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UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM COMUNICAÇÃO E CULTURA
Azul da vaidade: o selo de verificação do Twitter
Luiz Guilherme Leite Amaral, mestrando em Comunicação e Cultura pela Universidade de
Sorocaba (bolsa PROSUP/CAPES) e graduado em Comunicação Social pela Escola Superior
de Administração, Marketing e Comunicação de Sorocaba.
___________________________
Quando Zygmunt Bauman nos trouxe a modernidade líquida,
trouxe também a constatação de que os sentimentos são igualmente
líquidos. Trouxe a constatação de que não apenas a sociedade em que
vivemos, mas a forma com que pensamos e nos relacionamos com as
coisas e pessoas, também passou por um processo de modificação. Ainda
que alguns atributos, identificados há séculos, perdurem sob nossas
peles, existe uma outra parte que parece ter sido atualizada com uma
nova versão, assim como um software. Montaigne nos alerta de que “o
grande problema do mundo é a comparação”, mas estamos em um
tempo em que não só apenas comparar é suficiente para balizar se há
vitória ou derrota: há que se estabelecer como alguém notável. Há que se
demonstre participar de uma casta que é privilegiada, que se deixe
evidente que você faz parte de um grupo que é mais que os outros,
mesmo que todos circulem pelo mesmo ambiente. Esta é a época em que
dar uma carteirada, expressão que designa o ato de mostrar alguma
credencial reconhecidamente superior dentro do estabelecido a fim de
2	
obter uma vantagem sobre os demais, deixou de ser uma atitude
mesquinha para se tornar um divisor entre uns e outros.
A vaidade é um evento do viver que é amplamente analisado por
diversas frentes filosóficas. O cristianismo traz suas alegorias e axiomas
sobre privilegiar o eu em detrimento do nós, os gregos também trazem
suas conclusões e histórias mitológicas que tentam dizer que é mais
importante encontrar algum lastro de felicidade no que você próprio
carrega do que tentar buscar incessantemente algo que você não tem ou
não é – e veja que não é um discurso desencorajador; é somente uma
forma de tentar frear desejos, algo que, sabemos, não deu nada certo.
Aliás, na filosofia grega este querer incessante criou calços para que
ideias mais atuais – mais líquidas – estabelecessem novas regras de
convívio dentro das sociedades e que tergiversassem outras regras que
fossem consideradas fracassadas. Assim, o ter tornou-se mais valioso
que o ser, ainda que, dentro de uma ontologia existencialista seria
impossível ter sem ser mas, pelo bem do argumento, continuemos.
Esta vaidade, conforme Leandro Karnal resume em uma de suas
reflexões, é que parecer é mais importante. Os ambientes virtuais, no
entanto, não conseguiam fazer transparecer qualquer tipo de
superioridade que fosse alardeada anteriormente a qualquer contato. No
mundo físico, chegar em um lugar com um automóvel esportivo
caríssimo demonstra algum tipo de importância ou êxito no jogo
capitalista; exibir um prêmio na estante instalada estrategicamente no
caminho de qualquer visita que entre na sua casa demonstra um êxito
no jogo da competição; ter um físico atlético e demonstrá-lo ao vestir
roupas com numeração inferior ao que seu tamanho exige é um êxito no
jogo da perseverança. Então aqui estamos lidando com a ideia de ter para
ser, ou seja, a sua representatividade como entidade está circunscrita na
premissa de que alguém lhe confere valor de existência. Seu nome e sua
3	
fotografia não são mais suficientes; é preciso que alguém diga que você é
quem você é. Se você é usuário do Twitter, então o sistema deve dizer
que você é autêntico, no sentido de que você realmente existe e não é
uma fraude, para que todos possam se sentir seguros ao iniciar o contato
com você dentro desta plataforma. O Twitter entendeu isto e criou o selo
de verificação, um carimbo que fica ao lado do seu nome e que diz que
você é realmente você.
O selo de verificação do Twitter.
