O documento discute vários aspectos relacionados ao método científico. Primeiro, aborda como não existe um único método científico, mas sim múltiplos métodos que foram desenvolvidos por diferentes pensadores ao longo da história. Em seguida, discute que o método é uma forma criada pelo ser humano para representar o mundo possível e que a produção do conhecimento se baseia na multiplicidade conceitual. Por fim, enfatiza que o caminho da ciência é feito caminhando e requer reinvenção constante.
2. ISSO EXISTE?
Começo, regra geral, as minhas lições sobre Método
Científico dizendo aos meus alunos que o método científico
não existe. Acrescento que tenho obrigação de saber isso,
tendo eu sido, durante algum tempo, pelo menos, o único
professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britânica...Tendo, então, explicado aos meus alunos que não
há essa coisa que seria o método científico, apresso-me a
começar o meu discurso, e ficamos ocupadíssimos. Pois um
ano mal chega para roçar a superfície mesmo de um assunto
inexistente.
Popper (1987)
4. Por quê pensamos que uma palavra ou
termo DEVE ter ou representar apenas
UM conceito???
Por quê existe a tradição ou
necessidade de buscar conceitos
singulares, particulares, únicos???
5. Ora !!!
A produção do conhecimento
humano está baseada na
multiplicidade conceitual...
6. Não concorda? Então vejamos:
Vamos analisar apenas um dos três termos que
importam ao nosso encontro de hoje:
Método
(origem grega => methode)
7. Método
Platão => o método sempre tem duas possibilidades (dialética)...
Aristóteles => multiplicidade de métodos...
Euclides => do método axiomático derivam: axiomas, definições e
postulados... (teoria utilizada até hoje)
Leibniz e Espinoza => utilizaram o método axiomático...
Descartes => método único (universal) para todas as ciências...
Brentano e Stumpf => método descritivo (psicologia descritiva)...
Husserl => método fenomenológico...
Carnap => método da verificação (é possível verificar)...
Popper => método da falsificação (verificação a partir da negação)...
Feyerabend => método anárquico-contemporâneo (“tudo pode”)...
8. MÉTODO É UMA DAS
FORMAS CRIADAS PELA
ESPÉCIE HUMANA PARA
REPRESENTAR O MUNDO
POSSÍVEL !!!
11. Aventurar-se
• O fazer ciência é um processo
(nem totalmente controlável nem totalmente
previsível)
• Escolher um caminho significa adotar uma
método
• O percurso requer ser reinventado a cada
etapa (= metodologias)
12. Encruzilhadas
• A construção do conhecimento se faz nas
encruzilhadas, nas fronteiras da ação
• Na tensão entre o esforço individual e a
colaboração (coletivo)
13. Caminho + ação = QUALIDADE
Comunicação formal => Qualidade formal:
referencial teórico; meios e formas usados na
produção do trabalho; domínio das técnicas de
coleta e de interpretação dos dados; uso adequado
das fontes de informação; apresentação em
conformidade com os ritos acadêmicos...
14. Qualidade se mede?
• Conhecimento do tema (visão geral e especializada)
• Demonstração de curiosidade (atitude)
• Criatividade e imaginação disciplinada (ordem social)
• Integridade intelectual (ÉTICA)
• Sensibilidade social (necessidades sociais)
• Atitude autocorretiva (“cuidado de si” – M. Foucault)
• Confiança na experiência (perseverança + paciência)
• Capacidade de fazer alianças (aceitar “o outro”, as ≠)
• Capacidade de publicar (mais prestígio e reconhecimento = mais
publicações = maior capacidade de fazer aliados)
15. Procedimentos e Pressupostos
• A investigação científica depende de um conjunto de
procedimentos intelectuais e técnicos
• Metodologia científica é esse conjunto de processos
ou operações empregados na investigação científica
• Método científico é a linha de raciocínio adotada
• Método é o caminho [que se faz caminhando]...
16. POEMA DE “ANTONIO MACHADO”
...CAMINANTE, NO HAY CAMINO, SE
HACE CAMINO AL ANDAR...
Musicado por Juan Manuel Serrat
17. Método (logia) ?!?!?!
• A palavra “método (logia)” assusta ????? Por quê?
• Mas método (logia) é apenas a definição do caminho
+ os procedimentos => se preferir: teoria + prática
18. ASSUSTADO – ASSUSTADA?
NÃO FIQUE
• Qual o tipo de sua pesquisa?
• Qual a população, corpus, objeto da pesquisa?
• Qual é a amostragem do universo (seu todo)?
• Quais os instrumentos de coleta de dados?
• Como você pretende tabular e analisar os seus dados?
A CIÊNCIA SE
FAZ POR MEIO
DE
PERGUNTAS
26. Algumas metodologias...
Se sua fonte de informação for impressa???
