,00
(*) Para seleção dos produtos foi utilizada a listagem dos 100 mais exportados e feita a soma de valores totais por NCMs similares.
Fonte: FIESC, janeiro 2011, a partir de dados da SECEX/MDIC
Analisando-se a evolução das exportações catarinenses para os 10 principais mercados importadores em 2010, verifica-
se uma situação similar ao quadro anterior. Nove desses 10 países apresentaram aumentos em relação aos valores ex-
portados em 2009. Somente Hong Kong apresentou decréscimo, da ordem de 19,6%. Os países que registraram maiores
aumentos nas exportações catarinenses foram a China (145,79%), o México (84%) e o Japão (52,01%).
10 principais países importadores de Santa Catarina – Jan-Dez/2010
Jan-Dez/2010 Jan-Dez/2009 %
Países
US$ FOB US$/FOB (A/B)
Estados Unidos 905.559.703 745.697.539 21,44
Países Baixos (Holanda) 633.769.021 526.706.531 20,33
Argentina 550.288.136 409.326.111 34,44
Japão 479.417.308 315.380.850 52,01
Alemanha 304.760.634 272.001.037 12,04
Reino Unido 300.308.522 231.241.554 29,87
México 287.358.708 156.173.729 84,00
China 270.630.791 110.107.031 145,79
Rússia 220.248.644 159.038.229 38,49
Hong Kong 204.275.870 254.077.537 -19,60
Fonte: FIESC, janeiro 2011, a partir de dados da SECEX/MDIC
18. Caracterização das Empresas Pesquisadas
Caracterização das
Empresas Pesquisadas
16
O primeiro gráfico da pesquisa procura identificar o porte das empresas participantes, de acordo com a classificação
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a seguir:
ƒ 1 – 19 funcionários: Microempresas
ƒ 20 – 99 funcionários: Pequenas empresas
ƒ 100 – 499 funcionários: Médias empresas
ƒ 500 ou mais funcionários: Grandes empresas
No presente trabalho há uma maior participação de empresas de médio e grande portes (74%) em virtude de buscar-se
uma maior representatividade da amostra em relação ao volume total de exportação em 2010, conforme explicado an-
teriormente. Por outro lado, verifica-se também uma participação expressiva de micro e pequenas exportadoras (26%)
na pesquisa realizada.
Esta amostra, contemplando empresas de diferentes tamanhos, torna-se importante no sentido de permitir a análise
com informações que reflitam a realidade do segmento exportador catarinense, no tocante às dificuldades e aos obs-
táculos enfrentados, que em determinadas situações são distintos, principalmente em função dos portes das empresas
pesquisadas.
19. Caracterização das Empresas Pesquisadas
O gráfico anterior demonstra que empresas dos mais importantes setores industriais do estado participaram da pesqui-
sa, com destaque para os setores de máquinas e equipamentos (18%), madeireiro (10%), moveleiro (9%), têxtil (8,5%), e
plástico e borracha (7,5%). Esses setores, além de serem tradicionalmente exportadores, utilizam mão de obra intensiva
e vêm contribuindo continuamente para o fortalecimento da economia catarinense.
Não obstante, verifica-se que empresas de outros 11 setores também fizeram parte do presente trabalho. Novamente essa
diversidade setorial contribuiu positivamente na análise dos resultados, uma vez que a capacidade exportadora é muitas
vezes afetada por fatores especificamente relacionados ao segmento industrial aos quais essas empresas pertencem.
17
No tocante à origem do capital das empresas pesquisadas, como nas edições anteriores do Diagnóstico, ainda há predo-
minância de organizações com 100% do capital totalmente nacional (83%). Não obstante, vem sendo significativamente
maior nas últimas pesquisas o número de empresas de capital misto com maior composição de capital nacional (10%
em 2011), seguidas por empresas com capital 100% estrangeiro (4% na pesquisa deste ano).
20. Caracterização das Empresas Pesquisadas
Esses dados apontam para uma tendência que se observa nos cenários nacional e mundial, em que há um forte movi-
mento de aquisições e fusões de empresas nacionais por corporações estrangeiras. Acompanhando a tendência mundial,
verifica-se também em Santa Catarina o crescente número de empresas estrangeiras na participação acionária, ainda
que em diferentes níveis. O ingresso de capital estrangeiro em determinadas empresas catarinenses torna-se elemento
estratégico para a expansão de seus negócios, tanto no mercado doméstico quanto no mercado externo.
