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Letras com rugas
1. com
rugas
Uma ação da BE em colaboração
com o departamento de línguas –
5ºs anos e Biblioteca Escolar
2012
2013
2. O Antóninho era um menino que
andava na escola, o seu mestre
(professor) tinha um
pavão e certo dia o azar aconteceu,
o Antóninho sem querer entalou o
pavão e este
acabou por morrer.
O mestre muito irritado gritou-lhe:
- Agora mato-te a ti!
O Antóninho foi para casa e disse ao
pai:
Escute lá ó meu pai.
O que lhe venho contar
Matei o pavão ao mestre
Quero-lhe ir já pagar.
O pai responde:
Com vinte moedas apenas
E em ouro que elas são
Ainda chega para pagar
A valia do pavão.
O pai do Antóninho foi à escola e
disse ao mestre:
Escute lá ó meu mestre
O que lhe venho perguntar
A valia do pavão
Que lhe quero já pagar.
O mestre responde:
Vá-se embora, vá-se embora
Entre amigos não é nada
Mande o Antóninho à escola
Que ainda tem a mesma entrada.
O pai ao chegar a casa disse ao
menino:
Antóninho vai à escola
Para aprenderes a ler.
O menino responde:
Ó meu pai eu cá não vou
Que eu sei que vou morrer.
O Antóninho foi à escola
Todo o caminho a chorar
Quando chegou à ultima escada
Ainda ia a soluçar.
Nesse instante chegou o mestre
E puxou-lhe pela mão
Com um punhal que tinha
Espetou-lhe no coração.
Abram-se portas e janelas
Mas que grande escuridão
Uma morte tão tirana
Pelas penas de um pavão.
Morte Tirana
Esta história foi contada à minha mãe, por uma tia de criação, quando a minha mãe tinha a minha idade (10 anos), O nome dela era Clotilde.
Catarina Cabo 5º Ccom rugas
3. Eu a avó do David vou contar uma história da minha vida.
Eu nasci e vivi sempre no campo no Monte dos Moinhos de Mau Cabelo.
Nós eramos dez irmãos e havia mais uns vizinhos , que também tinham
filhos .
Houve um certo dia que os vizinhos foram às silarcas e
a minha mãe andava a trabalhar e nós ficamos nessa tarde sozinhos no
monte ,
o que é que nós havíamos de pensar em fazer.
Então a vizinha tinha um gato ,muito manso e nós apanhámos o gato e
fazíamos-lhe festas e depois pensávamos que ele tinha fome ,
mas como não tínhamos nada para lhe dar ,demos-lhe água e sal ,
um abria-lhe a boca, o outro metia-lhe o sal e o outro metia-lhe a água.
O pobre coitado do bicho ficou com uma barrigada de sal e água.
Eu vi uma pulga a ler
Um piolho a andar à escola
Se tu não casas comigo em Portel ou em Monte do Trigo
Vamos casar à Oriola
Verso dito pelo meu avô Manuel
Traquinices de crianças
David Moura 5º Ccom rugas
4. Um dia um ratinho, curioso queria saber quem era a coisa mais
forte do mundo. Passava os seus dias a perguntar a toda a
gente, e todos e todos lhe respondiam que a coisa mais forte
do mundo era o sol. O ratinho curioso foi perguntar ao sol se
era ele o mais forte do mundo, e o sol respondeu que não,
para ele quem era mais forte do que ele, era a nuvem que
tapava e escondia e não o deixava aquecer a terra.
Então o ratinho foi perguntar a nuvem, se era ela a mais forte
do mundo ela respondeu que não era ela mas sim o vento que
a empurrava para longe, não a deixava estar sossegada. E o
ratinho, lá foi em busca do vento o mais forte do mundo, ao
encontrar o vento fez a mesma pergunta, se era ele o mais
forte do mundo, e ele respondeu que também não era ele o
mais forte, mas sim a torre do castelo que o tapava e lhe tirava
a força ele não do conseguia derrubar. E mais uma vez o
ratinho lá foi a procura da torre do castelo, e voltou a
perguntar se érea ela a mais forte do mundo, e a torre disse-
lhe que não, que era o mais forte do mundo era o, ratinho que
lhe esburacava e ruía as muralhas e ficava cheia de buracos e
com as suas paredes mais fracas.
