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tecnologia agrícola




        José Luiz Ioriatte Demattê*


        Nos últimos 30 anos, tem-se obser-     termos de rendimento agroindustrial e
     vado sensível evolução em todos os        também na ênfase por materiais adap-
     pontos de vista nas mais diversas áreas   tados às mais diversas condições de cli-
     de abrangência da lavoura canavieira,     ma severo. Na região nordestina, um dos
     tanto na parte agrícola como na indus-    pontos fundamentais na manutenção e
     trial e nas demais. Isso vem ocorrendo    segurança da cultura se refere à grande
     não só nas regiões canavieiras tradi-     evolução que tem sido observada nos
     cionais, mas também nos novos polos       mais diversos sistemas de irrigação, não
     canavieiros espalhados pelo Brasil.       somente a irrigação de salvação, mas a
        Muitas são as áreas onde a evolução    semiplena ou plena com pivots lineares
     da tecnologia está ocorrendo, tais co-    ou circulares, assim como o sistema de
     mo: a busca para uma maior eficiência     gotejo, conhecimento este que tem sido
     no sistema de transporte; o aperfeiço-    repassado para os produtores do Centro-
     amento no corte mecanizado e, mais        -Sul.
     recentemente, no plantio mecanizado          Por outro lado, e como em qualquer
     com uso de GPS; a busca por novas mo-     cultura, principalmente na monocultu-
     léculas de inseticidas, de nematicidas    ra, como é o caso da cana, uma série de
     e principalmente de herbicidas para as    fatores negativos tem contribuído contra
     mais diversas condições climáticas; a     o aumento da produtividade. Tais fato-
     consolidação do Plene; a busca por no-    res podem ser direcionados para as mais
     vas variedades mais promissoras em        diversas áreas do conhecimento, como a

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tecnologia agrícola
     biológica, onde o aumento das pragas de      de corte e carregamento, com os equi-       dos 18ºC, o que restringe ou impede a
     solos como o Sphenophorus, o Migdolus        pamentos trafegando também sobre a li-      absorção de nutrientes e da água assim
     e a Cigarrinha de Raiz tem sido observa-     nha de cana, vêm danificando gemas e        como retarda a brotação das soqueiras,
     do nas diversas regiões canavieiras. O       causando abalo e arranquio de soquei-       favorecendo em muito a ação nefasta da
     aumento do tráfego sobre os talhões de       ras, fazendo com que os esforços para o     geada. Em testes feitos na Usina Santa
     cana, não somente devido ao aumento do       aumento da produtividade dos canaviais      Cruz, em Araraquara, região central do
     tamanho dos equipamentos, mas também         sejam infrutíferos.                         Estado de São Paulo, na safra 2010/2011,
     pelo aumento do peso dos equipamentos            Redução de produtividade devido ao      demonstrou-se que, em solo arenoso com
     por unidade de área, como o caso dos         corte mecanizado comparado com o ma-        palha em área total, a perda de produti-
     transbordos, tem contribuído e muito pa-     nual já é de conhecimento de longa da-      vidade entre primeiro e segundo cortes
     ra alterações negativas nas propriedades     ta por muitos usuários do sistema e tem     foi de 11 t/ha na RB 86 7515.
     do solo, sejam elas físicas, químicas ou     sido da ordem de 6 a 8 t/ha por corte em        A diminuição destes fatores negati-
     biológicas. O sensível aumento da den-       testes feitos na Usina da Barra ainda no    vos tem sido buscada nas mais diversas
     sidade do solo devido a estas atividades     final da década de 90. Em regiões mais      áreas do conhecimento, como no caso da
     tem contribuído para a redução da taxa       frias, como o Sudoeste de São Paulo e       palha, através de práticas de manejo, co-
     de infiltração das águas, o aumento da       o Mato Grosso do Sul, a associação do       mo a remoção parcial da palha do talhão
     taxa de gás carbônico no subsolo e a re-     corte mecanizado e a presença da palha      de cana ou simplesmente o aleiramento
     dução na velocidade das trocas gasosas       tem contribuído e muito para a redução      da mesma. No caso do corte mecaniza-
     entre solo e atmosfera, causando sérios      da produtividade. A temperatura mínima      do, a busca pelo ajuste de espaçamento
     problemas de nutrição, entre outros. As      do solo sob palha no período de junho e     para permitir a canteirização tem sido
     operações mecanizadas, principalmente        julho nestas regiões tem ficado abaixo      prioritária.




A Lipow apresenta a tecnologia Penta para preparo do solo,
aumente a produtividade do seu canavial em até 12 t/ha.
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Tecnologia já utilizada em extensas áreas de cultivo de cana-de
-açúcar, apresenta ótimo rendimento gerando redução do custo de
30% com o preparo do solo e incremento de até15% de produtivi-
dade, além da melhoria na conservação de solo e melhor controle
de plantas daninhas e ainda facilita a colheita mecanizada.




