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CIÊNCIA & DESENVOLVIMENTO
ISSN 1809-4058
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011
Amazônia: Ciência & Desenvolvimento / Banco da Amazônia. –
v. 6, n. 12 (jan./jun. 2011) – . – Belém: Banco da Amazônia,
2005 – .
Semestral.
ISSN 1809-4058.
1. DESENVOLVIMENTO REGIONAL – Amazônia – Periódico.
I. Banco da Amazônia. II. Título.
CDD: 338
CDU: 33(811) (05)
REPRODUÇÃO E RESPONSABILIDADE
A Revista Amazônia Ciência & Desenvolvimento é um periódico científico semestral e multidisciplinar que tem por
finalidade divulgar artigos sobre temas que tratem da economia, sociedade e meio ambiente amazônico. Qualquer parte da
publicação pode ser reproduzida,desde que citada a fonte.As opiniões contidas nos artigos são de exclusiva responsabilidade
dos autores e não expressam,necessariamente,a visão do Banco daAmazônia ou da Comissão de Publicação da Revista.
COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO
Coordenadores: Luiz Lourenço de Souza Neto e Fernanda Gene Nunes Barros
EditoresTécnicos:Fabrício Khoury Rebello,Maria Lúcia Bahia Lopes e Oderle MilhomemAraújo
Supervisora: Maria de Fátima da Costa Leão
CONSELHO EDITORIAL
Ahmad Saeed Khan (UFC),Alfredo Kingo Oyama Homma (EmbrapaAmazônia Oriental),Ana Laura dos Santos Sena (Embrapa
Amazônia Oriental),Antônio Carvalho Campos (UFV),Antônio Cordeiro de Santana (UFRA),David Ferreira Carvalho (UFPA),
Dulce Helena Martins Costa (Banco daAmazônia),Erly CardosoTeixeira (UFV),FernandoAntônioTeixeira Mendes (CEPLAC),
Francisco de Assis Costa (UFPA), Iran Pereira Veiga Júnior (UFPA), João Eustáquio de Lima (UFV), Joaquim José Martins
Guilhoto (USP),José JorgeValdez Pizarro (IESAM),Lauro Satoru Itó (UFRA),MarcosAntônio Souza dos Santos (UFRA),Mutsuo
Asano Filho (UFRA),RaimundoAderson Lobão de Souza (UFRA),Roberto Ribeiro Corrêa (UFPA).
EQUIPE TÉCNICA
Normalização:Oderle MilhomemAraújo – CRB2 / 745
Diagramação/Layout: Gerência de Imagem e Comunicação - GICOM
Coordenadoria de Comunicação Corporativa - CCOMC
Editoração Eletrônica: Manoel de Deus Pereira do Nascimento
Arte da 1ª Capa:Paulo do Carmo Pereira e Manoel de Deus Pereira do Nascimento
Fotos da 1ª capa:Antonio José Menezes (Sistema de produção e tacacá) e Erika Miyazaki (Culinária do jambu)
Apoio:Cristiane MarinaTeixeira Girard (Estagiária)
www.bancoamazonia.com.br
revistacientifica@bancoamazonia.com.br
Correspondências:
Biblioteca do Banco daAmazônia
Av.PresidenteVargas,800 – 16º andar – Belém-PA.CEP 66.017-901
SUMÁRIO
Editorial
Artigos
Ciências Agrárias
Disponibilidade de fósforo em solos manejados com e sem queima no Nordeste
Paraense
Availability of phosphorus in managed soils with or without slash and burn in the
Northeast of Pará
Elineuza Faria da Silva Trindade; Osvaldo Riohey Kato; Eduardo Jorge Maklouf Carvalho; Ernildo
César da Silva Serafim...................................................................................................................... 7
Fontes de contaminação microbiana da castanha-do-pará
Source of microbial contamination in the brazilian nut (castanha-do-pará)
Paulo de Oliveira Martins Junior; Vespasiano Yoji Kanzaki de Sousa; Amabel Fernandes Correia;
Élida Cleyse Gomes da Mata; Luís Isamu Barros Kanzaki................................................................... 21
Germinação e emergência de milho híbrido sob doses de esterco bovino
Germination and emergence of hybrid corn under dose cattle manure
Jhansley Ferreira da Mata; Joseanny Cardoso da Silva Pereira; Jaíza Francisca Ribeiro Chagas;
Leciany Márcia Vieira..................................................................................................................... 31
Produtividade de forragem e características morfogênicas e estruturais de Axonopus
aureus nos cerrados de Roraima
Forage yield and morphogenetics and structural characteristics of Axonopus aureus
in Roraimas´s savannas
Newton de Lucena Costa, Vicente Gianluppi, Anibal de Moraes, Amaury Burlamaqui Bendahan.............. 41
Produtividade de mandioca cultivada por agricultores familiares na região dos lagos,
município de Tracuateua, estado do Pará
Cassava´s productivity by smallholder farmers from lake region at city of Tracuateua,
state of Pará
Moisés de Souza Modesto Júnior; Raimundo Nonato Brabo Alves; Enilson Solano Albuquerque Silva......... 57
Ciências Humanas
A construção de territórios culturais pelas antigas sociedades amazônicas
Building cultural territories by old Amazonian societies
Marcos Pereira Magalhães.............................................................................................................. 69
Economia
Biodiesel e desenvolvimento regional na Amazônia Legal: casos do estado do Tocantins
Biodiesel and regional development in the Brazilian Amazônia: cases from Tocantins
state
Marcus Vinícius Alves Finco; Werner Doppler..................................................................................... 89
Estimação dos preços da madeira em pé para as áreas de florestas públicas da
região do Marajó, no estado do Pará
Estimation of standing timber prices for the public forest areas of Marajó region, state of Pará
Antônio Cordeiro de Santana; Marcos Antônio Souza dos Santos; Rafael de Paiva Salomão; Cyntia
de Oliveira Meireles..................................................................................................................... 111
Etnocultivo do jambu para abastecimento da cidade de Belém, estado do Pará
Jambu etnocultive in the metropolitan area of Belém, Pará state
Alfredo Kingo Oyama Homma; Ronaldo da Silva Sanches; Antônio José Elias Amorim de Menezes;
Sérgio Antônio Lopes de Gusmão.................................................................................................. 125
Otimização logística para o transporte multimodal de safras agrícolas pelo corredor
Centro-Norte: o que pensam as empresas e instituições envolvidas?
Logistic optimization for multimodal agricultural products transport by Center-
North corridor: what do companies and institutions involved think about it?
José Eduardo Holler Branco; José Vicente Caixeta Filho; Augusto Hauber Gameiro; Carlos Eduardo
Osório Xavier; Walter Henrique Malachias Paes; Betty Clara Barraza de La Cruz.................................. 143
Planejamento Urbano e Regional
As chuvas e as vazões na bacia hidrográfica do rio Acre, Amazônia ocidental:
caracterização e implicações socioeconômicas e ambientais
Rainfalls and flowrates in Acre river basin, western Amazônia: environmental and socio-
economic characterization andimplications
Alejandro Fonseca Duarte............................................................................................................. 161
Zootecnia/Recursos Pesqueiros
Crescimento de juvenis de tambaqui, Colossoma Macropomum (Cuvier, 1818), em
tanques-rede com diferentes densidades populacionais em Ji-Paraná, RO
Growth of juvenile tambaqui, Colossoma Macropomum (Cuvier, 1818), in cages with
different densities population in Ji-Paraná, RO
Valdeir Vieira da Cunha; Antônio dos Santos Júnior........................................................................... 185
Normas editoriais.................................................................................................................... 195
5Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
EDITORIAL
A sofisticada e rica gastronomia elaborada nos estados da Amazônia têm ajudado a divulgar
uma imagem positiva da Região no Brasil e no mundo. Isso tem favorecido a criação de muitas
oportunidades nos mais diversos setores da economia, como no turismo, agropecuária e
agroindústria, visando atender demandas crescentes dos residentes, turistas e para a exportação.
Neste particular, as experiências dos festivais de culinária, com participação de renomados
chefes nacionais e internacionais e da contribuição de muitos anônimos tem sido relevante para
criar e promover essa apreciável gastronomia. Os peixes, frutas, ervas, raízes, jambu, tucupi e tantos
outros sabores, aromas e iguarias dão o tom para as muitas invenções.
Esta 12ª edição da Revista Amazônia: Ciência & Desenvolvimento traz, por sua vez, um
interessante estudo apontando aspectos do etnocultivo do jambu, que ilustra nossa capa. Nele,
destaca-se o processo de conhecimento gerado pelos produtores dessa hortaliça, análise sobre a
biopirataria na Amazônia e as estratégias para combater esse mal, assim como, são apontadas
possibilidades para expansão desse mercado.Desta feita,tem-se o esforço da pesquisa para consolidar
o conhecimento e indicar caminhos para o desenvolvimento regional.
Ao lado do artigo já mencionado, essa edição chega com outras onze pesquisas de igual
identidade regional abrangendo questões dos estados do Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso,
Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. São textos que abarcam um amplo leque de saberes sobre a
Amazônia, envolvendo discussões quanto a valoração florestal, produtividade de mandioca e
forragens, logística de transporte, manejo de solo, experimento com adubação orgânica, cultura de
sociedades amazônicas, contaminação microbiana da castanha-do-pará, piscicultura, biodiesel e
vulnerabilidade social a partir das chuvas e enchentes.
Boa leitura a todos!
Abidias José de Sousa Junior
Presidente do Banco daAmazônia
7Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO EM SOLOS MANEJADOS COM E SEM QUEIMA NO
NORDESTE PARAENSE1
Elineuza Faria da Silva Trindade*
Osvaldo Riohey Kato**
Eduardo Jorge Maklouf Carvalho***
Ernildo César da Silva Serafim ****
RESUMO
Os solos amazônicos são conhecidos por sua baixa fertilidade natural, que além da elevada
acidez, apresenta baixos teores de fósforo na forma disponível pelas plantas. O sistema de manejo
tradicionalmente utilizado na agricultura familiar da região é o de corte e queima, cujas consequências
aceleram a perda de fósforo no solo. Como alternativa a esse tipo de sistema, a tecnologia de corte e
trituração da capoeira sem queima vem consolidando espaço nas unidades de produção camponesas
objetivando, entre outros possíveis efeitos, o aumento da eficiência do uso do fósforo na agricultura.
Com a finalidade de verificar a disponibilidade do fósforo em solo manejado com queima e sem
queima entre os anos de 1995 a 2010, conduziu-se um experimento no município de Igarapé-Açu,
Pará, sob um Latossolo Amarelo Distrófico textura arenosa. O delineamento experimental foi o de
blocos ao acaso, com três repetições. As coletas de solo realizadas nas profundidades de 0-10 cm e
10-20 cm, em cada parcela, e analisadas segundo a metodologia da Embrapa (1997).As médias dos
resultados analíticos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. O sistema sem queima apontou
para a elevação dos teores de fósforo disponível no solo e forte tendência de estabilização com o
passar dos anos, notadamente no tratamento com incorporação da cobertura morta e adição de
adubo. Ao contrário, o sistema com queima tendeu a diminuir os teores de fósforo ocasionado pela
degradação química do solo e, consequentemente, contribuindo com a insustentabilidade do sistema
de produção.
Palavras-chave: Manejo do Solo-Amazônia. Agricultura Familiar. Sistema de Corte e Trituração da
Capoeira.
1
Resultados da tese da primeira autora em elaboração junto ao Programa de Doutorado em Ciências Agrárias da
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)/Embrapa Amazônia Oriental.
*
Engenheira Agrônoma; Doutoranda em Ciências Agrárias pela UFRA/Embrapa Amazônia Oriental.
E-mail: elineuza_trindade@hotmail.com.
**
Engenheiro Agrônomo; Dr.; Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. E-mail: okato@cpatu.embrapa.br.
***
Engenheiro Agrônomo;Dr.; Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. E-mail: maklouf@cpatu.embrapa.br.
****
Engenheiro Agrônomo; Técnico de Gestão Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA/PA).
E-mail: ernildoserafim@hotmail.com.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 8
AVAILABILITY OF PHOSPHORUS IN MANAGED SOILSWITH ORWITHOUT SLASHAND BURN
IN THE NORTHEAST OF PARA
ABSTRACT
Amazon soils are known for their low natural fertility, high acidity and low availability of
phosphorus contents to plants. The management system which has been traditionally used in small
scale family agriculture is slash-and-burn, as a results it accelerates the loss of phosphorus in the soil.
More recently, as an alternative to that system, the slash- and-chopped technique used for fallow
vegetation, without burning, has been more frequently used by small farmers aiming, among other
possible effects, an increase in the use of phosphorus efficiency in agriculture. In order to check the
availability of phosphorus in managed soil with and without burning, between 1995 and 2010, an
experiment was conducted in the Municipality of Igarapé-Açu, Pará, under Dystrophic Yellow Latosol
of sandy texture. The experimental design was random blocks, with three repetitions. The collection
was made in the upper 0-10 cm and 10-20 cm of the soil, in each parcel, and was analyzed according
to Embrapa’s methodology (1997).The analytical result averages were compared toTukey test at 5%.
The non-burning system indicated an increase in phosphorus contents available in the soil and a
strong tendency of stabilization throughout the years, especially in treatment with of incorporation of
dead cover and nutrient addition in the long term. The slash-and-burn system, on the other hand,
tended to decrease phosphorus contents causing a soil degradation, consequently adding to the
unsustainability of the production system.
Keywords: Soil Management-Amazon. Family Agriculture. Fallow Vegetation Slash-and-Chopped
System.
9Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
1 INTRODUÇÃO
Os solos brasileiros são conhecidos pela
carência em fósforo, devido principalmente ao
material de origem e a forte interação deste
elemento com o solo (RAIJ, 1991). A pouca
mobilidade desse nutriente é resultado da sua
adsorção aos colóides de forma não trocável, ou
seja,não disponível às plantas,e mesmo na forma
trocável a sua liberação ocorre lentamente (TOMÉ
JÚNIOR, 1997). Devido a essa característica, o
fósforo é considerado como o nutriente mais
limitante para produção de biomassa nos solos
tropicais (NOVAIS; SMYTH, 1999).
Raven (2007) assinala que a fonte da maior
parte do fósforo no solo é proveniente do
intemperismo das rochas e dos minerais, e
provavelmente,é o que mais limita o crescimento
vegetal.O fósforo,portanto,é o elemento químico
considerado de grande essencialidade para as
plantas, sendo componente das moléculas
transportadoras de energia, como a ATP, e
também dos nucleotídeos do DNA e RNA.
Não diferentemente, os solos amazônicos
são conhecidos pela sua baixa fertilidade natural,
que além da elevada acidez, apresenta baixos
teores de fósforo na forma disponível pelas
plantas.A necessidade de alimentar a população
que cresce de modo exponencial pode com o
tempo conduzir à escassez de nutrientes
específicos, devido à remoção da cobertura
vegetal e o aumento da erosão, acelerando a
perda de fósforo no solo.
Neste contexto, a agricultura de corte-e-
queima pode ser caracterizada como um sistema
de uso da terra o qual utiliza o fogo na vegetação
natural para o cultivo agrícola, mas que provoca
efeitos negativos no solo e no meio ambiente.
Essa prática ocorre durante um ou dois anos,
seguindo-se um período de pousio. Nessa fase, a
vegetação secundária (capoeira) se refaz por
meio de rebrotas de tocos, raízes e sementes,
principalmente aquelas que sobrevivem à
queimada.As taxas de rotação do uso da capoeira
exigem períodos de pousio longos, de modo que
a nova vegetação recomposta possa contar com
diversidade florística, ciclagem de água e
nutrientes, acúmulo de carbono e nutrientes na
biomassa (TIPPMANN; DENICH; VIELHAUER,
2000; SOMMER, 2004).
Dessa forma, Kato, Sá e Figueiredo (2006)
sugerem que o período de pousio cada vez mais
curto, devido a pressão populacional por
alimentos, diminui os efeitos benéficos desse
sistema, pois as repetidas queimadas
representam uma contínua perda de nutrientes
minerais, maior exposição do solo, retirada da
serrapilheira e o aumento da mineralização
orgânica. Em estudos no Nordeste Paraense,
Sommer (2004) estimou uma perda de 21,5 mg
de carbono e 372 kg de nitrogênio por hectare,
além da perda de 45 a 70% de cátions menos
voláteis como o K, Ca e Mg em uma capoeira de
sete anos de idade, sendo que a maioria dessas
perdas ocorreu com a fumaça durante o processo
de queima.O mais preocupante, neste caso, foi a
exportação de 63% do estoque de fósforo,o qual
corresponde a 11,0 kg ha-1
, por ser limitante para
o rendimento das culturas, completa o autor. É
oportuno destacar que antes da utilização do solo
essa prática constitui-se numa das principais
causas do desmatamento naAmazônia, além de
ser, também, o foco de queimadas nessa região,
contribuindo com a emissão de gases do efeito
estufa, fatores que colocam em alerta a
continuidade desse modelo.
Para conter essas pressões sobre os
recursos naturais, a comunidade científica tem
se empenhado em buscar alternativas com o
sistema de plantio direto na capoeira ou
tecnologia de corte-e-trituração da capoeira sem
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 10
queima, desenvolvido pela Embrapa Amazônia
Oriental em parceria com o governo alemão,onde
nesse sistema a capoeira é cortada, triturada e
espalhada homogeneamente sobre o solo como
cobertura morta (KATO et al., 2007). Pesquisas
nesse sentido,como os trabalhos de Kato (1998),
Gama (2002) e Coelho et al. (2004) no Nordeste
do Pará e Serra et al. (2007) no Oeste do Pará,
baseados no corte-e-trituração da capoeira como
alternativa ao uso do fogo, apontam tendências
de aumento da matéria orgânica favorecendo o
restabelecimento de níveis desejáveis de
fertilidade do solo, notadamente quanto à
disponibilidade de fósforo e nitrogênio às plantas,
ainda que sejam utilizadas pequenas doses de
fertilizantes químicos nos primeiros anos de
implantação do sistema. Os resultados de
pesquisa de Sommer (2004) demonstram balanço
positivo de nutrientes pelo corte e trituração da
vegetação por não ocorrer perdas pela queimada,
com ganhos de 267 kg ha-1
de N, 8 kg ha-1
de P,
61 kg ha-1
de K, 176 kg ha-1
de Ca, 34 kg ha-1
de
Mg e 27 kg ha-1
de S.
Esse sistema proporciona, além da
recuperação gradual do solo pela oferta de
nutrientes e carbono através da reciclagem de
nutrientes das camadas profundas para a
superfície e fornecimento de matéria orgânica
pela deposição da folhagem, melhorias nas
propriedades químicas e físicas do solo, oferta
de serviços ambientais e flexibilização do
calendário agrícola. Diante disso, essa pesquisa
tem por objetivo verificar a disponibilidade do
fósforo no solo a partir de dois diferentes sistemas
de manejo da capoeira, com e sem queima, este
baseado na trituração da capoeira, no período
de 1995 a 2010, em Igarapé-Açu, Pará.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A Pesquisa foi realizada na comunidade
Cumaru, em área de pequeno produtor, no
município de Igarapé-Açu, mesorregião do
Nordeste Paraense, entre as coordenadas
geográficas de 1° 11’ S e 47° 34’ W, sob um
Latossolo Amarelo Distrófico textura arenosa
(EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA, 1997).
O município de Igarapé-Açu, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (2011), possui 7.562 ha ocupados com
lavouras temporárias (22,28%) e permanentes
(77,72%), respondendo por 2,35% das áreas de
lavouras do Nordeste Paraense.Entre as lavouras
temporárias destaca-se o cultivo da mandioca
com 68,25% da área plantada (1.150 ha). Quanto
às permanentes, o cultivo do dendezeiro ocupa
4.200 ha (71,46%) e a pimenta-do-reino 1.060
ha (18,04%).
O clima da região é intermediado entreAw/
Am, pela classificação de Köppen, chuvoso,
apresentando estação seca de cinco meses, de
agosto a dezembro, com temperatura anual
variando entre 21 e 32ºC, precipitação de
aproximadamente 2.500 mm, umidade relativa
do ar de 84% e brilho solar de 192,8 h/mês
(BASTOS; PACHECO, 1999).
Os estudos foram conduzidos em áreas de
pousio da vegetação secundária com idade de
quatro anos, onde as parcelas experimentais
constaram de 120 m2
(10,0 x 12,0 m) e área total
de 5.000 m2
(50,0 X 100,0 m). O delineamento
experimental utilizado foi o de blocos ao acaso,
em esquema fatorial (7x4x2), com três
repetições.As parcelas constituídas pelas formas
de preparo da terra: Queima da vegetação +
adubação química (Q+); Queima da vegetação
sem adubação química (Q-); Cobertura com
11Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
vegetação triturada + adubação química (C+);
Cobertura com vegetação triturada sem
adubação química (C-);Trituração e incorporação
da vegetação + adubação química (I+);
Trituração e incorporação da vegetação sem
adubação química (I-) e Capoeira natural (CAP);
quatro épocas de coleta de solo (1995, 1996,
1998 e 2010) e duas profundidades de coleta
de solo (0-10 e 10-20 cm).
As parcelas foram cultivadas em regime de
sequeiro com o arroz (Oryza sativa cv. Xingu) em
rotação com o feijão-caupi (Vigna unguiculata cv.
BR3-Tracuateua) e a mandioca (Manihot esculenta
cv. Pretinha) de acordo com o calendário agrícola
da região nos anos de 1995, 1997, 2002, 2004 e
2010. Nas parcelas com fertilizantes foram
utilizadas como fonte de NPK a uréia, o
superfosfato triplo e o cloreto de potássio,
respectivamente,nas doses 50,25 e 25 kg ha-1
para
o arroz e 10, 22, 42 kg ha-1
para o feijão-caupi.
Para a mandioca não houve adubação específica,
sendo considerado o efeito residual do fertilizante
aplicado nas culturas do arroz e feijão-caupi.
A determinação analítica do parâmetro
fósforo disponível foi realizada por meio do
espctofotômetro de chama, em conformidade
com os procedimentos propostos pela Embrapa
(1997). Para isso, foram coletadas três amostras
de solo compostas, oriundas de nove amostras
simples, na área útil da subparcela em forma de
“zig-zag,” utilizando-se trados.
