SlideShare a Scribd company logo
1 of 4
Download to read offline
21 de Maio de 2009, 18.00 horas
      Reflexão sobre Afonso Costa
      a propósito do Centenário da República

AUDITÓRIO DA FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES
Afonso Costa [Afonso Augusto da Costa (1871-1937)]
Nasceu no concelho de Seia, a 6 de Março de 1871. Casou em 1892
com Alzira de Barros Mendes de Abreu. Morreu exilado em Paris a
11 de Maio de 1937.

Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra (1894),
doutorando-se no ano imediato e concorrendo a lente daquela
faculdade, onde ensinou de 1896 a 1903 e de 1908 a 1911. Leccionou
ainda na Escola Politécnica - Faculdade de Ciências de Lisboa (1911-
13) e na recém-criada Faculdade de Direito de Lisboa, de que foi
director de 1913 a 1915, e ainda no Instituto Superior de Comércio
(1915). Exerceu sempre a advocacia, quer no foro, quer como
consultor jurídico, alcançando grande prestígio.

                   Iniciou a sua actividade política na Universidade durante a crise do
                   “Ultimatum”, aparecendo ligado aos conspiradores de Coimbra aquando
                   da revolta de 31 de Janeiro de 1891. Iniciado na Maçonaria em 1905, na
                   loja “O Futuro”, com o nome simbólico de «Platão», atingiu o grau 33,
                   estando indigitado para Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano
                   (clandestino) no momento da sua morte.

                   Membro destacado do Partido Republicano
Português, foi eleito deputado às Cortes em três legislaturas da
monarquia, ficando célebre a sua expulsão do Parlamento pela polícia,
em 1906, na sequência da denúncia a que procedeu dos
“adiantamentos” à Casa Real, em que foi acusado de estar a discutir
“a pessoa do rei”.

                           Sendo um dos maiores oradores do seu
                           tempo e adversário determinado das
                           instituições monárquicas e clericais,
                           exerceu um papel de relevo nos combates
                           políticos que desembocaram na
                           implantação da República, integrando a
                           direcção do Partido Republicano e
envolvendo-se em conspirações contra a monarquia e o franquismo,
que lhe valeram a prisão em diversas ocasiões.

Implantada a República, Afonso Costa assume a pasta da Justiça no
Governo Provisório, sendo o autor de legislação fundamental laicista
e anti-clerical do novo regime (decreto de expulsão das ordens
religiosas, lei de imprensa, lei do divórcio, lei do inquilinato, leis da
família e de protecção às crianças, lei do registo civil, lei da separação
do Estado e das Igrejas, etc.).
Durante a República, foi ininterruptamente eleito pelo círculo de
Lisboa. Chefe de fila do jacobinismo radical e da facção democrática
do Partido Republicano Português, é a figura emblemática da primeira
fase do republicanismo, entre 1910 e 1917, presidindo a diversos
ministérios e sendo o inspirador de facto de vários outros. De Janeiro
de 1913 a Fevereiro de 1914 chefiou, pela primeira vez, o governo,
acumulando a pasta das Finanças. Promulgou a nova lei da
contribuição predial em que introduz o imposto progressivo,
remodelou o sistema monetário, extinguiu o deficit orçamental e das
contas da gerência, garantindo o equilíbrio orçamental, e criou o
ministério da Instrução Pública.

A sua acção à frente dos “democráticos” manteve uma firma oposição à política de transigência
para com a reacção monárquico-clerical e a direita republicana, ao mesmo tempo que defendia
mão firme para com o movimento operário, valendo-lhe esta posição o epíteto de “racha
sindicalistas”.

                                          Opositor acérrimo da ditadura de Pimenta de
                                          Castro, participou activamente na conspiração que
                                          levou à revolta de 14 de Maio de 1915 e ao seu
                                          derrube violento. Vítima de um acidente, só
                                          regressa à vida política activa no Outono desse ano,
                                          constituindo novamente ministério e preparando a
                                          entrada em Portugal na guerra (Março de 1916).
                                          Renunciou então à presidência, ficando apenas com
                                          a pasta das Finanças no governo da «União
                                          Sagrada», presidido por António José de Almeida.
Voltou a chefiar o ministério, pela terceira e última vez, em Abril de 1917, sendo deposto
pelo golpe militar de Sidónio Pais em 5 de Dezembro de 1917. A sua casa e o escritório
foram assaltados e esteve mais de três meses preso sem culpa formada.