No início deste movimento, a intenção foi criar uma diferenciação
entre corporações com perfis reais e os falsos – os fakes. É possível que
existam centenas de perfis com o nome Nike, com símbolos e textos que
possam ludibriar os mais incautos e forçar a abertura de brechas de
segurança em seus computadores. O selo de verificação, portanto, atesta
que o perfil de uma empresa é verdadeiro e que não há pessoas mal
intencionadas em seu controle. O cerne da discussão deste texto iniciou-
se, porém, quando o Twitter abriu a possibilidade de que, aquele que
requeresse, pudesse ostentar um selo de verificação, atestando que está
por trás daquele perfil. Este foi o gatilho de uma nova barganha nesta
rede social: não é interessante apenas que você ostente milhares de
seguidores (perfis que se associam a você e leem o que você escreve) e
estipule a elasticidade da sua influência – que, em última análise,
transforma-se em capital –, mas que você também se sobressaia perante
os outros por ter um selo de exclusividade. Tal como o corpo atlético que
4	
vence o desafio da perseverança, o selo de verificação do Twitter é o
êxito no jogo de influência.
Ter para ser define um sistema de querer constantemente algo e
este algo representa o que você é. Significa que, dentro da modernidade
líquida de Bauman, quando você diz quem você é e um regulador do
sistema ao qual você está inserido aprova e confirma, você é elevado a
um platô e, neste, as pessoas que anseiam pelo que você pode oferecê-las
prostram-se e recebem o que você despeja sobre elas. O jogo de
representatividade social torna-se uma roda viva em que a vaidade é o
principal alimento e se transforma, inclusive, em inveja. “Se ele pode ter
este selo eu também posso”. Assim como a autoajuda proclama que o
orgulho de si é autoestima e não vaidade. Existe uma inversão de valores
em que a humildade deixa de ser uma qualidade para se tornar uma
fraqueza, e que ostentar sua importância dentro do contexto em que
está inserido tem mais valor até do que você propriamente diz. Um perfil
com selo de verificação pode atrair seguidores simplesmente pela cor
azul que está ao lado do nome e este perfil restringir-se a publicar
propagandas de investidores e lucrar com isto sem que nada mais
relevante seja dito. A finalidade original do selo de verificação foi
prostituída pela vaidade.
Ter para ser extrapola a máxima da autoajuda de que “se eu não
me amar, ninguém também o fará”, pois reside nisto toda uma
intencionalidade que se descreve da seguinte maneira: para que me
amem (e me respeitem), é necessário que eu seja reconhecido por quem
está no controle. Se eu tenho o reconhecimento da minha importância
dentro do contexto ao qual estou exposto e me torno participativo, então
eu sou mais do que os outros que não têm. O selo de verificação do
Twitter é mais que um carimbo, é uma moeda de barganha para que o
ser humano continue fazendo, agora dentro de um novo espaço, algo
5	
que já vem fazendo há pelo menos 5 mil anos no plano real: hierarquizar
e assumir controle mediante influência. Da mesma forma que o
judaísmo criou hierarquia e sistematizou o monoteísmo a ponto de
lograr em exportar este modelo para outras duas religiões – cristianismo
e islamismo –, a vaidade fez com que houvesse uma hierarquia dentro do
Twitter que culminasse na melhor oportunidade de investimento em
mídia e na possibilidade de consumir conteúdo relevante. Ainda que a
religião cuidasse para que o eu não sobrepujasse a entrega de si próprio
ao transcendental, as pessoas ainda deram um jeitinho de misturar
receitas diferentes e criar um comportamento Frankenstein para
chegarem aonde querem. Então estamos lidando com pessoas que são
religiosas, que entendem o sentido da supressão da vaidade mas que não
o fazem pois têm “um pé na igreja e outro no mundo”.
Bauman argumenta sobre a vaidade no mundo líquido, pois ela
exige que uma pessoa seja abastecida com elogios e que o eu seja
colocado acima de tudo. O selo de verificação do Twitter torna-se,
portanto, não apenas o elogio máximo que alguém poderia receber nesta
plataforma, mas também o santo graal para que outras pessoas que
também persigam a ostentação, o reconhecimento, a exclusividade,
possam se esforçar para entrar neste clubinho – no diminutivo, pois são
pouco mais de 200 mil em um universo de 400 milhões de usuários. A
vaidade de se parecer melhor que os outros tem todo o sentido dentro de
uma plataforma em que a reputação resulta em lucro, em que ser
popular, um conceito tão estadunidense e que sempre fez pouco sentido
para nós, brasileiros, agora é a chave de um sucesso igualmente líquido
pois, se as relações são frouxas e imediatistas, a moeda de troca torna-se
extremamente volátil. O ter para ser é uma vaidade que está ligada ao
exibicionismo, mas que também está calcada no neoliberalismo; uma
vaidade que é assegurada pela teologia da prosperidade, na qual Deus
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quer que você tenha cada vez mais para que ele possa lhe recompensar,
destroçando cada letra de um dos conceitos mais cristãos dentro de toda
esta teologia, que diz: “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma
agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. Bom seria se o selo de
verificação fossem vanitas.