Para efeito de análise estatística foi
empregado o modelo de análise de variância
(ANOVA) com medidas repetidas (LITTELL et al.,
2006). Tais análises foram conduzidas com auxílio
da planilha Excel, do SAS System e do pacote
STATISTICA 5.5.Dada a significância dos efeitos,
a ordenação univariada dos valores médios, com
representação do respectivo desvio padrão, foi
obtida por meio do teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados médios da variável fósforo
disponível (P2
O5
) para os diferentes tratamentos
dentro de cada ano e os diferentes anos dentro
de cada tratamento, por profundidade, estão
apresentados na Tabela 1. Observa-se que, de
modo geral, houve diferença estatística
significativa pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade nos sistemas de manejo, inclusive
em relação à testemunha, com melhores
resultados naqueles que receberam aplicação de
fertilizantes químicos,principalmente na camada
de 0-10 cm e com tendência de diminuição do
fósforo disponível no decorrer dos anos nas duas
profundidades.
Uma ressalva se faz para a camada de 10-
20 cm que apresenta valores e diferenças
menores para todos os tratamentos e
testemunha, tendendo a estabilização. Esta
situação pode ser considerada normal, pois
naturalmente os teores de nutrientes diminuem
com a profundidade do solo.
Como esperado, os resultados maiores
foram observados nos tratamentos onde houve
queima da vegetação independente da adubação,
mas a partir de 1998 e, sobretudo em 2010 esses
valores diminuem, ficando mais próximos dos
demais tratamentos,devido possivelmente à ação
dinâmica do solo,com sucessivas alternâncias de
preparo de área, cultivo e pousio da vegetação
ao longo dos anos e a reduzida capacidade
regenerativa da capoeira devida provavelmente
à baixa quantidade de nutrientes no solo, como
também foi constatado em pesquisa realizada
por Zarin et al. (2001).
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 12
As duas primeiras coletas de solo (1995 e
1996) tiveram o efeito de, apenas, um plantio,
no ano de 1995, bem como na coleta de 1998
que teve efeitos do plantio de 1997. Os desgastes
maiores no solo vieram a ser refletidos na última
coleta em 2010, tanto pelo efeito cumulativo
desde 1995 como pelos plantios (2002, 2004 e
2010) e queimas mais intensas em relação às
coletas anteriores. Apesar de todos os
tratamentos apresentarem tendência de aumento
da quantidade de fósforo disponível para as
plantas em relação à testemunha, nos
tratamentos onde não foi realizada aplicação de
adubo o teor de fósforo variou de 2,33 a 9,33 mg
dm-3
, enquanto que nas áreas adubadas a
variação foi de 9,0 a 19 mg dm-3
, considerados
por Cravo, Viégas e Brasil (2007), para este tipo
de solo arenoso, de baixo a médio, em geral.
Esta situação é devida às características
químicas e mineralógicas do solo,pois de acordo
com Brady (1979) e Raij (1991) em regiões de
clima tropical, semelhantes ao deste estudo, de
pH ácido na faixa de 4 a 5, há predominância de
óxidos de ferro, óxidos de alumínio e minerais
de argila 1:1, como a caulinita, condicionando a
formação de fosfatos de ferro e alumínio que
além de não assimiláveis pelas plantas, fazem
com que a disponibilização do fósforo, em nível
de laboratório, ocorra a baixos teores, o que
segundo Malavolta (1979) ocorre devido ao
fenômeno da “fixação”.
Tabela 1 - Valores médios de fósforo disponível (mg dm-3
), em diferentes profundidades, comparando os
Sistemas com Queima e com Corte e Trituração da Capoeira com uma área de Capoeira Natural,
referentes aos anos de 1995, 1996, 1998 e 2010, no município de Igarapé-Açu (PA).
Fonte: dados da pesquisa.
Nota: médias seguidas de letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente
pelo teste de Tukey a 5%.
Comparando,apenas,os tratamentos sem
adubação, na camada de 0-10 cm, na área
submetida à queima (Q-), observou-se uma
tendência de aumento no teor de fósforo para
todos os anos, confirmando o efeito imediato
das cinzas na disponibilidade deste nutriente
no solo, apesar de uma diminuição a partir de
1998.
13Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
Para a cobertura do solo onde o material
foi apenas triturado (C-), observa-se tendência
de teores de fósforo maiores do que no
tratamento com a incorporação (I-),
provavelmente devido a mineralização mais
lenta dos resíduos orgânicos deixados na
superfície do solo pela ação quase que exclusiva
do clima, concordando com Kato et al. (1998).
Lopes (1989) acrescenta que há um aumento
do teor de fósforo disponível no solo devido ao
efeito da cobertura morta por esta melhorar as
condições de umidade e temperatura. No
entanto, quando há uma incorporação em
grande quantidade de material orgânico,
Rossetto e Tsai (1992) explicam a ocorrência de
um aumento no estímulo ao crescimento da
população microbiana, havendo uma maior
demanda por fósforo que são assimiladas por
esses organismos para a formação e
desenvolvimento de suas células.
Kato (1998) estudando a dinâmica do
fósforo no solo no mesmo local desta pesquisa,
também observou que nas parcelas onde houve
incorporação da biomassa triturada sem
adubação ocorreu um decréscimo acentuado
nos teores de fósforo disponível em níveis quase
indetectáveis na solução do solo. O autor
atribuiu esse resultado ao baixo teor do
nutriente no solo no início do experimento, a
baixa quantidade do mesmo na biomassa da
capoeira, a sua baixa mobilidade no solo e a
remoção pelas culturas exigentes em fósforo
(arroz e caupi) nos primeiros anos de
implantação desse sistema.
Já na comparação entre os tratamentos
onde foi feita a aplicação de adubo, o
tratamento Q(+) apresentou os maiores
resultados, inclusive em relação a todo o
experimento. Todos os tratamentos, também,
repetiram a tendência de diminuição no teor
do fósforo com o passar dos anos, exceto o
I(+), que teve comportamento diferenciado,
apesar de estatisticamente ter sido semelhante
ao tratamento Q(+) para os anos de 1998 e
2010.
É importante lembrar que o preparo de
área feito em 2009 influencia diretamente
nesse resultado. A queima ocorrida na área
mais a adição de fertilizante provocaram a
diminuição imediata da acidez e da toxidez do
Al (Tabelas 2 e 3) favorecendo uma maior
disponibilidade de fósforo no solo. No entanto,
mesmo com trituração recente do material
vegetal, a adição de adubo provavelmente
compensou a imobilização dos nutrientes pelos
microorganismos na fase inicial de
decomposição da matéria orgânica, como
proposto por Oliveira (2002), que somado ao
efeito positivo dos manejos ocorridos nos anos
anteriores na área deste tratamento refletiu no
resultado alcançado pelo mesmo no último ano
desta pesquisa (2010).
Desta forma, é possível observar que o
tratamento (I+) voltou a apresentar o resultado
do início das observações (14 mg dm-3
),
apontando para a estabilidade da ação
microbiana,mesmo com pouca chuva no período,
enquanto no tratamento (Q+) houve queda
gradativa do fósforo disponível ao longo dos
anos. Este resultado assinala que com a
continuidade dessa prática alternativa ao uso do
fogo (incorporando a cobertura e adicionando
adubo) é possível que haja uma tendência ao
aumento do teor desse nutriente no solo, o qual
contribuirá com a sustentabilidade do sistema
de produção.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 14
Em relação a essa queda acentuada no teor
de fósforo em quase todos os tratamentos no
ano de 2010, outra possível causa pode estar
relacionada ao período de coleta das amostras
de solo realizado no mês de outubro, pois o solo
encontrava-se muito seco devido à baixa
precipitação pluviométrica do período.Neste tipo
de situação, esclarece Lopes (1989), a menor
umidade e as altas temperaturas tornam o
fósforo, praticamente, todo fixado.
Nos anos anteriores, as coletas foram
realizadas em períodos de maior índice de chuvas
na região (janeiro, julho e agosto), favorecendo
uma maior umidade do solo e tornando o nutriente
mais disponível, refletindo em maiores
produtividades, como constatado no trabalho de
Coelho et al. (2004), no município de Igarapé-Açu,
PA, em solo do tipo Latossolo Amarelo fase
arenosa, comparando uma área manejada com
queima e outra com corte-e-trituração da capoeira.
No caso da testemunha, capoeira natural
(CAP), os teores de fósforo podem ser
considerados relativamente altos para os três
primeiros anos de observação da camada de 0-
10 cm, para as condições dos solos desta região.
Isso pode estar relacionado à grande adição de
resíduos vegetais na superfície do solo ou mesmo
devido a queimadas ocorridas nessa área nos
anos que antecederam a implantação do
experimento,pois naquele momento a vegetação
estava em repouso há quatro anos,e com certeza
ainda sofrendo a influência dos manejos
anteriores do solo.
Porém, após 12 anos, quando a capoeira
já se encontrava com um porte bem maior e
possivelmente sem resíduos de cultivos anteriores
ou de efeito de queimadas, o teor de nutrientes
– e portanto de fósforo – no solo foi reduzindo,
ainda mais, devido a maior absorção pelas
plantas as quais passaram a exigir maiores
demandas para a formação de frutos, ou até
mesmo por fixação do fósforo, além do que o
solo voltou a apresentar as características
naturais da região, ou seja, pobres nesse
nutriente.
Esses resultados coincidem com os
verificados por Szott e Palm (1986), trabalhando
com vegetação secundária naAmazônia Peruana,
onde foi observado um decréscimo acentuado no
nível de fertilidade do solo com o passar do tempo
de desenvolvimento da vegetação. Resultados
semelhantes também foram encontrados por
Kleinman et al. (1996) que observaram uma
tendência de maior acidez e maiores teores de
Al3+
em solos cuja vegetação ficou em pousio
por onze anos, em comparação a outra de três
anos, afetando negativamente a disponibilidade
de fósforo no solo.
NasTabelas 2 e 3,encontram-se os valores
de pH e alumínio trocável, que apesar de não
apresentarem diferenças estatísticas
significativas para a maioria dos tratamentos ao
longo dos anos, caracterizam esse solo como
bastante ácido e de elevado teor de toxidez por
alumínio, podendo explicar os baixos níveis nos
teores de fósforo disponível na área estudada.
15Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
Tabela 2 - Valores médios de pH em H2
O, em diferentes épocas e profundidades, comparando os Sistemas com
Queima e Sem Queima com uma área de Capoeira Natural, no município de Igarapé-Açu-PA.
Fonte: dados da pesquisa.
Nota: médias seguidas de letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente
pelo teste de Tukey a 5%.
Tabela 3 -Valores médios de alumínio trocável (cmolc dm-3
),em diferentes épocas e profundidades,comparando
os Sistemas com Queima e Sem Queima, com uma área de capoeira natural, no município de
Igarapé-Açu-PA.
Fonte: dados da pesquisa.
Nota: médias seguidas de letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente
pelo teste de Tukey a 5%.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 16
Fonte: dados da pesquisa.
Em termos de produção e produtividade das
culturas,ostrabalhosdeKatoetal.(2007)afirmam
que é possível mostrar o benefício da prática de
corte-e-trituração da capoeira para as culturas,
considerando o uso de fertilizantes como um pré-
requisito para se obter uma boa produção em
solos de baixa fertilidade, pois o efeito residual
do insumo aumenta consideravelmente a
produção das culturas. Os pesquisadores
verificaram que a produtividade do arroz passou
de 2,3 para 3,6 t ha-1
, a do feijão-caupi de 1,5
para 1,8 t ha-1
e a da mandioca de 26,8 para 34,3
t ha-1
, do ano agrícola de 1995/1996 para o ano
agrícola de 2002/2003 nas áreas manejadas com
trituração da capoeira, enquanto que para os
mesmos períodos a produção reduziu ou manteve-
se estável nas áreas preparadas com queima.
Costa (2008) avaliou o efeito da adubação
e da calagem no primeiro ano de cultivo em
sistema de corte-e-trituração da capoeira e
observou que a adubação contribuiu para o
aumento da produtividade, independentemente
da calagem, e que a produção cresceu em função
da maior dosagem de NPK. No entanto, deve-se
observar a resposta biológica da planta de acordo
com as quantidades utilizadas de adubo,uma vez
que doses superiores à necessidade destas podem
O Gráfico 1 ilustra de forma didática a
situação de campo durante o período de estudo,
ficando bastante nítido o efeito da adubação
química, da prática da queima e redução do teor
de fósforo ao longo dos anos,entre os diferentes
tratamentos e a capoeira natural. Ficou evidente
também, nos tratamentos com a cobertura,
principalmente com adubação e a capoeira
natural, os teores de fósforo em níveis mais
equilibrados quando comparados com a queima.
Gráfico 1 - Fósforo disponível na profundidade de 0-10 cm comparando os sistemas com queima e sem
queima da vegetação secundária, com a área de capoeira natural, em diferentes épocas, no
município de Igarapé-Açu- PA.
17Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
tornar-se tóxicas, prejudicando o crescimento e,
consequentemente, a produtividade da cultura.
Neste trabalho, verifica-se um potencial
benefício para a produtividade das culturas a
partir da liberação de nutrientes da biomassa
após o processo de decomposição, mesmo no
caso dos tratamentos com trituração da capoeira
sem adição de fertilizantes C(-) e I (-), pois é
possível perceber o aumento significativo do
fósforo em relação à testemunha (Tabela1).Kato
(1998) confirmou o efeito da não adubação no
sistema sem queima considerando, apenas, a
cobertura sem incorporação do material vegetal,
relatando que a produção da cultura do arroz
nesse sistema aumentou 70,6% do ano agrícola
de 1995/1996 para 1997/1998, enquanto sistema
com queima e sem adubação o aumento foi de,
apenas, 14,3% para o mesmo período.
Os dados de produtividade para esta
pesquisa tiveram de ser desconsiderados, mesmo
sabendo da sua influência no estoque de nutrientes
pelo efeito residual da adubação,devido às perdas
ocasionadas por fatores climáticos adversos
ocorridos durante o período analisado,escassez ou
excesso de chuvas, especialmente para o ano de
2010, período em que houve perda total das
culturas do feijão-caupi e do arroz e produtividade
insignificante da cultura da mandioca.
4 CONCLUSÕES
A partir dos resultados apresentados pode-
se concluir que a elevação dos teores de fósforo
disponível no solo nas condições de campo da
região estudada pode ser conseguida
satisfatoriamente a partir do manejo da capoeira
natural, através da técnica de corte-e-trituração
da biomassa da vegetação.
Os melhores resultados obtidos pela
queima,principalmenteassociadacomaaplicação
de fertilizantes,não implica necessariamente que
este tipo de manejo seja a melhor alternativa em
relação a não queima, pois o corte-e-trituração
da capoeira apontou para uma forte tendência
em ser superior e se estabilizar com o passar dos
anos,enquanto aquele tende a diminuir os teores
de fósforo ocasionado pela degradação química
e física do solo.
O estoque do nutriente fósforo
disponível no solo, considerado de baixo a
médio, não atingiu níveis melhores,
possivelmente, pela capoeira não ter tido
tempo suficiente para a sua recomposição e
fornecimento de um maior aporte de massa
vegetal para reposição de nutrientes em níveis
satisfatórios. Podendo-se, neste caso, lançar
mão do enriquecimento da capoeira com
espécies leguminosas de ciclo mais curto
durante o período de pousio.
Além do efeito positivo em longo prazo da
incorporação da cobertura morta com adubação
na disponibilidade de fósforo no solo, pode-se
esperar que haja uma maior vantagem do sistema
sem queima a partir da melhoria da qualidade
física, umidade e temperatura do solo (dados
ainda em análise de laboratório). E como
consequência disso, a diminuição das perdas de
nutrientes, melhor desenvolvimento e
produtividade das plantas e sustentabilidade
ambiental.
AGRADECIMENTO
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA).
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 18
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21Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
FONTES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIANA DA CASTANHA-DO-PARÁ
Paulo de Oliveira Martins Junior*
Vespasiano Yoji Kanzaki de Sousa**
Amabel Fernandes Correia***
Élida Cleyse Gomes da Mata****
Luís Isamu Barros Kanzaki*****
RESUMO
A amêndoa da castanha-do-pará ou castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) é excelente fonte
de nutrientes, em especial proteínas e selênio, destacando-se como produto nobre de exportação.As
exigências sanitárias do comércio internacional tem imposto prejuízos econômicos aos extrativistas,
produtores e atravessadores do produto. Com especial ênfase, por seus efeitos cancerígenos, a
aflatoxina, toxina produzida principalmente por Aspergiillus flavus, tem sido nestes últimos anos,
investigada com intensidade nas amêndoas da castanha-do-pará e, a detecção desta toxina, tem
restringido a exportação deste produto. No entanto, vários procedimentos vêm sendo aplicados no
controle da contaminação fúngica dos seus produtos. No bojo dos trabalhos conduzidos para avaliar
a contaminação microbiana, detectou-se, também, bactérias de diferentes famílias, permitindo
identificar as fontes de contaminação por estes microorganismos e interações que possam ter algum
significado biológico até então desconhecidos,tal como o papel dos metabólitos bacterianos no controle
sobre os fungos aflatoxigênicos.
Palavras-chave: Castanha-do-pará. Bertholletia excelsa. Bactérias. Fungos. Aflatoxina.
*
Farmacêutico-Bioquímico; Hospital da Universidade de Brasília. E-mail: paulo.olimart@gmail.com.
**
Mestrando; Laboratório de Bioprospecção, Universidade de Brasília. E-mail: yksousa@hotmail.com.
***
Mestre; LACEN-Distrito Federal, Brasília. E-mail: amabelfernandes@yahoo.com.br.
****
Mestre; Laboratório de Bioprospecção, Universidade de Brasília. E-mail: elidamata@unb.br.
****
Doutor em Ciências; Professor Titular de Microbiologia; Laboratório de Bioprospecção, Universidade de Brasília.
E-mail: kanzaki@unb.br.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 22
SOURCE OF MICROBIAL CONTAMINATION IN THE BRAZILIAN NUT (CASTANHA-DO-PARÁ)
ABSTRACT
The brazilian nut (Bertholletia excelsa) is an excellent source of nutrients,specially proteins and
selenium, remarcably recognized as a noble export product. The sanitary requirements of the
international trade community have imposed economic losses to extractivists, producers and jobbers
of the brazilian nut.With special emphasis,for their tumorigenic effects,the aflatoxins,toxins produced
mainly by Aspergillus flavus, have been these last years, intensely investigated in brazilian nuts, and
the detection of this toxin, has restricted the exportation of this product. Anyway, many procedures
have been applied to the control of fungic contamination of brazilian nuts products. Besides the
research works carried out to evaluate brazilian nut products contamination,we also detected bacteria
of different families, allowing us to identify the sources of contamination by these microorganisms
and microbial interactions of unknown significance at this moment,likewise the role played by bacterial
metabolites on the control of aflatoxigenic fungi.
Keywords: Brazilian Nut. Bertholletia Excelsa. Bacteria. Fungi.Aflatoxin.
23Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
1 INTRODUÇÃO
As amêndoas da castanha-do-pará ou
castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa Humb. &
Bonpl.: Lecythidaceae) além de seu valor
econômico,principalmente ao ser exportada,é rica
fontedenutrientes,emespecialdeproteínas,ácidos
graxos mono e poliinsaturados e selênio (LEMIRE
et al., 2010; PINTO RAMOS; BORA, 2005; STRUNZ
et al., 2008).A atividade extrativista envolvida na
exploração econômica destas amêndoas tem
gerado inúmeros estudos científicos,sobremaneira
relacionados a socioeconomia e ecologia
(FILOCREÃO,2008;RIBEIROetal.,2009).Avariação
do preço deste produto, com e sem casca, no
mercado internacional afeta principalmente os
atravessadores, que compram das famílias
extrativistas na floresta a castanha e as exportam
para auferirem lucros maiores.
A organização dos extrativistas em
cooperativas para a exploração racional da
castanha tem, de certo modo, suavizado a
exploração do homem da floresta que maior
sacrifício despende para coletar os ouriços,quebrá-
los e obter grandes quantidades da amêndoa para
comercialização, sem antes, ter que atravessar
igarapés, rios, cachoeiras e caminhar enormes
distâncias na floresta sob as mais adversas
condições (KANZAKI, 2009; RIBEIRO et al., 2009).
Por outro lado, muito se discute em fóruns
nacionais e internacionais a possível extinção dos
castanhais (PERES et al., 2003), que na Amazônia,
ultrapassando os limites da fronteira brasileira,
formam manchas em terras altas,e ao certo,ainda,
não há estudos os quais possam realmente elucidar
o passado da origem dos castanhais,embora muito
se discuta o papel dos nativos ameríndios na
disseminação deste frondoso vegetal (ALMEIDA et
al., 2009). No entanto, a realidade atual é
inquietante,poisohomememseuafãdeenriquecer
e acumular bens vem desmatando a floresta
amazônica em ritmo acelerado,comprovadamente
os castanhais não têm sido poupados.Portanto,de
uma forma ou de outra, a Bertholletia excelsa, está
ameaçada de extinção,pois todo o ecossistema em
que se encontra vem sendo ameaçado: os roedores
que enterram os ouriços favorecendo a germinação
da semente, os insetos que polinizam as flores da
castanheira para geração do fruto, e os nutrientes
que permitem seu extraordinário e monumental
porte,estãosetornandoescassos(KANZAKI,2009).
Por fim, normas de segurança alimentar
determinam as concentrações mínimas de
aflatoxinas na amêndoa e outros produtos, para
que possam ser consumidas no mercado externo
e por consequência no próprio País (DINIZ et al.,
2009; MARKLINDER et al., 2005; MELLO; CUSSEL,
2007;THUVANDER et al.,2001).Neste momento
então, a demanda econômica impulsionou
diversos segmentos acadêmicos a esmiuçar todas
as possíveis características que permeiam o
extrativismo da castanha-do-pará. Em nosso
enfoque, estudamos a microbiota bacteriana do
ouriço e da amêndoa com casca e sem casca,
oriundos de castanheiras do estado do Amapá.
2 MICROBIOTA BACTERIANA DO OURIÇO E AMÊNDOAS DA CASTANHA-DO-PARÁ
A presença de microorganismos no ouriço
e amêndoas da castanha não necessariamente
indica que o produto seja impróprio para o
consumo. Micróbios são onipresentes e dentre
estes,apenas pequena população está envolvida
em processos patogênicos,além do que,a relação
do parasita versus hospedeiro não é relação
matemática, e sim, depende do estado do
hospedeiro, do ambiente e da carga microbiana
dentre múltiplos fatores.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 24
A castanha que chega ao mercado
internacional passa por verdadeira maratona,
desde o momento da coleta dos ouriços, da
amontoa na floresta, da lavagem nos igarapés,
ao transporte por hidrovias e estradas de chão,
até finalmente ser beneficiada, e de novo ganhar
as estradas e porões de navio e portos
internacionais. Portanto,o tempo passado desde
a coleta ao consumo, sugere, verdadeira
competição entre os vários microorganismos
presentes na castanha, como os que a seguir
descrevemos sem, no entanto, nos determos nos
fungos os quais podem,também,estar presentes.