E foi assim que o ratinho entendeu que era ele o mais forte do
mundo.
O Ratinho Valente
Esta história foi me contada pelo meu pai, que a ouviu do avo materno com quem passava os dias e as noites durante
algum tempo a guardar porcos num monte.
Gabriel 5º C
O meu avô
com rugas
5. Antigamente as pessoas não tinham electricidade, gás e água
canalisada.
À noite iluminavam-se com candeias de azeite e mais tarde com
candeeiros a petróleo.
Para cozinhar as pessoas tinham que ir aos campos buscar os
alimentos e lenha para fazer o lume.
A comida era cozida em panelas de barro junto ao lume.
Tinham de ir aos poços buscar água em cântaros de barro.
As famílias como não tinham televisão reuniam-se em volta do lume
onde os mais velhos contavam historias aos mais novos, muitas delas
inventadas por eles mesmo como esta:
Era uma vez um rapaz que queria ser cão para não ter de trabalhar.
Então pediu ao pai se a partir desse dia podia ser cão.
O pai disse-lhe que sim.
No dia seguinte o pai foi trabalhar e ele ficou a deitado.
À hora do almoço foram todos para a mesa e ele ia também.
O pai mandou-o embora porque os cães comem os restos.
O rapaz muito triste foi.
À noite repetiu-se a mesma situação.
Então o rapaz chegou-se ao pé do pai muito arrependido e pediu-lhe
para trabalhar porque já não queria ser cão.
O pai disse-lhe que sim e para ele compreender que para comer tem
que se trabalhar.
Helena - 5º Ccom rugas
6. A lenda da costureirinha dizia que havia uma menina que era muito pobrezinha
e que o pai e a mãe dela morreram num acidente. Depois uma senhora que era
da rua dessa menina, teve pena dela, já que, a menina era muito boazinha,
passava fome e andava mal vestida. Então essa senhora disse à menina para a
menina ir para sua casa que cuidava dela e em troca disso ela ajudava na lida da
casa, arrumava a casa, fazia a comida e costurava. Então todas as pessoas da rua diziam que ela era
muito boazinha, só que essa senhora que a acolheu explorava a menina. Um dia a menina adoeceu e
acabou por morrer, tinha uma doença muito grave que na altura ainda não havia cura. Como já disse,
a menina costurava muito lá em cima, no andar de cima, no sótão. Tinha uma máquina de costura e
fazia as costuras para a família.
No dia em que a menina morreu, houve uma vizinha que ouviu a menina a costurar, depois da
menina já ter morrido continuavam a ouvir o barulho da máquina de costura e da tesoura a bater na
mesa de madeira da máquina. Então conta-se que isso era a menina a fazer costura para que
ninguém mais se esquecesse dela, para que a presença dela ficasse sempre presente nas pessoas.
A minha mãe conta a seguinte historia que também tem haver com esta lenda : Num dia quando a
minha mãe estava em casa com o avô dela ele estava muito doente ele começou a ouvir o só de
uma maquina de costura e a dizer :
- Costureirinha , costureirinha……..
A minha família estava lá e mandou sair do quarto a minha mãe, ela estava muito assustada , mas
não percebia o que estava acontecer ela tinha apenas seis anos !
Passado alguns segundos ele morreu !!
É por isso que a palavra costureirinha esta associada á MORTE!
A lenda da costureirinha
Inês Aniceto5º Ccom rugas
7. Quando a minha avó era criança e foi para a escola não havia pontes
nem estradas.
A minha avó caminhava pelo campo com as outras crianças e passavam
as ribeiras em pontes de madeira.
A escola da minha avó era ao pé da igreja da nossa senhora de
Guadalupe. Nessa altura a igreja estava ocupada por animais.
Quando a minha avó andava na segunda classe foram feitas obras e
inaugurada uma nova escola, foram feitas também duas pontes.
O tempo antigo da minha avó
Nelson Saúde 5º Ccom rugas
8. Era uma vez, o senhor João pobrete mas alegrete, que tinha uma mulher
muito linguaruda.