                                                                             Av Shozo Sakai, 668
           Penta, tecnologia desenvolvida pela
           Mafes Inteligência Agrícola, e
                                                                             08745 100 Mogi das Cruzes - SP Brasil   lipow.com.br
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tecnologia agrícola




     A necessidade de um maior conheci-     no Noroeste de São Paulo também acon-        processo este que pode induzir a erros,
mento da ação climática na produtivida-     teceram erros na estimativa, porém em        que foi o que justamente ocorreu.
de da cana - Tendo em vista tudo o que      menor percentual.                               Como se observa, são questionamen-
foi citado, há que se levar em considera-      Não me lembro nestes últimos 30 anos      tos que deveriam ser esclarecidos para
ção primeiramente a influência do clima     de erros desta grandeza. Normalmente         que os usuários não incorressem nas es-
na produtividade agrícola nos diversos      erros de estimativa de 1% a 2% para o        timativas futuras em novos erros de ava-
estágios de desenvolvimento da cultura,     início de safra são admissíveis, porém       liação. Sem tais conhecimentos o siste-
tanto em cana planta como em soqueira,      não na grandeza da dimensão observada.       ma dos “técnicos de plantão“, tão comum
principalmente nas atuais alterações cli-   Usinas que se utilizam de outros meca-       atualmente, tem levado o setor ao des-
máticas que se acham em curso. O setor      nismos de estimativa como refletância        crédito nesta área. Apenas para citar um
sucroenergético estaria preparado em ter-   foliar, biometria e levantamento da bio-     exemplo: na tentativa de explicar o ocor-
mos de conhecimento nesta área como,        massa, dentre outros, também erraram. A      rido, foi formulada por um conceitua-
por exemplo, na estimativa da quantida-     questão que ficou pendente na ocasião foi    do órgão de pesquisa a possibilidade do
de de cana? Apenas citando um exemplo       a seguinte: qual foi o fator climático que   empobrecimento da fertilidade dos solos
relacionado aos desencontros desta área,    permitiu, naquela ocasião, que o cana-       devido ao excesso de chuvas, explicação
lembro os grandes percentuais de erro na    vial estivesse com aparência de elevada      esta sem nenhum fundamento,
estimativa da quantidade de cana para o     produtividade?                                  Trabalhos como os de Ide e Banchi
inicio da safra 2009/2010. Valores de 5%       A cana estava fina, com internódios       (1984), de Ometto (1978), de Ide (1988) e
8%, 10%, 15% e até 17% de erro na esti-     alongados e de pouco peso, vindo daí os      Brunini et al. (2006) já tentavam encon-
mativa no período de abril e maio foram     erros. Os órgãos de pesquisa e desenvol-     trar parâmetros climáticos para avaliar
comuns. Nas regiões de Jaú, Piracicaba e    vimento da cultura deram explicação pa-      adequadamente as estimativas de quanti-
Ipaussu, de acordo com o Controle Mútuo     ra o fenômeno? A radiação fotossintetica-    dade de cana. Posteriormente simulações
do CTC, ocorreram as maiores reduções       mente ativa teria alguma influência nesta    têm sido feitas nesta área, entretanto os
na avaliação da produtividade da cana       quebra? A radiação foliar, como deve ser     esquemas e resultados não têm apresen-
própria das usinas e também da de for-      entendida, mede a energia refletida pe-      tado a adequada segurança. Faltam estu-
necedores. Na região de Ribeirão Preto e    la massa de cana, mas não mede o peso,       dos e pesquisas.


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tecnologia agrícola




     Por outro lado, as quebras generali-   produtividade foi o clima e, sendo assim,    A QUESTÃO VARIETAL
zadas na quantidade de cana na Região       viria o seguinte questionamento: qual foi       Desde a década de 70 que os progra-
Centro-Sul da safra 2011/2012, com valo-    o fator climático que governou esta redu-    mas de desenvolvimento de variedades nos
res de redução na faixa de 8% a até 21%,    ção? Somente a falta de chuva no período     mais diversos órgãos de pesquisa como Co-
têm sido atribuídas a diversos fatores      de crescimento? A distribuição irregular     persucar, Planalsucar e IAC na ocasião, e
além do clima, como a não reforma dos       das chuvas? O aumento da temperatura         atualmente CTC, Ridesa, IAC e CV têm si-
canaviais, o envelhecimento do canavial     e, em consequência, o aumento da evapo-      do alicerces na obtenção de novos clones
e a redução de investimentos na lavou-      transpiração? Os veranicos?                  e variedades com o objetivo de aumentar a
ra, dentre outros. De qualquer maneira         O nosso conhecimento atualmente na        produtividade tanto agrícola como indus-
é necessário entender que muitas usinas     maioria das regiões canavieiras se limi-     trial. Ano após ano os órgãos citados tem
não deixaram de reformar o canavial e de    ta a examinar a precipitação mensal, a       liberado uma série de novas variedades,
investir em tecnologia e, mesmo assim,      quantidade de chuvas no ano, os balanços     material este apresentado em muitas reu-
tiveram sensível queda de produtivida-      hídricos e os déficits hídricos nas diver-   niões técnicas nas mais diversas regiões
de, acompanhando a redução geral. As        sas categorias de soca e cana planta. Mas    do Brasil.
novas usinas e destilarias com um cana-     qual tem sido, por exemplo, o impacto           Apesar de todo o esforço feito por estes
vial jovem ainda, de dois a três cortes,    na produtividade de um déficit hídrico       órgãos de pesquisa de um lado e o manejo
tiveram também acentuadas quebras na        no período de máximo crescimento do          agronômico de outro, através das usinas e
produtividade como na região do Brasil      canavial, ou seja, de outubro a abril na     destilarias, qual tem sido o resultado final
Central, Goiás e Mato Grosso principal-     região Centro-Sul?                           em termos de aumento da qualidade tec-
mente. A produtividade de São Paulo da         Sem o adequado conhecimento das           nológica da cana?