Conforme o Quadro 1, discriminamos as
bactérias isoladas do ouriço, da amêndoa com
casca e sem casca (MARTINS JUNIOR et al.,
2009).
Quadro 1 - Microorganismos isolados de ouriço e amêndoa com e sem casca da castanha-do-pará oriundas do
estado do Amapá.
Fonte: MARTINS JUNIOR et al. (2009).
Apesar de que as bactérias encontradas
no ouriço,Klebsiella pneumoniaie,Enterobacter
cloacae, Serratia marcescens são ubíquas na
natureza, também têm sido reportadas como
agentes patogênicos em doenças no homem e
animais, principalmente ao adquirirem
resistência a antibióticos comumente
empregados na rotina terapêutica. Relativo ao
Enterococcus durans e Kocuria varians, mesma
forma encontrados no ouriço, não são
reportados na literatura como agentes
envolvidos em processos patológicos, quer seja
do homem ou de animais,ao contrário,postula-
se aqui neste trabalho que estes
microorganismos estejam envolvidos no
processo de maturação do ouriço e da própria
castanha (MARTINS JUNIOR et al., 2009).
As amêndoas com casca apresentaram
microbiota bacteriana distinta da encontrada no
ouriço, ainda que haja microorganismos comuns.
Os organismos encontrados na amêndoa com
25Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
casca, mas não no ouriço foram as bactérias
Lactococcus garviae, Moraxella spp.,
Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e
Citrobacter koseri,dos quais apenas o Lactococcus
garviae não tem sido reportado como patógeno,
contrariamente supõe-se que poderia estar,
também, envolvido em processo de maturação da
amêndoa, como aquele reportado em outros
produtos (NAJJARI et al., 2008).
Outros microorganismos têm sido isolados
de processos patogênicos do homem enfermo e
animais, principalmente aqueles apresentando
debilidade do sistema imunológico e, quando
multirresistentes a antibióticos (MARTINS JUNIOR
et al., 2009).
Das amêndoas descascadas foram isolados
Enterococcus durans, Enterobacter cloacae,
Serratia marcescens, Pseudomonas aeruginosa,
Citrobacter koseri e Achromobacter spp., das
quais, apenas, o Enterococcus durans não está
reportado como patógeno no entanto,
multirresistência a antibióticos foi detectada
nesta espécie em outro estudo, o que poderia
futuramente levar a ocorrência de surtos
epidêmicos com cepas emergentes desta espécie,
visto já ter sido isolada de carcaça de animais
para consumo (VIGNAROLI et al., 2011). Os
outros agentes têm sido relatados como
patogênicos tanto ao homem como aos animais
em condições já previamente descritas
(ALMUZARA et al., 2010; MARTINS JUNIOR et
al., 2009).
Apesar de que, nosso trabalho deu mais
ênfase sobre a microbiota bacteriana, é
interessante ressaltar que, também, isolamos
Aspergillus flavus,Aspergillus niger,Aspergillus
spp. e Candida spp. dos quais o gênero
Aspergillus tem representantes produtores de
aflatoxinas, que dependendo de sua
concentração nas amêndoas, podem levar a
transtornos digestivos e, por efeito cumulativo,
a longo tempo desencadear processos
carcinogênicos tanto no homem como animais
(DINIZ et al., 2009; MARTINS JUNIOR et al.,
2009).
3 FONTES DE CONTAMINAÇÃO
Para que se possa compreender a riqueza
da microbiota da castanha faz-se necessário
conhecer a realidade da floresta amazônica, das
áreas dos castanhais. O clima, nestas áreas, é
bastante úmido podendo atingir 80% de umidade
e temperaturas de até 40o
C e estação chuvosa
abundante (SEGOVIA et al.,2011),condições estas
as quais propiciam o cultivo natural de fungos e
bactérias dentre outros organismos.Soma-se que
os ouriços,ainda,nas árvores,são alvos de ataque
de aves,roedores,prossímios e macacos,os quais
podem deixar inóculos microbianos de fezes,
regurgitações, saliva e mesmo do solo com suas
patas, e também insetos, que contribuem para a
riqueza da microbiota (ALMEIDA et al., 2009).
Os ouriços amadurecidos caem sob a ação
do vento e da chuva, aninhando-se entre a
folhagem em decomposição no solo. A coleta
destes não é imediata, pois durante esta época
muitos se despencam, colocando em perigo
qualquer vertebrado que esteja embaixo das
castanheiras. Desta forma, pelo menos entre 1 a
2 meses os ouriços interagem com a rica biota
da liteira, onde há pouca luminosidade (KANZAKI
et al., 2009).
Após a coleta dos ouriços, estes são de
início amontoados para depois, então, serem
quebrados e as castanhas removidas, juntadas
e posteriormente acondicionadas em sacos ou
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 26
cestas de vegetais secos.Em geral os castanhais
estão distantes dos centros de beneficiamento,
muitas das vezes, o caboclo atravessa enormes
distâncias a pé, seguindo o caminho em cursos
d’água, em canoas a remo ou motorizada e,
finalmente, chegam às estradas empoeiradas.
Durante todo o trajeto as amêndoas são
expostas aos mais variados inóculos,agravando-
se, ainda mais, ao serem lavadas as castanhas e
ensacadas molhadas (KANZAKI et al., 2009;
RIBEIRO et al., 2009).
As instalações físicas onde são
beneficiadas as castanhas estão nos recônditos
da floresta, portanto, ainda, não se pode esperar
tratamento de primeiro mundo ao produto que
deverão alcançar os mercados da Europa, Ásia e
América do Norte.
Embora o ouriço pareça ser
hermeticamente encerrado protegendo as
amêndoas, na realidade possui comunicações
com seu interior, podendo-se dizer que a rica
polpa branca comestível da castanha respira. O
que na verdade postula-se é que
microorganismos já anteriormente citados,
possam metabolizar o rico substrato da amêndoa,
liberando metabólitos secundários envolvidos no
amadurecimento, não só da amêndoa, como do
fruto como um todo, envolvendo desde o ouriço,
contribuindo, também, ao seu amadurecimento.
3.1 ANATOMIA DA CASTANHA E A CONTAMINAÇÃO
Este fato pode ser corroborado ao se
encontrar, ainda, os ouriços verdes na árvore,
distinto daqueles amadurecidos, no solo da
floresta, apresentando seu tecido já bastante
enrijecido.Ao vermos as castanhas,que parecem
hermeticamente isoladas, no entanto, nosso
trabalho demonstra que há passagem do inóculo
microbiano para o interior delas. Tomando em
conta o descrito sobre a coleta e transporte da
castanha até os locais de beneficiamento,é muito
fácil compreender a presença de microorganimos
patogênicos na amêndoa (KANZAKI et al., 2009).
3.2 FORMAS DE CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO MICROBIANA
Obviamente é possível reduzir a carga
microbiana da castanha, mas não eliminá-la
totalmente visto que o processo de coleta e
transporte compõe a cultura do caboclo
amazônida. A lavagem nos igarapés tem por
objetivo selecionar aquelas de boa qualidade,
visto que as castanhas estragadas ou como se
diz no linguajar amazônida, as “chochas”, são
mais leves e flutuam na água, facilitando sua
separação das boas, que são mais densas e
pesadas. Práticas podem ser exercitadas como:
a secagem das amêndoas, a não lavagem em
natureza, diminuir o tempo em que elas são
amontoadas na floresta e, melhoria nos
transportes tanto nas hidrovias como rodovias.
Os locais de beneficiamento,também,podem ser
melhorados quanto às condições de higiene e
modernização dos aparelhos de processamento
da castanha.
Apesar das cooperativas de extrativismo
na Amazônia terem dado forte impulso ao
desenvolvimento socioeconômico local,
protegendo o amazônida coletor, orientando-o,
instruindo-o e fazendo-o conhecer seus direitos
e,também,deveres.Isto ainda é insuficiente,para
superar todos os problemas que cercam a
atividade extrativista, em particular da castanha.
Possivelmente, a maior participação das
entidades governamentais, incluindo o Instituto
27Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais (IBAMA),Instituições Federais de Ensino,
Secretarias de Ciência e Tecnologia, Embrapa e
Organizações Não Governamentais (ONGs) com
propósitos sérios, poderiam colaborar
decisivamente na melhoria das condições tanto
das atividades inerentes do extrativismo da
castanha, como também no manejo e
conservação dos castanhais como proposto
(ALMEIDA et al., 2009).
Por outro lado, o tempo, que os ouriços e
posteriormente as castanhas já amontoados
aguardam para serem quebrados, poderia ser
bastante reduzido, mas para que essas ações
sejam modificadas, torna-se necessária a
interação de órgãos governamentais
especializados na orientação do extrativista.
Prévio ao transporte da castanha, a secagem
poderia ocorrer na própria floresta, apesar de que
a umidade é alta e o alcance dos raios solares é
dificultado pela densidade da mata. Desta forma,
poderiam ser utilizados secadores movidos a
fontes alternativas de energia, gerado pelos
próprios resíduos do beneficiamento da castanha
como cascas e ouriços,como vem sendo discutido
em atual projeto coordenado pela Embrapa/Acre
(comunicação pessoal).
O transporte da castanha nas hidrovias
poderia ser melhorado, utilizando-se sacos
impermeáveis para impedir que os carregamentos
fiquem molhados. Quanto às rodovias por onde
se transportam as castanhas temos como
exemplo, a que comunica Macapá a Laranjal do
Jari, a qual no mapa está asfaltada há muitos
anos, mas na realidade se sabe que jamais estas
estradas de chão, bastante acidentadas e
enlameadas na época das chuvas,tiveram o gosto
de conhecer o sabor do piche e asfalto, portanto
a seriedade na execução de obras públicas em
muito contribuiria para minimizar os problemas
enfrentados,particularmente,pelos castanheiros,
embora se saiba que a corrupção no Brasil é
endêmica e de tempos em tempos atinge
proporções epidêmicas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O semeio de lavados de ouriço e das
amêndoas, com e sem casca, da castanha-do-
pará, em nutrientes que favoreceram o
crescimento e colonização de microroganismos
presentes nas estruturas supracitadas,associada
às informações e observações in loco, na
floresta, nas vias de transporte da castanha, em
igarapés e estradas de chão, permitiu elencar
as distintas fontes de contaminação do produto
sob enfoque,como antes amplamente discutido,
assim como recomendações de melhor
gerenciamento na coleta dos ouriços na floresta,
obtenção das amêndoas após a quebra do
ouriço e transporte, de forma a minimizar os
fatores bióticos e abióticos envolvidos na
contaminação da castanha.
Nossas investigações atuais, embasadas
nos microorganismos isolados e extensão da
pesquisa a outras áreas de castanhais da região
amazônica, breve nos esclarecerá acerca das
interações biológicas entre os diferentes
microorganismos que colonizam o ouriço e a
amêndoa em atividades sinérgicas ou inibitórias
com reflexos na produção de aflatoxina por
fungos contaminantes.
Em vista do exposto, concluímos que a
exportação da castanha-do-pará ou castanha-
do-brasil in natura é enorme desperdício para o
extrativista, além do que a comunidade
científica internacional tem relatado episódios
alérgicos na Europa pelo consumo da castanha
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 28
(GUO et al., 2007; MORENO; CLEMENTE, 2008),
e recentemente reportaram a associação do
desenvolvimento de diabete tipo 2 à alta
ingestão de selênio (STRANGES et al., 2010),
embora naAmazônia, estes efeitos não tenham
sido documentados, ao contrário, postula-se o
efeito protetor do selênio frente a intoxicação
pelo mercúrio utilizado na mineração do ouro
(MELNICK et al., 2010). Os trabalhos de
investigação científica, atualmente, em
execução mostram que agregar valor aos
derivados da castanha é muitíssimo mais
rentáveis que comercializá-la in natura. Da
amêndoa se extrai o óleo, riquíssima fonte de
nutrientes, além de aplicações medicinais e
cosméticas, podendo ser comercializado como
nutracêutico.Do bagaço obtido após a extração
do óleo há muitos produtos que podem ser
gerados, como farinhas de alto teor protéico,
biscoitos,recheios de doce,e para muitos outros
fins culinários. Todos estes derivados são mais
facilmente manipulados quanto a mantê-los
isentos de microorganismos, pelo próprio
processo de elaboração.
Estudos recentes em que participamos
conjuntamente com a Embrapa e Instituições
Federais de Ensino, têm-se buscado aproveitar
os resíduos do processamento da castanha,
como ouriços e cascas, na produção de carvão
vegetal.
É proposta nossa, também, produzir
substratos das cascas para preparo de meio de
cultivo para microorganismos comumente
isolados da castanha.
Há muitas propostas de caráter
biotecnológico que se exitosas, poderiam abrir
um leque de opções econômicas ao amazônida,
permitindo a sustentabilidade em pleno exercício
no coração da floresta.
AGRADECIMENTOS
Ao Banco da Amazônia por financiar a
realização de nossos estudos e pesquisas sobre
o tema da castanha. Dedicamos ao grande
cientista paraense Samuel Almeida, que nos
deixou,e ao Prof.Carlos ErnaniAlexandre da Silva
o qual juntamente com sua companheira Profa
.
Safira Paixão deram os primeiros passos para a
realização deste projeto.
29Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
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31Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
GERMINAÇÃO E EMERGÊNCIA DE MILHO HÍBRIDO SOB DOSES DE ESTERCO BOVINO
Jhansley Ferreira da Mata*
Joseanny Cardoso da Silva Pereira**
Jaíza Francisca Ribeiro Chagas***
Leciany Márcia Vieira****
RESUMO
Objetiva verificar a influência de níveis de adubação de esterco bovino sobre a germinação e
emergência de plantas de milho. Utilizou-se o milho híbrido simples DAS655. O delineamento
experimental empregado foi em blocos casualizados, com seis repetições e oito tratamentos (0, 10,
20, 30, 40, 50, 60 t.ha-1
de adubo orgânico e uma adubação química). As doses acima de 20 t ha-1
favoreceram um melhor desenvolvimento inicial da plântula.Há correlação positiva entre germinação
e velocidade de emergência conforme as doses aplicadas. As doses menores resultaram em uma
menor germinação e consequentemente uma baixa velocidade de emergência.A adubação orgânica
acima de 30 t ha-1
e química foi a que obteve melhor resposta para o crescimento da planta.As doses
de adubação orgânica maiores que 30 t ha-1
podem ser viáveis para a substituição da adubação
química.
Palavras-chave:Adubo Orgânico. Crescimento de plantas.Velocidade de Emergência. Zea mays L.
*
Engenheiro Agrônomo; MSc; Professor da UEMG - Frutal. E-mail: jhansley@agronomo.eng.br.
**
Engenheira Agrônoma; Doutoranda em Agronomia - UFG. E-mail: josycardoso@yahoo.com.br.
***
Engenheira Agrônoma; MSc. em Produção Vegetal - UFT. E-mail: jafra@uft.edu.br.
****
Engenheira Agrônoma; Mestranda em Produção Vegetal - UFT. E-mail: lecianymvieira@hotmail.com.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 32
GERMINATION AND EMERGENCE OF HYBRID CORN UNDER DOSE CATTLE MANURE
ABSTRACT
It was aimed at to verify the influence of levels of manuring of bovine manure on the germination
and emergency of corn plants.The simple hybrid corn was used DAS655.The employed experimental
delineamento was in blocks casualizados, with six repetitions and eight treatments (0, 10, 20, 30, 40,
50, 60 t ha-1
of organic fertilizer and a chemical manuring).The doses above 20 t ha-1
favored a better
initial development of the plantule.There is positive correlation between germination and speed of in
accordance emergency the applied doses. The smaller doses resulted in a smaller germination and
consequently a low emergency speed.The organic manuring above 30 t ha-1
and chemistry is advisable
for the growth of the plant.The larger doses of organic manuring than 30 t ha-1
they can be viable for
the substitution of the chemical manuring.
Keywords: Organic Fertilizer. Plants Growth. Emergency Speed. Zea mays L.
33Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
1 INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays) é uma cultura anual
que tem sido muito utilizada como subsistência
no Brasil. Atualmente o País é um dos maiores
produtores deste grão no mundo, o qual é
produzido em grande escala, embora a produção
não seja suficiente para atender a demanda do
mercado interno.
Na Região Norte o cultivo do milho tem
aumentado com o passar dos anos (IBGE, 2010).
No entanto, a baixa produtividade está ligada
principalmente às variações climáticas, situação
típica do estado doTocantins,onde muitos fatores
afetam o desenvolvimento do milho, como a
adubação nitrogenada, espaçamento, variedade
e temperatura. A associação adequada destes
fatores pode proporcionar rendimentos
favoráveis à cultura.
O desenvolvimento vegetativo inicial do
milho compreende na semeadura, germinação e
emergência. O uso de sementes de alto vigor e
percentual de emergência, plantada com
densidade e profundidade adequada, resultará
em um alto estande de plântulas.
A germinação das sementes é composta
por uma série de eventos morfológicos que
resulta na transformação do embrião em uma
plântula. A qualidade delas implica em uma
melhor produção e qualidade das plantas.
O efeito do nível de nitrogênio no solo,
também, é um fator relevante para a cultura do
milho, pois para obter altas produtividades
precisa-se otimizar as condições de
desenvolvimento das plantas, controlando os
fatores limitantes, como o conteúdo de água
(MASCARENHAS, 2008).
As recomendações de adubação
enfatizam o efeito sobre a produtividade, não
correlacionando com a qualidade das sementes
(TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977). Entretanto, a
produção e qualidade das sementes são
influenciadas pela disponibilidade de nutrientes
do solo, por afetar a formação do embrião e
dos órgãos de reserva, assim como a
composição química e, consequentemente, o
metabolismo e o vigor. (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000).
O esterco bovino é um dos resíduos
orgânicos com maior potencial de uso como
fertilizante, principalmente por pequenos
agricultores. Porém, pouco se conhece a
respeito das quantidades a se empregar, que
permitam a obtenção de rendimentos
satisfatórios na produção e melhoria na
qualidade das sementes (ALVES et al., 2005),
já que vários fatores afetam a qualidade
fisiológica das sementes, dentre eles, o manejo
da adubação.
O manejo eficiente de estercos e de
resíduos orgânicos para a adubação de cultivos
agrícolas requer o conhecimento de dinâmica de
mineralização de nutrientes, visando otimizar a
sincronização da disponibilidade de nutrientes no
solo com a demanda pelas culturas, evitando a
imobilização ou a rápida mineralização de
nutrientes durante os períodos de alta ou baixa
demanda (HANDAYANTO et al., 1997; MYERS et
al., 1994).
Diante disso, objetivou-se com este
trabalho verificar a influência de diferentes níveis
da adubação de esterco bovino sobre a
germinação e emergência na cultura do milho.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 34
Fonte: INMET/UFT.
O experimento foi instalado em 6 de março
de 2009, com o plantio de milho híbrido simples
DAS655,sobre um LatossoloVermelho distrófico,
com as seguintes características: pH CaCl2
: 5,0;
Ca: 2,5 cmolc
dm-3
; Mg: 0,7 cmolc
dm-3
; Al: 0,0
cmolc
dm-3
; Al+H: 3,3 cmolc
dm-3
; P (mmolc
/L):
32,5 mg dm-3
; P (resina): 41,0 mg dm-3
; K: 85,0
mg dm-3
; Cu: 0,7 mg dm-3
; Zn: 5,8 mg dm-3
; Fe:
490,0 mg dm-3
; Mn: 44,6 mg dm-3
; CTC: 6,72 cmolc
dm-3
; V: 50,96 %; M.O: 0,9 %.
O delineamento experimental utilizado foi
em blocos casualizados (DBC), com seis
repetições. Cada um deles composto por oito
tratamentos, sendo os seguintes níveis de
adubação: 0, 10, 20, 30, 40, 50, 60 t/ha-1
de adubo
orgânico (esterco bovino curtido) com as
seguintes características: pH (CaCl2
) - 6,9; Matéria
Orgânica – 7,3% ; Cálcio – 4,0 cmolc
dm-3
;
Magnésio – 2,3 cmolc
dm-3
;Alumínio – 0,0 cmolc
dm-3
; Hidrogênio + Alumínio – 0,4 cmolc
dm-3
;
Potássio – 103,1 mg L-1
; Fósforo – 683,0 mg L-1
,
Sódio – 33,8 mg L-1
e adubação química com 500
kg ha-1
de 4-14-8 + Zn. O tratamento foi
composto por uma linha de dois metros com dez
sementes por metro linear e espaçamento entre
tratamentos de um metro.
Para análise de germinação e velocidade de
crescimento, foi avaliado diariamente, do quarto
ao décimo Dia Após o Plantio (DAP), o número de
plantas emergidas e altura de delas por parcela.
Os dados foram submetidos à análise de
variânciapelotesteTeasmédiasdascaracterísticas
avaliadas submetidas à análise de regressão. Os
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no campo
experimental da Universidade Federal do
Tocantins (UFT) – Campus Universitário de
Gurupi,região sudeste doTocantins,em um clima
úmido com moderada deficiência hídrica,
segundo Köppen, com temperatura média anual
de 29,5º C e precipitação média anual de 1.804
mm como mostrado Gráfico 1.
Gráfico 1 - Precipitação média dos meses de março a maio de 2009 no Campus Universitário de
Gurupi, região sudoeste do Tocantins.
35Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme descrito nas Tabelas 1 e 2 de
ajustes de equações,os níveis de significância dos
valores de F, relativos aos parâmetros associados
às variáveis para a cultura do milho aos dias após
o plantio, foram significativos (0,05 > p < 0,001)
nas diferentes doses de adubação orgânica e para
a adubação química, mostrando o efeito nas
sementes e plântulas de milho. Os valores dos
coeficientes de determinação (R2
) indicam, na
generalidade das adubações,uma boa capacidade
de estimação da variação dos parâmetros das
equações estimadas, relativamente em cada uma
das doses da adubação orgânica e química.
Atendendo à probabilidade do teste F, todas as
equações podem ser usadas para estimar os
parâmetros analisados.
O número de plantas emergidas de milho
em função dos dias após o plantio evidenciou
uma resposta polinomial de segundo grau, para
as diferentes doses de adubação aplicada,
sendo, significativo (0,05 > p  0,001) e com
coeficientes de determinação (R2
> 0,97)
(Gráfico 2).
Comparando as doses aplicadas
inicialmente observa-se que,os maiores números
de plantas emergidas foram obtidos com a
utilização das doses de 30, 40, 50 e 60 t ha-1
. Já
aos 8 DAE os maiores números de plantas
emergidas observados nas doses a partir de 20 t
ha-1
e química (Gráfico 2).
ajustes dos modelos foram realizados com base na
sua significância e o coeficiente de determinação
(R2
), com base nas recomendações de Venegas e
Alvarez (2003). A análise dos resultados foi
submetida à análise regressão utilizando o
programa estatístico Microcal Origin 6.1.