Um dia a trabalhar na floresta encontrou uma caixa de ouro e teve de
escondê-lo, por causa da língua da sua mulher.
E então contou-lhe que tinha encontrado uma pescada viva numa árvore,
uma lebre presa numa rede, e o ouro.
Tempos depois a mulher contou o que o marido tinha achado, mas toda a
gente achava que ela estava maluca, e não acreditavam. E por isso passou a
ser gozada por todos, que lhe diziam, por gozo:’ Ó Maria linguaruda já viste
hoje uma pescada viva na floresta?
E assim a Maria linguaruda deixou de contar tudo o que ouvia.
João Pobretão
A minha bisavó Lurdes passinhas 78 anos
Rafael Parrança 5º Ccom rugas
9. Há muitos, muitos anos na Herdade do Pernes, junto á aldeia da Amieira, havia uma vacaria que era
o orgulho do seu moiral porque davam o melhor leite do concelho. Esse leite era procurado por
todas as mães da aldeia para darem aos seus filhos. Num Verão de grande seca não havia comida
para as vacas elas deixaram de dar leite e ficaram muito doentes. Um dia o moiral já desesperado
mudou as vacas de zona e ao passar por um outeiro que se chamava o “Outeiro da Giesteira”,
começou a colher giesta para fazer vassouras e pedia a deus que o ajuda-se. De repente sentiu um
sopro ao ouvido e arrepiou-se, mas não era de frio pois estava muito calor. Passados uns minutos
voltou a sentir o mesmo e não hesitou e perguntou:
-Quem está aí?
-Eu…a senhora!- respondeu uma voz.
-Qual senhora?- Disse o moiral, olhando sem ver nada. Mas a voz continuou:
-Tens pedido ajuda a deus. Ele cumprirá, mas tens que mandar fazer uma igreja neste sitio em minha homenagem.
De repente a voz não disse mais nada. Passados quatro ou cinco dias o moiral voltou a passar pelo mesmo sitio, para ver se conseguia ouvir
a mesma voz, como não conseguia ouvir nada começou a andar em direcção ao monte e de repente um sino começou a tocar a á sua frente
apareceu uma imagem de uma senhora com um bebé ao colo a amamentá-lo.
A senhora disse:
- Estás a demorar muito tempo em cumprir o meu desejo assim a chuva nunca mais começa para a erva crescer e os teus animais poderem
comer. O moiral prometeu-lhe que já não ia demorar. Durante alguns meses o povo da aldeia ajudou a erguer a igreja. No ultimo dia quando
estavam a colocar a cruz no cimo da igreja começou a chover e o povo recolheu-se para rezar pois era um milagre. Passados pouco s dias já
havia erva para os animais comerem e terem bom leite. O padre da aldeia pediu ao bispo de Évora uma santinha e um sino para a igreja. De
Évora só mandaram a santa o sino não o mandaram. Quando o maioral colocou a santa no altar, a santa voltou a falar. Dizendo que na sé de
Évora havia um sino, o sino nº8 e era esse o sino que ela queria na sua igreja. O maioral foi logo a correr ao padre da aldeia. Alguns homens
da aldeia como o sino nunca mais chegava foram a Évora nos carros de bois buscar o sino. Era um sino muito bonito vinha gente de todo o
lado ver e ouvir tocar o sino. Passados alguns messes o bispo de Évora mandou vir buscar o sino. Como por milagre o sino voltou a aparecer
na igreja e o bispo veio novamente buscá-lo desta vez já nunca mais voltou. Um dia o maioral entrou na igreja para rezar e a santa disse-lhe:
- Mais dia, menos dia também me vêm buscar a mim e aí acaba-se tudo, já não volto eu nem o sino, e assim foi. Hoje no outeiro da
Giesteira está a igreja caída, isto tudo por causa da inveja que tiveram deste acontecimento que se passou na Amieira.
Morte Tirana
Rafaela Berjano 5º Ccom rugas
10. Era uma vez três: um português, um belga e um francês.
O português um pouco mais audaz sacou da espada e záz-trás-páz…
espetou mas não o matou, eu já te conto como se passou…
Era uma vez três: um português, um belga e um francês.