Posto em liberdade, exilou-se em França (Abril de 1918). Reposta a “nova República Velha”,
não mais voltará a exercer qualquer cargo político em Portugal, renunciando à vida partidária,
embora sucessivamente instado a formar governo.

                        Representa o país na Conferência de Paz e na Sociedade das Nações
                        (1920) e em numerosas conferências internacionais com elas
                        relacionadas (1925-26), sendo escolhido, em 1926, como Presidente
                        da Assembleia Geral da SDN. Após a instauração da ditadura militar
                        em 28 de Maio de 1926, Afonso Costa, que permanece exilado em
                        Paris, participa até à sua morte, em 1937, em numerosas tentativas
                        para derrubar a Ditadura e o «Estado Novo», integrando
                        designadamente os corpos directivos da Liga da Defesa da República
                        (1927-1930) e defendendo, em 1936, a criação de uma Frente Popular
                        que reunisse todas as forças de esquerda.
O Presidente da Fundação Mário Soares
                convida V. Exa. a participar na


       Reflexão sobre Afonso Costa
       a propósito do Centenário da República
                que se realizará no próximo dia
             21 de Maio, às 18.00 horas

                   INTERVENÇÕES

                      Fernanda Rollo
                 em representação do Presidente da CNCCR


                        António Reis
                      Fernando Rosas
                        Mário Soares

  AUDITÓRIO DA FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES
                Rua de S. Bento, 160
                      Lisboa
www.fmsoares.pt                    Tel. 213964179/85

More Related Content

What's hot

Paulo Bonavides-Ciência Política
Paulo Bonavides-Ciência PolíticaPaulo Bonavides-Ciência Política
Paulo Bonavides-Ciência Políticaunirio2011
 
Presidentes da república
Presidentes da repúblicaPresidentes da república
Presidentes da repúblicaeb23ja
 
Recomendação - Praça ou Avenida com nome Francisco Sá Carneiro
Recomendação - Praça ou Avenida com nome Francisco Sá CarneiroRecomendação - Praça ou Avenida com nome Francisco Sá Carneiro
Recomendação - Praça ou Avenida com nome Francisco Sá Carneirojsdstr
 
Ines e tania
Ines e taniaInes e tania
Ines e taniaP0D
 

What's hot (6)

Paulo Bonavides-Ciência Política
Paulo Bonavides-Ciência PolíticaPaulo Bonavides-Ciência Política
Paulo Bonavides-Ciência Política
 
Presidentes portugueses
Presidentes portuguesesPresidentes portugueses
Presidentes portugueses
 
Presidentes da república
Presidentes da repúblicaPresidentes da república
Presidentes da república
 
Recomendação - Praça ou Avenida com nome Francisco Sá Carneiro
Recomendação - Praça ou Avenida com nome Francisco Sá CarneiroRecomendação - Praça ou Avenida com nome Francisco Sá Carneiro
Recomendação - Praça ou Avenida com nome Francisco Sá Carneiro
 
Ciência política
Ciência política Ciência política
Ciência política
 
Ines e tania
Ines e taniaInes e tania
Ines e tania
 

Similar to Afonso Costa : Centenário da Republica

A República está na rua
A República está na ruaA República está na rua
A República está na ruabibliomag
 
António de oliveira salazar
António de oliveira salazarAntónio de oliveira salazar
António de oliveira salazarandreaires
 
Nº 4; 14;19
Nº 4; 14;19Nº 4; 14;19
Nº 4; 14;19P0D
 
Presidentes da república
Presidentes da repúblicaPresidentes da república
Presidentes da repúblicaeb23ja
 
João e marina
João e marinaJoão e marina
João e marinaP0D
 
Presidentes da republica portuguesa
Presidentes da republica portuguesaPresidentes da republica portuguesa
Presidentes da republica portuguesaeb23ja
 
Ruas De Lagoa Na
Ruas De Lagoa NaRuas De Lagoa Na
Ruas De Lagoa NaIsabel Rosa
 
Quem Foi Salazar?
Quem Foi Salazar?Quem Foi Salazar?
Quem Foi Salazar?José Trigo
 
Presidentes da república
Presidentes da repúblicaPresidentes da república
Presidentes da repúblicaeb23ja
 
Membros da Revolução do 5 de Outubro
Membros da Revolução do 5 de OutubroMembros da Revolução do 5 de Outubro
Membros da Revolução do 5 de Outubroanapaulaoliveira
 