Gráfico 2 - Germinação diária de milho híbrido sob níveis de adubação orgânica e química.
Fonte: dados da pesquisa.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 36
Observando o Gráfico 2,as doses 0,10,20
t ha-1
e adubação química apresentaram,
inicialmente, menor número de plantas
emergidas. No entanto, ao se estabelecer à
emergência, os tratamentos de 20 t ha-1
e químico
obtiveram número de plantas adequado, não se
diferenciando dos demais tratamentos. Já com
relação às doses 0 e 10 t ha-1
, verifica-se menores
emergência entre os tratamentos aos 8 DAE.
Segundo Larson (1964), a baixa compressão do
solo ao redor das sementes que não recebem
adubação orgânica, interfere na germinação e no
desenvolvimento inicial do milho, em virtude da
reduzida taxa de transmissão de água e
nutrientes pela interface solo/semente/raiz.
Os coeficientes lineares (b1
) das equações
ajustadas na Tabela 1 indicam que a variação de
um dia no ciclo de desenvolvimento da cultura
promove um aumento no número de plântulas
de milho emergidas de 9,53; 8,56; 6,79; 4,24;
3,69; 3,92; 2,84; 14,89 para as doses de 0, 10,
20, 30, 40, 50, 60 t ha-1
e química,
respectivamente.
Tabela 1 - Equações de regressão e respectivos coeficientes de determinação, ajustadas a Número de Planta
de milho emergidas em função do tempo de crescimento, quando adubadas em diferentes níveis de
adubação orgânica (0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60 t ha-1
) e adubação química 500 t ha-1
de 4-14-8 + Zn
(Testemunha). Gurupi-TO, safra 2009/2010.
*(0,05 > p  0,01) significativo; **(0,01 > p  0,001) muito significativo.
Fonte: dados da pesquisa.
No número de plântulas emergidas
verifica-se que as menores doses de adubação
orgânica e a mineral apresentaram maiores
incrementos, isto se deve ao atraso inicial na
emergência das plântulas observando-se no
intercepto (b0
) menores valores (Tabela 1),
provavelmente está relacionado ao período de
baixa precipitação após a semeadura, pois
maiores doses de adubação orgânica teriam
condições de reter maior quantidade de água,
favorecendo,assim,um maior número de plantas
emergidas, o que, todavia, não ocorreu.
A água é o fator que mais influencia o
processo de germinação, sendo que, quando as
sementes são embebidas, ocorre a reidratação
dos tecidos e,consequentemente,a intensificação
da respiração e de todas as outras atividades
37Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
metabólicas, que resultam com o fornecimento
de energia e nutrientes necessários para a
retomada de crescimento por parte do eixo
embrionário (INSTITUTO DE PESQUISAS E
ESTUDOS FLORESTAIS, 1998), tendo assim,
condições adequadas para a germinação da
semente e emergência da plântula.
A altura de plantas de milho em função da
adubação evidenciou uma resposta linear
crescente com correlação positiva, sendo, muito
altamente significativo (p < 0,001), constatado
pela semelhança do coeficiente de regressão de
ambas as equações, com elevados coeficientes
de determinação (R2
) (Gráfico 3 e Tabela 2).
Inicialmente a resposta das plantas à
adubação mineral mostrou os menores valores,
porém aos 11 DAP observou-se um maior
incremento (2,4 cm dia-1
), apresentando maior
altura quando comparado aos demais
tratamentos.Isso pode ser explicado pelo estresse
hídrico dias após o plantio (Gráfico 1), o que
desfavoreceu a solubilidade do adubo,deixando-
o indisponível para a planta, resultando assim
em um menor crescimento inicial, corroborando
com Gonçalves Júnior et al.(2010),que ao avaliar
diferentes doses de adubação química em planta
de soja verificaram que os nutrientes,
possivelmente, estavam indisponibilizados para
estas pela falta de umidade no solo.
Gráfico 3 - Altura diária de plantas de milho híbrido sob níveis de adubação orgânica e química.
Fonte: dados da pesquisa.
Após a precipitação, o adubo foi
disponibilizado às plantas, que por sua vez
aumentaram o incremento de crescimento,
constatando-se, assim, maiores alturas quando
comparadas com as aquelas crescidas com
esterco. Segundo Lira et al. (1989) a adubação
orgânica no sulco de plantio favorece um
crescimento inicial de plantas mais acelerado,
reduzindo a suscetibilidade ao estresse hídrico,
dada à capacidade que o adubo tem de
armazenar e manter água no solo.
No Gráfico 3, a partir dos 8 DAE
observaram-se menores alturas de plantas de
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 38
milho nas menores dosagens de adubação
orgânica (0, 10 e 20 t ha-1
). Já para os demais
tratamentos notaram-se maiores valores e
semelhança com a adubação química.
Resultados semelhantes aos encontrados por
Freitas e Sousa (2009), que observaram
menores alturas de plantas de sorgo nas
menores doses de adubação orgânica.
Os coeficientes lineares (b1
) das equações
ajustadas indicam que na variação de um dia no
ciclo de desenvolvimento da cultura tem-se um
acréscimo na altura de planta de milho de 1,74;
1,85; 1,89; 2,08; 2,09; 2,09; 2,21 e 2,40 cm para
asdosesde0,10,20,30,40,50,60tha-1
equímica,
respectivamente (Tabela 2). As maiores doses de
adubação orgânica e a mineral apresentaram
maiores incrementos no crescimento da planta.
Tabela 2 - Equações de regressão e respectivos coeficientes de determinação, ajustadas a Altura da planta de
milho em função do tempo de crescimento, quando adubadas em diferentes níveis de adubação
orgânica (0,10,20,30,40,50 e 60 t ha-1
) e adubação química 500 t ha-1
de 4-14-8 + Zn (Testemunha).
Gurupi-TO, safra 2009/2010.
Fonte: dados da pesquisa.
Nota: ***(p < 0,001) muito altamente significativo.
Analisando a emergência com a velocidade
de crescimento inicial de plântula, nota-se que
ocorreu uma correlação positiva entre os
tratamentos,de forma que as doses 0,10 e 20 t ha-
1
apresentaram menores alturas de plantas em
decorrência do atraso da emergência das plântulas.
4 CONCLUSÃO
As doses acima de 20 t ha-1
e química
contribuíram para um maior número de plantas
de milho emergidas.
Há correlação positiva entre emergência e
velocidade de crescimento inicial das plântulas
de acordo com as doses aplicadas; as doses
menores resultaram em uma menor germinação
e consequentemente uma baixa velocidade de
emergência.
A adubação orgânica acima de 30 t ha-1
foi a que obteve melhor resposta para o
crescimento da planta.
39Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
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41Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
PRODUTIVIDADE DE FORRAGEM E CARACTERÍSTICAS MORFOGÊNICAS E ESTRUTURAIS
DE Axonopus aureus NOS CERRADOS DE RORAIMA
Newton de Lucena Costa*
Vicente Gianluppi**
Anibal de Moraes***
Amaury Burlamaqui Bendahan****
RESUMO
O efeito da idade de rebrota (21, 28, 35, 42, 49, 56, 63 e 70 dias) sobre a produção de forragem
e características morfogênicas e estruturais de Axonopus aureus, durante o período chuvoso,foi avaliado
em condições de campo.O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições.
As avaliações foram realizadas no período de junho a setembro de 2009. O aumento da idade de
rebrota resultou em maiores rendimentos de forragem, taxa absoluta de crescimento, número de
perfilhos/planta,número de folhas/perfilho,tamanho médio de folhas,área foliar e taxas de expansão
e senescência foliar.As relações entre idades de rebrota e o rendimento de matéria seca (MS) e a taxa
absoluta de crescimento da gramínea foram ajustadas ao modelo quadrático de regressão, sendo os
máximos valores registrados aos 63,9 e 48,7 dias de rebrota,respectivamente.As taxas de crescimento
da cultura, taxa de crescimento relativo, taxas de aparecimento de perfilhos e de folhas foram
inversamente proporcionais às idades das plantas.Visando conciliar produtividade de forragem com
a maximização das características morfogênicas e estruturais da gramínea, o período de utilização
mais adequado de suas pastagens situa-se entre 49 e 56 dias de rebrota.
Palavras-chave: Planta-Idade. Planta-Folha. Matéria Seca. Perfilhamento.Taxa de Crescimento.
*
Engenheiro Agrônomo; M.Sc., Embrapa Roraima; Doutorando em Agronomia/Produção Vegetal (UFPR).
E:mail: newton@cpafrr.embrapa.br.
**
Engenheiro Agrônomo; M.Sc., Embrapa Roraima. E-mail: vicente@cpafrr.embrapa.br.
***
Engenheiro Agrônomo; D.Sc., Professor Associado II, UFPR. E-mail: anibalm@ufpr.br.
****
Engenheiro Agrônomo; M.Sc., Embrapa Roraima. E-mail: amaury@cpafrr.embrapa.br.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 42
FORAGE YIELD AND MORPHOGENETICS AND STRUCTURAL CHARACTERISTICS OF
Axonopus aureus IN RORAIMAS´S SAVANNAS
ABSTRACT
The effects of cutting plant age (21, 28,35,42, 49,56, 63 and 70 days) on dry matter (DM) yield,
and morphogenetic and structural characteristics of Axonopus aureus, during rainy season, were
evaluated under natural field conditions.The experimental design was a completely randomized, with
three replications.Evaluations were carried out during the period of June to September of 2009.A DM
yield, absolute growth rate (AGR), number of tillers/plant, number of leafs/plant, leaf area, leaf
senescence and elongation rates and blade length increased consistently with growth stage. The
relations between DM yield andAGR with cutting plants age were described by the quadratic regression
model. The maximum DM yield and forage production rate performance were estimated at 63.9 and
48.7 days of regrowth. The crop growth and relative growth rates, tiller and leaf appearance rates
were inversely proportional to cutting plant age.These data suggest that cutting at 49 to 56 days were
optimal for obtain maximum dry matter yields and improved the grass morphogenetic and structural
characteristics.
Keywords: Dry Matter. Leaves. Plant Age. Plant Growth Rates.Tillering.
43Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.
1 INTRODUÇÃO
Nos cerrados de Roraima, as pastagens
nativas representam a fonte mais econômica para
alimentação dos rebanhos. No entanto, face às
oscilações climáticas, a produção de forragem
durante o ano apresenta flutuações estacionais,
ou seja, abundância no período chuvoso (maio a
setembro) e déficit no período seco (outubro a
abril), o que afeta negativamente os índices de
produtividade animal (GIANLUPPI et al., 2001;
COSTA, 2004). Dentre as diversas gramíneas
forrageiras que compõem as pastagens nativas
dos cerrados de Roraima,Axonopus aureus é uma
das mais importantes, constituindo 30 a 40% da
sua composição botânica.A gramínea apresenta
ciclo perene, hábito de crescimento cespitoso,
plantas com 40 a 60 cm de altura e folhas
levemente pilosas. No entanto, são inexistentes
as pesquisas sobre as suas características
morfogênicas e estruturais,visando à proposição
de práticas de manejo mais sustentáveis.
O estádio de crescimento em que a planta
é colhida afeta de forma direta o rendimento, a
composição química, a capacidade de rebrota e
a sua persistência. Em geral, pastejos menos
frequentes fornecem maiores produções de
forragem, porém, concomitantemente, ocorrem
decréscimos acentuados em sua composição
química, reduções na relação folha/colmo e, em
consequência, menor consumo pelos animais
(CARDOSO et al., 2003; COSTA et al., 2009).
A morfogênese de uma gramínea durante
seu crescimento vegetativo pode ser descrita por
três variáveis: a taxa de aparecimento, a taxa de
alongamento e a duração de vida das folhas, as
quais, apesar de sua natureza genética, são
fortemente influenciadas pelas condições
ambientais (temperatura, luz, água e fertilidade
do solo) e práticas de manejo.As interações entre
estas variáveis determinam as características
estruturais:número de folhas vivas/perfilho (NFV),
tamanho final de folhas (TFF) e densidade de
perfilhos, as quais irão determinar o índice de
área foliar (IAF), ou seja, o aparato utilizado para
a interceptação da radiação solar pelo dossel da
pastagem. O NFV é decorrente da taxa de
aparecimento e a duração de vida das folhas,
sendo determinado geneticamente,enquanto que
a taxa de alongamento foliar condiciona o TFF
(CHAPMAN; LEMAIRE, 1993).
Em condições de baixa disponibilidade de
água no solo,oTFF,a DVF e o perfilhamento são
as variáveis mais afetadas, enquanto que a TAF
seria a última a ser penalizada, considerando-
se a sua importância para a fotossíntese, ponto
inicial para a formação de novos tecidos
(LEMAIRE, 2001). O conhecimento das
características morfogênicas e estruturais
proporciona uma visualização da curva
estacional de produção de forragem e uma
estimativa de sua qualidade (GOMIDE, 1994),
além de permitir a proposição de práticas de
manejo específicas para cada gramínea
forrageira (LEMAIRE, 2001).
Neste trabalho foram avaliados os efeitos
da idade de rebrota sobre a produção de forragem
e características morfogênicas e estruturais de
Axonopus aureus,durante o período chuvoso,nos
cerrados de Roraima.
Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 44
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido no Campo
Experimental da Embrapa Roraima, localizado
em Boa Vista (95 m de altitude, 60o
43’ de
longitude oeste e 2o
45’ de latitude norte),
durante o período de junho a setembro de
2009. O clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é Awi, caracterizado
O solo da área experimental é um Latossolo
Amarelo, textura média, com as seguintes
características químicas, na profundidade de 0-
20 cm: pHH2O
= 4,8; P = 1,8 mg/kg; Ca + Mg =
0,90 cmolc
.dm-3
; K = 0,01 cmolc
.dm-3
; Al = 0,61
cmolc
dm-3
; H+Al = 2,64 cmolc
.dm-3
; SB = 0,91
cmolc
.dm-3
;CTCt = 3,55 cmolc
.dm-3
eV(%) = 25,6.
A área experimental consistiu de uma pastagem
nativa de A. aureus, a qual não foi submetida a
prática de manejo.O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado com três repetições,
sendo os tratamentos constituídos por oito idades
de corte (21, 28, 35, 42, 49, 56, 63 e 70 dias após
o rebaixamento da pastagem a 10 cm de altura
do solo). O tamanho das parcelas de 2,0 x 2,0 m,
sendo a área útil de 1,0 m2
.
Os parâmetros avaliados foram rendimento
de matéria seca (MS), taxa absoluta de
crescimento (TAC), taxa de aparecimento de
por períodos seco e chuvoso bem definido. A
precipitação anual é de 1.600 mm, no entanto,
80% ocorrem no período chuvoso. Os dados
de precipitação e temperatura, durante o
período experimental, foram coletados através
de pluviômetro e termômetro instalados na
área experimental (Tabela 1).
perfilhos (TAP), taxa de crescimento da cultura
(TCC), taxa de crescimento relativo (TCR), número
de perfilhos/planta (NPP), número de folhas/
perfilho (NFP), taxa de aparecimento de folhas
(TAF), taxa de expansão foliar (TEF), taxa de
senescência foliar (TSF), tamanho médio de folhas
(TMF) e área foliar/perfilho (AF). Com exceção
dos rendimentos de MS que foram determinados
em toda a área útil da parcela, para as demais
variáveis as avaliações foram realizadas em
quatro touceiras/parcela, selecionadas em função
de suas alturas (30 ± 5,5 cm) e diâmetros (14 ±
3,5 cm), de modo a representar a variabilidade
da população de plantas em cada parcela. Para
determinação das características morfogênicas
e estruturais foram marcados quatro perfilhos/
touceira, utilizando-se fios coloridos. As
avaliações realizadas a intervalos de três dias,
Tabela 1 - Precipitação e temperaturas mínimas,máximas e médias registradas durante o período experimental.
Boa Vista, Roraima. (jun./set. 2009).
Fonte: Estação Meteorológica da Embrapa Roraima, Boa Vista, Roraima.
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
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Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
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Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
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Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
Disponibilidade de fósforo em solos da Amazônia
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  • 1. AMAZÔNIAAMAZÔNIAAMAZÔNIAAMAZÔNIAAMAZÔNIA CIÊNCIA & DESENVOLVIMENTO ISSN 1809-4058 Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011
  • 2. Amazônia: Ciência & Desenvolvimento / Banco da Amazônia. – v. 6, n. 12 (jan./jun. 2011) – . – Belém: Banco da Amazônia, 2005 – . Semestral. ISSN 1809-4058. 1. DESENVOLVIMENTO REGIONAL – Amazônia – Periódico. I. Banco da Amazônia. II. Título. CDD: 338 CDU: 33(811) (05) REPRODUÇÃO E RESPONSABILIDADE A Revista Amazônia Ciência & Desenvolvimento é um periódico científico semestral e multidisciplinar que tem por finalidade divulgar artigos sobre temas que tratem da economia, sociedade e meio ambiente amazônico. Qualquer parte da publicação pode ser reproduzida,desde que citada a fonte.As opiniões contidas nos artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não expressam,necessariamente,a visão do Banco daAmazônia ou da Comissão de Publicação da Revista. COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO Coordenadores: Luiz Lourenço de Souza Neto e Fernanda Gene Nunes Barros EditoresTécnicos:Fabrício Khoury Rebello,Maria Lúcia Bahia Lopes e Oderle MilhomemAraújo Supervisora: Maria de Fátima da Costa Leão CONSELHO EDITORIAL Ahmad Saeed Khan (UFC),Alfredo Kingo Oyama Homma (EmbrapaAmazônia Oriental),Ana Laura dos Santos Sena (Embrapa Amazônia Oriental),Antônio Carvalho Campos (UFV),Antônio Cordeiro de Santana (UFRA),David Ferreira Carvalho (UFPA), Dulce Helena Martins Costa (Banco daAmazônia),Erly CardosoTeixeira (UFV),FernandoAntônioTeixeira Mendes (CEPLAC), Francisco de Assis Costa (UFPA), Iran Pereira Veiga Júnior (UFPA), João Eustáquio de Lima (UFV), Joaquim José Martins Guilhoto (USP),José JorgeValdez Pizarro (IESAM),Lauro Satoru Itó (UFRA),MarcosAntônio Souza dos Santos (UFRA),Mutsuo Asano Filho (UFRA),RaimundoAderson Lobão de Souza (UFRA),Roberto Ribeiro Corrêa (UFPA). EQUIPE TÉCNICA Normalização:Oderle MilhomemAraújo – CRB2 / 745 Diagramação/Layout: Gerência de Imagem e Comunicação - GICOM Coordenadoria de Comunicação Corporativa - CCOMC Editoração Eletrônica: Manoel de Deus Pereira do Nascimento Arte da 1ª Capa:Paulo do Carmo Pereira e Manoel de Deus Pereira do Nascimento Fotos da 1ª capa:Antonio José Menezes (Sistema de produção e tacacá) e Erika Miyazaki (Culinária do jambu) Apoio:Cristiane MarinaTeixeira Girard (Estagiária) www.bancoamazonia.com.br revistacientifica@bancoamazonia.com.br Correspondências: Biblioteca do Banco daAmazônia Av.PresidenteVargas,800 – 16º andar – Belém-PA.CEP 66.017-901
  • 3. SUMÁRIO Editorial Artigos Ciências Agrárias Disponibilidade de fósforo em solos manejados com e sem queima no Nordeste Paraense Availability of phosphorus in managed soils with or without slash and burn in the Northeast of Pará Elineuza Faria da Silva Trindade; Osvaldo Riohey Kato; Eduardo Jorge Maklouf Carvalho; Ernildo César da Silva Serafim...................................................................................................................... 7 Fontes de contaminação microbiana da castanha-do-pará Source of microbial contamination in the brazilian nut (castanha-do-pará) Paulo de Oliveira Martins Junior; Vespasiano Yoji Kanzaki de Sousa; Amabel Fernandes Correia; Élida Cleyse Gomes da Mata; Luís Isamu Barros Kanzaki................................................................... 21 Germinação e emergência de milho híbrido sob doses de esterco bovino Germination and emergence of hybrid corn under dose cattle manure Jhansley Ferreira da Mata; Joseanny Cardoso da Silva Pereira; Jaíza Francisca Ribeiro Chagas; Leciany Márcia Vieira..................................................................................................................... 31 Produtividade de forragem e características morfogênicas e estruturais de Axonopus aureus nos cerrados de Roraima Forage yield and morphogenetics and structural characteristics of Axonopus aureus in Roraimas´s savannas Newton de Lucena Costa, Vicente Gianluppi, Anibal de Moraes, Amaury Burlamaqui Bendahan.............. 41 Produtividade de mandioca cultivada por agricultores familiares na região dos lagos, município de Tracuateua, estado do Pará Cassava´s productivity by smallholder farmers from lake region at city of Tracuateua, state of Pará Moisés de Souza Modesto Júnior; Raimundo Nonato Brabo Alves; Enilson Solano Albuquerque Silva......... 57 Ciências Humanas A construção de territórios culturais pelas antigas sociedades amazônicas Building cultural territories by old Amazonian societies Marcos Pereira Magalhães.............................................................................................................. 69 Economia Biodiesel e desenvolvimento regional na Amazônia Legal: casos do estado do Tocantins Biodiesel and regional development in the Brazilian Amazônia: cases from Tocantins state Marcus Vinícius Alves Finco; Werner Doppler..................................................................................... 89
  • 4. Estimação dos preços da madeira em pé para as áreas de florestas públicas da região do Marajó, no estado do Pará Estimation of standing timber prices for the public forest areas of Marajó region, state of Pará Antônio Cordeiro de Santana; Marcos Antônio Souza dos Santos; Rafael de Paiva Salomão; Cyntia de Oliveira Meireles..................................................................................................................... 111 Etnocultivo do jambu para abastecimento da cidade de Belém, estado do Pará Jambu etnocultive in the metropolitan area of Belém, Pará state Alfredo Kingo Oyama Homma; Ronaldo da Silva Sanches; Antônio José Elias Amorim de Menezes; Sérgio Antônio Lopes de Gusmão.................................................................................................. 125 Otimização logística para o transporte multimodal de safras agrícolas pelo corredor Centro-Norte: o que pensam as empresas e instituições envolvidas? Logistic optimization for multimodal agricultural products transport by Center- North corridor: what do companies and institutions involved think about it? José Eduardo Holler Branco; José Vicente Caixeta Filho; Augusto Hauber Gameiro; Carlos Eduardo Osório Xavier; Walter Henrique Malachias Paes; Betty Clara Barraza de La Cruz.................................. 143 Planejamento Urbano e Regional As chuvas e as vazões na bacia hidrográfica do rio Acre, Amazônia ocidental: caracterização e implicações socioeconômicas e ambientais Rainfalls and flowrates in Acre river basin, western Amazônia: environmental and socio- economic characterization andimplications Alejandro Fonseca Duarte............................................................................................................. 161 Zootecnia/Recursos Pesqueiros Crescimento de juvenis de tambaqui, Colossoma Macropomum (Cuvier, 1818), em tanques-rede com diferentes densidades populacionais em Ji-Paraná, RO Growth of juvenile tambaqui, Colossoma Macropomum (Cuvier, 1818), in cages with different densities population in Ji-Paraná, RO Valdeir Vieira da Cunha; Antônio dos Santos Júnior........................................................................... 185 Normas editoriais.................................................................................................................... 195
  • 5. 5Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. EDITORIAL A sofisticada e rica gastronomia elaborada nos estados da Amazônia têm ajudado a divulgar uma imagem positiva da Região no Brasil e no mundo. Isso tem favorecido a criação de muitas oportunidades nos mais diversos setores da economia, como no turismo, agropecuária e agroindústria, visando atender demandas crescentes dos residentes, turistas e para a exportação. Neste particular, as experiências dos festivais de culinária, com participação de renomados chefes nacionais e internacionais e da contribuição de muitos anônimos tem sido relevante para criar e promover essa apreciável gastronomia. Os peixes, frutas, ervas, raízes, jambu, tucupi e tantos outros sabores, aromas e iguarias dão o tom para as muitas invenções. Esta 12ª edição da Revista Amazônia: Ciência & Desenvolvimento traz, por sua vez, um interessante estudo apontando aspectos do etnocultivo do jambu, que ilustra nossa capa. Nele, destaca-se o processo de conhecimento gerado pelos produtores dessa hortaliça, análise sobre a biopirataria na Amazônia e as estratégias para combater esse mal, assim como, são apontadas possibilidades para expansão desse mercado.Desta feita,tem-se o esforço da pesquisa para consolidar o conhecimento e indicar caminhos para o desenvolvimento regional. Ao lado do artigo já mencionado, essa edição chega com outras onze pesquisas de igual identidade regional abrangendo questões dos estados do Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. São textos que abarcam um amplo leque de saberes sobre a Amazônia, envolvendo discussões quanto a valoração florestal, produtividade de mandioca e forragens, logística de transporte, manejo de solo, experimento com adubação orgânica, cultura de sociedades amazônicas, contaminação microbiana da castanha-do-pará, piscicultura, biodiesel e vulnerabilidade social a partir das chuvas e enchentes. Boa leitura a todos! Abidias José de Sousa Junior Presidente do Banco daAmazônia
  • 6.