O português um pouco mais audaz sacou da espada e záz-trás-páz…
espetou mas não o matou, eu já te conto como se passou…
Era uma vez três: um português, um belga e um francês.
O português um pouco mais audaz sacou da espada e záz-trás-páz…
espetou mas não o matou, eu já te conto como se passou…
Era uma vez três: um português, um belga e um francês.
O português um pouco mais audaz sacou da espada e záz-trás-páz…
espetou mas não o matou, eu já te conto como se passou…
Era uma vez três: um português, um belga e um francês.
O português um pouco mais audaz sacou da espada e záz-trás-páz…
espetou mas não o matou, eu já te conto como se passou…
Era uma vez três: um português, um belga e um francês.
O português um pouco mais audaz sacou da espada e záz-trás-páz…
espetou mas não o matou, eu já te conto como se passou…
Lenga-lenga
Esta lenga-lenga contava-me a minha avó Chica quando eu era pequenino, e eu achava muita graça e ria-me muito.
Ricardo Dias 5º Ccom rugas
11. Nos tempos antigos, trabalhava-se muito! Tanto que até logo em crianças
parecia que já eramos velhos; trabalhávamos do nascer ao pôr do sol.
No campo não havia casas com o telhado inteiro nem com portas… Como
não havia sanitas, ou fazíamos as nossas necessidades num penico ou
fazíamos ao ar livre e para haver comida tinha que se ir à vila numa
carroça.
A vida era muito dura.
Depois da minha mãe falecer, fui viver para a vila porque no campo não
havia condições suficientes para se viver. Foi assim que conheci o meu atual
marido, António Joaquim Feijão Sameiro. Ele era meu vizinho e na rua
brincávamos e a partir dos 15 anos começámos a namorar, depois casámos
e tive dois abortos. Mas depois nasceram duas lindas meninas; a primeira
chamava-se Maria Joaquina Serrano Sameiro e era muito dorminhoca.
Deixava-me fazer tudo o que precisava. A segunda chama-se Tânia e era
muito rabugenta, mas com a idade acalmou.
Depois casou a mais velha (Maria Joaquina) e passado mais ou menos um
ano, teve uma menina chamada Cátia Sameiro Pombinho e passados 3
anos nasceu a irmã, Carina Sameiro Pombinho.
A minha filha Tânia´, já casada, teve uma menina chamada Soraia e
passados também três anos, teve a segunda filha que agora é bebé; chama-
se Liliana.
Resumindo e concluindo, tenho uma família que amo e hoje sou muito
feliz!!!
Cátia Pombinho, 5ºB
Esta história foi contada por Maria Bárbara Sameiro de 57 anos
com rugas
12. A minha avó Celeste nasceu no dia 1 de Outubro de 1920 e falou-me sobre a sua
vida no trabalho, começando assim:
“Toda a vida me tenho levantado cedo, ninguém se levantava “adiante” de mim,
nem a minha mãe. Eu levantava-me e fazia logo o café e as fatias torradas.
Quando “erguia” o sol, já estávamos no trabalho, íamos a pé até ao monte da
Sobreira para ceifar. Levávamos o almoço e às 7 horas fumavam um cigarro, que
é como quem diz, descansávamos um bocado e comíamos qualquer coisa. Às 8
horas punham-se os almoços ao lume e uma que era a cozinheira, fazia tudo.
Comíamos então a açorda.
Do meio dia às duas da tarde era o jantar; ou comíamos feijão ou outra coisa
qualquer e dormíamos a sesta. Às duas da tarde começávamos a trabalhar.
Depois, às cinco horas era a merenda; fazíamos muitas vezes um gaspacho e
comíamos todos do mesmo.
Ao sol-posto é que “despegávamos”. Quando chegávamos a casa era noite
escura e bebíamos café.
Vestíamos uma roupa para ficarmos mais frescos e dormíamos. No outro dia,
era sempre igual, sempre muito cedo.
Uma vez, tivemos uma adiafa no monte da Sobreira, lá havia muitos coelhos e
onde ainda estava por ceifar apanhámos onze coelhos e fizemos um banquete,
uns fritos e outros cozidos.