cana de ano e meio foi de 102 t/ha nesta    ações climáticas na cultura da cana-de-         Para esta resposta foram utilizados os
safra atual contra 120 t/ha em 2010/2011    -açúcar, os demais programas como o de       dados obtidos por Magela (2011) em tra-
e 118 t/ha em 2009 (Consulcana, 2011).      nutrição, o de pragas e mesmo o programa     balho de longo alcance desde 1984 até
Fica ilustrado nestes exemplos, portan-     de desenvolvimento varietal não podem        2010/2011. O objetivo, de acordo com as
to, que o fator principal na redução da     estar indo numa direção inadequada?          palavras do autor, “foi o de verificar o ga-


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                                                                                                Examinando-se os valores da Pol da
                                                                                             cana em relação aos períodos estudados
                                                                                             (conforme Tabela 1), nota-se que o com-
                                                                                             portamento dos dados é semelhante em
                                                                                             relação à distribuição dos valores ao longo
                                                                                             da safra, ou seja, crescente até o segundo
                                                                                             período de setembro para decrescer em se-
                                                                                             guida. Aumentos ou reduções do formato
                                                                                             da curva (Figura 1) se devem às oscilações
                                                                                             climáticas, curvas mais baixas para safras
                                                                                             úmidas e curvas mais acentuadas para sa-
                                                                                             fras mais secas.
                                                                                                Apesar da introdução de novas varie-
                                                                                             dades precoces e o uso de maturadores,
                                                                                             observa-se que os valores da Pol da cana
                                                                                             até 2000, no período de abril a maio, têm
                                                                                             sido superiores aos valores obtidos a par-
                                                                                             tir da safra de 2001. De acordo com Mage-
                                                                                             la (2011), no período de 1984 a 2010 não
                                                                                             se observou qualquer ganho em termos de
nho tecnológico obtido com a introdução        fras de 2001 a 2008, representando apenas     qualidade da matéria-prima expressa em
de novas variedades ao longo deste perío-      acréscimo de 0,8% na média dos períodos       Pol da cana ou em kg de ATR por tonelada
do, a partir dos dados obtidos via análise     analisados, valores estes de pouca expres-    de cana. Ainda de acordo com aquele autor,
da cana de fornecedores para fins de paga-     são se se levar em consideração a quanti-     as pequenas ou grandes diferenças cons-
mento da matéria-prima. Para tanto, foram      dade de material novo introduzido na oca-     tatadas neste trabalho foram mais devidas
utilizados os dados de qualidade tecnoló-      sião. Paralelamente, o comportamento do       ao clima do que a outros fatores, princi-
gicas da cana-de-açúcar desde a implanta-      ATR de acordo com o autor é praticamente      palmente novas variedades, considerações
ção do Sistema de Pagamento de Cana pelo       igual ao da Pol da cana neste período, com    estas nas quais estamos de acordo.
Teor de Sacarose e Pureza”. Os cálculos fo-    146,6 kg/t entre 1984 e 2000 contra 147,9        Vem daí o questionamento: as duas úl-
ram feitos com base nas equações inseridas     kg/t no período de 2001 a 2008, com média     timas safras de 2010/2011 e 2011/2012 fo-
no Manual do Consecana, edição de 2005.        de acréscimo nos mesmos 0,8%. Na safra        ram secas e, mesmo assim, a Pol da cana
     Os resultados obtidos da Pol da cana      2009/2010 a Pol da cana foi inferior aos      foi baixa em relação aos últimos 25 anos.
por Magela (2011) estão resumidos na Ta-       períodos anteriores em todos os meses de      Qual seria a razão climática que estaria aí
bela 1 e foram separados por períodos, a       safra, com média de 13,3%, motivado pelas     agindo para permitir o desempenho desta
saber: primeiro período de 1984 a 2000,        condições climáticas muito úmidas no pe-      característica bem aquém do esperado? Ou,
com 548 milhões de t de cana; segundo          ríodo de safra. Na safra 2010/11, uma safra   em outras palavras, onde a variação climá-
período de 2001 a 2008, com 524 milhões        seca, o valor médio da Pol da cana foi de     tica tem agido na fisiologia da planta para
de t de cana; terceiro período em 2009 com     14,5%, inferior ainda ao período de 2001 a    ocasionar tais resultados?
118 milhões de t; e, finalmente, em 2010       2008, com média de Pol da cana de 15%, e
com 105 milhões de t de cana. O período        também continuando mais baixo do que no       PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA
de safra de 2012 foi complementado pelos       período de 1984 a 2000, cujo valor médio         A Tabela 2, extraída do trabalho do CTC
valores obtidos pela Consulcana (outubro       da Pol da cana foi de 14,8%.                  (2011), resume a produtividade agrícola no
de 2012).                                         Na safra 2011/12, safra em período tam-    período de 1988 a 2011. De acordo com es-
     Através dos resultados da Tabela 1, no-   bém seco, o valor médio da Pol da cana        tes dados, e separando por períodos, obser-
ta-se que, no período de 1984 a 2000, a mé-    foi de 13,4%, inferior ainda ao da safra      va-se que no período de 10 anos que vai de
dia da Pol foi de 14,8% contra 15% nas sa-     2010/11.                                      1988 a 1999, a produtividade agrícola foi


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tecnologia agrícola
de 81,5 t/ha, oscilando entre 78 e 95 t/ha.
Já no período de 2000 a 2011 a produtivi-
dade agrícola na média foi a mesma, com
81 t/ha, porém com os valores extremos
inferiores ao período anterior, no caso de
70 a 88 t/ha.