Este gráfico demonstra que um número significativo de empresas exportadoras catarinenses, principalmente de médio
e grande portes, vem investindo na instalação de unidades em outros países. Das empresas pesquisadas, 14% informa-
18 ram possuir unidades no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na Argentina.
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
21. Prática Exportadora
Prática Exportadora
Verifica-se neste gráfico, que caracteriza as empresas pesquisadas de acordo com o volume exportado em 2010, uma
predominância de empresas que exportaram entre US$ 1 milhão e US$ 9,9 milhões (48%) e entre US$ 100 e US$ 999
mil (25%). Um número menor de empresas exportou entre US$ 10 e 50 milhões (11%) e até US$ 99 mil (11%). Por outro
lado, somente 5% das empresas pesquisadas exportaram mais de US$ 50 milhões em 2010. 19
Em relação à participação das exportações no faturamento total das empresas pesquisadas, o gráfico anterior aponta
que para quase 50% das empresas pesquisadas a exportação representou em 2010 até 10% do faturamento anual. Ao
considerar-se exportações com participação de 11 a 20% sobre o faturamento, esse percentual cai para aproximada-
mente 17%. Considera-se também significativo o número de empresas que têm uma participação expressiva das expor-
tações no total faturado anualmente, 14% das empresas pesquisadas tiveram em 2010 mais de 70% de seu faturamento
originado nas exportações.
22. Prática Exportadora
A Argentina, o Paraguai, os Estados Unidos e a Bolívia lideram, respectivamente, a lista dos países mais citados pelas
empresas como principais destinos de suas exportações. Outros países mais listados pelas empresas pesquisadas são
o Uruguai e o Chile.
20
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
Em relação ao modal mais utilizado em suas atividades de exportação, o transporte marítimo foi o mais citado, sendo
utilizado por mais de 51% das empresas pesquisadas. O transporte rodoviário foi o segundo mais citado (37,5%), muito
provavelmente em função de diversas empresas exportarem para mercados geograficamente próximos de Santa Cata-
rina, principalmente para os países do Cone Sul.
23. Prática Exportadora
O Porto de Itajaí (37%) e o Porto de Navegantes (23%) foram os locais de embarque mais citados na pesquisa. Muitas
empresas responderam que, para escoar sua produção destinada aos mercados externos, utilizam outros portos e ae-
roportos que não aqueles informados no questionário. As respostas mais frequentes na opção “Outros” (25%) foram, em
ordem de citações: Porto Seco de Uruguaiana, Aeroporto de Guarulhos e Porto de Santos.
21
Em relação à frequência exportadora, os resultados obtidos indicam que a maioria das empresas (aproximadamente 82%)
exporta continuamente, o que demonstra a natureza estratégica da exportação em seus negócios. No entanto, também é
necessário destacar que um número considerável de empresas realiza exportações com períodos de interrupção ou em
que as exportações são raras, estando associadas somente a uma boa oportunidade (16%). Apenas 2% das empresas
pesquisadas informaram não estarem mais exportando.
24. Prática Exportadora
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1 Drawback 9 PROEX
2 ACC 10 Porto Seco
3 Desoneração IPI e ICMS 11 PROGER
4 Restituição PIS/COFINS 12 Linha Azul
5 ACE 13 RECOF
6 SIMPLEX 14 BNDES EXIM Pós-Embarque
7 REDEX 15 SISCARGA
22 8 BNDES EXIM Pré-Embarque 16 SISPROM
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
Quanto aos programas e incentivos disponibilizados pelo governo brasileiro visando o fomento das exportações, mais
da metade das empresas participantes deste Diagnóstico informaram que em 2010 utilizaram os quatro mecanismos
listados abaixo, apresentados em ordem de importância.
ƒ Desoneração do IPI/ICMS (79%)
ƒ Restituição PIS/COFINS (70%)
ƒ Drawback (58%)
ƒ Adiantamento de Contrato de Câmbio (52%)
Um número substancial de empresas também informou utilizar outros instrumentos, como o ACE (46%) e o Porto Seco
(48%). Entretanto, ainda existe uma série de instrumentos e programas que grande parte das empresas pesquisadas
desconhecem ou não conseguem utilizar, tais como o RECOF, a Linha Azul, o REDEX, o PROGER e o BNDES EXIM pré
e pós-embarque.
