Este documento justifica a necessidade de incentivar a leitura entre crianças e adolescentes por meio do diálogo entre a cultura literária e a cultura digital. O objetivo é estimular a leitura de 450 alunos por ano por meio de atividades que explorem ambientes virtuais e mídias digitais na mediação da leitura. A metodologia envolve a produção colaborativa de obras multimídia a partir de livros literários.
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Estimular leitura por cultura digital
1.
2. JUSTIFICATIVA
Entendemos que a literatura é uma das mais poderosas ferramentas para a construção de um cidadão crítico, capaz de
transformar sua própria realidade. Hoje nós vivemos um momento no qual o hábito da leitura vem decrescendo (ver
gráfico ao lado). Um problema nacional, problema grave, diante dessa condição tão emancipadora que é a leitura. E por
isso entendemos que existe a urgência no enfrentamento desse problema.
Após 4 anos (2007-2010) atuando com projetos sociais de promoção de cidadania entre adolescentes na periferia de
Palmas –TO, identificamos entre escolas parceiras e famílias participantes destes projeto o desafio de incentivar a leitura
e ampliar a condição de crianças e adolescentes em compreender o mundo a sua volta. Para chegar à estratégia de
enfretamento a este problema que hoje compõe o projeto “E seu fosse o autor?” ampliamos nossa percepção da
realidade de leitura entre alunos da rede pública com idade entre 7 e 17 anos, avaliando pesquisas nacionais e realizando
investigações junto ao público local (Marco Zero de Leitura – ONG Casa da Árvore). Neste exercício percebemos que 56%
dos alunos que leem o fazem por escolha própria, 32% por indicação de amigos e 12% motivados por atividades
escolares. No universo local pesquisado a família não figura como influenciadora de leitura.
A forma que encontramos para vencer essa batalha foi nos apropriar das práticas da cultura digital. Pois é em meio a esse
ecossistema de telas e conexões (sobre dos celulares e redes sem fio) que essas crianças constroem boa parte dos seus
valores da compreensão da sua realidade. Vale destacar ainda que a educação para as mídias, assim como a leitura,
também é uma problema nacional, foco de um esforço dos governos e de entidades internacionais como a Unesco.
Em uma sociedade onde a participação social, o exercício do poder, as relações afetivas e as expressões culturais são cada
vez mais experienciadas no universo da internet e dos dispositivos móveis, é impossível não pensar em uma verdadeira
revolução nos processos de leitura. Da mesma forma, pensar na formação de novos leitores sem que as práticas
desencadeadas nesse objetivo considerem esses novos hábitos e funções da leitura para as gerações atuais é limitar o
poder de transformação pela educação. Sem promover esse diálogo entre a cultura literária e a cultura digital corremos o
risco de vermos uma queda cada vez maior do número de leitores no Brasil. Sem estimular a inovação, veremos as
tecnologias digitais ampliarem as diferenças sociais ao invés de diminuí-las.
Analisando esses dados chegamos aos elementos básicos para o desenvolvimento de uma ação prática de estímulo à
leitura entre crianças e adolescentes: explorar os ambientes virtuais e mídias digitais na mediação de leitura (aproximar
esse ato da função social que ela tem para crianças e adolescentes); estimular processos de autoria multimídia
colaborativa a partir de estímulos literários; estimular a atuação das crianças como influenciadoras de leitura e auxiliar a
escola a desenvolver sua vocação para inovação em cultura digital e incentivo à leitura.
3. OBJETIVOS
O presente projeto tem o objetivo de estimular a leitura entre crianças e
adolescentes matriculadas na rede pública de ensino através do diálogo entre a
cultura literária e a cultura digital. Para isso buscamos oferecer um programa de
atividades complementares à rotina escolar, denominado Laboratório Criativo de
Literatura e Tecnologia, através da ocupação de espaços públicos como
bibliotecas, telecentros e centros culturais. Aliando ações complementares,
como as Reaplicações Escolares e Sessões Literárias, esperamos atender cerca de
450 alunos por ano.
Com atividades dispostas integradas ao calendário escolar e desenvolvidas a
partir de um diálogo com os projetos políticos pedagógicos de redes de ensino e
escolas, esperamos, a cada ciclo semestral, ampliar o índice de leitura
espontânea entre os participantes.
Esperamos ainda estimular a reaplicação desta tecnologia social de incentivo à
leitura por meio da qualificação de professores e gestores públicos e da
produção colaborativa de práticas didáticas inovadoras a partir da experiência
em cultura digital de professores e alunos.
Desenvolver e compartilhar, sob licença de livre uso e adaptação, conteúdos
didáticos como sequências didáticas, projetos de aprendizagem, aulas criativas e
objetos de aprendizagem que busquem ressiginificar o ato da leitura entre
crianças e adolescentes, aplicáveis em ambiente escolar e que integrem
propósitos didáticos e comunicativos (contexto sociocultural dos alunos).
leitura é transformação social
4. METODOLOGIA
Não propomos um conjunto de cursos ou um pacote de medidas, mas sim uma estratégia de enfrentamento ao problema da
crise de leitura e da superficialidade da educação para as mídias em ambiente escolar. As práticas pedagógicas são criadas com
a participação dos alunos, no Laboratório Criativo de Literatura e Tecnologia. Durante um semestre letivo são formadas turmas
de até 20 alunos, que participam de três encontros semanais. O desafio é produzir obras multimídia (livros digitais, vídeos e
novelas gráficas) a partir da adaptação de livros literários. Dinâmicas de leitura integram páginas impressas e telas de
computadores, tablets e celulares, explorando a interpretação e a participação criativa, ampliadas com uso de pesquisa digital
sobre o autor e o contexto da obra.
ara aproximar a experiência de leitura da função social que os jovens atribuem a este hábito, desencadeamos processos de
autoria colaborativa que começa na adaptação da obra, recriando histórias, personagens ou enredo. O texto se transforma em
uma nova linguagem, quando são explorados recursos e ampliadas habilidades tecnológicas dos participantes. Após este
processo cada aluno passa a ter uma obra própria, que são compartilhadas nas redes sociais, valorizando sua atuação como
influenciador de leitura e o engajamento em temas e reflexões sociais.