   Apesar de todos os esforços feitos neste
período, como a introdução de novas va-
riedades, melhores ajustes na área de fer-
tilidade do solo, na obtenção e introdução
de sistemas de manejo para os Ambientes
de Produção, a produtividade média tem        ticas, à falta de reforma e de investimento   por Magela (2011) e os de produtividade
ficado na faixa de 81 t/ha. Casos de sen-     no setor deve ser analisada com cuidado,      da Tabela 2, obteve-se a quantidade de to-
sível redução, como na safra 1999/2000,       como foi feito anteriormente.                 nelada de Pol/ha (Tabela 3). Observe que
com 70 t/ha, se deveram à grande crise da        Portanto, o clima mais uma vez, asso-      a tonelada de Pol/ha permaneceu na faixa
época. Atualmente, na safra 2011/2012, a      ciado com os demais fatores de redução        de 12,1 t/ha até a safra 2000 e subiu para
produtividade ficou extremamente baixa.       como, por exemplo, o corte mecanizado         o valor de 12,2 t/ha no período de 2001 a
A alegação citada pelos órgãos de divul-      e a palha, tem sido o principal causador      2008. Assim, em todo este espaço de tempo
gação assim como nas reuniões técnicas        dos tropeços da produtividade na cultura      o valor médio permaneceu praticamente
de que a queda da produtividade estaria       da cana.                                      o mesmo, ou seja, em 12 t/ha. De 2009 a
também ligada, além das condições climá-         Usando os dados da Pol da cana obtido      2010, a queda neste valor foi acentuada,




                                                                                                                                   23
tecnologia agrícola
                                                                                            do corte mecanizado, com todos os seus
                                                                                            benefícios de um lado e as injúrias ao sis-
                                                                                            tema produtivo de outro, já por si houve
                                                                                            sensível redução na escolha das varieda-
                                                                                            des. Outro fator de peso neste assunto se
                                                                                            deve à proliferação de doenças nas novas
                                                                                            variedades, o que tem reduzido a vida
                                                                                            útil assim como a segurança em levar a
                                                                                            frente o seu plantio. Finalmente, a gran-
                                                                                            de expansão da lavoura canavieira está
                                                                                            sendo feita em solos de baixa fertilidade
                                                                                            e em condições climáticas praticamente
                                                                                            marginais. Para tal caso, o número de va-
                                                                                            riedades novas está restrito, fazendo com
                                                                                            que o usuário opte pelas variedades da
                                                                                            década de 80, como foi enfatizado.
                                                                                                Os dados aqui apresentados as-
para 10,8 t/ha, ou seja, 11,4% a menos.       intenções de plantio, variedades da década    sim como as considerações feitas têm
Já na safra passada o valor foi de 9,6 t/ha   de 80, não deixa de ser sintomático, prin-    como principal objetivo o de aler-
(11,1% a menos de t Pol/ha), apesar da in-    cipalmente em regiões de déficits hídricos    tar os órgãos competentes não somen-
trodução de novas variedades.                 mais acentuados ou de solos de baixa fer-     te na área de melhoramento, mas tam-
                                              tilidade. Não seria este um motivo pelo       bém nas áreas de climatologia e de
CONSIDERAÇÕES FINAIS                          qual tais variedades tem apresentado uma      fisiologia, para levarem em considera-
     Como foi observado ao longo dos últi-    adequada segurança varietal em relação        ção os fatores aqui enumerados.
mos 28 anos através dos resultados obtidos    às novas à disposição dos usuários, como
da Pol da cana por Magela (2011), notou-      o insucesso ocorrido com a RB 92 5211, a      1. Centro de Tecnologia Canavieira CTC. O pla-
                                                                                               nejamento varietal e a sustentabilidade do se-
-se que, em relação à media desta carac-      SP 91 1115 e a CTC 8, somente para citar         tor sucroenergético. STAB, vol. 30, no 1; 2011.
terística nos diversos períodos analisados,   algumas?                                      2. Chapola, R.G.; Hoffmann, H.P Bassinello A,I,.
                                                                                                                               .;
                                                                                               et al. Censo varietal de cana de açúcar de 2009
não houve ganho. Por outro lado, quando          Através dos dados da Tabela 4 (Cha-           dos estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato
                                                                                               Grosso do Sul, STAB, Vol 28 no 4; 2010.
se leva em consideração a quantidade de       pola et al., 2010), nota-se que 75% das in-
                                                                                            3. Termômetro da safra. Outubro 2011. Consulca-
cana por unidade de área (CTC, 2011, e        tenções de plantio concentram-se nas va-         na. Revista IDEANews
                                                                                            4. Majela, Geraldo. Evolução da qualidade tecno-
Consulcana, 2011) não houve evolução no       riedades desenvolvidas na década de 80,          lógica da cana-de- açúcar no período de 1984
rendimento agrícola, permanecendo um          com destaque para a RB 86 7515 e a SP 81         a 2010. STAB, vol 29, no 3; 2011.