Torna-se assim necessário verificar quais dificuldades as empresas vêm sofrendo para usufruir dos benefícios que es-
ses instrumentos podem conceder, aperfeiçoando-os de forma que um número maior de empresas possa acessá-los.
Ao mesmo tempo, é fundamental que o governo envide maiores esforços na promoção dos instrumentos que ainda são
desconhecidos pelas empresas.
25. Prática Exportadora
Em relação às consequências negativas consideradas mais relevantes pelas empresas pesquisadas em função da re-
cente crise financeira no mercado internacional, o resultado mais expressivo foi a diminuição das exportações (19,5%).
Outros efeitos apontados na pesquisa incluem o aumento dos preços de venda (13%), a redução do faturamento geral
dessas empresas (13%), a queda da rentabilidade das exportações (12%) e a concentração das vendas no mercado
interno (11%). Muitas empresas também informaram que a crise aumentou sua vulnerabilidade no mercado externo,
principalmente em decorrência da crescente concorrência asiática.
23
26. Perspectivas das Empresas Pesquisadas
Perspectivas das
Empresas Pesquisadas
24
A respeito das expectativas para as exportações em 2011, pouco mais da metade das empresas pesquisadas (56%)
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
apontam perspectivas de incremento. Do total das empresas, 25% preveem um crescimento reduzido comparativamente
a 2010, da ordem de 10%, enquanto outros 22% estimam um aumento de 11 a 30%.
Os motivos citados pelas empresas que projetam crescimento das exportações são:
ƒ Reestruturação interna da área de exportação
ƒ Conquista de novos mercados
ƒ Ampliação na carteira de clientes
ƒ Aumento da capacidade produtiva
ƒ Maiores esforços de vendas
ƒ Internacionalização de marcas próprias
ƒ Incremento nos preços de exportação dos produtos
ƒ Implantação de novas lojas franqueadas no exterior
ƒ Recuperação gradativa da economia mundial
ƒ Estabelecimento de parcerias estratégicas nos mercados importadores
ƒ Investimentos produtivos
ƒ Participação em feiras internacionais
ƒ Promoção de marcas no exterior
ƒ Aumento nos preços das commodities no mercado internacional
ƒ Desenvolvimento de novos produtos para exportação
ƒ Melhorias nos processos internos
Por outro lado, 26% das empresas projetam estabilidade nos volumes exportados e 18% estimam que suas exportações
sofrerão queda. Para 7% das empresas, a redução das exportações será de 11 a 30%.
27. Perspectivas das Empresas Pesquisadas
Os motivos identificados pelas empresas que projetam queda nas exportações são:
ƒ Falta de recursos para financiar a produção
ƒ Câmbio desfavorável
ƒ Desaquecimento do mercado externo
ƒ Perda de clientes e mercados
ƒ Redução da competitividade externa
ƒ Queda na rentabilidade das exportações
ƒ Custos internos muito elevados
ƒ Acirrada concorrência com produtos chineses
ƒ Escassez de crédito
ƒ Altos custos logísticos
ƒ Aquecimento da demanda no mercado interno
ƒ Elevada carga tributária
25
As empresas pesquisadas informaram que em 2011 pretendem reforçar seus esforços de vendas, buscando novos
mercados importadores principalmente em países da América do Sul (29%) e da África (15%). Os mercados da Europa
(14,5%) e da América do Norte (14,5%) aparecem na terceira e quarta colocações, respectivamente, conforme apresen-
tado no gráfico. Isso talvez reflita o fato de as exportações dessas empresas estarem crescendo a um ritmo mais alto em
mercados emergentes ou em desenvolvimento do que em países desenvolvidos.
28. Perspectivas das Empresas Pesquisadas
A principal área identificada por aproximadamente 22% das respostas obtidas das empresas participantes como de-
vendo ser priorizada pelo governo brasileiro para o fomento das exportações é a construção de armazéns e silos. Na
visão das empresas pesquisadas, as outras quatro áreas mais importantes para a tomada de ações pelo governo, em
ordem de importância, são: desoneração tributária (18%), desburocratização e redução de custos da atividade expor-
tadora (14%), redução dos custos de transportes e portos (13%) e melhoria da infraestrutura portuária, aeroportuária e
rodoviária (10%).