Biografia Personalidades RepúBlica NéLia Machado 6 A
Biografia Personalidades RepúBlica NéLia Machado 6 ABiografia Personalidades RepúBlica NéLia Machado 6 A
Biografia Personalidades RepúBlica NéLia Machado 6 Aricardocostacruz
 
Trabalho antónio josé de alme
Trabalho antónio josé de almeTrabalho antónio josé de alme
Trabalho antónio josé de alme20014
 
Biografia Personalidades RepúBlica
Biografia Personalidades RepúBlicaBiografia Personalidades RepúBlica
Biografia Personalidades RepúBlicaricardocostacruz
 
Afonso Costa
Afonso CostaAfonso Costa
Afonso Costaeb23cv
 

Similar to Afonso Costa : Centenário da Republica (20)

A República está na rua
A República está na ruaA República está na rua
A República está na rua
 
António de oliveira salazar
António de oliveira salazarAntónio de oliveira salazar
António de oliveira salazar
 
Nº 4; 14;19
Nº 4; 14;19Nº 4; 14;19
Nº 4; 14;19
 
Roteiros republicanos do concelho de oeiras i
Roteiros republicanos do concelho de oeiras iRoteiros republicanos do concelho de oeiras i
Roteiros republicanos do concelho de oeiras i
 
Roteiros republicanos do concelho de oeiras i
Roteiros republicanos do concelho de oeiras iRoteiros republicanos do concelho de oeiras i
Roteiros republicanos do concelho de oeiras i
 
Presidentes da república
Presidentes da repúblicaPresidentes da república
Presidentes da república
 
João e marina
João e marinaJoão e marina
João e marina
 
Presidentes da republica portuguesa
Presidentes da republica portuguesaPresidentes da republica portuguesa
Presidentes da republica portuguesa
 
Ruas De Lagoa Na
Ruas De Lagoa NaRuas De Lagoa Na
Ruas De Lagoa Na
 
Quem Foi Salazar?
Quem Foi Salazar?Quem Foi Salazar?
Quem Foi Salazar?
 
Presidentes da república
Presidentes da repúblicaPresidentes da república
Presidentes da república
 
Membros da Revolução do 5 de Outubro
Membros da Revolução do 5 de OutubroMembros da Revolução do 5 de Outubro
Membros da Revolução do 5 de Outubro
 
Biografia Personalidades RepúBlica NéLia Machado 6 A
Biografia Personalidades RepúBlica NéLia Machado 6 ABiografia Personalidades RepúBlica NéLia Machado 6 A
Biografia Personalidades RepúBlica NéLia Machado 6 A
 
A Primeira República
A Primeira República   A Primeira República
A Primeira República
 
Trabalho antónio josé de alme
Trabalho antónio josé de almeTrabalho antónio josé de alme
Trabalho antónio josé de alme
 
Biografias ditadores século XX
Biografias ditadores século XXBiografias ditadores século XX
Biografias ditadores século XX
 
Biografias ditadores século XX
Biografias ditadores século XXBiografias ditadores século XX
Biografias ditadores século XX
 
Biografia Personalidades RepúBlica
Biografia Personalidades RepúBlicaBiografia Personalidades RepúBlica
Biografia Personalidades RepúBlica
 