                                                                                                                                                -
valor médio nos dois períodos de dez anos     3250. Assim, a partir de 1990 praticamente       dutividade da cana-de-açúcar. In: II Seminário
de estudo de 81 t/ha. Finalmente, quando      poucas variedades têm dado a segurança           de Tecnologia Agronômica. Centro de Tecnolo-
                                                                                               gia Copersucar. 1984. Piracicaba.
se mediu a t/Pol/ha nos dois períodos ana-    desejada, sendo citadas a RB 92 579, vin-     6. Ometto, J.C. A equation for estimation of agro-
                                                                                               -industrial sugarcane yield in the Piracicaba re-
lisados, verificou-se que houve redução       do do Nordeste, e a RB 96 6928, varieda-
                                                                                               gion. In: ISSCT Congress, 16. São Paulo, 1977.
do índice.                                    de precoce vinda do Paraná e ocupando         7. Ide, B. Agrometeorologia. In: IV Seminário de
                                                                                               Tecnologia Agronômica. Centro de Tecnologia
     Apesar de todos os esforços relaciona-   já a sexta posição na intenção de plantio        Copersucar. 1988. Piracicaba.
dos à introdução de novas variedades e        no Centro-Sul. Por outro lado, o que tem      8. Brunini, O.; Anunciação, M.Y.T.; Fortes, L.; Abra-
                                                                                               mides, P  .G.; Carvalho, J.P Copping strategies
                                                                                                                           .
novas tecnologias, bem como a ênfase na       levado algumas usinas a fazer tratamento         with agrometeorological risks and incertainties
segurança varietal, não está havendo ga-      térmico em variedades semi-abandonadas           for drought – Example in Brasil. In: Internatio-
                                                                                               nal workshop on agrometeorological risk ma-
nho nos parâmetros analisados.                e que estão sendo recuperadas, como a RB         nagement, challenges and opportunities. New
                                                                                               Delhi, 2006.
     Uma das razões pelas quais usinas e      82 5336?
destilarias insistem ainda em manter em          Um dos pontos fundamentais neste as-       *José Luiz Ioriatte Demattê é professor aposen-
                                                                                              tado do Departamento de Ciência do Solo da
seu plantel, inclusive considerando suas      pecto está no fato de que, com o aumento        ESALQ/USP e consultor de diversas usinas


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Variedades de cana estão devendo...

  • 1. tecnologia agrícola José Luiz Ioriatte Demattê* Nos últimos 30 anos, tem-se obser- termos de rendimento agroindustrial e vado sensível evolução em todos os também na ênfase por materiais adap- pontos de vista nas mais diversas áreas tados às mais diversas condições de cli- de abrangência da lavoura canavieira, ma severo. Na região nordestina, um dos tanto na parte agrícola como na indus- pontos fundamentais na manutenção e trial e nas demais. Isso vem ocorrendo segurança da cultura se refere à grande não só nas regiões canavieiras tradi- evolução que tem sido observada nos cionais, mas também nos novos polos mais diversos sistemas de irrigação, não canavieiros espalhados pelo Brasil. somente a irrigação de salvação, mas a Muitas são as áreas onde a evolução semiplena ou plena com pivots lineares da tecnologia está ocorrendo, tais co- ou circulares, assim como o sistema de mo: a busca para uma maior eficiência gotejo, conhecimento este que tem sido no sistema de transporte; o aperfeiço- repassado para os produtores do Centro- amento no corte mecanizado e, mais -Sul. recentemente, no plantio mecanizado Por outro lado, e como em qualquer com uso de GPS; a busca por novas mo- cultura, principalmente na monocultu- léculas de inseticidas, de nematicidas ra, como é o caso da cana, uma série de e principalmente de herbicidas para as fatores negativos tem contribuído contra mais diversas condições climáticas; a o aumento da produtividade. Tais fato- consolidação do Plene; a busca por no- res podem ser direcionados para as mais vas variedades mais promissoras em diversas áreas do conhecimento, como a 16
  • 2. tecnologia agrícola biológica, onde o aumento das pragas de de corte e carregamento, com os equi- dos 18ºC, o que restringe ou impede a solos como o Sphenophorus, o Migdolus pamentos trafegando também sobre a li- absorção de nutrientes e da água assim e a Cigarrinha de Raiz tem sido observa- nha de cana, vêm danificando gemas e como retarda a brotação das soqueiras, do nas diversas regiões canavieiras. O causando abalo e arranquio de soquei- favorecendo em muito a ação nefasta da aumento do tráfego sobre os talhões de ras, fazendo com que os esforços para o geada. Em testes feitos na Usina Santa cana, não somente devido ao aumento do aumento da produtividade dos canaviais Cruz, em Araraquara, região central do tamanho dos equipamentos, mas também sejam infrutíferos. Estado de São Paulo, na safra 2010/2011, pelo aumento do peso dos equipamentos Redução