  • 7. 7Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO EM SOLOS MANEJADOS COM E SEM QUEIMA NO NORDESTE PARAENSE1 Elineuza Faria da Silva Trindade* Osvaldo Riohey Kato** Eduardo Jorge Maklouf Carvalho*** Ernildo César da Silva Serafim **** RESUMO Os solos amazônicos são conhecidos por sua baixa fertilidade natural, que além da elevada acidez, apresenta baixos teores de fósforo na forma disponível pelas plantas. O sistema de manejo tradicionalmente utilizado na agricultura familiar da região é o de corte e queima, cujas consequências aceleram a perda de fósforo no solo. Como alternativa a esse tipo de sistema, a tecnologia de corte e trituração da capoeira sem queima vem consolidando espaço nas unidades de produção camponesas objetivando, entre outros possíveis efeitos, o aumento da eficiência do uso do fósforo na agricultura. Com a finalidade de verificar a disponibilidade do fósforo em solo manejado com queima e sem queima entre os anos de 1995 a 2010, conduziu-se um experimento no município de Igarapé-Açu, Pará, sob um Latossolo Amarelo Distrófico textura arenosa. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com três repetições. As coletas de solo realizadas nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm, em cada parcela, e analisadas segundo a metodologia da Embrapa (1997).As médias dos resultados analíticos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. O sistema sem queima apontou para a elevação dos teores de fósforo disponível no solo e forte tendência de estabilização com o passar dos anos, notadamente no tratamento com incorporação da cobertura morta e adição de adubo. Ao contrário, o sistema com queima tendeu a diminuir os teores de fósforo ocasionado pela degradação química do solo e, consequentemente, contribuindo com a insustentabilidade do sistema de produção. Palavras-chave: Manejo do Solo-Amazônia. Agricultura Familiar. Sistema de Corte e Trituração da Capoeira. 1 Resultados da tese da primeira autora em elaboração junto ao Programa de Doutorado em Ciências Agrárias da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)/Embrapa Amazônia Oriental. * Engenheira Agrônoma; Doutoranda em Ciências Agrárias pela UFRA/Embrapa Amazônia Oriental. E-mail: elineuza_trindade@hotmail.com. ** Engenheiro Agrônomo; Dr.; Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. E-mail: okato@cpatu.embrapa.br. *** Engenheiro Agrônomo;Dr.; Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. E-mail: maklouf@cpatu.embrapa.br. **** Engenheiro Agrônomo; Técnico de Gestão Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA/PA). E-mail: ernildoserafim@hotmail.com.
  • 8. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 8 AVAILABILITY OF PHOSPHORUS IN MANAGED SOILSWITH ORWITHOUT SLASHAND BURN IN THE NORTHEAST OF PARA ABSTRACT Amazon soils are known for their low natural fertility, high acidity and low availability of phosphorus contents to plants. The management system which has been traditionally used in small scale family agriculture is slash-and-burn, as a results it accelerates the loss of phosphorus in the soil. More recently, as an alternative to that system, the slash- and-chopped technique used for fallow vegetation, without burning, has been more frequently used by small farmers aiming, among other possible effects, an increase in the use of phosphorus efficiency in agriculture. In order to check the availability of phosphorus in managed soil with and without burning, between 1995 and 2010, an experiment was conducted in the Municipality of Igarapé-Açu, Pará, under Dystrophic Yellow Latosol of sandy texture. The experimental design was random blocks, with three repetitions. The collection was made in the upper 0-10 cm and 10-20 cm of the soil, in each parcel, and was analyzed according to Embrapa’s methodology (1997).The analytical result averages were compared toTukey test at 5%. The non-burning system indicated an increase in phosphorus contents available in the soil and a strong tendency of stabilization throughout the years, especially in treatment with of incorporation of dead cover and nutrient addition in the long term. The slash-and-burn system, on the other hand, tended to decrease phosphorus contents causing a soil degradation, consequently adding to the unsustainability of the production system. Keywords: Soil Management-Amazon. Family Agriculture. Fallow Vegetation Slash-and-Chopped System.
  • 9. 9Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 1 INTRODUÇÃO Os solos brasileiros são conhecidos pela carência em fósforo, devido principalmente ao material de origem e a forte interação deste elemento com o solo (RAIJ, 1991). A pouca mobilidade desse nutriente é resultado da sua adsorção aos colóides de forma não trocável, ou seja,não disponível às plantas,e mesmo na forma trocável a sua liberação ocorre lentamente (TOMÉ JÚNIOR, 1997). Devido a essa característica, o fósforo é considerado como o nutriente mais limitante para produção de biomassa nos solos tropicais (NOVAIS; SMYTH, 1999). Raven (2007) assinala que a fonte da maior parte do fósforo no solo é proveniente do intemperismo das rochas e dos minerais, e provavelmente,é o que mais limita o crescimento vegetal.O fósforo,portanto,é o elemento químico considerado de grande essencialidade para as plantas, sendo componente das moléculas transportadoras de energia, como a ATP, e também dos nucleotídeos do DNA e RNA. Não diferentemente, os solos amazônicos são conhecidos pela sua baixa fertilidade natural, que além da elevada acidez, apresenta baixos teores de fósforo na forma disponível pelas plantas.A necessidade de alimentar a população que cresce de modo exponencial pode com o tempo conduzir à escassez de nutrientes específicos, devido à remoção da cobertura vegetal e o aumento da erosão, acelerando a perda de fósforo no solo. Neste contexto, a agricultura de corte-e- queima pode ser caracterizada como um sistema de uso da terra o qual utiliza o fogo na vegetação natural para o cultivo agrícola, mas que provoca efeitos negativos no solo e no meio ambiente. Essa prática ocorre durante um ou dois anos, seguindo-se um período de pousio. Nessa fase, a vegetação secundária (capoeira) se refaz por meio de rebrotas de tocos, raízes e sementes, principalmente aquelas que sobrevivem à queimada.As taxas de rotação do uso da capoeira exigem períodos de pousio longos, de modo que a nova vegetação recomposta possa contar com diversidade florística, ciclagem de água e nutrientes, acúmulo de carbono e nutrientes na biomassa (TIPPMANN; DENICH; VIELHAUER, 2000; SOMMER, 2004). Dessa forma, Kato, Sá e Figueiredo (2006) sugerem que o período de pousio cada vez mais curto, devido a pressão populacional por alimentos, diminui os efeitos benéficos desse sistema, pois as repetidas queimadas representam uma contínua perda de nutrientes minerais, maior exposição do solo, retirada da serrapilheira e o aumento da mineralização orgânica. Em estudos no Nordeste Paraense, Sommer (2004) estimou uma perda de 21,5 mg de carbono e 372 kg de nitrogênio por hectare, além da perda de 45 a 70% de cátions menos voláteis como o K, Ca e Mg em uma capoeira de sete anos de idade, sendo que a maioria dessas perdas ocorreu com a fumaça durante o processo de queima.O mais preocupante, neste caso, foi a exportação de 63% do estoque de fósforo,o qual corresponde a 11,0 kg ha-1 , por ser limitante para o rendimento das culturas, completa o autor. É oportuno destacar que antes da utilização do solo essa prática constitui-se numa das principais causas do desmatamento naAmazônia, além de ser, também, o foco de queimadas nessa região, contribuindo com a emissão de gases do efeito estufa, fatores que colocam em alerta a continuidade desse modelo. Para conter essas pressões sobre os recursos naturais, a comunidade científica tem se empenhado em buscar alternativas com o sistema de plantio direto na capoeira ou tecnologia de corte-e-trituração da capoeira sem
  • 10. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 10 queima, desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental em parceria com o governo alemão,onde nesse sistema a capoeira é cortada, triturada e espalhada homogeneamente sobre o solo como cobertura morta (KATO et al., 2007). Pesquisas nesse sentido,como os trabalhos de Kato (1998), Gama (2002) e Coelho et al. (2004) no Nordeste do Pará e Serra et al. (2007) no Oeste do Pará, baseados no corte-e-trituração da capoeira como alternativa ao uso do fogo, apontam tendências de aumento da matéria orgânica favorecendo o restabelecimento de níveis desejáveis de fertilidade do solo, notadamente quanto à disponibilidade de fósforo e nitrogênio às plantas, ainda que sejam utilizadas pequenas doses de fertilizantes químicos nos primeiros anos de implantação do sistema. Os resultados de pesquisa de Sommer (2004) demonstram balanço positivo de nutrientes pelo corte e trituração da vegetação por não ocorrer perdas pela queimada, com ganhos de 267 kg ha-1 de N, 8 kg ha-1 de P, 61 kg ha-1 de K, 176 kg ha-1 de Ca, 34 kg ha-1 de Mg e 27 kg ha-1 de S. Esse sistema proporciona, além da recuperação gradual do solo pela oferta de nutrientes e carbono através da reciclagem de nutrientes das camadas profundas para a superfície e fornecimento de matéria orgânica pela deposição da folhagem, melhorias nas propriedades químicas e físicas do solo, oferta de serviços ambientais e flexibilização do calendário agrícola. Diante disso, essa pesquisa tem por objetivo verificar a disponibilidade do fósforo no solo a partir de dois diferentes sistemas de manejo da capoeira, com e sem queima, este baseado na trituração da capoeira, no período de 1995 a 2010, em Igarapé-Açu, Pará. 2 MATERIAL E MÉTODOS A Pesquisa foi realizada na comunidade Cumaru, em área de pequeno produtor, no município de Igarapé-Açu, mesorregião do Nordeste Paraense, entre as coordenadas geográficas de 1° 11’ S e 47° 34’ W, sob um Latossolo Amarelo Distrófico textura arenosa (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 1997). O município de Igarapé-Açu, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2011), possui 7.562 ha ocupados com lavouras temporárias (22,28%) e permanentes (77,72%), respondendo por 2,35% das áreas de lavouras do Nordeste Paraense.Entre as lavouras temporárias destaca-se o cultivo da mandioca com 68,25% da área plantada (1.150 ha). Quanto às permanentes, o cultivo do dendezeiro ocupa 4.200 ha (71,46%) e a pimenta-do-reino 1.060 ha (18,04%). O clima da região é intermediado entreAw/ Am, pela classificação de Köppen, chuvoso, apresentando estação seca de cinco meses, de agosto a dezembro, com temperatura anual variando entre 21 e 32ºC, precipitação de aproximadamente 2.500 mm, umidade relativa do ar de 84% e brilho solar de 192,8 h/mês (BASTOS; PACHECO, 1999). Os estudos foram conduzidos em áreas de pousio da vegetação secundária com idade de quatro anos, onde as parcelas experimentais constaram de 120 m2 (10,0 x 12,0 m) e área total de 5.000 m2 (50,0 X 100,0 m). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial (7x4x2), com três repetições.As parcelas constituídas pelas formas de preparo da terra: Queima da vegetação + adubação química (Q+); Queima da vegetação sem adubação química (Q-); Cobertura com
  • 11. 11Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. vegetação triturada + adubação química (C+); Cobertura com vegetação triturada sem adubação química (C-);Trituração e incorporação da vegetação + adubação química (I+); Trituração e incorporação da vegetação sem adubação química (I-) e Capoeira natural (CAP); quatro épocas de coleta de solo (1995, 1996, 1998 e 2010) e duas profundidades de coleta de solo (0-10 e 10-20 cm). As parcelas foram cultivadas em regime de sequeiro com o arroz (Oryza sativa cv. Xingu) em rotação com o feijão-caupi (Vigna unguiculata cv. BR3-Tracuateua) e a mandioca (Manihot esculenta cv. Pretinha) de acordo com o calendário agrícola da região nos anos de 1995, 1997, 2002, 2004 e 2010. Nas parcelas com fertilizantes foram utilizadas como fonte de NPK a uréia, o superfosfato triplo e o cloreto de potássio, respectivamente,nas doses 50,25 e 25 kg ha-1 para o arroz e 10, 22, 42 kg ha-1 para o feijão-caupi. Para a mandioca não houve adubação específica, sendo considerado o efeito residual do fertilizante aplicado nas culturas do arroz e feijão-caupi. A determinação analítica do parâmetro fósforo disponível foi realizada por meio do espctofotômetro de chama, em conformidade com os procedimentos propostos pela Embrapa (1997). Para isso, foram coletadas três amostras de solo compostas, oriundas de nove amostras simples, na área útil da subparcela em forma de “zig-zag,” utilizando-se trados. Para efeito de análise estatística foi empregado o modelo de análise de variância (ANOVA) com medidas repetidas (LITTELL et al., 2006). Tais análises foram conduzidas com auxílio da planilha Excel, do SAS System e do pacote STATISTICA 5.5.Dada a significância dos efeitos, a ordenação univariada dos valores médios, com representação do respectivo desvio padrão, foi obtida por meio do teste de Tukey a 5% de probabilidade. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados médios da variável fósforo disponível (P2 O5 ) para os diferentes tratamentos dentro de cada ano e os diferentes anos dentro de cada tratamento, por profundidade, estão apresentados na Tabela 1. Observa-se que, de modo geral, houve diferença estatística significativa pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade nos sistemas de manejo, inclusive em relação à testemunha, com melhores resultados naqueles que receberam aplicação de fertilizantes químicos,principalmente na camada de 0-10 cm e com tendência de diminuição do fósforo disponível no decorrer dos anos nas duas profundidades. Uma ressalva se faz para a camada de 10- 20 cm que apresenta valores e diferenças menores para todos os tratamentos e testemunha, tendendo a estabilização. Esta situação pode ser considerada normal, pois naturalmente os teores de nutrientes diminuem com a profundidade do solo. Como esperado, os resultados maiores foram observados nos tratamentos onde houve queima da vegetação independente da adubação, mas a partir de 1998 e, sobretudo em 2010 esses valores diminuem, ficando mais próximos dos demais tratamentos,devido possivelmente à ação dinâmica do solo,com sucessivas alternâncias de preparo de área, cultivo e pousio da vegetação ao longo dos anos e a reduzida capacidade regenerativa da capoeira devida provavelmente à baixa quantidade de nutrientes no solo, como também foi constatado em pesquisa realizada por Zarin et al. (2001).
  • 12. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 12 As duas primeiras coletas de solo (1995 e 1996) tiveram o efeito de, apenas, um plantio, no ano de 1995, bem como na coleta de 1998 que teve efeitos do plantio de 1997. Os desgastes maiores no solo vieram a ser refletidos na última coleta em 2010, tanto pelo efeito cumulativo desde 1995 como pelos plantios (2002, 2004 e 2010) e queimas mais intensas em relação às coletas anteriores. Apesar de todos os tratamentos apresentarem tendência de aumento da quantidade de fósforo disponível para as plantas em relação à testemunha, nos tratamentos onde não foi realizada aplicação de adubo o teor de fósforo variou de 2,33 a 9,33 mg dm-3 , enquanto que nas áreas adubadas a variação foi de 9,0 a 19 mg dm-3 , considerados por Cravo, Viégas e Brasil (2007), para este tipo de solo arenoso, de baixo a médio, em geral. Esta situação é devida às características químicas e mineralógicas do solo,pois de acordo com Brady (1979) e Raij (1991) em regiões de clima tropical, semelhantes ao deste estudo, de pH ácido na faixa de 4 a 5, há predominância de óxidos de ferro, óxidos de alumínio e minerais de argila 1:1, como a caulinita, condicionando a formação de fosfatos de ferro e alumínio que além de não assimiláveis pelas plantas, fazem com que a disponibilização do fósforo, em nível de laboratório, ocorra a baixos teores, o que segundo Malavolta (1979) ocorre devido ao fenômeno da “fixação”. Tabela 1 - Valores médios de fósforo disponível (mg dm-3 ), em diferentes profundidades, comparando os Sistemas com Queima e com Corte e Trituração da Capoeira com uma área de Capoeira Natural, referentes aos anos de 1995, 1996, 1998 e 2010, no município de Igarapé-Açu (PA). Fonte: dados da pesquisa. Nota: médias seguidas de letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%. Comparando,apenas,os tratamentos sem adubação, na camada de 0-10 cm, na área submetida à queima (Q-), observou-se uma tendência de aumento no teor de fósforo para todos os anos, confirmando o efeito imediato das cinzas na disponibilidade deste nutriente no solo, apesar de uma diminuição a partir de 1998.
  • 13. 13Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. Para a cobertura do solo onde o material foi apenas triturado (C-), observa-se tendência de teores de fósforo maiores do que no tratamento com a incorporação (I-), provavelmente devido a mineralização mais lenta dos resíduos orgânicos deixados na superfície do solo pela ação quase que exclusiva do clima, concordando com Kato et al. (1998). Lopes (1989) acrescenta que há um aumento do teor de fósforo disponível no solo devido ao efeito da cobertura morta por esta melhorar as condições de umidade e temperatura. No entanto, quando há uma incorporação em grande quantidade de material orgânico, Rossetto e Tsai (1992) explicam a ocorrência de um aumento no estímulo ao crescimento da população microbiana, havendo uma maior demanda por fósforo que são assimiladas por esses organismos para a formação e desenvolvimento de suas células. Kato (1998) estudando a dinâmica do fósforo no solo no mesmo local desta pesquisa, também observou que nas parcelas onde houve incorporação da biomassa triturada sem adubação ocorreu um decréscimo acentuado nos teores de fósforo disponível em níveis quase indetectáveis na solução do solo. O autor atribuiu esse resultado ao baixo teor do nutriente no solo no início do experimento, a baixa quantidade do mesmo na biomassa da capoeira, a sua baixa mobilidade no solo e a remoção pelas culturas exigentes em fósforo (arroz e caupi) nos primeiros anos de implantação desse sistema. Já na comparação entre os tratamentos onde foi feita a aplicação de adubo, o tratamento Q(+) apresentou os maiores resultados, inclusive em relação a todo o experimento. Todos os tratamentos, também, repetiram a tendência de diminuição no teor do fósforo com o passar dos anos, exceto o I(+), que teve comportamento diferenciado, apesar de estatisticamente ter sido semelhante ao tratamento Q(+) para os anos de 1998 e 2010. É importante lembrar que o preparo de área feito em 2009 influencia diretamente nesse resultado. A queima ocorrida na área mais a adição de fertilizante provocaram a diminuição imediata da acidez e da toxidez do Al (Tabelas 2 e 3) favorecendo uma maior disponibilidade de fósforo no solo. No entanto, mesmo com trituração recente do material vegetal, a adição de adubo provavelmente compensou a imobilização dos nutrientes pelos microorganismos na fase inicial de decomposição da matéria orgânica, como proposto por Oliveira (2002), que somado ao efeito positivo dos manejos ocorridos nos anos anteriores na área deste tratamento refletiu no resultado alcançado pelo mesmo no último ano desta pesquisa (2010). Desta forma, é possível observar que o tratamento (I+) voltou a apresentar o resultado do início das observações (14 mg dm-3 ), apontando para a estabilidade da ação microbiana,mesmo com pouca chuva no período, enquanto no tratamento (Q+) houve queda gradativa do fósforo disponível ao longo dos anos. Este resultado assinala que com a continuidade dessa prática alternativa ao uso do fogo (incorporando a cobertura e adicionando adubo) é possível que haja uma tendência ao aumento do teor desse nutriente no solo, o qual contribuirá com a sustentabilidade do sistema de produção.
