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Humanidades digitais e ciência de dados: novos métodos, perspectivas e desafios para a pesquisa em Ciências Humanas?
- 7. Revolução da escrita • As demandas sociais da época produziram as primeiras formas de sistema0zação do conhecimento registradas na história; • O lugar do escriba não era apenas de um conhecimento técnico, mas sim uma posição social em uma sociedade altamente hierarquizada; • A sociabilidade em torno do registro escrito era extremamente reduzida, dada que apenas poucos 0nham acesso a manipulação dos símbolos; • O suporte material do registro era de digcil reprodução e mobilidade, se tornando um elemento de concentração de poder e influência social.
- 9. Revolução da literatura • O poder de manipulação simbólica, assim como de transmissão de conhecimento e educação, se encontra ainda muito concentrado, agora de forma majoritária, no mundo ocidental, na igreja; • O suporte permi0a maior capacidade logís0ca, sendo mais fácil de transmi0r e levar a regiões dis0ntas; • Tornou-se um meio fundamental para gestão de impérios e sociedades hierarquizadas com poder centralizado, detentor do direito de produzir suas verdades e distribuí-las por meio dos livros.
- 11. Revolução da 0pografia • O suporte se torna mais técnico e o produto de fácil reprodução e mobilidade; • O grau de socialização das produções aumenta de forma explosiva e a circulação de bens simbólicos se torna um dos elementos mais importantes de estruturação das formas de sociabilidade e concentração/distribuição de poder da sociedade; • Novas prá0cas sociais de relação são produtos de demandas sociais que criam os novos meios de comunicação.
- 13. Revolução dos algoritmos • A informação a0nge o seu maior grau de socialização na história da humanidade; • Novas e inusitadas prá0cas sociais surgiram e estão a surgir no mundo contemporâneo; • As novas formas de sociabilidade tanto têm demonstrado novas formas de democracia e distribuição social do poder, quanto de novos meios de controle, manipulação e indução de comportamentos; • As formas de apropriação e modos de significação são as questões de fundo que devem ser aqui refle0das na produção de novos modos e valores de uso das tecnologias digitais.
- 16. Internet
- 17. Web
- 18. Web Semân0ca
- 21. Algoritmos de análise de Texto • Exemplo: – h]ps://cloud.google.com/natural-language/ – Texto do site do Fórum Nacional de Museus: • h]p://fnm.museus.gov.br/no0cias/experiencias-de-museus-do-rs-serao-apresentadas-no-7o-fnm/
- 22. Algoritmos de análise de Imagem • Exemplo: – h]ps://cloud.google.com/vision/ – Imagem do site do Fórum Nacional de Museus: • h]p://fnm.museus.gov.br/no0cias/experiencias-de-museus-do-rs-serao-apresentadas-no-7o-fnm/
- 26. Inteligência ar0ficial e novos modos de uso dos museus h]ps://www.youtube.com/watch?v=WLVi5ePu36E
- 47. Revista Filme Cultura – 50 anos de história do cinema h]p://hmg.revista.cultura.gov.br/filme-cultura/
- 52. Em busca de uma definição… • Há mais de 500 definições sobre humanidades digitais disputando seu sen0do hoje em dia; • O que mais se assemelha entre elas é: – Humanidades digitais é um termo “guarda-chuva” que busca definir em torno de si o encontro interdisciplinar entre as ciências humanas e e as ciências computacionais; – O foco desse encontro são as novas possibilidades e exigências que esse encontro proporciona: novas técnicas para tratamento de dados, visualização, publicação, análise, etc…
- 55. Métodos Digitais • São inspirados nos métodos chamados do “meio”, ou seja, estão relacionados a como os disposi0vos tratam os dados da web; – Então, os métodos digitais são os métodos incorporados nos disposi0vos de tratamento de dados da web; • Exemplos: – Como os mecanismos de busca tratam os hiperlinks, clicks e outros objetos digitais? – Como as plataformas de redes sociais tratam os perfis de interesse assim como as interações entre usuários, tais como linkar, comentar, compar0lhar, cur0r, entre outros?
- 56. Voltando a pergunta... • Quando e sob que condições podem as pesquisas e seus resultados serem apenas baseadas em dados oriundos da web? • Vejamos outro exemplo.... – O jornal NRC Handelsblad, um importante jornal da Holanda, levantou a questão sobre se a cultura holandesa estava sofrendo uma guinada conservadora no meio dos anos 2000; – Ao invés de produzirem uma pesquisa tradicional, os pesquisadores u0lizarem a web como fonte de informação; – U0lizaram o Internet Archive já apresentado nesta aula e coletaram sites de par0dos de direita e extremistas ao longo de décadas e compararam a evolução da linguagem; – Os estudos mostraram que a linguagem dos par0dos de direita se aproximou dos extremistas ao longo do tempo, validando a ideia de uma guinada conservadora.