26
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
1 Concorrência Internacional 6 Falta de incentivos fiscais oferecidos pelo governo brasileiro
2 Burocracia em órgãos governamentais 7 Falta de financiamento às exportações de produtos
no Brasil brasileiros
3 Custo do transporte internacional 8 Carência de escala de navegação
4 Recessão em outros países 9 Acesso aos sistemas de seguro de crédito mais eficazes
5 Barreiras técnicas 10 Insegurança jurídica do Mercosul
Complementando as informações apresentadas anteriormente, os principais obstáculos externos à exportação em 2010
foram, de acordo com as empresas pesquisadas, em ordem de importância (considerados relevantes e muito relevan-
tes): concorrência internacional (95%), recessão em outros países (92,5%), falta de incentivos fiscais oferecidos pelo
29. Perspectivas das Empresas Pesquisadas
governo brasileiro (92%), burocracia em órgãos governamentais no Brasil (91%) e custo do transporte internacional
(87%). Muitas empresas também citaram o câmbio desfavorável como outro obstáculo muito relevante ao incremento
de suas exportações.
Novamente em 2010 os obstáculos apontados pelas empresas são muito similares aos obtidos em pesquisas anteriores.
Assim, deve-se então realizar uma investigação mais aprofundada a respeito desses temas, de forma a se conseguir
pontuar precisamente os principais entraves em cada uma das áreas apontadas. A remoção ou pelo menos redução
desses obstáculos certamente deverá gerar resultados muito expressivos no aumento das exportações.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
27
1 Preços mais competitivos 6 Fornecimento de matéria-prima
2 Certificação de produtos 7 Identificação de barreiras tarifárias e não tarifárias
3 Estruturação de processos de exportação 8 Qualificação de profissionais em comércio exterior
4 Insuficiência de recursos alocados para 9 Capacidade de investimento inadequada
marketing internacional 10 Obtenção de informações sobre mercados importadores
5 Insuficiência de recursos para financiar a produção
No que diz respeito aos obstáculos internos à exportação, assim como em pesquisas anteriores, “preços mais competi-
tivos” foi apontado como sendo o principal obstáculo relevante ou muito relevante, com 97% das respostas das empre-
sas. Esse resultado reforça o fato de que as empresas exportadoras catarinenses vêm perdendo espaço no mercado
internacional, devido aos aspectos já identificados em questões anteriores.
As empresas também identificaram outros fatores internos que inibem o incremento de vendas externas, tais como a
identificação de barreiras tarifárias e não tarifárias e a certificação de produtos, mas em um grau de importância inferior
à competitividade em preços, como visualiza-se no gráfico 17.
30. Perspectivas das Empresas Pesquisadas
A respeito da necessidade de melhor estruturar os processos internos relativos à exportação, a maioria das empresas
pesquisadas (84%) indica que possivelmente ou certamente realizará ações em 2011 que busquem este objetivo. Apenas
um grupo restrito das empresas (7%) informou não pretender aperfeiçoar seus processos de exportação. Este resultado
é muito positivo, pois demonstra que as empresas catarinenses não somente têm ciência de suas próprias deficiências,
mas que também estão trabalhando internamente visando tornarem-se mais competitivas. Ações desta natureza segu-
ramente contribuirão para melhorar o posicionamento das exportadoras catarinenses em relação à concorrência externa
nos mercados importadores.
28
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
31. Negociações Internacionais
Negociações
Internacionais
29
Menos da metade das empresas pesquisadas (48%), como demonstrado pelo gráfico, vem acompanhando as negocia-
ções internacionais de que o governo brasileiro tem participado. Verifica-se que é elevado o número de empresas que não
estão atentas a esse processo (52%). Este é um dado preocupante, uma vez que a existência de futuros acordos pode
trazer a essas empresas, por um lado, ganhos de competitividade ou, por outro, aumento da concorrência internacional.
Portanto, torna-se fundamental a estreita sintonia entre o governo federal e o setor industrial, através de suas entidades
representativas, no processo negociador em curso. Visando auxiliar o governo na formulação de sua estratégia de in-
serção internacional, é muito importante que as empresas forneçam informações a respeito de mercados preferenciais
e produtos para a pauta negociadora.
32. Negociações Internacionais
De acordo com aquelas empresas pesquisadas que vêm acompanhando as negociações internacionais em curso, os
maiores incrementos comerciais para o Brasil seriam alcançados com a conclusão de, principalmente, três acordos:
Mercosul/União Europeia (49%), Mercosul/Turquia (17%) e Mercosul/Conselho de Cooperação do Golfo (16%). A União
Europeia, na verdade, ainda constitui-se num dos principais destinos das exportações catarinenses e é um mercado on-
de certamente as empresas do estado vêm perdendo participação devido à acirrada concorrência internacional. Nesse
sentido, a existência de acordos de comércio com a região permitiria ganhos de competitividade, em função das prefe-
rências tarifárias que seriam obtidas como resultado desses acordos.