de produtividade devido ao demonstrou-se que, em solo arenoso com por unidade de área, como o caso dos corte mecanizado comparado com o ma- palha em área total, a perda de produti- transbordos, tem contribuído e muito pa- nual já é de conhecimento de longa da- vidade entre primeiro e segundo cortes ra alterações negativas nas propriedades ta por muitos usuários do sistema e tem foi de 11 t/ha na RB 86 7515. do solo, sejam elas físicas, químicas ou sido da ordem de 6 a 8 t/ha por corte em A diminuição destes fatores negati- biológicas. O sensível aumento da den- testes feitos na Usina da Barra ainda no vos tem sido buscada nas mais diversas sidade do solo devido a estas atividades final da década de 90. Em regiões mais áreas do conhecimento, como no caso da tem contribuído para a redução da taxa frias, como o Sudoeste de São Paulo e palha, através de práticas de manejo, co- de infiltração das águas, o aumento da o Mato Grosso do Sul, a associação do mo a remoção parcial da palha do talhão taxa de gás carbônico no subsolo e a re- corte mecanizado e a presença da palha de cana ou simplesmente o aleiramento dução na velocidade das trocas gasosas tem contribuído e muito para a redução da mesma. No caso do corte mecaniza- entre solo e atmosfera, causando sérios da produtividade. A temperatura mínima do, a busca pelo ajuste de espaçamento problemas de nutrição, entre outros. As do solo sob palha no período de junho e para permitir a canteirização tem sido operações mecanizadas, principalmente julho nestas regiões tem ficado abaixo prioritária. A Lipow apresenta a tecnologia Penta para preparo do solo, aumente a produtividade do seu canavial em até 12 t/ha. subsola - aplica corretivo - alera a palha - destorroa o solo - incorpora o corretivo O Penta conjuga 5 funções operacionais em uma única máquina. Tecnologia já utilizada em extensas áreas de cultivo de cana-de -açúcar, apresenta ótimo rendimento gerando redução do custo de 30% com o preparo do solo e incremento de até15% de produtivi- dade, além da melhoria na conservação de solo e melhor controle de plantas daninhas e ainda facilita a colheita mecanizada. Av Shozo Sakai, 668 Penta, tecnologia desenvolvida pela Mafes Inteligência Agrícola, e 08745 100 Mogi das Cruzes - SP Brasil lipow.com.br produzido pela Lipow. tel: 55 11 4790 2904
  • 3. tecnologia agrícola A necessidade de um maior conheci- no Noroeste de São Paulo também acon- processo este que pode induzir a erros, mento da ação climática na produtivida- teceram erros na estimativa, porém em que foi o que justamente ocorreu. de da cana - Tendo em vista tudo o que menor percentual. Como se observa, são questionamen- foi citado, há que se levar em considera- Não me lembro nestes últimos 30 anos tos que deveriam ser esclarecidos para ção primeiramente a influência do clima de erros desta grandeza. Normalmente que os usuários não incorressem nas es- na produtividade agrícola nos diversos erros de estimativa de 1% a 2% para o timativas futuras em novos erros de ava- estágios de desenvolvimento da cultura, início de safra são admissíveis, porém liação. Sem tais conhecimentos o siste- tanto em cana planta como em soqueira, não na grandeza da dimensão observada. ma dos “técnicos de plantão“, tão comum principalmente nas atuais alterações cli- Usinas que se utilizam de outros meca- atualmente, tem levado o setor ao des- máticas que se acham em curso. O setor nismos de estimativa como refletância crédito nesta área. Apenas para citar um sucroenergético estaria preparado em ter- foliar, biometria e levantamento da bio- exemplo: na tentativa de explicar o ocor- mos de conhecimento nesta área como, massa, dentre outros, também erraram. A rido, foi formulada por um conceitua- por exemplo, na estimativa da quantida- questão que ficou pendente na ocasião foi do órgão de pesquisa a possibilidade do de de cana? Apenas citando um exemplo a seguinte: qual foi o fator climático que empobrecimento da fertilidade dos solos relacionado aos desencontros desta área, permitiu, naquela ocasião, que o cana- devido ao excesso de chuvas, explicação lembro os grandes percentuais de erro na vial estivesse com aparência de elevada esta sem nenhum fundamento, estimativa da quantidade de cana para o produtividade? Trabalhos como os de Ide e Banchi inicio da safra 2009/2010. Valores de 5% A cana estava fina, com internódios (1984), de Ometto (1978), de Ide (1988) e 8%, 10%, 15% e até 17% de erro na esti- alongados e de pouco peso, vindo daí os Brunini et al. (2006) já tentavam encon- mativa no período de abril e maio foram erros. Os órgãos de pesquisa e desenvol- trar parâmetros climáticos para avaliar comuns. Nas regiões de Jaú, Piracicaba e vimento da cultura deram explicação pa- adequadamente as estimativas de quanti- Ipaussu, de acordo com o Controle Mútuo ra o fenômeno? A radiação fotossintetica- dade de cana. Posteriormente simulações do CTC, ocorreram as maiores reduções mente ativa teria alguma influência nesta têm sido feitas nesta área, entretanto os na avaliação da produtividade da cana quebra? A radiação foliar, como deve ser esquemas e resultados não têm apresen- própria das usinas e também da de for- entendida, mede a energia refletida pe- tado a adequada segurança. Faltam estu- necedores. Na região de Ribeirão Preto e la massa de cana, mas não mede o peso, dos e pesquisas. 18
  • 4. 19
