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Cohen JJ (1996). Monster culture (seven theses). In: Cohen JJ (ed.), Monster
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●
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órgãos, e economia zumbi todas representam imaginários dos riscos à
integridade corporal que são inerentes a uma sociedade na qual a
sobrevivência individual requer que vendamos nossas energias vitais às
pessoas no mercado”.
●
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burguesa.
MacNally D (2011). Monsters of the Market: Zombies, Vampires and Global
Capitalism. Leiden: Brill
O monstruoso do capital
●
Como figura do indeterminado, os monstros do capital operam dos dois
lados da ansiedade cultural – como perpetradores e como vítimas.
●
Como perpetradores, temos os monstros que capturam e dissecam corpos
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cadáveres)
●
●
Como vítimas, temos aquelas criaturas desfiguradas, transformadas na
vida nua, como coleções impensadas e carne, sangue, músculos e tecidos.
MacNally D (2011). Monsters of the Market: Zombies, Vampires and Global
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Frankensteineasansiedadesdotrabalhomorto
●
Publicado inicialmente em 1818; normalmente se considera a edição de
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●
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que procuravam os corpos dos enforcados eram parte de uma conspiração
geral para degradar e oprimir os pobres tanto na vida quanto na morte
●
Com a acumulação de capital na Inglaterra (cercamentos e caça às
bruxas), milhões de pessoas passam a necessitar vender suas
capacidades corporais ao mercado de trabalho
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Ao buscar uma forma de descrever os horrores do capitalismo, Marx utiliza o discurso emergente
da monstruosidade
●
O trabalho abstrato é também uma abstração (i.e. separação) real; para os trabalhadores, a força
de trabalho não é mais uma força vital, uma energia criativa fundamental, mas uma mercadoria,
uma coisa separável que pode ser vendida a qualquer um.
●
“Como unidades idênticas e intercambiáveis de força de trabalho homogênea, as habilidades e
corpos dos trabalhadores são dissecados, fragmentados, cortados em pedaços separáveis
sujeitos à direção de uma força estrangeira, representada por uma legião de supervisores, e
embutidos em ritmos e processos de trabalho que são cada vez mais ditados por programas e
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MacNally D (2011). Monsters of the Market: Zombies, Vampires and Global
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Ozumbicomomonstro
contemporâneo
●
O zumbi transgride a barreira entre
ser e não-ser, presença e ausência;
definidos pela perda de auto-
identidade e capacidade volitiva
●
Peter Dendle: o zumbi serve para
articular ansiedades sobre a
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políticos, o crescimento da
sociedade de consumo, e a
mercantilização do corpo implícita
na biomedicina contemporânea
●
Em “A Noite dos Mortos Vivos” (1968), os
zumbis são essencialmente americanos de
classe média; chama a atenção a estética do
espaço doméstico e o foco nas relações
humanas individuais –> o foco narrativo é
devotado em “desmantelar” a casa burguesa
do interior dos EUA
Dendle P (2007). The Zombie As a Barometer of Cultural Anxiety. In: Scott N (ed.),
Monsters and the monstrous: Myths and metaphors of enduring evil, pp. 45-57
Amsterdam: Rodopi
O apocalipse zumbi
●
Mundos pós-apocalípticos são fantasias de libertação de um mundo em
ruínas
●
O zumbi pós-11/09 não é mais uma imagem da humanidade que perdeu
sua alma e suas paixões, mas agora um monstro enfurecido, selvagem,
frenético e insaciável: é um núcleo animalista da fome e da fúria
●
Dendle: “É o sinal de uma sociedade [decadente] sem um propósito
espiritual ou comunitário mais amplo, deixada aos impulsos de sua
potência sem controle e seus desejos de consumo.”
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O monstruoso do capital e as ansiedades culturais

  • 2. Tateandonoescuro,euencontroalgo viscoso ● Monstrum: presságio divino (especialmente um que indica infortúnio), portento, sinal; forma anormal. ● Gabriel Giorgi: “Qual é o saber do monstro?” – “As retóricas do monstruoso nos permitem ler às gramáticas mutantes de ansiedades, repúdios, e fascinações que atravessam as ficções culturais e a imaginação social; isso que, como diria Foucault, define as coordenadas do proibido e do impensável e se condensa na figuração de um corpo irreconhecível” – Mas o monstro também traz outro saber, o da “potência ou capacidade de variação dos corpos, aquilo que no corpo desafia sua própria inteligibilidade como membro de uma espécie, de um gênero, de uma classe” Giorgi G (2009). Política del monstruoso. Revista Iberoamericana 75, pp. 323-329.