Relativamente à Turquia e aos países do Golfo Arábico, são mercados emergentes considerados atrativos para um
grande número de empresas. Assim, a existência de acordos comerciais com essas regiões também é considerada
estratégica.
30
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
As empresas também foram solicitadas a informar os acordos comerciais que vêm sendo mais utilizados para a emissão
de certificados de origem. De acordo com os resultados apresentados no gráfico 21, os cinco principais acordos em 2010
foram, em ordem de importância: Mercosul – ACE 18 (18%); Mercosul/Chile – ACE 35 (14%); Mercosul/Bolívia – ACE 36
(13%); Mercosul/Colômbia, Equador e Venezuela – ACE 59 (13%) e Mercosul/Peru – ACE 58 (12,5%).
33. Negociações Internacionais
Relativamente ao conhecimento das empresas quanto aos mecanismos de defesa comercial, conforme apresentado no
gráfico 22, verifica-se que mais da metade das empresas pesquisadas (71%) ainda desconhecem esses mecanismos.
Os resultados dessa questão não são favoráveis, principalmente em um ambiente global de negócios extremamente
competitivo, no qual se verifica a evolução crescente de práticas desleais de comércio, como a prática de dumping por
empresas estrangeiras e de subsídios por governos de outros países. Assim, o conhecimento dos mecanismos que vi-
sam defender as empresas brasileiras dessas práticas desleais torna-se imprescindível.
Para aquelas empresas que conhecem os mecanismos de defesa comercial, metade (50%) sabe como realizar os
procedimentos necessários para aplicação desses mecanismos. Ainda assim, considera-se alta a parcela de empre- 31
sas que desconhecem os procedimentos que devem tomar (50%). Uma vez que os mecanismos de defesa comercial
buscam proteger as empresas nacionais de práticas de concorrência desleal por firmas estrangeiras ou governos de
outros países, torna-se essencial que as empresas estejam atentas à existência de tais práticas e, ao mesmo tempo,
conheçam as ações que necessitam tomar para acionar os instrumentos adequados no caso de se sentirem amea-
çadas ou prejudicadas.
Efeitos da valorização do real
As empresas foram questionadas de que forma a valorização do real em 2010 repercutiu em suas exportações. Para
muitas dessas empresas a consequência mais grave com a desvalorização do dólar foi a redução da competitividade
em mercados externos. A maioria das empresas foi obrigada a aumentar os preços de exportação de forma a repassar
os custos decorrentes da situação cambial desfavorável, o que resultou na perda de clientes e pedidos e, mais drasti-
camente, na perda de mercados conquistados ao longo dos anos.
Como uma solução alternativa, de forma a manter seus pedidos e clientes, algumas empresas conseguiram segurar os
preços, mas perderam margens e lucratividade nas operações de exportação.
De forma geral, as empresas catarinenses queixam-se de perda de competitividade no mercado internacional frente às
empresas concorrentes de outros países, principalmente da China. Assim, muitas empresas passaram a priorizar o mer-
cado doméstico em detrimento às exportações.
Os comentários de algumas das empresas pesquisadas, apresentados a seguir, refletem as situações vivenciadas e ex-
pressam as principais consequências sofridas pelas mesmas com a valorização do real em 2010.
34. Negociações Internacionais
“Fez-se necessário efetuar o aumento de preços de nossas mercadorias para garantir as margens mínimas. Além da
valorização excessiva do real, o custo de nossas matérias-primas vem subindo abruptamente tanto no mercado interno
como no internacional, fato que impacta diretamente nos nossos preços e na condição de competir”.
“Houve perdas de vendas em razão do preço mais elevado em dólar dos produtos”.
“Principalmente no segundo semestre de 2010 houve queda no faturamento e, consequentemente, nos resultados da
empresa”.
“A valorização tem tornado nossos produtos mais caros no exterior, forçando a tomada de medidas de reduções de cus-
to; além disso, o mercado interno tornou-se mais atraente”.
“A empresa perdeu muita competitividade, em especial em mercados mais afetados, como os Estados Unidos”.
“Reduções nas exportações. Essa valorização interfere no custo final do produto”.