  • 5. tecnologia agrícola Por outro lado, as quebras generali- produtividade foi o clima e, sendo assim, A QUESTÃO VARIETAL zadas na quantidade de cana na Região viria o seguinte questionamento: qual foi Desde a década de 70 que os progra- Centro-Sul da safra 2011/2012, com valo- o fator climático que governou esta redu- mas de desenvolvimento de variedades nos res de redução na faixa de 8% a até 21%, ção? Somente a falta de chuva no período mais diversos órgãos de pesquisa como Co- têm sido atribuídas a diversos fatores de crescimento? A distribuição irregular persucar, Planalsucar e IAC na ocasião, e além do clima, como a não reforma dos das chuvas? O aumento da temperatura atualmente CTC, Ridesa, IAC e CV têm si- canaviais, o envelhecimento do canavial e, em consequência, o aumento da evapo- do alicerces na obtenção de novos clones e a redução de investimentos na lavou- transpiração? Os veranicos? e variedades com o objetivo de aumentar a ra, dentre outros. De qualquer maneira O nosso conhecimento atualmente na produtividade tanto agrícola como indus- é necessário entender que muitas usinas maioria das regiões canavieiras se limi- trial. Ano após ano os órgãos citados tem não deixaram de reformar o canavial e de ta a examinar a precipitação mensal, a liberado uma série de novas variedades, investir em tecnologia e, mesmo assim, quantidade de chuvas no ano, os balanços material este apresentado em muitas reu- tiveram sensível queda de produtivida- hídricos e os déficits hídricos nas diver- niões técnicas nas mais diversas regiões de, acompanhando a redução geral. As sas categorias de soca e cana planta. Mas do Brasil. novas usinas e destilarias com um cana- qual tem sido, por exemplo, o impacto Apesar de todo o esforço feito por estes vial jovem ainda, de dois a três cortes, na produtividade de um déficit hídrico órgãos de pesquisa de um lado e o manejo tiveram também acentuadas quebras na no período de máximo crescimento do agronômico de outro, através das usinas e produtividade como na região do Brasil canavial, ou seja, de outubro a abril na destilarias, qual tem sido o resultado final Central, Goiás e Mato Grosso principal- região Centro-Sul? em termos de aumento da qualidade tec- mente. A produtividade de São Paulo da Sem o adequado conhecimento das nológica da cana? cana de ano e meio foi de 102 t/ha nesta ações climáticas na cultura da cana-de- Para esta resposta foram utilizados os safra atual contra 120 t/ha em 2010/2011 -açúcar, os demais programas como o de dados obtidos por Magela (2011) em tra- e 118 t/ha em 2009 (Consulcana, 2011). nutrição, o de pragas e mesmo o programa balho de longo alcance desde 1984 até Fica ilustrado nestes exemplos, portan- de desenvolvimento varietal não podem 2010/2011. O objetivo, de acordo com as to, que o fator principal na redução da estar indo numa direção inadequada? palavras do autor, “foi o de verificar o ga- 20
  • 6. PUBLIQUE Pivô Valley ® O melhor investimento do mercado. E o que é melhor: mais lucro e segurança para o produtor. Produtor, irrigue sua lavoura com um Pivô Valley®. É o melhor investimento do mercado. Marca de confiança, qualidade, tecnologia, durabilidade, precisão e eficiência. Com ele, você garante segurança e certeza de retorno para o seu investimento. Em outras palavras: seu negócio ganha rentabilidade e sustentabilidade. O melhor custo/benefício é Valley®. Afinal, é o seu patrimônio que está debaixo do Pivô. E isso é o que mais importa para você, certo? (34) 3318.9014 | comercial@valmont.com.br | www.PivotValley.com.br 21
  • 7. tecnologia agrícola Examinando-se os valores da Pol da cana em relação aos períodos estudados (conforme Tabela 1), nota-se que o com- portamento dos dados é semelhante em relação à distribuição dos valores ao longo da safra, ou seja, crescente até o segundo período de setembro para decrescer em se- guida. Aumentos ou reduções do formato da curva (Figura 1) se devem às oscilações climáticas, curvas mais baixas para safras úmidas e curvas mais acentuadas para sa- fras mais secas. Apesar da introdução de novas varie- dades precoces e o uso de maturadores, observa-se que os valores da Pol da cana até 2000, no período de abril a maio, têm sido superiores aos valores obtidos a par- tir da safra de 2001. De acordo com Mage- la (2011), no período de 1984 a 2010 não se observou qualquer ganho em termos de nho tecnológico obtido com a introdução fras de 2001 a 2008, representando apenas qualidade da matéria-prima expressa em de novas variedades ao longo deste perío- acréscimo de 0,8% na média dos períodos Pol da cana ou em kg de ATR por tonelada do, a partir dos dados obtidos via análise analisados, valores estes de pouca expres- de cana. Ainda de acordo com aquele autor, da cana de fornecedores para fins de paga- são se se levar em consideração a quanti- as pequenas ou grandes diferenças cons- mento da matéria-prima. Para tanto, foram dade de material novo introduzido na oca- tatadas neste trabalho foram mais devidas utilizados os dados de qualidade tecnoló- sião. Paralelamente, o comportamento do ao clima do que a outros fatores, princi- gicas da cana-de-açúcar desde a implanta- ATR de acordo com o autor é praticamente palmente novas variedades, considerações ção do Sistema de Pagamento de Cana pelo igual ao da Pol da cana neste período, com estas nas quais estamos de acordo. Teor de Sacarose e Pureza”. Os cálculos fo- 146,6 kg/t entre 1984 e 2000 contra 147,9 Vem daí o questionamento: as duas úl- ram feitos com base nas equações inseridas kg/t no período de 2001 a 2008, com média timas safras de 2010/2011 e 2011/2012 fo- no Manual do Consecana, edição de 2005. de acréscimo nos mesmos 0,8%. Na safra ram secas e, mesmo assim, a Pol da cana Os resultados obtidos da Pol da cana 2009/2010 a Pol da cana foi inferior aos foi baixa em relação aos últimos 25 anos. por Magela (2011) estão resumidos na Ta- períodos anteriores em todos os meses de Qual seria a razão climática que estaria aí bela 1 e foram separados por períodos, a safra, com média de 13,3%, motivado pelas agindo para permitir o desempenho desta saber: primeiro período de 1984 a 2000, condições climáticas muito úmidas no pe- característica bem aquém do esperado? Ou, com 548 milhões de t de cana; segundo ríodo de safra. Na safra 2010/11, uma safra em outras palavras, onde a variação climá- período de 2001 a 2008, com 524 milhões seca, o valor médio da Pol da cana foi de tica tem agido na fisiologia da planta para de t de cana; terceiro período em 2009 com 14,5%, inferior ainda ao período de 2001 a ocasionar tais resultados? 