Mas não era só trabalho, também me divertia. Todos os dias santos havia bailes
na sociedade. Era um homem de cá que tocava com uma concertina e de vez em
quando vinham uns de fora tocar.
Eu sabia dançar, dançava muito bem e quando tinha sede, ia a casa beber com o
meu irmão Pedro e depois íamos outra vez para o baile.
E já não me lembro de mais nada para contar!
Daniela Beja, 5ºA
(bis)avó Celeste
com rugas
13. Esta é a história que a senhora Maria de Aires Caeiro me contou:
Ela nasceu no dia 22 de setembro de 1929 e a coisa mais triste que lhe
aconteceu em toda a sua vida foi a morte de seu pai, o senhor Joaquim
Caeiro, quando ela tinha 17 anos. Ele teve uma trombose e passados 3
meses acabou por morrer, tendo este tempo sido muito difícil para a sua
filha.
O seu irmão mais velho estava na tropa e o Joaquim Caeiro quis que a sua
filha mais velha a irmã da Maria casa-se, e ela fez-lhe a vontade.
A mulher do Joaquim Caeiro também ficou doente e a senhora Maria ainda
tinha outra irmã que morreu no dia 2 de Agosto de 2012, com t5 anos. A
senhora Maria tratou sempre dela, mas depois a sua irmã teve de ir para o
lar, porque já podia tratar mais dela.
A coisa mais feliz da sua vida foi ter sido criada num monte onde convivia
com muita gente, estando sempre pronta para ajudar todos. Depois veio
morar para Alqueva. Tirou o curso de costureira e mais tarde tirou o curso
de cabeleireira e trabalhou nessa profissão durante 4 ou 5 anos.
Mais tarde a senhora Maria teve um trabalho novo de enfermeira, no qual
trabalhou durante 23 anos e que lhe deu muito prazer.
Quando se reformou tinha 70 anos. Ela gostou muito de ter trabalhado
com muitos médicos.
Diana, 5º Acom rugas
14. A história que vou contar é sobre o meu avô Manuel Luís Calado Beco.
Ele nasceu a 21 de Junho de 1947 em Portel. É filho de Joaquim Beco e
Cecília Calado, sendo o mais velho de três irmãos. Os seus pais lutaram
sempre muito para conseguir criar a sua família, pois os recursos
financeiros eram muito escassos. Da sua infância, recorda as
brincadeiras com os amigos (o jogo do berlinde e a fisga).
Iniciou a instrução primária com 7 anos e o que mais gostava era das
férias para poder ajudar o pai no trabalho do campo e guardar as
vacas.
Com apenas quinze anos iniciou-se no mundo do trabalho do campo,
custando-lhe muito e dando-lhe muitos calos nas mãos.
Aos vinte anos tirou as sortes, foi para a tropa, e ao fim de 2 meses foi
mobilizado para ir para o ultramar “Guiné”. Durante 22 meses foi
atirador. Em 1970 regressou a casa e casou passado um ano, com a
minha avó Porfíria Maria Ramalho Beco. Deste casamento nasceu a
minha mãe Francisca Ramalho Beco e o meu tio Herlander Luís Calado
Beco.
Depois da revolução de 25 de abril de 1974, trabalhou na reforma
agrária até acabar.
Até 2002 dedicou-se à tiragem de cortiça, à apanha da azeitona e à
reparação de vedas. Em 2003 reformou-se devido a ter sido submetido
a uma operação ao coração.
Atualmente dedica-se à sua horta e aos seus animais.
Henrique Mendes, 5º B
Contou a história: Manuel Luís Calado Beco – 66 anos
com rugas
15. História de Francisca Teresa Cachaço Quintaneiro e de
Máximo Almeida Rico.
Nasci em 1933 e sou a mais velha de quatro irmãos, todos
rapazes.
Comecei muito cedo na escola, com uma professora muito
amiga da minha mãe, era nossa vizinha, a D. Nazaré.