  • 14. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 14 Em relação a essa queda acentuada no teor de fósforo em quase todos os tratamentos no ano de 2010, outra possível causa pode estar relacionada ao período de coleta das amostras de solo realizado no mês de outubro, pois o solo encontrava-se muito seco devido à baixa precipitação pluviométrica do período.Neste tipo de situação, esclarece Lopes (1989), a menor umidade e as altas temperaturas tornam o fósforo, praticamente, todo fixado. Nos anos anteriores, as coletas foram realizadas em períodos de maior índice de chuvas na região (janeiro, julho e agosto), favorecendo uma maior umidade do solo e tornando o nutriente mais disponível, refletindo em maiores produtividades, como constatado no trabalho de Coelho et al. (2004), no município de Igarapé-Açu, PA, em solo do tipo Latossolo Amarelo fase arenosa, comparando uma área manejada com queima e outra com corte-e-trituração da capoeira. No caso da testemunha, capoeira natural (CAP), os teores de fósforo podem ser considerados relativamente altos para os três primeiros anos de observação da camada de 0- 10 cm, para as condições dos solos desta região. Isso pode estar relacionado à grande adição de resíduos vegetais na superfície do solo ou mesmo devido a queimadas ocorridas nessa área nos anos que antecederam a implantação do experimento,pois naquele momento a vegetação estava em repouso há quatro anos,e com certeza ainda sofrendo a influência dos manejos anteriores do solo. Porém, após 12 anos, quando a capoeira já se encontrava com um porte bem maior e possivelmente sem resíduos de cultivos anteriores ou de efeito de queimadas, o teor de nutrientes – e portanto de fósforo – no solo foi reduzindo, ainda mais, devido a maior absorção pelas plantas as quais passaram a exigir maiores demandas para a formação de frutos, ou até mesmo por fixação do fósforo, além do que o solo voltou a apresentar as características naturais da região, ou seja, pobres nesse nutriente. Esses resultados coincidem com os verificados por Szott e Palm (1986), trabalhando com vegetação secundária naAmazônia Peruana, onde foi observado um decréscimo acentuado no nível de fertilidade do solo com o passar do tempo de desenvolvimento da vegetação. Resultados semelhantes também foram encontrados por Kleinman et al. (1996) que observaram uma tendência de maior acidez e maiores teores de Al3+ em solos cuja vegetação ficou em pousio por onze anos, em comparação a outra de três anos, afetando negativamente a disponibilidade de fósforo no solo. NasTabelas 2 e 3,encontram-se os valores de pH e alumínio trocável, que apesar de não apresentarem diferenças estatísticas significativas para a maioria dos tratamentos ao longo dos anos, caracterizam esse solo como bastante ácido e de elevado teor de toxidez por alumínio, podendo explicar os baixos níveis nos teores de fósforo disponível na área estudada.
  • 15. 15Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. Tabela 2 - Valores médios de pH em H2 O, em diferentes épocas e profundidades, comparando os Sistemas com Queima e Sem Queima com uma área de Capoeira Natural, no município de Igarapé-Açu-PA. Fonte: dados da pesquisa. Nota: médias seguidas de letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%. Tabela 3 -Valores médios de alumínio trocável (cmolc dm-3 ),em diferentes épocas e profundidades,comparando os Sistemas com Queima e Sem Queima, com uma área de capoeira natural, no município de Igarapé-Açu-PA. Fonte: dados da pesquisa. Nota: médias seguidas de letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%.
  • 16. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 16 Fonte: dados da pesquisa. Em termos de produção e produtividade das culturas,ostrabalhosdeKatoetal.(2007)afirmam que é possível mostrar o benefício da prática de corte-e-trituração da capoeira para as culturas, considerando o uso de fertilizantes como um pré- requisito para se obter uma boa produção em solos de baixa fertilidade, pois o efeito residual do insumo aumenta consideravelmente a produção das culturas. Os pesquisadores verificaram que a produtividade do arroz passou de 2,3 para 3,6 t ha-1 , a do feijão-caupi de 1,5 para 1,8 t ha-1 e a da mandioca de 26,8 para 34,3 t ha-1 , do ano agrícola de 1995/1996 para o ano agrícola de 2002/2003 nas áreas manejadas com trituração da capoeira, enquanto que para os mesmos períodos a produção reduziu ou manteve- se estável nas áreas preparadas com queima. Costa (2008) avaliou o efeito da adubação e da calagem no primeiro ano de cultivo em sistema de corte-e-trituração da capoeira e observou que a adubação contribuiu para o aumento da produtividade, independentemente da calagem, e que a produção cresceu em função da maior dosagem de NPK. No entanto, deve-se observar a resposta biológica da planta de acordo com as quantidades utilizadas de adubo,uma vez que doses superiores à necessidade destas podem O Gráfico 1 ilustra de forma didática a situação de campo durante o período de estudo, ficando bastante nítido o efeito da adubação química, da prática da queima e redução do teor de fósforo ao longo dos anos,entre os diferentes tratamentos e a capoeira natural. Ficou evidente também, nos tratamentos com a cobertura, principalmente com adubação e a capoeira natural, os teores de fósforo em níveis mais equilibrados quando comparados com a queima. Gráfico 1 - Fósforo disponível na profundidade de 0-10 cm comparando os sistemas com queima e sem queima da vegetação secundária, com a área de capoeira natural, em diferentes épocas, no município de Igarapé-Açu- PA.
  • 17. 17Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. tornar-se tóxicas, prejudicando o crescimento e, consequentemente, a produtividade da cultura. Neste trabalho, verifica-se um potencial benefício para a produtividade das culturas a partir da liberação de nutrientes da biomassa após o processo de decomposição, mesmo no caso dos tratamentos com trituração da capoeira sem adição de fertilizantes C(-) e I (-), pois é possível perceber o aumento significativo do fósforo em relação à testemunha (Tabela1).Kato (1998) confirmou o efeito da não adubação no sistema sem queima considerando, apenas, a cobertura sem incorporação do material vegetal, relatando que a produção da cultura do arroz nesse sistema aumentou 70,6% do ano agrícola de 1995/1996 para 1997/1998, enquanto sistema com queima e sem adubação o aumento foi de, apenas, 14,3% para o mesmo período. Os dados de produtividade para esta pesquisa tiveram de ser desconsiderados, mesmo sabendo da sua influência no estoque de nutrientes pelo efeito residual da adubação,devido às perdas ocasionadas por fatores climáticos adversos ocorridos durante o período analisado,escassez ou excesso de chuvas, especialmente para o ano de 2010, período em que houve perda total das culturas do feijão-caupi e do arroz e produtividade insignificante da cultura da mandioca. 4 CONCLUSÕES A partir dos resultados apresentados pode- se concluir que a elevação dos teores de fósforo disponível no solo nas condições de campo da região estudada pode ser conseguida satisfatoriamente a partir do manejo da capoeira natural, através da técnica de corte-e-trituração da biomassa da vegetação. Os melhores resultados obtidos pela queima,principalmenteassociadacomaaplicação de fertilizantes,não implica necessariamente que este tipo de manejo seja a melhor alternativa em relação a não queima, pois o corte-e-trituração da capoeira apontou para uma forte tendência em ser superior e se estabilizar com o passar dos anos,enquanto aquele tende a diminuir os teores de fósforo ocasionado pela degradação química e física do solo. O estoque do nutriente fósforo disponível no solo, considerado de baixo a médio, não atingiu níveis melhores, possivelmente, pela capoeira não ter tido tempo suficiente para a sua recomposição e fornecimento de um maior aporte de massa vegetal para reposição de nutrientes em níveis satisfatórios. Podendo-se, neste caso, lançar mão do enriquecimento da capoeira com espécies leguminosas de ciclo mais curto durante o período de pousio. Além do efeito positivo em longo prazo da incorporação da cobertura morta com adubação na disponibilidade de fósforo no solo, pode-se esperar que haja uma maior vantagem do sistema sem queima a partir da melhoria da qualidade física, umidade e temperatura do solo (dados ainda em análise de laboratório). E como consequência disso, a diminuição das perdas de nutrientes, melhor desenvolvimento e produtividade das plantas e sustentabilidade ambiental. AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA).
  • 18. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 18 REFERÊNCIAS BASTOS, T. X.; PACHECO, N. A. Características agroclimáticas do município de Igarapé-Açu (PA) e suas implicações para as culturas anuais: feijão-caupi,milho,arroz e mandioca.Belém:EmbrapaAmazônia Oriental, 1999. 30 p. (Embrapa Amazônia Oriental. Boletim de Pesquisa, 25). BRADY, H. O. Natureza e propriedades dos solos: compêndio universitário sobre edafologia. 5.ed. Rio de Janeiro, 1979. 647 p. COELHO, R. F. R.; OLIVEIRA,V. C.; CARVALHO, C.J. R.; SÁ,T.D. deA. Fluxo de nitrogênio e fósforo pela deposição de liteira em sistemas de produção agrícola de corte/queima e corte/trituração/manejo de capoeira,naAmazônia oriental. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 5., 2004, Curitiba. Anais ... Colombo: EMBRAPA, 2004. p. 559-561. COSTA,M.C.G.Calagem e adubação no primeiro ano de cultivo em sistema de corte e trituração em Roraima. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2008. 16 p. (Embrapa Roraima. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 1). CRAVO, M. da S.; VIÉGAS, I. de J. M.; BRASIL, E. C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado do Pará. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2007. 262 p. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solos. 2. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 1997. 212 p. GAMA, M. A. P. Dinâmica do fósforo em solo submetido a sistemas de preparo alternativos ao corte e queima no Nordeste Paraense. 2002. 96 f. Tese (Doutorado)- ESALQ, Piracicaba, 2002. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Agrícola Municipal. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>.Acesso em: 7 nov. 2011. KATO, M. do S. A. Fire free land preparation as an atlternative to slash-and-burn agriculture in the Bragantina region: crop performance and Phosphorus dynamics. Göttingen: Cuvillier, 1998. 144 p. ______; KATO, O. R.; PARRY, M. M., DENICH, M.; VLEK, P. L. G. Fire-free alternatives to slash-and-burn for shifting cultivation in the EasternAmazon region:The role of fertilizers. In: SHIFT-WORKSHOP, 3, 1998 Manaus. Abstracts... Manaus: CNPq/EMBRAPA/GmbH, 1998. 260 p. ______; SÁ,T.D. de A.; FIGUEIREDO, R. Plantio direto na capoeira. Ciência e Ambiente, 29:99-111. In: GAMA- RODRIGUES,Antonio Carlos et al.(Ed.). Sistemas agroflorestais: bases científicas para o desenvolvimento sustentável. Campos Goytacazes, RJ: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 2006, 365 p. KATO, O. R.; KATO, M. do S. A.; CARVALHO, C. J. R. de ; FIGUEIREDO, R. de O.; CAMARÃO, A. P.; SÁ, T. D. de A. Plantio direto na capoeira:uma alternativa com base no manejo de recursos naturais.In:WADT,Paulo Guilherme Salvador (Org.). Sistema plantio direto e controle de erosão no Estado do Acre.Rio Branco:Embrapa Acre, 2007. p. 79-111. KLEINMAN,P.J.A.;BRYANT,R.B.;PIMENTEL,D.Assesing ecological sustainability of slash-and-burning agriculture through soil fertility indicators. Agronony Journal, v. 88, p. 122-127, 1996.
  • 19. 19Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. LITTELL, R. C.; MILIKEN, G. A.; STROUP, W. W.; WOLFINGER, R.; SCHABENBERBER, P. D. SAS System for Mixed Models. 2nd Edition. SAS Publishing.. 2006. 840 p. LOPES, A. S. Manual de fertilidade do solo. Trad. e adap. de Alfredo Scheid Lopes. São Paulo: ANDA/ POTAFOS, 1989. 153 p. MALAVOLTA, E. ABC da adubação. São Paulo: Agronômica Ceres, 1979. NOVAIS, F.R.; SMYTH, T.J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Viçosa: UFV, 1999. 399 p. OLIVEIRA, C. D. de S. Percepção de agricultores familiares na adaptação do sistema de cultivo de corte e trituração. 2002. 140 f. Dissertação (Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2002. RAIJ, B.VAN. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Agronômica Ceres, 1991. 343 p. RAVEN, P.H. Biologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830 p. ROSSETTO, R.;TSAI, M. S.Transformações microbianas do fósforo. In: CARDOSO, E. J. B.;TSAI, M. S.; NEVES, M. C. P. Microbiologia do solo. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1992. p. 231-242. SERRA, A. B.; CARVALHO, C. J. R. de; SÁ, T. D. de A.; SOUSA, G. F. de. Estoque de serapilheira e matéria orgânica do solo em sistemas alternativos ao uso do fogo, desenvolvido por agricultores familiares na região Transamazônica E Xingu – Oeste do Pará 2007. Disponível em: <http://www.fvpp.org.br/fotos/programas/estoque.PDF>.Acesso em: 6 mar. 2011. SOMMER,R.Water and nutrient balance in deep soils under shifting cultivation with and without burning in the eastern Amazon. 240 f. PhD (Thesis)-Göttingen, Cuvillier, 2004. SZOTT, L. T.; PALM, C. A. Nutrients stocks in managed and natural humid tropical fallows. Plant and Soil, v. 186, p. 293-309, 1986. TIPPMANN, R.; DENICH, M.; VIELHAUER, K. Integration of geo and remote sensing data for the assessment and monitoring of changes in smallholder land-use systems at farer level.In:GERMAN-BRAZILIANWORKSHOP ON NEOTROPICAL ECOSYSTEMS –ACHIEVEMENTSAND PROSPECTS OF COOPERATIVE RESEACH.Abstracts... Hamburg, 2000. 297 p. TOMÉ JUNIOR, J.B. Manual para interpretação de análise de solo. Guaíba:Agropecuária, 1997. 247 p. ZARIN, D. J.; DUCEY, M.; TUCKER, J. M.; SALAS, W. A. Potential biomass accumulation in Amazonian regrowth forests. Ecosystems, Nova York, v.4, p. 658-668, 2001.
  • 20.
  • 21. 21Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. FONTES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIANA DA CASTANHA-DO-PARÁ Paulo de Oliveira Martins Junior* Vespasiano Yoji Kanzaki de Sousa** Amabel Fernandes Correia*** Élida Cleyse Gomes da Mata**** Luís Isamu Barros Kanzaki***** RESUMO A amêndoa da castanha-do-pará ou castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) é excelente fonte de nutrientes, em especial proteínas e selênio, destacando-se como produto nobre de exportação.As exigências sanitárias do comércio internacional tem imposto prejuízos econômicos aos extrativistas, produtores e atravessadores do produto. Com especial ênfase, por seus efeitos cancerígenos, a aflatoxina, toxina produzida principalmente por Aspergiillus flavus, tem sido nestes últimos anos, investigada com intensidade nas amêndoas da castanha-do-pará e, a detecção desta toxina, tem restringido a exportação deste produto. No entanto, vários procedimentos vêm sendo aplicados no controle da contaminação fúngica dos seus produtos. No bojo dos trabalhos conduzidos para avaliar a contaminação microbiana, detectou-se, também, bactérias de diferentes famílias, permitindo identificar as fontes de contaminação por estes microorganismos e interações que possam ter algum significado biológico até então desconhecidos,tal como o papel dos metabólitos bacterianos no controle sobre os fungos aflatoxigênicos. Palavras-chave: Castanha-do-pará. Bertholletia excelsa. Bactérias. Fungos. Aflatoxina. * Farmacêutico-Bioquímico; Hospital da Universidade de Brasília. E-mail: paulo.olimart@gmail.com. ** Mestrando; Laboratório de Bioprospecção, Universidade de Brasília. E-mail: yksousa@hotmail.com. *** Mestre; LACEN-Distrito Federal, Brasília. E-mail: amabelfernandes@yahoo.com.br. **** Mestre; Laboratório de Bioprospecção, Universidade de Brasília. E-mail: elidamata@unb.br. **** Doutor em Ciências; Professor Titular de Microbiologia; Laboratório de Bioprospecção, Universidade de Brasília. E-mail: kanzaki@unb.br.
  • 22. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 22 SOURCE OF MICROBIAL CONTAMINATION IN THE BRAZILIAN NUT (CASTANHA-DO-PARÁ) ABSTRACT The brazilian nut (Bertholletia excelsa) is an excellent source of nutrients,specially proteins and selenium, remarcably recognized as a noble export product. The sanitary requirements of the international trade community have imposed economic losses to extractivists, producers and jobbers of the brazilian nut.With special emphasis,for their tumorigenic effects,the aflatoxins,toxins produced mainly by Aspergillus flavus, have been these last years, intensely investigated in brazilian nuts, and the detection of this toxin, has restricted the exportation of this product. Anyway, many procedures have been applied to the control of fungic contamination of brazilian nuts products. Besides the research works carried out to evaluate brazilian nut products contamination,we also detected bacteria of different families, allowing us to identify the sources of contamination by these microorganisms and microbial interactions of unknown significance at this moment,likewise the role played by bacterial metabolites on the control of aflatoxigenic fungi. Keywords: Brazilian Nut. Bertholletia Excelsa. Bacteria. Fungi.Aflatoxin.
  • 23. 23Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 1 INTRODUÇÃO As amêndoas da castanha-do-pará ou castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl.: Lecythidaceae) além de seu valor econômico,principalmente ao ser exportada,é rica fontedenutrientes,emespecialdeproteínas,ácidos graxos mono e poliinsaturados e selênio (LEMIRE et al., 2010; PINTO RAMOS; BORA, 2005; STRUNZ et al., 2008).A atividade extrativista envolvida na exploração econômica destas amêndoas tem gerado inúmeros estudos científicos,sobremaneira relacionados a socioeconomia e ecologia (FILOCREÃO,2008;RIBEIROetal.,2009).Avariação do preço deste produto, com e sem casca, no mercado internacional afeta principalmente os atravessadores, que compram das famílias extrativistas na floresta a castanha e as exportam para auferirem lucros maiores. A organização dos extrativistas em cooperativas para a exploração racional da castanha tem, de certo modo, suavizado a exploração do homem da floresta que maior sacrifício despende para coletar os ouriços,quebrá- los e obter grandes quantidades da amêndoa para comercialização, sem antes, ter que atravessar igarapés, rios, cachoeiras e caminhar enormes distâncias na floresta sob as mais adversas condições (KANZAKI, 2009; RIBEIRO et al., 2009). Por outro lado, muito se discute em fóruns nacionais e internacionais a possível extinção dos castanhais (PERES et al., 2003), que na Amazônia, ultrapassando os limites da fronteira brasileira, formam manchas em terras altas,e ao certo,ainda, não há estudos os quais possam realmente elucidar o passado da origem dos castanhais,embora muito se discuta o papel dos nativos ameríndios na disseminação deste frondoso vegetal (ALMEIDA et al., 2009). No entanto, a realidade atual é inquietante,poisohomememseuafãdeenriquecer e acumular bens vem desmatando a floresta amazônica em ritmo acelerado,comprovadamente os castanhais não têm sido poupados.Portanto,de uma forma ou de outra, a Bertholletia excelsa, está ameaçada de extinção,pois todo o ecossistema em que se encontra vem sendo ameaçado: os roedores que enterram os ouriços favorecendo a germinação da semente, os insetos que polinizam as flores da castanheira para geração do fruto, e os nutrientes que permitem seu extraordinário e monumental porte,estãosetornandoescassos(KANZAKI,2009). Por fim, normas de segurança alimentar determinam as concentrações mínimas de aflatoxinas na amêndoa e outros produtos, para que possam ser consumidas no mercado externo e por consequência no próprio País (DINIZ et al., 2009; MARKLINDER et al., 2005; MELLO; CUSSEL, 2007;THUVANDER et al.,2001).Neste momento então, a demanda econômica impulsionou diversos segmentos acadêmicos a esmiuçar todas as possíveis características que permeiam o extrativismo da castanha-do-pará. Em nosso enfoque, estudamos a microbiota bacteriana do ouriço e da amêndoa com casca e sem casca, oriundos de castanheiras do estado do Amapá. 2 MICROBIOTA BACTERIANA DO OURIÇO E AMÊNDOAS DA CASTANHA-DO-PARÁ A presença de microorganismos no ouriço e amêndoas da castanha não necessariamente indica que o produto seja impróprio para o consumo. Micróbios são onipresentes e dentre estes,apenas pequena população está envolvida em processos patogênicos,além do que,a relação do parasita versus hospedeiro não é relação matemática, e sim, depende do estado do hospedeiro, do ambiente e da carga microbiana dentre múltiplos fatores.