“Esse é o ponto que mais dificulta atualmente as exportações, pois além de deixar o Brasil menos competitivo baixa a
rentabilidade e o volume de vendas. As empresas se obrigam a focar esforços no mercado interno”.
“Com essa valorização, perdemos muitos pedidos de venda para o exterior”.
“Devido à perda de competitividade, deixamos de exportar para alguns mercados”.
“Em função da atual política cambial, seremos obrigados a fechar uma de nossas fábricas, pois não conseguimos mais
32 repassar aumentos de insumos e os prejuízos com a queda do câmbio aos nossos clientes de mais de 15 anos”.
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
“Sem dúvida trouxe impactos negativos, em razão da perda de nossa competitividade, como também uma queda abrup-
ta da rentabilidade”.
“O real valorizado resulta em maior foco no mercado interno e exportações com custo elevado”.
“A valorização do real está sendo desastrosa para o nosso setor e com certeza muitas empresas deixarão de ser ex-
portadoras”.
“A desvalorização do dólar influi diretamente no aumento do valor final de nossos equipamentos, diminuindo nossa com-
petitividade internacional”.
“Com a valorização, os preços sofreram reajustes que em alguns mercados não foram absorvidos, causando queda nas
vendas”.
“O real valorizado dificulta o incremento das vendas externas, já que o produto brasileiro fica mais ‘caro’ para os clientes
estrangeiros do que os oferecidos por nossa concorrência”.
“As margens diminuíram muito, mesmo com aumentos de preços, por causa da constante desvalorização do dólar”.
“Forte queda na rentabilidade das exportações e falta de competitividade internacional frente aos países asiáticos”.
“Houve uma redução de 20% no valor exportado e em alguns mercados não conseguimos mais vender, pois o cliente
passou a comprar produtos mais baratos da China”.
35. Negociações Internacionais
“Reduziu drasticamente a lucratividade nas exportações”.
“A produção da empresa está direcionada ao mercado interno, somente o excedente é exportado”.
“Deixamos de ser competitivos e perdemos inúmeros clientes, já que os preços tiveram que ser reajustados devido à
valorização do real”.
“Por conta da valorização, nosso produto perdeu totalmente a competitividade no mercado internacional, uma vez que
não conseguimos vencer os preços oferecidos por países com taxas cambiais favoráveis, como a China”.
“A valorização do real tornou os preços mais altos, inibindo a expansão das exportações”.
“O custo dos produtos ficou mais alto e tornou muitos deles não competitivos frente a outros mercados, como a China,
por exemplo”.
Medidas implementadas pelas empresas pesquisadas
Buscou-se também conhecer com as empresas medidas que vêm sendo tomadas para minimizar os efeitos negativos
da desvalorização do dólar, de forma a conseguir-se a estabilidade ou o incremento das exportações.
O quadro a seguir sumariza as respostas obtidas com as empresas pesquisadas, que foram agrupadas em três grandes
categorias: medidas fiscais e financeiras, medidas para redução de custos e ações comerciais e de marketing.
Quadro 1 - Medidas implementadas pelas empresas pesquisadas ante o cenário de desvalorização do dólar 33
Medidas fiscais e financeiras
ƒ Proteção do dólar via hedge natural ou cambial
ƒ Utilização de mecanismos do Drawback
ƒ Fechamento de contratos de câmbio, buscando hedge cambial
ƒ Trabalhar com a trava de câmbio no momento de fechamento de contratos, garantindo assim determinado preço-
alvo em reais
ƒ Busca por fornecedores internacionais, de forma a pagar as importações com divisas mantidas para
compensação
Medidas para redução de custos
ƒ Implantação de ferramentas de gestão, visando melhorias em processos internos
ƒ Maiores investimentos em treinamento de pessoal
ƒ Maiores investimentos em máquinas mais modernas, para ganhos de produtividade
ƒ Investimentos na automação dos processos produtivos
ƒ Utilização do Drawback para reduzir o custo de matérias-primas e insumos importados
ƒ Redução do quadro de funcionários para adequação a uma produção inferior
ƒ Busca por novos fornecedores
ƒ Negociação de preços de matérias-primas com fornecedores
ƒ Diminuição dos custos de matérias-primas
ƒ Importação de insumos e matérias-primas
ƒ Busca de matérias-primas alternativas mais baratas
ƒ Aumento dos volumes exportados para conseguir ganhos de escala
36. Negociações Internacionais
Ações comerciais e de marketing
ƒ Renegociação de preços com os clientes
ƒ Execução de ações de marketing direcionadas aos mercados-alvo da empresa