Afonso Costa
Afonso CostaAfonso Costa
Afonso Costa
 
historia
historia historia
historia
 

Afonso Costa : Centenário da Republica

  • 1. 21 de Maio de 2009, 18.00 horas Reflexão sobre Afonso Costa a propósito do Centenário da República AUDITÓRIO DA FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES
  • 2. Afonso Costa [Afonso Augusto da Costa (1871-1937)] Nasceu no concelho de Seia, a 6 de Março de 1871. Casou em 1892 com Alzira de Barros Mendes de Abreu. Morreu exilado em Paris a 11 de Maio de 1937. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra (1894), doutorando-se no ano imediato e concorrendo a lente daquela faculdade, onde ensinou de 1896 a 1903 e de 1908 a 1911. Leccionou ainda na Escola Politécnica - Faculdade de Ciências de Lisboa (1911- 13) e na recém-criada Faculdade de Direito de Lisboa, de que foi director de 1913 a 1915, e ainda no Instituto Superior de Comércio (1915). Exerceu sempre a advocacia, quer no foro, quer como consultor jurídico, alcançando grande prestígio. Iniciou a sua actividade política na Universidade durante a crise do “Ultimatum”, aparecendo ligado aos conspiradores de Coimbra aquando da revolta de 31 de Janeiro de 1891. Iniciado na Maçonaria em 1905, na loja “O Futuro”, com o nome simbólico de «Platão», atingiu o grau 33, estando indigitado para Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano (clandestino) no momento da sua morte. Membro destacado do Partido Republicano Português, foi eleito deputado às Cortes em três legislaturas da monarquia, ficando célebre a sua expulsão do Parlamento pela polícia, em 1906, na sequência da denúncia a que procedeu dos “adiantamentos” à Casa Real, em que foi acusado de estar a discutir “a pessoa do rei”. Sendo um dos maiores oradores do seu tempo e adversário determinado das instituições monárquicas e clericais, exerceu um papel de relevo nos combates políticos que desembocaram na implantação da República, integrando a direcção do Partido Republicano e envolvendo-se em conspirações contra a monarquia e o franquismo, que lhe valeram a prisão em diversas ocasiões. Implantada a República, Afonso Costa assume a pasta da Justiça no Governo Provisório, sendo o autor de legislação fundamental laicista e anti-clerical do novo regime (decreto de expulsão das ordens religiosas, lei de imprensa, lei do divórcio, lei do inquilinato, leis da família e de protecção às crianças, lei do registo civil, lei da separação do Estado e das Igrejas, etc.).
  • 3. Durante a República, foi ininterruptamente eleito pelo círculo de Lisboa. Chefe de fila do jacobinismo radical e da facção democrática do Partido Republicano Português, é a figura emblemática da primeira fase do republicanismo, entre 1910 e 1917, presidindo a diversos ministérios e sendo o inspirador de facto de vários outros. De Janeiro de 1913 a Fevereiro de 1914 chefiou, pela primeira vez, o governo, acumulando a pasta das Finanças. Promulgou a nova lei da contribuição predial em que introduz o imposto progressivo, remodelou o sistema monetário, extinguiu o deficit orçamental e das contas da gerência, garantindo o equilíbrio orçamental, e criou o ministério da Instrução Pública. A sua acção à frente dos “democráticos” manteve uma firma oposição à política de transigência para com a reacção monárquico-clerical e a direita republicana, ao mesmo tempo que defendia mão firme para com o movimento operário, valendo-lhe esta posição o epíteto de “racha sindicalistas”. Opositor acérrimo da ditadura de Pimenta de Castro, participou activamente na conspiração que levou à revolta de 14 de Maio de 1915 e ao seu derrube violento. Vítima de um acidente, só regressa à vida política activa no Outono desse ano, constituindo novamente ministério e preparando a entrada em Portugal na guerra (Março de 1916). Renunciou então à presidência, ficando apenas com a pasta das Finanças no governo da «União Sagrada», presidido por António José de Almeida. Voltou a chefiar o ministério, pela terceira e última vez, em Abril de 1917, sendo deposto pelo golpe militar de Sidónio Pais em 5 de Dezembro de 1917. A sua casa e o escritório foram assaltados e esteve mais de três meses preso sem culpa formada. Posto em liberdade, exilou-se em França (Abril de 1918). Reposta a “nova República Velha”, não mais voltará a exercer qualquer cargo político em Portugal, renunciando à vida partidária, embora sucessivamente instado a formar governo. Representa o país na Conferência de Paz e na Sociedade das Nações (1920) e em numerosas conferências internacionais com elas relacionadas (1925-26), sendo escolhido, em 1926, como Presidente da Assembleia Geral da SDN. Após a instauração da ditadura militar em 28 de Maio de 1926, Afonso Costa, que permanece exilado em Paris, participa até à sua morte, em 1937, em numerosas tentativas para derrubar a Ditadura e o «Estado Novo», integrando designadamente os corpos directivos da Liga da Defesa da República (1927-1930) e defendendo, em 1936, a criação de uma Frente Popular que reunisse todas as forças de esquerda.
  • 4. O Presidente da Fundação Mário Soares convida V. Exa. a participar na Reflexão sobre Afonso Costa a propósito do Centenário da República que se realizará no próximo dia 21 de Maio, às 18.00 horas INTERVENÇÕES Fernanda Rollo em representação do Presidente da CNCCR António Reis Fernando Rosas Mário Soares AUDITÓRIO DA FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES Rua de S. Bento, 160 Lisboa www.fmsoares.pt Tel. 213964179/85