- 59. Mudança de paradigma • Novos objetos estão surgindo como elementos e espaços que cons0tuem as relações sociais; • Os dados oriundos da web e que formam a base dos métodos digitais possuem caracterís0cas muito diferentes dos dados das pesquisas sociais anteriores: – São grandes em volume, cons0tuindo terabytes ou petabytes; – São intensos em velocidade, sendo criados pra0camente em tempo real; – São diversos em variedade, sendo estruturados e não-estruturados por natureza; – São exaus0vos em escopo, chegando a abranger populações ou sistemas inteiros, onde n=todos; – São de resolução fina e facilmente indexáveis em iden0ficação; – São relacionais por origem, contendo campos em comum que permitem juntar e correlacionar diferentes conjuntos de dados; – São flexíveis, sendo fáceis de estender (novos campos podem ser adicionados com facilidade) e de escalar (podem expandir em tamanho facilmente).
- 61. Mudança de paradigma • As técnicas tradicionais da pesquisa social foram criadas para extrair insights de dados: – escassos, – está0cos, – Limpos, – pobre em relacionamentos, – oriundos de amostras, – E atendendo a premissas restritas: • Independência, estacionaridade e normalidade; – Gerados e analisados para responder a questões específicas dos pesquisadores.
- 62. Mudança de paradigma • Os novos dados da web mudam essa relação, pois são: – Abundantes; – Exaus0vos em variedade; – Temporalmente escaláveis; – Dinâmicos; – Semi-estruturados ou desestruturados; – Imprecisos; – Altamente relacionais; – E a maior parte dos dados não foi gerado para responder uma pergunta específica... • Apenas com o uso de computação intensiva e novas técnicas analí0cas é possível lidar com essa mudança e gerar novas possibilidades de pesquisa.
- 63. Mudança de paradigma • Centenas de algoritmos podem ser u0lizados para analisar esses conjuntos de dados para determinar o melhor modelo explica0vo ou conjunto de modelos explica0vos; • Isso é uma mudança significa em relação aos métodos tradicionais de pesquisa, onde o analista selecionava o método apropriado baseado no conhecimento que ele 0nha dos dados e das técnicas; • Há uma nova postura epistemológica aqui: – Ao invés de testar a teoria analisando dados relevantes, novas técnicas de análise de dados procuram iden4ficar insights significa4vos dos conjuntos de dados existentes!
- 65. O Quarto paradigma nas ciências? • A proposta (um tanto utópica) desse quarto paradigma nas ciências leva em consideração algumas questões que precisam ser analisadas com cuidado: – O bigdata pode capturar domínios inteiros e fornecer alta resolução dos fenômenos; – Não há necessidade de teorias prévias, modelos ou hipóteses; – Através da aplicação de metódos agnós0cos de análise de dados, os dados podem falar por si mesmos, livre do viés humano; – O significado pode transcender o contexto ou conhecimento de domínios específicos, logo pode ser interpretado por qualquer um que tenha conhecimento de esta•s0ca ou visualização de dados. • Será?
- 66. O Quarto paradigma nas ciências? • Como cien0stas de dados e considerando os recursos tecnológicos a nossa disposição (bases de dados, so€wares analí0cos, linguagens de programação), estamos muito bem equipados para responder “o quê” está acontecendo por meio dos dados... • No entanto, a dificuldade de explicar o “por quê” con0nua se impondo, sobretudo em domínios onde não temos conhecimento, contexto e experiência. • Ou seja, qualquer interpretação dos dados presume uma posição epistemológica! – Jamais podemos ultrapassar o fato de que temos uma visão limitada a par0r do lugar onde olhamos.
- 67. O Quarto paradigma nas ciências? • Uma das mudanças de postura fundamentais proposta por esse quarto paradigma é de que a ciência passa a se desenvolver puxada pelos dados: – A postura proposta é mais indu0va do que dedu0va; – A exploração dos dados é orientada por pressuposições teóricas iniciais, mas com espaço para análise de novos cruzamentos não imaginados, novas análises não planejadas, novos olhares não pensados; – A postura com os dados é menos de planejamento e implementação de uma estratégia específica e mais de livre exploração.. – Os insights encontrados nos dados vão orientar a formulação de hipóteses e a produção de testes dedu0vos para validação das mesmas, como é feito no ciclo tradicional cien•fico.
- 68. Ciências Sociais Computacionais e Humanidades Digitais • O fenômeno web e big data oferece grandes oportunidades e desafios para as ciências humanas: – Oportunidade de digitalização, proliferação e interconexão entre diversos conjuntos de dados analógicos e desestruturados (livros, jornais, fotografias, quadros, músicas, etc...) – Produção de novas ferramentas de curadoria, gerenciamento e análise de dados que têm a capacidade de lidar com conjuntos massivos de dados; – A possibilidade de buscar e conectar um grande número de trabalhos interrelacionados; • A pesquisa e o desenvolvimento de experimentos nessas áreas tem sido chamado de Humanidades Digitais; • O empoderamento tecnológico dos pesquisadores oriundos das ciências humanas no sen0do de desenvolvimento de suas próprias aplicações e análises tem sido chamado de Ciências Sociais Computacionais... Vejamos alguns exemplos...