  • 24. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 24 A castanha que chega ao mercado internacional passa por verdadeira maratona, desde o momento da coleta dos ouriços, da amontoa na floresta, da lavagem nos igarapés, ao transporte por hidrovias e estradas de chão, até finalmente ser beneficiada, e de novo ganhar as estradas e porões de navio e portos internacionais. Portanto,o tempo passado desde a coleta ao consumo, sugere, verdadeira competição entre os vários microorganismos presentes na castanha, como os que a seguir descrevemos sem, no entanto, nos determos nos fungos os quais podem,também,estar presentes. Conforme o Quadro 1, discriminamos as bactérias isoladas do ouriço, da amêndoa com casca e sem casca (MARTINS JUNIOR et al., 2009). Quadro 1 - Microorganismos isolados de ouriço e amêndoa com e sem casca da castanha-do-pará oriundas do estado do Amapá. Fonte: MARTINS JUNIOR et al. (2009). Apesar de que as bactérias encontradas no ouriço,Klebsiella pneumoniaie,Enterobacter cloacae, Serratia marcescens são ubíquas na natureza, também têm sido reportadas como agentes patogênicos em doenças no homem e animais, principalmente ao adquirirem resistência a antibióticos comumente empregados na rotina terapêutica. Relativo ao Enterococcus durans e Kocuria varians, mesma forma encontrados no ouriço, não são reportados na literatura como agentes envolvidos em processos patológicos, quer seja do homem ou de animais,ao contrário,postula- se aqui neste trabalho que estes microorganismos estejam envolvidos no processo de maturação do ouriço e da própria castanha (MARTINS JUNIOR et al., 2009). As amêndoas com casca apresentaram microbiota bacteriana distinta da encontrada no ouriço, ainda que haja microorganismos comuns. Os organismos encontrados na amêndoa com
  • 25. 25Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. casca, mas não no ouriço foram as bactérias Lactococcus garviae, Moraxella spp., Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Citrobacter koseri,dos quais apenas o Lactococcus garviae não tem sido reportado como patógeno, contrariamente supõe-se que poderia estar, também, envolvido em processo de maturação da amêndoa, como aquele reportado em outros produtos (NAJJARI et al., 2008). Outros microorganismos têm sido isolados de processos patogênicos do homem enfermo e animais, principalmente aqueles apresentando debilidade do sistema imunológico e, quando multirresistentes a antibióticos (MARTINS JUNIOR et al., 2009). Das amêndoas descascadas foram isolados Enterococcus durans, Enterobacter cloacae, Serratia marcescens, Pseudomonas aeruginosa, Citrobacter koseri e Achromobacter spp., das quais, apenas, o Enterococcus durans não está reportado como patógeno no entanto, multirresistência a antibióticos foi detectada nesta espécie em outro estudo, o que poderia futuramente levar a ocorrência de surtos epidêmicos com cepas emergentes desta espécie, visto já ter sido isolada de carcaça de animais para consumo (VIGNAROLI et al., 2011). Os outros agentes têm sido relatados como patogênicos tanto ao homem como aos animais em condições já previamente descritas (ALMUZARA et al., 2010; MARTINS JUNIOR et al., 2009). Apesar de que, nosso trabalho deu mais ênfase sobre a microbiota bacteriana, é interessante ressaltar que, também, isolamos Aspergillus flavus,Aspergillus niger,Aspergillus spp. e Candida spp. dos quais o gênero Aspergillus tem representantes produtores de aflatoxinas, que dependendo de sua concentração nas amêndoas, podem levar a transtornos digestivos e, por efeito cumulativo, a longo tempo desencadear processos carcinogênicos tanto no homem como animais (DINIZ et al., 2009; MARTINS JUNIOR et al., 2009). 3 FONTES DE CONTAMINAÇÃO Para que se possa compreender a riqueza da microbiota da castanha faz-se necessário conhecer a realidade da floresta amazônica, das áreas dos castanhais. O clima, nestas áreas, é bastante úmido podendo atingir 80% de umidade e temperaturas de até 40o C e estação chuvosa abundante (SEGOVIA et al.,2011),condições estas as quais propiciam o cultivo natural de fungos e bactérias dentre outros organismos.Soma-se que os ouriços,ainda,nas árvores,são alvos de ataque de aves,roedores,prossímios e macacos,os quais podem deixar inóculos microbianos de fezes, regurgitações, saliva e mesmo do solo com suas patas, e também insetos, que contribuem para a riqueza da microbiota (ALMEIDA et al., 2009). Os ouriços amadurecidos caem sob a ação do vento e da chuva, aninhando-se entre a folhagem em decomposição no solo. A coleta destes não é imediata, pois durante esta época muitos se despencam, colocando em perigo qualquer vertebrado que esteja embaixo das castanheiras. Desta forma, pelo menos entre 1 a 2 meses os ouriços interagem com a rica biota da liteira, onde há pouca luminosidade (KANZAKI et al., 2009). Após a coleta dos ouriços, estes são de início amontoados para depois, então, serem quebrados e as castanhas removidas, juntadas e posteriormente acondicionadas em sacos ou
  • 26. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 26 cestas de vegetais secos.Em geral os castanhais estão distantes dos centros de beneficiamento, muitas das vezes, o caboclo atravessa enormes distâncias a pé, seguindo o caminho em cursos d’água, em canoas a remo ou motorizada e, finalmente, chegam às estradas empoeiradas. Durante todo o trajeto as amêndoas são expostas aos mais variados inóculos,agravando- se, ainda mais, ao serem lavadas as castanhas e ensacadas molhadas (KANZAKI et al., 2009; RIBEIRO et al., 2009). As instalações físicas onde são beneficiadas as castanhas estão nos recônditos da floresta, portanto, ainda, não se pode esperar tratamento de primeiro mundo ao produto que deverão alcançar os mercados da Europa, Ásia e América do Norte. Embora o ouriço pareça ser hermeticamente encerrado protegendo as amêndoas, na realidade possui comunicações com seu interior, podendo-se dizer que a rica polpa branca comestível da castanha respira. O que na verdade postula-se é que microorganismos já anteriormente citados, possam metabolizar o rico substrato da amêndoa, liberando metabólitos secundários envolvidos no amadurecimento, não só da amêndoa, como do fruto como um todo, envolvendo desde o ouriço, contribuindo, também, ao seu amadurecimento. 3.1 ANATOMIA DA CASTANHA E A CONTAMINAÇÃO Este fato pode ser corroborado ao se encontrar, ainda, os ouriços verdes na árvore, distinto daqueles amadurecidos, no solo da floresta, apresentando seu tecido já bastante enrijecido.Ao vermos as castanhas,que parecem hermeticamente isoladas, no entanto, nosso trabalho demonstra que há passagem do inóculo microbiano para o interior delas. Tomando em conta o descrito sobre a coleta e transporte da castanha até os locais de beneficiamento,é muito fácil compreender a presença de microorganimos patogênicos na amêndoa (KANZAKI et al., 2009). 3.2 FORMAS DE CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO MICROBIANA Obviamente é possível reduzir a carga microbiana da castanha, mas não eliminá-la totalmente visto que o processo de coleta e transporte compõe a cultura do caboclo amazônida. A lavagem nos igarapés tem por objetivo selecionar aquelas de boa qualidade, visto que as castanhas estragadas ou como se diz no linguajar amazônida, as “chochas”, são mais leves e flutuam na água, facilitando sua separação das boas, que são mais densas e pesadas. Práticas podem ser exercitadas como: a secagem das amêndoas, a não lavagem em natureza, diminuir o tempo em que elas são amontoadas na floresta e, melhoria nos transportes tanto nas hidrovias como rodovias. Os locais de beneficiamento,também,podem ser melhorados quanto às condições de higiene e modernização dos aparelhos de processamento da castanha. Apesar das cooperativas de extrativismo na Amazônia terem dado forte impulso ao desenvolvimento socioeconômico local, protegendo o amazônida coletor, orientando-o, instruindo-o e fazendo-o conhecer seus direitos e,também,deveres.Isto ainda é insuficiente,para superar todos os problemas que cercam a atividade extrativista, em particular da castanha. Possivelmente, a maior participação das entidades governamentais, incluindo o Instituto
  • 27. 27Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA),Instituições Federais de Ensino, Secretarias de Ciência e Tecnologia, Embrapa e Organizações Não Governamentais (ONGs) com propósitos sérios, poderiam colaborar decisivamente na melhoria das condições tanto das atividades inerentes do extrativismo da castanha, como também no manejo e conservação dos castanhais como proposto (ALMEIDA et al., 2009). Por outro lado, o tempo, que os ouriços e posteriormente as castanhas já amontoados aguardam para serem quebrados, poderia ser bastante reduzido, mas para que essas ações sejam modificadas, torna-se necessária a interação de órgãos governamentais especializados na orientação do extrativista. Prévio ao transporte da castanha, a secagem poderia ocorrer na própria floresta, apesar de que a umidade é alta e o alcance dos raios solares é dificultado pela densidade da mata. Desta forma, poderiam ser utilizados secadores movidos a fontes alternativas de energia, gerado pelos próprios resíduos do beneficiamento da castanha como cascas e ouriços,como vem sendo discutido em atual projeto coordenado pela Embrapa/Acre (comunicação pessoal). O transporte da castanha nas hidrovias poderia ser melhorado, utilizando-se sacos impermeáveis para impedir que os carregamentos fiquem molhados. Quanto às rodovias por onde se transportam as castanhas temos como exemplo, a que comunica Macapá a Laranjal do Jari, a qual no mapa está asfaltada há muitos anos, mas na realidade se sabe que jamais estas estradas de chão, bastante acidentadas e enlameadas na época das chuvas,tiveram o gosto de conhecer o sabor do piche e asfalto, portanto a seriedade na execução de obras públicas em muito contribuiria para minimizar os problemas enfrentados,particularmente,pelos castanheiros, embora se saiba que a corrupção no Brasil é endêmica e de tempos em tempos atinge proporções epidêmicas. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O semeio de lavados de ouriço e das amêndoas, com e sem casca, da castanha-do- pará, em nutrientes que favoreceram o crescimento e colonização de microroganismos presentes nas estruturas supracitadas,associada às informações e observações in loco, na floresta, nas vias de transporte da castanha, em igarapés e estradas de chão, permitiu elencar as distintas fontes de contaminação do produto sob enfoque,como antes amplamente discutido, assim como recomendações de melhor gerenciamento na coleta dos ouriços na floresta, obtenção das amêndoas após a quebra do ouriço e transporte, de forma a minimizar os fatores bióticos e abióticos envolvidos na contaminação da castanha. Nossas investigações atuais, embasadas nos microorganismos isolados e extensão da pesquisa a outras áreas de castanhais da região amazônica, breve nos esclarecerá acerca das interações biológicas entre os diferentes microorganismos que colonizam o ouriço e a amêndoa em atividades sinérgicas ou inibitórias com reflexos na produção de aflatoxina por fungos contaminantes. Em vista do exposto, concluímos que a exportação da castanha-do-pará ou castanha- do-brasil in natura é enorme desperdício para o extrativista, além do que a comunidade científica internacional tem relatado episódios alérgicos na Europa pelo consumo da castanha
  • 28. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 28 (GUO et al., 2007; MORENO; CLEMENTE, 2008), e recentemente reportaram a associação do desenvolvimento de diabete tipo 2 à alta ingestão de selênio (STRANGES et al., 2010), embora naAmazônia, estes efeitos não tenham sido documentados, ao contrário, postula-se o efeito protetor do selênio frente a intoxicação pelo mercúrio utilizado na mineração do ouro (MELNICK et al., 2010). Os trabalhos de investigação científica, atualmente, em execução mostram que agregar valor aos derivados da castanha é muitíssimo mais rentáveis que comercializá-la in natura. Da amêndoa se extrai o óleo, riquíssima fonte de nutrientes, além de aplicações medicinais e cosméticas, podendo ser comercializado como nutracêutico.Do bagaço obtido após a extração do óleo há muitos produtos que podem ser gerados, como farinhas de alto teor protéico, biscoitos,recheios de doce,e para muitos outros fins culinários. Todos estes derivados são mais facilmente manipulados quanto a mantê-los isentos de microorganismos, pelo próprio processo de elaboração. Estudos recentes em que participamos conjuntamente com a Embrapa e Instituições Federais de Ensino, têm-se buscado aproveitar os resíduos do processamento da castanha, como ouriços e cascas, na produção de carvão vegetal. É proposta nossa, também, produzir substratos das cascas para preparo de meio de cultivo para microorganismos comumente isolados da castanha. Há muitas propostas de caráter biotecnológico que se exitosas, poderiam abrir um leque de opções econômicas ao amazônida, permitindo a sustentabilidade em pleno exercício no coração da floresta. AGRADECIMENTOS Ao Banco da Amazônia por financiar a realização de nossos estudos e pesquisas sobre o tema da castanha. Dedicamos ao grande cientista paraense Samuel Almeida, que nos deixou,e ao Prof.Carlos ErnaniAlexandre da Silva o qual juntamente com sua companheira Profa . Safira Paixão deram os primeiros passos para a realização deste projeto.
  • 29. 29Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. REFERÊNCIAS ALMEIDA, S. S.; SOUSA, D. G.; DO VALE, N. C. História natural, ecologia e técnicas de manejo em castanhais nativos do sul doAmapá.In:KANZAKI,Luis Isamu Barros (Org.). Desenvolvimento sustentável em áreas de extrativismo da castanha-do-brasil no sul do Amapá. Belém: Banco da Amazônia, 2009. p. 11-48. ALMUZARA,M.; LIMANSKY,A.;BALLERINI,V.;GALANTERNIK, L.; FAMIGLIETTI,A.;VAY,C. In vitro susceptibility of achromobacter spp. isolates: comparison of disk diffusion, Etest and agar dilution methods. International Journal of Antimicrobial Agents, Amsterdam, v.35, n.1, p. 68-71, 2010. DINIZ, S. P. S. S.; OLIVEIRA, R. R.; ROMERO, A. Fungos e micotoxinas. In: KANZAKI, Luis Isamu Barros (Org.). Desenvolvimento sustentável em áreas de extrativismo da castanha-do-brasil no sul doAmapá. Belém: Banco da Amazônia, 2009. p. 146-179. FILOCREÃO, A. S. M. A castanha-do-pará no desenvolvimento sustentável da Amazônia. In: SEMINÁRIO INTERNACIONALAMAZÔNIA E FRONTEIRAS DO CONHECIMENTO,2008,Belém.[Anais...] Belém:UFPA,Naea, 2008. GUO,F.;JIN,T.;HOWARD,A.;ZHANG,Y-Z.Purification,crystallization and initial crystallographic characterization of brazil-nut allergen Ber e 2. Acta Crystallographica Section F: Structural Biology and Crystallization Communication, Chester, v. 63, n. 11, p. 976–979, 2007. KANZAKI, L. I. B. (Org.). Desenvolvimento sustentável em áreas de extrativismo da castanha-do- brasil no sul doAmapá:ecologia,socioeconomia,microbiologia e físico-química.Belém:Banco daAmazônia, 2009. LEMIRE, M.; FILLION, M.; BARBOSA, F. JR., GUIMARÃES, J. R.; MERGLER, D. Elevated levels of selenium in the typical diet ofAmazonian riverside populations. The Science of the Total Environment,Amsterdam; New York, v.408, n. 19, p. 4076-4084, 2010. MARKLINDER, I.; LINDBLAD, M.; GIDLUND, A.; OLSEN, M. Consumers’ ability to discriminate aflatoxin- contaminated Brazil nuts. Food Additives and Contaminants, v. 22, n.1, p.56-64, 2005. MARTINS JUNIOR, P. O.; CORREIA,A. F.; KANZAKI, L. I. B. Contaminantes microbianos da castanha-do-pará. In: KANZAKI, Luís Isamu Barros (Org.). Desenvolvimento sustentável em áreas de extrativismo da castanha-do-brasil no sul do Amapá. Belém: Banco da Amazônia, 2009. p. 146-179. MELLO, F. R. de; SCUSSEL, V. M. Characteristics of in-shell Brazil nuts and their relationship to aflatoxin contamination: criteria for sorting. Journal of Agricultural and Food Chemistry,Washington, DC, v. 55, n.22, p.9305-9310, 2007. MELNICK, J. G.;YURKERWICH, K; PARKIN G. On the chalcogenophilicity of mercury: evidence for a strong Hg– Se Bond in [TmBut ]HgSePh and its relevance to the toxicity of mercury. Journal of American Chemical Society, v. 132, n.2, p. 647–655, 2010. MORENO, F, J.;CLEMENTE,A. 2SAlbumin storage proteins: what makes them food allergens? Open Biochem Journal, v. 2, p. 16–28, 2008.
  • 30. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 30 NAJJARI, A.; OUZARI, H.; BOUDABOUS, A.; ZAGOREC, M. Method for reliable isolation of Lactobacillus sakei strains originating fromTunisian seafood and meat products.International Journal of Food Microbiology, Philadelphia, v. 121, n. 3, p. 342-351, 2008. PERES, C. A.; BAIDER, C.; ZUIDEMA, P. A.; WADT, L. H.; KAINER, K. A.; GOMES-SILVA, D. A.; SALOMÃO, R. P.; SIMÕES, L. L.; FRANCIOSI, E. R.; CORNEJO, VALVERDE, F.; GRIBEL, R.; SHEPARD, G. H. JR.; KANASHIRO, M.; COVENTRY, P.;YU, D. W.; WATKINSON, A. R.; FRECKLETON, R. P. Demographic threats to the sustainability of Brazil nut exploitation. Science, New York, v. 302, n. 5653, p. 2112- 2114, 2003. PINTO RAMOS, C. M.; BORA, P. S. Functionality of succinylated Brazil nut (Bertholletia excelsa HBK) kernel globulin. Plant Foods for Human Nutrition, v. 60, n.1, p.1-6, 2005. RIBEIRO,A. C.; FILOCREÃO,A. S. M. ; CAMPOS, I.A socioeconomia da castanha-do-pará no Estado do Amapá. In: KANZAKI, Luis Isamu Barros (Org.). Desenvolvimento sustentável em áreas de extrativismo da castanha-do-brasil no sul do Amapá. Belém: Banco da Amazônia, 2009. p. 49 – 117. SEGOVIA, J. F. O.; OLIVEIRA L O ; GONÇALVES M C A ; RESCK, I. S.; C A M SILVA; SILVEIRA D; GAVRILOV A V; GAVRILOVA L A KANZAKI, L. I. B. Botanical characterization, geographical distribution and phytochemistry analysis of Manilkara huberi (Ducke) Stanhl autochtonous in Amapá State, Brazil. Proceedings of the National Academy of Sciences of Belarus/Series of Biological Sciences, Belarus, v. 2, p. 30-40, 2011. STRANGES,S.;SIERI S.;VINCETI.; M.;GRIONI,S.;GUALLAR, E.;LACLAUSTRA,M.;MUTI,P.;BERRINO,F.;KROGH, V. A prospective study of dietary selenium intake and risk of type 2 diabetes. BMC Public Health, v. 10, p. 564, 2010. STRUNZ, C. C.; OLIVEIRA,T.V.;VINAGRE, J. C.; LIMA, A,; COZZOLINO, S.; MARANHÃO, R. C. Brazil nut ingestion increased plasma selenium but had minimal effects on lipids, apolipoproteins, and high-density lipoprotein function in human subjects. Nutrition Research, v. 28, n. 3, p.151-155, 2008. THUVANDER,A.; MÖLLER,T.; BARBIERI,H. E.; JANSSON,A.; SALOMONSSON,A. C.; OLSEN,M.Dietary intake of some important mycotoxins by the Swedish population. Food Additives and Contaminants, v.18, n.8, p.696-706, 2001. VIGNAROLI, C.; ZANDRI, G.; AQUILANTI, L.; PASQUAROLI, S.; BIAVASCO, F. Multidrug-resistant enterococci in animal meat and faeces and co-transfer of resistance from an Enterococcus durans to a human Enterococcus faecium. Current Microbiology, v. 62, n. 5, p.1438- 1447, 2011.
  • 31. 31Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. GERMINAÇÃO E EMERGÊNCIA DE MILHO HÍBRIDO SOB DOSES DE ESTERCO BOVINO Jhansley Ferreira da Mata* Joseanny Cardoso da Silva Pereira** Jaíza Francisca Ribeiro Chagas*** Leciany Márcia Vieira**** RESUMO Objetiva verificar a influência de níveis de adubação de esterco bovino sobre a germinação e emergência de plantas de milho. Utilizou-se o milho híbrido simples DAS655. O delineamento experimental empregado foi em blocos casualizados, com seis repetições e oito tratamentos (0, 10, 20, 30, 40, 50, 60 t.ha-1 de adubo orgânico e uma adubação química). As doses acima de 20 t ha-1 favoreceram um melhor desenvolvimento inicial da plântula.Há correlação positiva entre germinação e velocidade de emergência conforme as doses aplicadas. As doses menores resultaram em uma menor germinação e consequentemente uma baixa velocidade de emergência.A adubação orgânica acima de 30 t ha-1 e química foi a que obteve melhor resposta para o crescimento da planta.As doses de adubação orgânica maiores que 30 t ha-1 podem ser viáveis para a substituição da adubação química. Palavras-chave:Adubo Orgânico. Crescimento de plantas.Velocidade de Emergência. Zea mays L. * Engenheiro Agrônomo; MSc; Professor da UEMG - Frutal. E-mail: jhansley@agronomo.eng.br. ** Engenheira Agrônoma; Doutoranda em Agronomia - UFG. E-mail: josycardoso@yahoo.com.br. *** Engenheira Agrônoma; MSc. em Produção Vegetal - UFT. E-mail: jafra@uft.edu.br. **** Engenheira Agrônoma; Mestranda em Produção Vegetal - UFT. E-mail: lecianymvieira@hotmail.com.
  • 32. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 32 GERMINATION AND EMERGENCE OF HYBRID CORN UNDER DOSE CATTLE MANURE ABSTRACT It was aimed at to verify the influence of levels of manuring of bovine manure on the germination and emergency of corn plants.The simple hybrid corn was used DAS655.The employed experimental delineamento was in blocks casualizados, with six repetitions and eight treatments (0, 10, 20, 30, 40, 50, 60 t ha-1 of organic fertilizer and a chemical manuring).The doses above 20 t ha-1 favored a better initial development of the plantule.There is positive correlation between germination and speed of in accordance emergency the applied doses. The smaller doses resulted in a smaller germination and consequently a low emergency speed.The organic manuring above 30 t ha-1 and chemistry is advisable for the growth of the plant.The larger doses of organic manuring than 30 t ha-1 they can be viable for the substitution of the chemical manuring. Keywords: Organic Fertilizer. Plants Growth. Emergency Speed. Zea mays L.
  • 33. 33Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 1 INTRODUÇÃO O milho (Zea mays) é uma cultura anual que tem sido muito utilizada como subsistência no Brasil. Atualmente o País é um dos maiores produtores deste grão no mundo, o qual é produzido em grande escala, embora a produção não seja suficiente para atender a demanda do mercado interno. Na Região Norte o cultivo do milho tem aumentado com o passar dos anos (IBGE, 2010). No entanto, a baixa produtividade está ligada principalmente às variações climáticas, situação típica do estado doTocantins,onde muitos fatores afetam o desenvolvimento do milho, como a adubação nitrogenada, espaçamento, variedade e temperatura. A associação adequada destes fatores pode proporcionar rendimentos favoráveis à cultura. O desenvolvimento vegetativo inicial do milho compreende na semeadura, germinação e emergência. O uso de sementes de alto vigor e percentual de emergência, plantada com densidade e profundidade adequada, resultará em um alto estande de plântulas. A germinação das sementes é composta por uma série de eventos morfológicos que resulta na transformação do embrião em uma plântula. A qualidade delas implica em uma melhor produção e qualidade das plantas. O efeito do nível de nitrogênio no solo, também, é um fator relevante para a cultura do milho, pois para obter altas produtividades precisa-se otimizar as condições de desenvolvimento das plantas, controlando os fatores limitantes, como o conteúdo de água (MASCARENHAS, 2008). As recomendações de adubação enfatizam o efeito sobre a produtividade, não correlacionando com a qualidade das sementes (TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977). Entretanto, a produção e qualidade das sementes são influenciadas pela disponibilidade de nutrientes do solo, por afetar a formação do embrião e dos órgãos de reserva, assim como a composição química e, consequentemente, o metabolismo e o vigor. (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). O esterco bovino é um dos resíduos orgânicos com maior potencial de uso como fertilizante, principalmente por pequenos agricultores. Porém, pouco se conhece a respeito das quantidades a se empregar, que permitam a obtenção de rendimentos satisfatórios na produção e melhoria na qualidade das sementes (ALVES et al., 2005), já que vários fatores afetam a qualidade fisiológica das sementes, dentre eles, o manejo da adubação. O manejo eficiente de estercos e de resíduos orgânicos para a adubação de cultivos agrícolas requer o conhecimento de dinâmica de mineralização de nutrientes, visando otimizar a sincronização da disponibilidade de nutrientes no solo com a demanda pelas culturas, evitando a imobilização ou a rápida mineralização de nutrientes durante os períodos de alta ou baixa demanda (HANDAYANTO et al., 1997; MYERS et al., 1994). Diante disso, objetivou-se com este trabalho verificar a influência de diferentes níveis da adubação de esterco bovino sobre a germinação e emergência na cultura do milho.