ƒ Diferenciação tecnológica e design
ƒ Incremento das exportações de marcas próprias e encerramento das exportações Private Label
ƒ Adiamento de contratos internacionais (sem cancelamento)
ƒ Diversificação de mercados e clientes
ƒ Foco em clientes-chave que buscam tecnologia, qualidade de produtos e atendimento e não apenas preços
ƒ Desenvolvimento e venda de produtos de maior valor agregado
ƒ Diversificação da linha de produtos exportáveis
ƒ Produção e comercialização de artigos sem concorrência asiática
ƒ Aperfeiçoamento das relações comerciais com a rede de clientes, visando a manutenção dos preços (em dólar) e,
consequentemente, a rentabilidade dos pedidos
ƒ Maior apoio aos clientes na divulgação de nossas marcas nos pontos de venda
ƒ Aumento do prazo de pagamento aos clientes
ƒ Maiores investimentos em marketing
ƒ Aprimoramento do conhecimento de nossos representantes comerciais
ƒ Participação em algumas feiras importantes no setor
ƒ Abertura de escritórios de venda no exterior
ƒ Busca por novas atividades e produtos direcionados exclusivamente ao mercado interno
ƒ Direcionamento de parte das exportações para o mercado interno
ƒ Diminuição das exportações temporariamente, até ocorrer uma situação cambial mais favorável
34
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
37. A Atual Política de Comércio Exterior Brasileira
A Atual Política de Comércio
Exterior Brasileira
35
Ao final da pesquisa, as empresas foram questionadas a respeito da efetividade da atual política de comércio exterior
brasileira. Como verifica-se pelos resultados no gráfico acima 73% das empresas pesquisadas consideram que a política
presente não atende as suas necessidades e expectativas. Para somente 27% dessas empresas a política de comércio
exterior do Brasil tem sido executada a contento.
Novamente nesta questão as empresas queixam-se da situação cambial como um importante fator limitador de suas ex-
portações, inibindo e dificultando a competitividade dos produtos catarinenses em outros países.
Como em anos anteriores as empresas pesquisadas reclamam que a atual política de comércio exterior tem negligencia-
do o segmento exportador com a sobrevalorização do real frente ao dólar, promovendo assim o estímulo às importações
e prejudicando a produção destinada a mercados externos.
As empresas também colocam que ainda há muita morosidade e burocracia nas operações de exportação, e que os
custos associados a essa burocracia aumentam ainda mais os já elevados custos internos que ocorrem no Brasil, decor-
rentes principalmente de uma alta carga tributária e fiscal e de uma infraestrutura logística cara e ineficiente.
Muitas empresas acreditam que o governo brasileiro tem incentivado somente a exportação de commodities e que
falta uma política efetiva direcionada ao investimento produtivo com vistas à exportação, em detrimento ao investi-
mento especulativo. Para algumas dessas empresas, a atual situação está levando o Brasil a um rápido processo de
desindustrialização.
Existem também comentários das empresas pesquisadas a respeito da falta de efetividade do governo brasileiro nas
negociações internacionais de acordos comerciais em curso, da limitação de recursos destinados ao crédito, de linhas
de financiamento inadequadas e da necessidade de ações de promoção comercial mais agressivas e focadas em mer-
cados mais atraentes para o Brasil.
38. A Atual Política de Comércio Exterior Brasileira
Os comentários a seguir, extraídos das respostas de algumas empresas participantes da pesquisa, retratam a forma co-
mo essas empresas percebem a efetividade da política de comércio exterior em execução no Brasil.
“O governo deveria promover a redução dos juros e o aumento de impostos sobre o capital internacional especu-
lativo”.
“O País precisa efetivamente desonerar a produção para que tenhamos possibilidade de competir globalmente. Os acor-
dos que estão sendo discutidos não beneficiam de forma substancial o setor têxtil. Faltam políticas e regras mais agres-
sivas de proteção ao mercado e discussões para eliminação de subsídios em países exportadores”.
“Estamos totalmente na contramão: não existe uma política cambial que viabilize as exportações. A carga tributária é
muito elevada e também falta uma política direcionada a investimentos”.
“A desvalorização do dólar frente ao real é preocupante. A mão de obra qualificada gera produtos de excelente qualida-
de, mas os custos internos tornam esses produtos menos competitivos”.