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Azul da vaidade: o selo de verificação do Twitter

  • 1. 1 UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E CULTURA Azul da vaidade: o selo de verificação do Twitter Luiz Guilherme Leite Amaral, mestrando em Comunicação e Cultura pela Universidade de Sorocaba (bolsa PROSUP/CAPES) e graduado em Comunicação Social pela Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação de Sorocaba. ___________________________ Quando Zygmunt Bauman nos trouxe a modernidade líquida, trouxe também a constatação de que os sentimentos são igualmente líquidos. Trouxe a constatação de que não apenas a sociedade em que vivemos, mas a forma com que pensamos e nos relacionamos com as coisas e pessoas, também passou por um processo de modificação. Ainda que alguns atributos, identificados há séculos, perdurem sob nossas peles, existe uma outra parte que parece ter sido atualizada com uma nova versão, assim como um software. Montaigne nos alerta de que “o grande problema do mundo é a comparação”, mas estamos em um tempo em que não só apenas comparar é suficiente para balizar se há vitória ou derrota: há que se estabelecer como alguém notável. Há que se demonstre participar de uma casta que é privilegiada, que se deixe evidente que você faz parte de um grupo que é mais que os outros, mesmo que todos circulem pelo mesmo ambiente. Esta é a época em que dar uma carteirada, expressão que designa o ato de mostrar alguma credencial reconhecidamente superior dentro do estabelecido a fim de
  • 2. 2 obter uma vantagem sobre os demais, deixou de ser uma atitude mesquinha para se tornar um divisor entre uns e outros. A vaidade é um evento do viver que é amplamente analisado por diversas frentes filosóficas. O cristianismo traz suas alegorias e axiomas sobre privilegiar o eu em detrimento do nós, os gregos também trazem suas conclusões e histórias mitológicas que tentam dizer que é mais importante encontrar algum lastro de felicidade no que você próprio carrega do que tentar buscar incessantemente algo que você não tem ou não é – e veja que não é um discurso desencorajador; é somente uma forma de tentar frear desejos, algo que, sabemos, não deu nada certo. Aliás, na filosofia grega este querer incessante criou calços para que ideias mais atuais – mais líquidas – estabelecessem novas regras de convívio dentro das sociedades e que tergiversassem outras regras que fossem consideradas fracassadas. Assim, o ter tornou-se mais valioso que o ser, ainda que, dentro de uma ontologia existencialista seria impossível ter sem ser mas, pelo bem do argumento, continuemos. Esta vaidade, conforme Leandro Karnal resume em uma de suas reflexões, é que parecer é mais importante. Os ambientes virtuais, no entanto, não conseguiam fazer transparecer qualquer tipo de superioridade que fosse alardeada anteriormente a qualquer contato. No mundo físico, chegar em um lugar com um automóvel esportivo caríssimo demonstra algum tipo de importância ou êxito no jogo capitalista; exibir um prêmio na estante instalada estrategicamente no caminho de qualquer visita que entre na sua casa demonstra um êxito no jogo da competição; ter um físico atlético e demonstrá-lo ao vestir roupas com numeração inferior ao que seu tamanho exige é um êxito no jogo da perseverança. Então aqui estamos lidando com a ideia de ter para ser, ou seja, a sua representatividade como entidade está circunscrita na premissa de que alguém lhe confere valor de existência. Seu nome e sua
  • 3. 3 fotografia não são mais suficientes; é preciso que alguém diga que você é quem você é. Se você é usuário do Twitter, então o sistema deve dizer que você é autêntico, no sentido de que você realmente existe e não é uma fraude, para que todos possam se sentir seguros ao iniciar o contato com você dentro desta plataforma. O Twitter entendeu isto e criou o selo de verificação, um carimbo que fica ao lado do seu nome e que diz que você é realmente você. O selo de verificação do Twitter. No início deste movimento, a intenção foi criar uma diferenciação entre corporações com perfis reais e os falsos – os fakes. É possível que existam centenas de perfis com o nome Nike, com símbolos e textos que possam ludibriar os mais incautos e forçar a abertura de brechas de segurança em seus computadores. O selo de verificação, portanto, atesta que o perfil de uma empresa é verdadeiro e que não há pessoas mal intencionadas em seu controle. O cerne da discussão deste texto iniciou- se, porém, quando o Twitter abriu a possibilidade de que, aquele que requeresse, pudesse ostentar um selo de verificação, atestando que está por trás daquele perfil. Este foi o gatilho de uma nova barganha nesta rede social: não é interessante apenas que você ostente milhares de seguidores (perfis que se associam a você e leem o que você escreve) e estipule a elasticidade da sua influência – que, em última análise, transforma-se em capital –, mas que você também se sobressaia perante os outros por ter um selo de exclusividade. Tal como o corpo atlético que