Das experiências vivenciadas com os alunos no Laboratório Criativo de Literatura e Tecnologia vem a inspiração para a atuação
com professores. Os planos de aulas e os resultados do Lab Criativo são apresentados para os educadores como um caminho
para ressignificar a relação dos jovens com a escola. Desenvolvemos então um programa de formação continuada.
Primeiramente identificamos, em uma formação imersiva, as habilidades e interesses dos professores, ampliando estas
habilidades a partir da recriação dos seus planos de aula e das orientações dos projetos políticos pedagógicos de suas escolas.
Damos continuidade a esta qualificação realizando atendimentos pessoais dentro da escola, ampliando da formação do
professor sob demanda e estimulando autoria de recursos didáticos. Vamos com o professor até a sala de aula, auxiliando suas
primeiras experiências na reaplicação desta tecnologia social. São nestas aplicações que ampliamos e qualificamos políticas
públicas e programas de melhoria na educação pública como o Mais Educação, Escola Aberta e o ProInfo e o Pacto pela
Alfabetização na Idade Certa. Com estas estratégias vamos estimulando as redes de ensino a construírem suas próprias
soluções para incentivar a leitura e educar para as mídias digitais, ampliando a capacidade de transformação social do projeto
sem um investimento financeiro significativo.
5. Não se lembra
A Cabana
Não Pergunte a Alice
O diário de um banana
Os Demonios
Os Invisíveis
Fazendo meu filme I
Fazendo meu filme II
Fazendo meu filme III
A culpa é das estrelas
O Mensageiro
O amanhecer
Procurando Assombrações
A droga de um amor
Meu primeiro amor
Um copo de veneno
Intermitencias da Morte
A Gaiola
Estúdio de Dança
Os detetives da viela voltaire
O menino maluquinho
Quem disse que eu não quero crescer?
Uma ameaça de morte
Cinco hist[orias de cinco continentes
O livro do rex
Sete Cachorros Amarelos
Pra cama hoje não!
A morte do conde
Drácula
Olhos famintos
0 2 4 6 8 10 12 14
Títulos dos livros citados
Avaliação
O principal indicador adotado para avaliar os resultados é a frequência de leitura
literária dos alunos. Para isso aplicamos no início de cada ciclo do Lab Criativo o
Marco Zero de Leitura, um questionário realizado de maneira orientada a todos os
participantes da atividade. Ao longo da atividade utilizamos uma Ficha Individual de
leitura para acompanhar a evolução. Desta forma identificamos características do
hábito de leitura do aluno, suas principais motivações, a quantidade de livros
literários lidos no último trimestre e características a apropriação que o aluno teve
destas leituras. Comparando as médias históricas do último ano temos uma evolução
significativa nesse indicador (gráfico ao lado).
Tão importantes como o aumento da frequência de leitura espontânea são as
transformações sutis na relação dos participantes com a leitura, a literatura, as
linguagens multimídias e sua visão sobre seu itinerário de aprendizagem. Através de
práticas de auto-avaliação, análise de conteúdos e comportamentais. Com estes
instrumentos percebemos o reconhecem por parte dos alunos das suas dificuldades
suas motivações para enfrentar esse problema. Já no que se refere às habilidades
tecnológicas é possível perceber transformações que geram um empoderamento, o
protagonismo e de autonomia dessas crianças. Como declara os pequenos Carlos
Eduardo (12 anos) e Ana Luiza (13 anos).
FREQUÊNCIA LITERÁRIA: Antes do Lab Criativo Depois do Lab Criativo
Obras indicadas nas Fichas Individuais de Leitura
6. Se por um lado os resultados demonstrados acima provam a eficiência das indicações metodológicas e estratégias didáticas propostas pelo
projeto, os resultados abaixo comprovam que a proposta de articulação com as políticas públicas, o desenvolvimento a partir da concepção de
tecnologia social e o esforço por sistematizar e compartilhar as aprendizagens construídas são caminhos possíveis para a atuação em larga
escala.
Na execução em curso, junto à rede pública de Senador Canedo-GO, o programa de formação de professor do
“E se eu fosse o autor?” foi incorporado como política pública, por meio da incorporação da iniciativa no
Projeto Político Pedagógico da rede. Somente durante o ano de 2014 estimulamos a produção, publicação e
compartilhamento de quase 30 sequências didáticas, desenvolvidas pela equipe do projeto ou pelos
professores atendidos pelas atividades formativas. Para além dos números, percebemos através de
depoimentos espontâneos destes educadores transformações sutis, na sua relação com a docência, a leitura e
as novas tecnologias.
Prêmios e certificações recebidas
2010/2011
Palmas-TO
120 alunos atendidos
R$ 70 mil investidos
2011/2013
Palmas, Recife, Fortaleza,
Porto Velho, Goiânia
84 professores atendidos
R$ 00 mil investidos
2014
Senador Canedo - GO
658 alunos e professores atendidos
R$ 180 mil investidos