Passaram os anos, quis ser professora e estudei em Évora,
onde tirei o curso. Trabalhei pela primeira vez na escola de
Bencatel, depois vim para Portel e aqui trabalhei durante
quarenta anos.
Reformei-me e continuei a viver em Portel.
No ano em que fiz 19 anos, casou uma prima minha e foi
no casamento dela que conheci o meu marido, que era
primo do noivo. Passados alguns meses começámos a
namorar e em 1958 casámos na igreja da matriz de Portel
e em março de 1959 nasceu o meu primeiro filho, Joaquim
António, e em 1961 o meu segundo filho, António Rico.
Hoje estamos casados há 55 anos.
Nestes anos, tivemos muitas alegrias e muitas tristeza
também, que com muita compreensão e amizade temos
sabido ultrapassar.
Hoje, cansados, velhos e doentes, continuamos amigos,
compreensivos, tolerantes e ajudamo-nos um ao outro!
Inês Rico, nº 7, 5ºB
Contou: Francisca Teresa Cachaço Quintaneiro – 79 anos
Antes…
Depois…
com rugas
16. Esta é a história que me contou uma senhora idosa, chamada Guilhermina
Correia.
Nasceu e viveu em Alqueva onde fez a quarta classe, tinha 14 anos e já não
fez a quinta classe porque era preciso fazer exames.
A senhora Guilhermina quando terminou a escola começou a trabalhar no
campo; fazia os trabalhos de casa, mondava, ceifava, ia à azeitona e tirava a
semente debulhada à pata das bestas.
O pai da senhora Guilhermina era agricultor, por isso é que ela e os seus
irmãos andavam no campo a trabalhar.
A senhora também fazia pão, pintava casas, fazia fatos de homem e de
mulher.
Ela começou a namorar com 20 anos e casou-se com 26 e nunca teve
filhos. Depois de casar continuou a costurar para fora. Fazia rendas e
quando não tinha trabalho em casa ia trabalhar para o campo.
Hoje encontra-se em Portel, na Santa Casa da Misericórdia (lar). Já celebrou
os 99 e os 100 anos no lar e este ano vai fazer 101 anos no dia 27 de
outubro.
Esta senhora ainda se encontra muito bem de saúde, ouve bem, anda
sozinha com a ajuda de uma bengala, lava-se e veste-se sozinha e também
arruma a sua roupa.
No lar, a senhora ainda faz algumas coisas em malha e em renda e participa
nas atividades todas que o lar organiza, como por exemplo: jogos
tradicionais, celebração da missa, ginástica com fisioterapeuta, atividades
cam animador (canções…). Enfim, é uma senhora muito bem conservada
para a idade que tem. Que Deus a conserve assim!
Joana Quintas, 5º B
Contou a história: Guilhermina Nunes Correia, 100 anos
com rugas
17. História contada por Norberto Rosado – 72 anos
Teria eu por aí uns 6 anitos, quando o meu pai que era
músico me começou a incutir o gosto por esta arte. Mas é
claro que nesta idade não é fácil. Pensa-se mais na
brincadeira do que dedicar os tempos livres das obrigações
escolares, a estudar música. Mas, enfim, com a paciência
que ele tinha, lá foi conseguindo que eu aprendesse alguma
coisa. Mas a verdade é que com a idade que eu tinha, a
vontade de aprender não era quase nenhuma, o que dava
origem a que eu arranjasse todos os pretextos para faltar às
respetivas aulas.
Assim é que começou o episódio num belo dia quando
chegou a hora da lição: fingi que estava doente e fui-me
deitar dizendo à minha mãe que não me sentia bem e que
por isso não conseguiria ir à lição.
É óbvio que esta artimanha não resultou como eu
esperava, e daí o meu pai descobriu que a minha doença
não passava de uma desculpa para não ir à lição respetiva.
Este episódio foi-me de tal maneira útil, que ainda hoje o
recordo.
João Palma, 5º Bcom rugas
18. Esta é uma pequena história que o meu avô me contou já há alguns
anos:
O meu avô paterno chama-se Joaquim Serrano e tem sessenta e sete
anos de idade, mas em Portel é conhecido por Joaquim “da Rosa”.