  • 4. 4 vence o desafio da perseverança, o selo de verificação do Twitter é o êxito no jogo de influência. Ter para ser define um sistema de querer constantemente algo e este algo representa o que você é. Significa que, dentro da modernidade líquida de Bauman, quando você diz quem você é e um regulador do sistema ao qual você está inserido aprova e confirma, você é elevado a um platô e, neste, as pessoas que anseiam pelo que você pode oferecê-las prostram-se e recebem o que você despeja sobre elas. O jogo de representatividade social torna-se uma roda viva em que a vaidade é o principal alimento e se transforma, inclusive, em inveja. “Se ele pode ter este selo eu também posso”. Assim como a autoajuda proclama que o orgulho de si é autoestima e não vaidade. Existe uma inversão de valores em que a humildade deixa de ser uma qualidade para se tornar uma fraqueza, e que ostentar sua importância dentro do contexto em que está inserido tem mais valor até do que você propriamente diz. Um perfil com selo de verificação pode atrair seguidores simplesmente pela cor azul que está ao lado do nome e este perfil restringir-se a publicar propagandas de investidores e lucrar com isto sem que nada mais relevante seja dito. A finalidade original do selo de verificação foi prostituída pela vaidade. Ter para ser extrapola a máxima da autoajuda de que “se eu não me amar, ninguém também o fará”, pois reside nisto toda uma intencionalidade que se descreve da seguinte maneira: para que me amem (e me respeitem), é necessário que eu seja reconhecido por quem está no controle. Se eu tenho o reconhecimento da minha importância dentro do contexto ao qual estou exposto e me torno participativo, então eu sou mais do que os outros que não têm. O selo de verificação do Twitter é mais que um carimbo, é uma moeda de barganha para que o ser humano continue fazendo, agora dentro de um novo espaço, algo
  • 5. 5 que já vem fazendo há pelo menos 5 mil anos no plano real: hierarquizar e assumir controle mediante influência. Da mesma forma que o judaísmo criou hierarquia e sistematizou o monoteísmo a ponto de lograr em exportar este modelo para outras duas religiões – cristianismo e islamismo –, a vaidade fez com que houvesse uma hierarquia dentro do Twitter que culminasse na melhor oportunidade de investimento em mídia e na possibilidade de consumir conteúdo relevante. Ainda que a religião cuidasse para que o eu não sobrepujasse a entrega de si próprio ao transcendental, as pessoas ainda deram um jeitinho de misturar receitas diferentes e criar um comportamento Frankenstein para chegarem aonde querem. Então estamos lidando com pessoas que são religiosas, que entendem o sentido da supressão da vaidade mas que não o fazem pois têm “um pé na igreja e outro no mundo”. Bauman argumenta sobre a vaidade no mundo líquido, pois ela exige que uma pessoa seja abastecida com elogios e que o eu seja colocado acima de tudo. O selo de verificação do Twitter torna-se, portanto, não apenas o elogio máximo que alguém poderia receber nesta plataforma, mas também o santo graal para que outras pessoas que também persigam a ostentação, o reconhecimento, a exclusividade, possam se esforçar para entrar neste clubinho – no diminutivo, pois são pouco mais de 200 mil em um universo de 400 milhões de usuários. A vaidade de se parecer melhor que os outros tem todo o sentido dentro de uma plataforma em que a reputação resulta em lucro, em que ser popular, um conceito tão estadunidense e que sempre fez pouco sentido para nós, brasileiros, agora é a chave de um sucesso igualmente líquido pois, se as relações são frouxas e imediatistas, a moeda de troca torna-se extremamente volátil. O ter para ser é uma vaidade que está ligada ao exibicionismo, mas que também está calcada no neoliberalismo; uma vaidade que é assegurada pela teologia da prosperidade, na qual Deus
  • 6. 6 quer que você tenha cada vez mais para que ele possa lhe recompensar, destroçando cada letra de um dos conceitos mais cristãos dentro de toda esta teologia, que diz: “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. Bom seria se o selo de verificação fossem vanitas.