  • 34. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 34 Fonte: INMET/UFT. O experimento foi instalado em 6 de março de 2009, com o plantio de milho híbrido simples DAS655,sobre um LatossoloVermelho distrófico, com as seguintes características: pH CaCl2 : 5,0; Ca: 2,5 cmolc dm-3 ; Mg: 0,7 cmolc dm-3 ; Al: 0,0 cmolc dm-3 ; Al+H: 3,3 cmolc dm-3 ; P (mmolc /L): 32,5 mg dm-3 ; P (resina): 41,0 mg dm-3 ; K: 85,0 mg dm-3 ; Cu: 0,7 mg dm-3 ; Zn: 5,8 mg dm-3 ; Fe: 490,0 mg dm-3 ; Mn: 44,6 mg dm-3 ; CTC: 6,72 cmolc dm-3 ; V: 50,96 %; M.O: 0,9 %. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados (DBC), com seis repetições. Cada um deles composto por oito tratamentos, sendo os seguintes níveis de adubação: 0, 10, 20, 30, 40, 50, 60 t/ha-1 de adubo orgânico (esterco bovino curtido) com as seguintes características: pH (CaCl2 ) - 6,9; Matéria Orgânica – 7,3% ; Cálcio – 4,0 cmolc dm-3 ; Magnésio – 2,3 cmolc dm-3 ;Alumínio – 0,0 cmolc dm-3 ; Hidrogênio + Alumínio – 0,4 cmolc dm-3 ; Potássio – 103,1 mg L-1 ; Fósforo – 683,0 mg L-1 , Sódio – 33,8 mg L-1 e adubação química com 500 kg ha-1 de 4-14-8 + Zn. O tratamento foi composto por uma linha de dois metros com dez sementes por metro linear e espaçamento entre tratamentos de um metro. Para análise de germinação e velocidade de crescimento, foi avaliado diariamente, do quarto ao décimo Dia Após o Plantio (DAP), o número de plantas emergidas e altura de delas por parcela. Os dados foram submetidos à análise de variânciapelotesteTeasmédiasdascaracterísticas avaliadas submetidas à análise de regressão. Os 2 MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no campo experimental da Universidade Federal do Tocantins (UFT) – Campus Universitário de Gurupi,região sudeste doTocantins,em um clima úmido com moderada deficiência hídrica, segundo Köppen, com temperatura média anual de 29,5º C e precipitação média anual de 1.804 mm como mostrado Gráfico 1. Gráfico 1 - Precipitação média dos meses de março a maio de 2009 no Campus Universitário de Gurupi, região sudoeste do Tocantins.
  • 35. 35Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Conforme descrito nas Tabelas 1 e 2 de ajustes de equações,os níveis de significância dos valores de F, relativos aos parâmetros associados às variáveis para a cultura do milho aos dias após o plantio, foram significativos (0,05 > p < 0,001) nas diferentes doses de adubação orgânica e para a adubação química, mostrando o efeito nas sementes e plântulas de milho. Os valores dos coeficientes de determinação (R2 ) indicam, na generalidade das adubações,uma boa capacidade de estimação da variação dos parâmetros das equações estimadas, relativamente em cada uma das doses da adubação orgânica e química. Atendendo à probabilidade do teste F, todas as equações podem ser usadas para estimar os parâmetros analisados. O número de plantas emergidas de milho em função dos dias após o plantio evidenciou uma resposta polinomial de segundo grau, para as diferentes doses de adubação aplicada, sendo, significativo (0,05 > p  0,001) e com coeficientes de determinação (R2 > 0,97) (Gráfico 2). Comparando as doses aplicadas inicialmente observa-se que,os maiores números de plantas emergidas foram obtidos com a utilização das doses de 30, 40, 50 e 60 t ha-1 . Já aos 8 DAE os maiores números de plantas emergidas observados nas doses a partir de 20 t ha-1 e química (Gráfico 2). ajustes dos modelos foram realizados com base na sua significância e o coeficiente de determinação (R2 ), com base nas recomendações de Venegas e Alvarez (2003). A análise dos resultados foi submetida à análise regressão utilizando o programa estatístico Microcal Origin 6.1. Gráfico 2 - Germinação diária de milho híbrido sob níveis de adubação orgânica e química. Fonte: dados da pesquisa.
  • 36. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 36 Observando o Gráfico 2,as doses 0,10,20 t ha-1 e adubação química apresentaram, inicialmente, menor número de plantas emergidas. No entanto, ao se estabelecer à emergência, os tratamentos de 20 t ha-1 e químico obtiveram número de plantas adequado, não se diferenciando dos demais tratamentos. Já com relação às doses 0 e 10 t ha-1 , verifica-se menores emergência entre os tratamentos aos 8 DAE. Segundo Larson (1964), a baixa compressão do solo ao redor das sementes que não recebem adubação orgânica, interfere na germinação e no desenvolvimento inicial do milho, em virtude da reduzida taxa de transmissão de água e nutrientes pela interface solo/semente/raiz. Os coeficientes lineares (b1 ) das equações ajustadas na Tabela 1 indicam que a variação de um dia no ciclo de desenvolvimento da cultura promove um aumento no número de plântulas de milho emergidas de 9,53; 8,56; 6,79; 4,24; 3,69; 3,92; 2,84; 14,89 para as doses de 0, 10, 20, 30, 40, 50, 60 t ha-1 e química, respectivamente. Tabela 1 - Equações de regressão e respectivos coeficientes de determinação, ajustadas a Número de Planta de milho emergidas em função do tempo de crescimento, quando adubadas em diferentes níveis de adubação orgânica (0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60 t ha-1 ) e adubação química 500 t ha-1 de 4-14-8 + Zn (Testemunha). Gurupi-TO, safra 2009/2010. *(0,05 > p  0,01) significativo; **(0,01 > p  0,001) muito significativo. Fonte: dados da pesquisa. No número de plântulas emergidas verifica-se que as menores doses de adubação orgânica e a mineral apresentaram maiores incrementos, isto se deve ao atraso inicial na emergência das plântulas observando-se no intercepto (b0 ) menores valores (Tabela 1), provavelmente está relacionado ao período de baixa precipitação após a semeadura, pois maiores doses de adubação orgânica teriam condições de reter maior quantidade de água, favorecendo,assim,um maior número de plantas emergidas, o que, todavia, não ocorreu. A água é o fator que mais influencia o processo de germinação, sendo que, quando as sementes são embebidas, ocorre a reidratação dos tecidos e,consequentemente,a intensificação da respiração e de todas as outras atividades
  • 37. 37Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. metabólicas, que resultam com o fornecimento de energia e nutrientes necessários para a retomada de crescimento por parte do eixo embrionário (INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS FLORESTAIS, 1998), tendo assim, condições adequadas para a germinação da semente e emergência da plântula. A altura de plantas de milho em função da adubação evidenciou uma resposta linear crescente com correlação positiva, sendo, muito altamente significativo (p < 0,001), constatado pela semelhança do coeficiente de regressão de ambas as equações, com elevados coeficientes de determinação (R2 ) (Gráfico 3 e Tabela 2). Inicialmente a resposta das plantas à adubação mineral mostrou os menores valores, porém aos 11 DAP observou-se um maior incremento (2,4 cm dia-1 ), apresentando maior altura quando comparado aos demais tratamentos.Isso pode ser explicado pelo estresse hídrico dias após o plantio (Gráfico 1), o que desfavoreceu a solubilidade do adubo,deixando- o indisponível para a planta, resultando assim em um menor crescimento inicial, corroborando com Gonçalves Júnior et al.(2010),que ao avaliar diferentes doses de adubação química em planta de soja verificaram que os nutrientes, possivelmente, estavam indisponibilizados para estas pela falta de umidade no solo. Gráfico 3 - Altura diária de plantas de milho híbrido sob níveis de adubação orgânica e química. Fonte: dados da pesquisa. Após a precipitação, o adubo foi disponibilizado às plantas, que por sua vez aumentaram o incremento de crescimento, constatando-se, assim, maiores alturas quando comparadas com as aquelas crescidas com esterco. Segundo Lira et al. (1989) a adubação orgânica no sulco de plantio favorece um crescimento inicial de plantas mais acelerado, reduzindo a suscetibilidade ao estresse hídrico, dada à capacidade que o adubo tem de armazenar e manter água no solo. No Gráfico 3, a partir dos 8 DAE observaram-se menores alturas de plantas de
  • 38. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 38 milho nas menores dosagens de adubação orgânica (0, 10 e 20 t ha-1 ). Já para os demais tratamentos notaram-se maiores valores e semelhança com a adubação química. Resultados semelhantes aos encontrados por Freitas e Sousa (2009), que observaram menores alturas de plantas de sorgo nas menores doses de adubação orgânica. Os coeficientes lineares (b1 ) das equações ajustadas indicam que na variação de um dia no ciclo de desenvolvimento da cultura tem-se um acréscimo na altura de planta de milho de 1,74; 1,85; 1,89; 2,08; 2,09; 2,09; 2,21 e 2,40 cm para asdosesde0,10,20,30,40,50,60tha-1 equímica, respectivamente (Tabela 2). As maiores doses de adubação orgânica e a mineral apresentaram maiores incrementos no crescimento da planta. Tabela 2 - Equações de regressão e respectivos coeficientes de determinação, ajustadas a Altura da planta de milho em função do tempo de crescimento, quando adubadas em diferentes níveis de adubação orgânica (0,10,20,30,40,50 e 60 t ha-1 ) e adubação química 500 t ha-1 de 4-14-8 + Zn (Testemunha). Gurupi-TO, safra 2009/2010. Fonte: dados da pesquisa. Nota: ***(p < 0,001) muito altamente significativo. Analisando a emergência com a velocidade de crescimento inicial de plântula, nota-se que ocorreu uma correlação positiva entre os tratamentos,de forma que as doses 0,10 e 20 t ha- 1 apresentaram menores alturas de plantas em decorrência do atraso da emergência das plântulas. 4 CONCLUSÃO As doses acima de 20 t ha-1 e química contribuíram para um maior número de plantas de milho emergidas. Há correlação positiva entre emergência e velocidade de crescimento inicial das plântulas de acordo com as doses aplicadas; as doses menores resultaram em uma menor germinação e consequentemente uma baixa velocidade de emergência. A adubação orgânica acima de 30 t ha-1 foi a que obteve melhor resposta para o crescimento da planta.
  • 39. 39Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. REFERÊNCIAS ALVES, E. U.; OLIVEIRA, A. P.; BRUNO, R. L. A.; SADER, R.; ALVES, A. U. Rendimento e qualidade fisiológica de sementes de coentro cultivado com adubação orgânica e mineral. Revista Brasileira de Sementes, Jaboticaba; v. 27, n. 1, p.132-137, 2005. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA,J. Sementes: ciência,tecnologia e produção. 4. ed.Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588 p. FORNASIERI FILHO, D. A cultura do milho. São Paulo: FUNEP, 1992. FREITAS, G.A.; SOUZA, C. R. Desenvolvimento de plântulas de sorgo cultivadas sob elevadas concentrações de adubação orgânica no sulco de plantio. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA, 6.; CONGRESSO LATINO AMERICANO DE AGROECOLOGIA, 2., 2009, Curitiba. Anais..., Brasília, DF:ABA, 2009. p 702-706. GONÇALVES JÚNIOR, A. C.; NACKE, H.; MARENGONI, N. G.; CARVALHO, E. A.; COELHO, G. F. Produtividade e componentes de produção da soja adubada com diferentes doses de fósforo, potássio e zinco. Ciência e agrotecnologia, Lavras, v.34, n.3, maio/jun. 2010. HANDAYANTO, E.; GILLER, K. E.; CADISCH, G. Regulating N release from legume tree prunings by mixing residues of different quality. Soil Bilologi end Biochemistry, Amsterdam, v.29, p.1417-1426, 1997. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE estima safra. Disponível em: < h t p p : / / w w w. i b g e. g o v. b r / h o m e / p r e s i d ê n c i a / n o t i c i a s / n o t i c i a _ v i s u a l i z a . p h p ? i d . Noticia=1605&id_pagina=1&titulo=Em-abril,-IBGE-preve-safra-recorde-para-2010>.Acesso em:10 abr.2010. INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS FLORESTAIS. Fatores externos (ambientais) que influenciam na germinação de sementes. 1998. Disponível em: <http://www.ipef.br/tectecsementes/germinação.asp>. Acesso em: 2 jul. 2010. LARSON, W. E. Soil parameters for evaluating tillage needs and operations. Soil Science American Proceedings, v. 28, p. 118-122, 1964. LIRA, M. de A. et al. Estudos preliminares de resistência à seca em genótipos de sorgo forrageiro (Sorghum bicolor (L.) Moench). Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 18, n. 1, p. 1-12, 1989. MASCARENHAS, A. D. Diferentes espaçamentos e níveis de nitrogênio sobre a germinação de milho pipoca. 2008. Disponível em: <http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/diferentes- espacamentos-e-niveis-de-nitrogenio-sobre-a-germinacao-demilho-pipoca-629830.html> Acesso em: 5 nov. 2008. MENEZES,C.H.S. G.Potencial hídrico induzido por polietilenoglicol-6000 na qualidade fisiológica de sementes de algodão. 2007. 97 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2007. MYERS, R. J. K.; PALM, C.A.; CUEVAS, E.; GUNATILLEKE, I. U. N.; BROSSARD, M.The synchronization of nutrient mineralization and plant nutrient demand.In:WOOMER, P. L.; SWIFT, M.J. The biological management of tropical soil fertility. New York: John Wiley and Sons, 1994. cap. 5, p.81-116.
  • 40. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 40 TOLEDO, F.R.; MARCOS FILHO, J. Manual das sementes: tecnologia da produção. São Paulo: Agronômica Ceres, 1977. 224 p. VENEGAS,V.H.A.;ALVAREZ, G.A.M.Apresentação de equações de regressão e suas interpretações.Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 28, n. 3, p. 28-32, 2003. Disponível em: <http://sbcs.solos.ufv.br/ solos/boletins/28-3%20artigo%20equacoes%20de%2Oregressao.pdf>.Acesso em: 17 jun. 2010.
  • 41. 41Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. PRODUTIVIDADE DE FORRAGEM E CARACTERÍSTICAS MORFOGÊNICAS E ESTRUTURAIS DE Axonopus aureus NOS CERRADOS DE RORAIMA Newton de Lucena Costa* Vicente Gianluppi** Anibal de Moraes*** Amaury Burlamaqui Bendahan**** RESUMO O efeito da idade de rebrota (21, 28, 35, 42, 49, 56, 63 e 70 dias) sobre a produção de forragem e características morfogênicas e estruturais de Axonopus aureus, durante o período chuvoso,foi avaliado em condições de campo.O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições. As avaliações foram realizadas no período de junho a setembro de 2009. O aumento da idade de rebrota resultou em maiores rendimentos de forragem, taxa absoluta de crescimento, número de perfilhos/planta,número de folhas/perfilho,tamanho médio de folhas,área foliar e taxas de expansão e senescência foliar.As relações entre idades de rebrota e o rendimento de matéria seca (MS) e a taxa absoluta de crescimento da gramínea foram ajustadas ao modelo quadrático de regressão, sendo os máximos valores registrados aos 63,9 e 48,7 dias de rebrota,respectivamente.As taxas de crescimento da cultura, taxa de crescimento relativo, taxas de aparecimento de perfilhos e de folhas foram inversamente proporcionais às idades das plantas.Visando conciliar produtividade de forragem com a maximização das características morfogênicas e estruturais da gramínea, o período de utilização mais adequado de suas pastagens situa-se entre 49 e 56 dias de rebrota. Palavras-chave: Planta-Idade. Planta-Folha. Matéria Seca. Perfilhamento.Taxa de Crescimento. * Engenheiro Agrônomo; M.Sc., Embrapa Roraima; Doutorando em Agronomia/Produção Vegetal (UFPR). E:mail: newton@cpafrr.embrapa.br. ** Engenheiro Agrônomo; M.Sc., Embrapa Roraima. E-mail: vicente@cpafrr.embrapa.br. *** Engenheiro Agrônomo; D.Sc., Professor Associado II, UFPR. E-mail: anibalm@ufpr.br. **** Engenheiro Agrônomo; M.Sc., Embrapa Roraima. E-mail: amaury@cpafrr.embrapa.br.
  • 42. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 42 FORAGE YIELD AND MORPHOGENETICS AND STRUCTURAL CHARACTERISTICS OF Axonopus aureus IN RORAIMAS´S SAVANNAS ABSTRACT The effects of cutting plant age (21, 28,35,42, 49,56, 63 and 70 days) on dry matter (DM) yield, and morphogenetic and structural characteristics of Axonopus aureus, during rainy season, were evaluated under natural field conditions.The experimental design was a completely randomized, with three replications.Evaluations were carried out during the period of June to September of 2009.A DM yield, absolute growth rate (AGR), number of tillers/plant, number of leafs/plant, leaf area, leaf senescence and elongation rates and blade length increased consistently with growth stage. The relations between DM yield andAGR with cutting plants age were described by the quadratic regression model. The maximum DM yield and forage production rate performance were estimated at 63.9 and 48.7 days of regrowth. The crop growth and relative growth rates, tiller and leaf appearance rates were inversely proportional to cutting plant age.These data suggest that cutting at 49 to 56 days were optimal for obtain maximum dry matter yields and improved the grass morphogenetic and structural characteristics. Keywords: Dry Matter. Leaves. Plant Age. Plant Growth Rates.Tillering.
  • 43. 43Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 1 INTRODUÇÃO Nos cerrados de Roraima, as pastagens nativas representam a fonte mais econômica para alimentação dos rebanhos. No entanto, face às oscilações climáticas, a produção de forragem durante o ano apresenta flutuações estacionais, ou seja, abundância no período chuvoso (maio a setembro) e déficit no período seco (outubro a abril), o que afeta negativamente os índices de produtividade animal (GIANLUPPI et al., 2001; COSTA, 2004). Dentre as diversas gramíneas forrageiras que compõem as pastagens nativas dos cerrados de Roraima,Axonopus aureus é uma das mais importantes, constituindo 30 a 40% da sua composição botânica.A gramínea apresenta ciclo perene, hábito de crescimento cespitoso, plantas com 40 a 60 cm de altura e folhas levemente pilosas. No entanto, são inexistentes as pesquisas sobre as suas características morfogênicas e estruturais,visando à proposição de práticas de manejo mais sustentáveis. O estádio de crescimento em que a planta é colhida afeta de forma direta o rendimento, a composição química, a capacidade de rebrota e a sua persistência. Em geral, pastejos menos frequentes fornecem maiores produções de forragem, porém, concomitantemente, ocorrem decréscimos acentuados em sua composição química, reduções na relação folha/colmo e, em consequência, menor consumo pelos animais (CARDOSO et al., 2003; COSTA et al., 2009). A morfogênese de uma gramínea durante seu crescimento vegetativo pode ser descrita por três variáveis: a taxa de aparecimento, a taxa de alongamento e a duração de vida das folhas, as quais, apesar de sua natureza genética, são fortemente influenciadas pelas condições ambientais (temperatura, luz, água e fertilidade do solo) e práticas de manejo.As interações entre estas variáveis determinam as características estruturais:número de folhas vivas/perfilho (NFV), tamanho final de folhas (TFF) e densidade de perfilhos, as quais irão determinar o índice de área foliar (IAF), ou seja, o aparato utilizado para a interceptação da radiação solar pelo dossel da pastagem. O NFV é decorrente da taxa de aparecimento e a duração de vida das folhas, sendo determinado geneticamente,enquanto que a taxa de alongamento foliar condiciona o TFF (CHAPMAN; LEMAIRE, 1993). Em condições de baixa disponibilidade de água no solo,oTFF,a DVF e o perfilhamento são as variáveis mais afetadas, enquanto que a TAF seria a última a ser penalizada, considerando- se a sua importância para a fotossíntese, ponto inicial para a formação de novos tecidos (LEMAIRE, 2001). O conhecimento das características morfogênicas e estruturais proporciona uma visualização da curva estacional de produção de forragem e uma estimativa de sua qualidade (GOMIDE, 1994), além de permitir a proposição de práticas de manejo específicas para cada gramínea forrageira (LEMAIRE, 2001). Neste trabalho foram avaliados os efeitos da idade de rebrota sobre a produção de forragem e características morfogênicas e estruturais de Axonopus aureus,durante o período chuvoso,nos cerrados de Roraima.
  • 44. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011. 44 2 MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Roraima, localizado em Boa Vista (95 m de altitude, 60o 43’ de longitude oeste e 2o 45’ de latitude norte), durante o período de junho a setembro de 2009. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é Awi, caracterizado O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura média, com as seguintes características químicas, na profundidade de 0- 20 cm: pHH2O = 4,8; P = 1,8 mg/kg; Ca + Mg = 0,90 cmolc .dm-3 ; K = 0,01 cmolc .dm-3 ; Al = 0,61 cmolc dm-3 ; H+Al = 2,64 cmolc .dm-3 ; SB = 0,91 cmolc .dm-3 ;CTCt = 3,55 cmolc .dm-3 eV(%) = 25,6. A área experimental consistiu de uma pastagem nativa de A. aureus, a qual não foi submetida a prática de manejo.O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições, sendo os tratamentos constituídos por oito idades de corte (21, 28, 35, 42, 49, 56, 63 e 70 dias após o rebaixamento da pastagem a 10 cm de altura do solo). O tamanho das parcelas de 2,0 x 2,0 m, sendo a área útil de 1,0 m2 . Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca (MS), taxa absoluta de crescimento (TAC), taxa de aparecimento de por períodos seco e chuvoso bem definido. A precipitação anual é de 1.600 mm, no entanto, 80% ocorrem no período chuvoso. Os dados de precipitação e temperatura, durante o período experimental, foram coletados através de pluviômetro e termômetro instalados na área experimental (Tabela 1). perfilhos (TAP), taxa de crescimento da cultura (TCC), taxa de crescimento relativo (TCR), número de perfilhos/planta (NPP), número de folhas/ perfilho (NFP), taxa de aparecimento de folhas (TAF), taxa de expansão foliar (TEF), taxa de senescência foliar (TSF), tamanho médio de folhas (TMF) e área foliar/perfilho (AF). Com exceção dos rendimentos de MS que foram determinados em toda a área útil da parcela, para as demais variáveis as avaliações foram realizadas em quatro touceiras/parcela, selecionadas em função de suas alturas (30 ± 5,5 cm) e diâmetros (14 ± 3,5 cm), de modo a representar a variabilidade da população de plantas em cada parcela. Para determinação das características morfogênicas e estruturais foram marcados quatro perfilhos/ touceira, utilizando-se fios coloridos. As avaliações realizadas a intervalos de três dias, Tabela 1 - Precipitação e temperaturas mínimas,máximas e médias registradas durante o período experimental. Boa Vista, Roraima. (jun./set. 2009). Fonte: Estação Meteorológica da Embrapa Roraima, Boa Vista, Roraima.