Quando era pequeno, estava a brincar com uma prima chamada
Clarinda, num campo perto de casa, mas como tinham muito frio, o
meu avô teve uma ideia:
- Vamos fazer um lume para nos aquecer?
- Vamos! – disse a sua prima.
Lá fizeram o lume mas aconteceu uma desgraça; eles não conseguiram
controlar as chamas e acabaram por provocar um pequeno fogo.
Então alguém viu o fogo e logo perguntou:
- Quem é que provocou o fogo?
- Foi o Joaquim da Rosa. – disse uma pessoa que passava por ali, pois o
nome da sua mãe era Rosa.
João Pedro, 5º A
Contou a história: Joaquim Serrano de 67 anos
com rugas
19. Esta é a história que a minha avó Teresa me contou:
Quando ela era criança, tinha um irmão mais novo e outro mais velho e
quando se sentavam à mesa estavam sempre a discutir.
Um dia, estavam sentados ao lume, no monte da Albergaria, pois os pais da
minha avó moravam lá.
O pai da minha avó era porqueiro e um dia foi dar milho aos porcos e o
filho mais novo que é o irmão da minha avó, atou o rabo aos dois porcos.
Depois começaram a ouvir grunhir e os porcos caiam no chão.
A noite chegou, estavam de novo sentados ao lume, cada um a seu canto
da chaminé, e o mais novo ao meio. O jantar era feijão com espinafres
numa tijela de fogo.
A certa altura, como era habito, começaram todos a discutir, mas desta vez
por não saberem quem tinha amarrado o rabo aos porcos.
A discussão foi de tal maneira que o mais novo caiu dentro da panela de
fogo e ia morrendo queimado.
João Ranhola, 5º B
Contou a história: Teresa Navalhas de 66 anos
com rugas
20. A história da senhora Joaquina.
Era uma vez uma senhora chamada Joaquina que foi à escola e fez a
quarta classe com treze anos. Depois começou a trabalhar com catorze
anos e fez muitas coisas para ganhar a vida: colheu mato, apanhou
bolotas para os porcos, apanhou azeitona, foi à monda e ainda outros
trabalhos do campo.
Ao fim de nove anos, começou a namorar e ao fim de quatro casou.
Quando tinha vinte e oito anos, foi mãe, continuando sempre a
trabalhar.
Reformou-se quando tinha 43 anos pelo motivo de ter um desvio na
coluna e não ter condições para continuar com os trabalhos do campo.
A sua filha foi crescendo e aos dezassete anos começou a trabalhar em
Évora, mas ao fim de dois anos, o contrato terminou e ela teve de
regressar à Vera Cruz onde acabou por arranjar trabalho no Centro de
Dia.
A filha da senhora Joaquina casou aos 23 anos e teve uma menina aos
25 anos. Hoje ainda continua no mesmo emprego. A senhora Joaquina
ficou sempre com a sua neta, desde os 4 meses até aos 3 anos,
quando ela foi para o Jardim de Infância. Aos seis anos foi para a
escola primária, onde fez o quarto ano e depois foi para Portel para o
2º Ciclo.
Margarida Baião, 5º B
Recolheu a história: Margarida Baião, nº 14 – 5ºB
com rugas
21. Esta é a história que o meu avô me contou:
“Esta história passa-se na Guiné-Bissau. Em 1969 foram chamados muitos
homens para combater na Guiné, entre os quais, eu, quando tinha apenas
20 anos.
Quando lá chegámos o cenário era horroroso, pessoas mortas, aldeias
inteiras destruídas, crianças que tinham que tinham perdido os pais,
pessoas sem pernas e sem braços…
Os ataques aconteciam a qualquer hora, fosse de dia ou de noite, as minas
eram uma ameaça diária.
A morte chegava muitas vezes apenas pelo facto de pisarem as minas
escondidas no solo.
A comida era pouca e sem prestar, muitos dias havia apenas um cantil de
água e uma lata de peixe de conserva, levando-nos a passar fome e sede.
Eu e os meus companheiros passámos a noite de Natal de ano de 1970 no
mato sem água, sem comida e sob o ataque dos “terroristas”.”