Pesquisa Bibliográfica: a partir de material já
publicado
Pesquisa Documental: a partir de materiais que não
receberam tratamento analítico (ex: documento
primários e secundários de empresas, órgão
públicos, etc.)
27. Algumas metodologias...
Se sua fonte de informação for o sujeito???
Todos os outros tipos de metodologias:
experimental, estudo de caso, ex-post
facto, levantamento, pesquisa-ação, etc.
28. Não há mais apenas uma maneira para
dar conta da complexidade do real
possível
A prática científica emprega vários
métodos e metodologias
pelo fato de ser uma atividade humana
29. SEU TEMA
• O que pretendo abordar?
• O tema é parte de uma área de interesse que se
deseja desenvolver?
• Será que seu tema está bem relacionado à sua
linha de pesquisa?
30. AÇÕES
• Sobre o tema, leve em conta: a atualidade, a
relevância, o seu conhecimento a respeito, a
sua aptidão pessoal para lidar com ele.
• Um tema pode ter diversos assuntos, logo faça
recortes, estabeleça limites.
31. Revisão de Literatura
• Quem já escreveu sobre o assunto?
• Que aspectos já foram abordados?
• Quais as lacunas existentes na literatura?
32. • As respostas determinam o “estado da
arte”, permitem a revisão teórica, referencial
teórico, revisão bibliográfica, etc.
• Evitar duplicar pesquisas anteriores.
• Traça um quadro (ou marco) teórico e faz a
estruturação conceitual que sustenta a
pesquisa.
34. Formulação do problema
• A maioria dos alunos da pós “conhece bem” o seu
tema (e o seu objeto) mas geralmente tem grande
dificuldade de explicitar nele um problema.
O tema que eu escolhi comporta um
problema?
Que problema vejo no meu tema?
35. OU SEJA
Para quê você está propondo a sua pesquisa?
Quais são os resultados que você pretende
alcançar com ela?
Qual a contribuição que a sua pesquisa irá
efetivamente proporcionar?
36. SEU PROBLEMA
É uma questão que seu processo de fazer
ciência pretende resolver.
Como são as coisas?
Quais as suas causas?
Quais as suas conseqüências?
37. RESPONDI MEU PROBLEMA???
ATENÇÃO
Nem sempre é possível responder ao problema,
e o que normalmente ocorre, é que surgem
novos problemas, novas perguntas...
ESSE PROCESSO É A ESSÊNCIA DA
ATIVIDADE CIENTÍFICA
38. A escolha...
Muitos fatores determinam a escolha de um
problema de pesquisa:
• É original?
• É relevante?
• É adequado para mim?
• É viável?
40. Originalidade de pesquisa
Se “tudo já foi dito” como conseguir a
originalidade na pesquisa
Então ser original tem a ver com:
• ÉTICA
• HUMILDADE
41. Relevância da Pesquisa
Como sei que algo é relevante
Isso está diretamente relacionado com a
questão SÓCIO – ECONÔMICA
42. Adequação pessoal
Como sei se isso serve para mim
• Perceber sua participação no contexto
• Aproveitar a OPORTUNIDADE
• Vontade e Motivação
• Orientação adequada ao seu
problema
43. Viabilidade da pesquisa
É viável
• Condição pessoal
• Condição econômica
• Condição material
• Condição temporal
44. CONTE SUA HISTÓRIA
COMO CAMINHOU?
método = pressupostos teóricos
metodologia = procedimentos
+
AONDE CHEGUEI?
resultados
46. TIPOS
CANAIS INFORMAIS: [parte invisível]
contatos pessoais, conversas, reuniões de grupos de
pesquisa, telefones, e-mails, pré-prints, etc
• O conteúdo fico restrito aos colégios invisíveis
• Não dispersa à ampla comunidade acadêmica
• Muito distante das diversas esferas sociais
47. TIPOS
CANAIS FORMAIS: [parte pública]
artigos em periódicos científicos, relatórios,
projetos, Anais, dissertações (mestrado), teses
(doutorado), etc
• Dispersa à(s) comunidade(s) científica(s)
• Aproxima-se das diversas esferas sociais
48. DIFUSÃO CIENTÍFICA
Ação para além da comunicação científica,
voltada às diversas esferas sociais, por
meio da utilização das distintas mídias e
tecnologias de comunicação, praticada
por mediadores científicos.
Exemplo:
jornalistas, bibliotecários, museólogos, cientistas de
50. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FEYERABEND. Diálogos sobre o conhecimento. SP:
Perspectiva, 2001.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.
ed. SP: Atlas, 2007.
POPPER, Karl R. O realismo e o objetivo da ciência. Lisboa:
Dom Quixote, 1987.
RICKEN, Friedo. Dicionário de Teoria do Conhecimento e
Metafísica. RS: UNISINOS, 2003.
ROSA, Luiz Pinguelli. Tecnociências e humanidades. SP: Paz
e Terra, 2005.