  • 3. Setetesessobreaculturamonstruosa ● Tese I: O corpo do monstro é um corpo cultural – “O monstro nasce somente nessa encruzilhada metafórica, como a encarnação de um certo momento cultural – de um tempo, um sentimento, e um lugar” → lugar da diferença e da incerteza ● Tese II: O monstro sempre escapa – O monstro é transformação; exemplo: as mutações da figura do vampiro (Dracula → Nosferatu → Lestat → Bill Compton) Cohen JJ (1996). Monster culture (seven theses). In: Cohen JJ (ed.), Monster Theory: Reading culture. Minneapolis: University of Minnesota Press
  • 4. Setetesessobreaculturamonstruosa ● Tese III: O monstro é o augúrio de uma crise de categorias – Por sua recusa em participar da ordem classificatória, o monstro representa um limite ontológico, aparecendo notoriamente em tempos de crise ● Tese IV: O monstro habita os portões da diferença – Qualquer tipo de alteridade pode ser inscrita no corpo monstruoso, mas na maioria das vezes a diferença tende a ser cultural, política, racial, econômica, sexual. Cohen JJ (1996). Monster culture (seven theses). In: Cohen JJ (ed.), Monster Theory: Reading culture. Minneapolis: University of Minnesota Press
  • 5. Setetesessobreaculturamonstruosa ● Tese V: O monstro policia as fronteiras do possível – O monstro da proibição serve para demarcar os limites que unificam a cultura: a bruxa, o judeu, o fruto da miscigenação Cohen JJ (1996). Monster culture (seven theses). In: Cohen JJ (ed.), Monster Theory: Reading culture. Minneapolis: University of Minnesota Press ● Tese VI: O medo do monstro é, na verdade, um tipo de desejo – O monstro está naquele lugar ambíguo entre o medo e a atração
  • 6. Setetesessobreaculturamonstruosa ● Tese VII: O monstro se encontra na eira… do devir “Essa coisa da escuridão me pertence” Cohen JJ (1996). Monster culture (seven theses). In: Cohen JJ (ed.), Monster Theory: Reading culture. Minneapolis: University of Minnesota Press
  • 7. O monstruoso do capital ● Como as diferentes mutações do capitalismo engendram monstruosidades? ● David MacNally: “as histórias de roubo de corpos, vampirismo, roubo de órgãos, e economia zumbi todas representam imaginários dos riscos à integridade corporal que são inerentes a uma sociedade na qual a sobrevivência individual requer que vendamos nossas energias vitais às pessoas no mercado”. ● O monstruoso, como pânico corporal, é parte da fenomenologia da vida burguesa. MacNally D (2011). Monsters of the Market: Zombies, Vampires and Global Capitalism. Leiden: Brill
  • 8. O monstruoso do capital ● Como figura do indeterminado, os monstros do capital operam dos dois lados da ansiedade cultural – como perpetradores e como vítimas. ● Como perpetradores, temos os monstros que capturam e dissecam corpos (vampiros, cientistas loucos, companhias farmacêuticas, ladrões de cadáveres) ● ● Como vítimas, temos aquelas criaturas desfiguradas, transformadas na vida nua, como coleções impensadas e carne, sangue, músculos e tecidos. MacNally D (2011). Monsters of the Market: Zombies, Vampires and Global Capitalism. Leiden: Brill
  • 9. Frankensteineasansiedadesdotrabalhomorto ● Publicado inicialmente em 1818; normalmente se considera a edição de 1831 como a definitiva ● Frankenstein representa uma história de roubo de cadáveres, dissecações, desmembramentos ● MacNally: Para a classe trabalhadora inglesa, os anatomistas e cirurgiões que procuravam os corpos dos enforcados eram parte de uma conspiração geral para degradar e oprimir os pobres tanto na vida quanto na morte ● Com a acumulação de capital na Inglaterra (cercamentos e caça às bruxas), milhões de pessoas passam a necessitar vender suas capacidades corporais ao mercado de trabalho
  • 10. “Ocapitalétrabalhomorto,oqual,comoumvampiro, viveapenasparasugarotrabalhovivo,equantomais sobreviver,maistrabalhosugará” ● Ao buscar uma forma de descrever os horrores do capitalismo, Marx utiliza o discurso emergente da monstruosidade ● O trabalho abstrato é também uma abstração (i.e. separação) real; para os trabalhadores, a força de trabalho não é mais uma força vital, uma energia criativa fundamental, mas uma mercadoria, uma coisa separável que pode ser vendida a qualquer um. ● “Como unidades idênticas e intercambiáveis de força de trabalho homogênea, as habilidades e corpos dos trabalhadores são dissecados, fragmentados, cortados em pedaços separáveis sujeitos à direção de uma força estrangeira, representada por uma legião de supervisores, e embutidos em ritmos e processos de trabalho que são cada vez mais ditados por programas e sistemas de máquinas” MacNally D (2011). Monsters of the Market: Zombies, Vampires and Global Capitalism. Leiden: Brill
  • 11. Ozumbicomomonstro contemporâneo ● O zumbi transgride a barreira entre ser e não-ser, presença e ausência; definidos pela perda de auto- identidade e capacidade volitiva ● Peter Dendle: o zumbi serve para articular ansiedades sobre a deterioração ambiental, os conflitos políticos, o crescimento da sociedade de consumo, e a mercantilização do corpo implícita na biomedicina contemporânea ● Em “A Noite dos Mortos Vivos” (1968), os zumbis são essencialmente americanos de classe média; chama a atenção a estética do espaço doméstico e o foco nas relações humanas individuais –> o foco narrativo é devotado em “desmantelar” a casa burguesa do interior dos EUA Dendle P (2007). The Zombie As a Barometer of Cultural Anxiety. In: Scott N (ed.), Monsters and the monstrous: Myths and metaphors of enduring evil, pp. 45-57 Amsterdam: Rodopi
  • 12. O apocalipse zumbi ● Mundos pós-apocalípticos são fantasias de libertação de um mundo em ruínas ● O zumbi pós-11/09 não é mais uma imagem da humanidade que perdeu sua alma e suas paixões, mas agora um monstro enfurecido, selvagem, frenético e insaciável: é um núcleo animalista da fome e da fúria ● Dendle: “É o sinal de uma sociedade [decadente] sem um propósito espiritual ou comunitário mais amplo, deixada aos impulsos de sua potência sem controle e seus desejos de consumo.”
  • 13. “Os monstros existem de verdade? Decerto que devem existir, porque, se não existissem, como nós poderíamos existir?”