O meu avô fala na guerra o mais normalmente possível, mas quem o
conhece desde a infância diz que ele mudou bastante, é uma pessoa mais
impulsiva e sem medos, talvez porque teve de criar em si estas atitudes
como forma de defesa, só assim conseguiu sobreviver.
Maria Inês, 5º A
Contou a história: Martinho Poupa, 64 anos
com rugas
22. O nome da minha bisavó é Maria Genoveva Almeida da Mata. Tem 83
anos de idade e nasceu em 1927.
Aos fins de semana eu costumava “vir para a da minha bisavó”, e à
noite, antes de adormecermos, rezávamos o Pai Nosso. Depois, eu
costumava ter pesadelos e dava pontapés à minha bisavó.
Um dia em ela ficou doente e foi para o hospital. Eu fui visitá-la, mas
ela já não falava nem ouvia. A única coisa que eu vi foi a minha bisavó
a fechar os olhos. Ela já não se mexia e eu só chorava e chamava “avó!
avó!”. Puxei a saia da minha mãe e quando olho para ela, vejo que ela
está a chorar. Perguntei-lhe se a avó estava a dormir e a minha mãe
disse que sim. Então fiz-lhe um coração com as mãos.
Esta foi uma das histórias que vivi com a minha bisavó.
Raquel Júlio, 5º Bcom rugas
23. Meus Queridos Avós
Olá, eu sou a Sara Góis e vou contar-vos contar a história que os meus
avós maternos me contaram.
O meu avô gostava da minha avó, mas ela não sabia. Ele trabalhava numa
loja de sapatos em Évora, mas depois mudou-se para Portel e aqui
continuou o seu trabalho, tendo ido morar para a rua da minha avó.
Como ele gostava muito dela, punha-se ao fundo da rua, de braços
abertos, para a apanhar, mas como a minha avó era como eu, corria
muito, ela passava por ele e só fazia vento, não se deixando apanhar.
Depois eles queriam namorar mas os pais da minha avó não deixavam,
pois ela ainda era muito nova, mas a minha avó pediu tanto que os pais
acabaram por concordar com o namoro.
Alguns anos depois, eles casaram e tiveram uma filha chamada Maria
Adelina. O meu avô tinha ido trabalhar para a Marinha, era marinheiro e
quando a minha tia nasceu, ele estava na Marinha, tendo a minha tia
crescido sem a presença do pai.
Depois de alguns anos tiveram a minha mãe. Ela cresceu, casou e teve
filhos. Mas o amor que o meu avô e a minha avó tinham era muito. O meu
avô ainda trabalhava na loja dos sapatos, mas a loja fechou alguns anos
depois. Então o meu avô só queria trabalhar e a minha avó era a mesma
coisa. Eles estavam os dois a trabalhar no meu café, mas eles continuavam
a amar-se, até que um dia a minha avó ficou doente e morreu. O meu avô
ficou muito triste e até já não ia para o café, depois, passados três anos ele
também morreu.
Mas eu sei que esse amor ainda os une.
Sara Gois, nº 18 – 5ºB
Avô: José Joaquim Varela
Avó: Josefa Rosa Varela
com rugas
24. A história da minha vida: quando fui para a escola já tinha oito anos e
quando fiz a terceira classe tinha onze. Os meus pais não me deixaram
estudar mais e fui guardar gado. Eu guardava porcas de criação com os
seus “leitanitos”. Quando cheguei aos catorze anos, fui guardar
novilhos e aos dezassete, fui para o trabalho do campo, limpar
árvores, traçar lenha e também fiz carvão.
Fui crescendo e quando tinha trinta e sete anos fiz a quarta classe e de
seguida tirei a carta de condução de trator e de mota.
Embora trabalhando no campo, continuei sempre a lutar para
melhorar a minha vida. Aos quarenta e dois anos emigrei para a Suíça
para trabalhar na construção civil e lá fiquei durante vinte anos.
Aos setenta e três anos de idade regressei ao meu país, com muitos
anos de sofrimento. Hoje sou reformado e acho que mereço.
Susana Serrano, 5º A
Contou a história: António Manuel Rosado Serrano – 78 anos
com rugas