“O real valorizado e os altos custos logísticos (portuários) e aduaneiros impossibilitam a concorrência de nossos produ-
tos em vários mercados”.
“A política cambial deveria proporcionar melhores condições aos exportadores, visando maior competitividade dos pro-
dutos brasileiros no exterior”.
“Esta tem sido uma das políticas de comércio exterior mais desastrosas de toda a história brasileira, pois está acabando
com a indústria de transformação, para somente beneficiar a exportação de matérias-primas”.
36
“A atual política de comércio exterior do Brasil contempla e favorece apenas o setor importador, de toda e qualquer es-
Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense
pécie, constituindo, inclusive, uma concorrência aos fabricantes locais de produtos, que veem suas vendas despencan-
do face às importações, principalmente as oriundas da China. Somos da opinião de que este quadro deva ser mudado,
sob pena de sucatearmos a indústria nacional”.
“As linhas de crédito estão escassas e o financiamento para a produção é muito caro. A valorização do real frente ao
dólar é ruim. Precisamos de um dólar entre R$ 1,80 e R$ 1,90”.
“A banda cambial flutuante no momento tem prejudicado a nossa empresa frente aos nossos concorrentes externos”.
“Em 2010 a valorização de real foi o maior problema nas exportações. Nossos preços, que já não são competitivos pela
alta carga tributária, tornaram-se inviáveis quando comparados aos produtos orientais. Também tivemos problemas com
os altos custos de nossos portos, principalmente de armazenagem de mercadoria. O governo precisa urgentemente re-
modelar sua política de comércio exterior. Tanto no apoio aos fabricantes como na implementação de acordos comerciais
com parceiros lucrativos, principalmente com os países limítrofes”.
“Entendemos que o governo federal pode agir mais energicamente sobre a questão cambial, procurando evitar prejuí-
zos às empresas nacionais”.
“As empresas estão sem nenhum auxílio diante da concorrência acirrada em preços de produtos chineses”.
“A atual política cambial está comprometendo as exportações brasileiras de manufaturados e promovendo a concorrên-
cia desigual com produtos importados”.
39. A Atual Política de Comércio Exterior Brasileira
“É notório que outros países estão desvalorizando suas moedas para garantir a competitividade de suas empresas e o
Brasil não tem feito isso”.
“A política cambial tem dificultado muito as exportações brasileiras, tornando nossos produtos caros em relação à con-
corrência asiática”.
“Os sistemas disponíveis para exportação, em principal o Siscomex, são muito ruins e trazem ineficiência às operações.
Não existe hoje nenhum tipo de benefício para empresas exportadoras. Sabe-se que o Brasil é um país ineficiente e de
altos custos. Se algo não for feito para mudar essa situação, será cada vez mais complicado exportar”.
“Além do problema do câmbio, faltam muitas informações às empresas sobre mercados, além de apoio do governo para
a abertura de novos mercados e propaganda de nossos produtos internacionalmente”.
“A situação atual desmotiva a indústria brasileira a atuar no mercado externo, forçando uma situação de concentração
de vendas do mercado doméstico”.
“Precisamos ter um câmbio mais favorável para a exportação e que também reduza um pouco as importações. No Brasil
temos um custo muito alto com impostos, pessoal etc., reduzindo a possibilidade de praticarmos preços mais competi-
tivos no mercado internacional”.
“O ramo madeireiro foi muito afetado pela valorização do real. Já não somos mais competitivos e não temos suporte do
governo. Os créditos de impostos demoram muito para serem ressarcidos. O câmbio está cada vez menos favorável. A
carga tributária é imensa. Em nosso ponto de vista, o Brasil está em um rápido processo de desindustrialização”.
“A falta de empenho do governo na política cambial quebra qualquer empresa que queira manter-se competitiva no 37
mercado exportador. A escassez de crédito facilitado para exportação não permite que a empresa ganhe fôlego com
capital de terceiros. Adicionalmente, a precariedade da infraestrutura rodoviária e marítima aumenta de forma signifi-
cativa os custos envolvidos na logística de entrega do produto, criando assim um ambiente totalmente desfavorável ao
setor exportador”.
“A política de comércio exterior tem que ter profunda consonância com a questão do câmbio e a desburocratização das
exportações, que estão ainda muito aquém das reais necessidades das empresas”.
“Frente à forte desvalorização do real, as medidas adotadas pelo governo até o momento têm sido pouco efetivas”.