118 milhões de t; e, finalmente, em 2010 2008, com média de Pol da cana de 15%, e com 105 milhões de t de cana. O período também continuando mais baixo do que no PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA de safra de 2012 foi complementado pelos período de 1984 a 2000, cujo valor médio A Tabela 2, extraída do trabalho do CTC valores obtidos pela Consulcana (outubro da Pol da cana foi de 14,8%. (2011), resume a produtividade agrícola no de 2012). Na safra 2011/12, safra em período tam- período de 1988 a 2011. De acordo com es- Através dos resultados da Tabela 1, no- bém seco, o valor médio da Pol da cana tes dados, e separando por períodos, obser- ta-se que, no período de 1984 a 2000, a mé- foi de 13,4%, inferior ainda ao da safra va-se que no período de 10 anos que vai de dia da Pol foi de 14,8% contra 15% nas sa- 2010/11. 1988 a 1999, a produtividade agrícola foi 22
  • 8. tecnologia agrícola de 81,5 t/ha, oscilando entre 78 e 95 t/ha. Já no período de 2000 a 2011 a produtivi- dade agrícola na média foi a mesma, com 81 t/ha, porém com os valores extremos inferiores ao período anterior, no caso de 70 a 88 t/ha. Apesar de todos os esforços feitos neste período, como a introdução de novas va- riedades, melhores ajustes na área de fer- tilidade do solo, na obtenção e introdução de sistemas de manejo para os Ambientes de Produção, a produtividade média tem ticas, à falta de reforma e de investimento por Magela (2011) e os de produtividade ficado na faixa de 81 t/ha. Casos de sen- no setor deve ser analisada com cuidado, da Tabela 2, obteve-se a quantidade de to- sível redução, como na safra 1999/2000, como foi feito anteriormente. nelada de Pol/ha (Tabela 3). Observe que com 70 t/ha, se deveram à grande crise da Portanto, o clima mais uma vez, asso- a tonelada de Pol/ha permaneceu na faixa época. Atualmente, na safra 2011/2012, a ciado com os demais fatores de redução de 12,1 t/ha até a safra 2000 e subiu para produtividade ficou extremamente baixa. como, por exemplo, o corte mecanizado o valor de 12,2 t/ha no período de 2001 a A alegação citada pelos órgãos de divul- e a palha, tem sido o principal causador 2008. Assim, em todo este espaço de tempo gação assim como nas reuniões técnicas dos tropeços da produtividade na cultura o valor médio permaneceu praticamente de que a queda da produtividade estaria da cana. o mesmo, ou seja, em 12 t/ha. De 2009 a também ligada, além das condições climá- Usando os dados da Pol da cana obtido 2010, a queda neste valor foi acentuada, 23
  • 9. tecnologia agrícola do corte mecanizado, com todos os seus benefícios de um lado e as injúrias ao sis- tema produtivo de outro, já por si houve sensível redução na escolha das varieda- des. Outro fator de peso neste assunto se deve à proliferação de doenças nas novas variedades, o que tem reduzido a vida útil assim como a segurança em levar a frente o seu plantio. Finalmente, a gran- de expansão da lavoura canavieira está sendo feita em solos de baixa fertilidade e em condições climáticas praticamente marginais. Para tal caso, o número de va- riedades novas está restrito, fazendo com que o usuário opte pelas variedades da década de 80, como foi enfatizado. Os dados aqui apresentados as- para 10,8 t/ha, ou seja, 11,4% a menos. intenções de plantio, variedades da década sim como as considerações feitas têm Já na safra passada o valor foi de 9,6 t/ha de 80, não deixa de ser sintomático, prin- como principal objetivo o de aler- (11,1% a menos de t Pol/ha), apesar da in- cipalmente em regiões de déficits hídricos tar os órgãos competentes não somen- trodução de novas variedades. mais acentuados ou de solos de baixa fer- te na área de melhoramento, mas tam- tilidade. Não seria este um motivo pelo bém nas áreas de climatologia e de CONSIDERAÇÕES FINAIS qual tais variedades tem apresentado uma fisiologia, para levarem em considera- Como foi observado ao longo dos últi- adequada segurança varietal em relação ção os fatores aqui enumerados. mos 28 anos através dos resultados obtidos às novas à disposição dos usuários, como da Pol da cana por Magela (2011), notou- o insucesso ocorrido com a RB 92 5211, a 1. Centro de Tecnologia Canavieira CTC. O pla- nejamento varietal e a sustentabilidade do se- -se que, em relação à media desta carac- SP 91 1115 e a CTC 8, somente para citar tor sucroenergético. STAB, vol. 30, no 1; 2011. terística nos diversos períodos analisados, algumas? 2. Chapola, R.G.; Hoffmann, H.P Bassinello A,I,. .; et al. Censo varietal de cana de açúcar de 2009 não houve ganho. Por outro lado, quando Através dos dados da Tabela 4 (Cha- dos estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, STAB, Vol 28 no 4; 2010. se leva em consideração a quantidade de pola et al., 2010), nota-se que 75% das in- 3. Termômetro da safra. Outubro 2011. Consulca- cana por unidade de área (CTC, 2011, e tenções de plantio concentram-se nas va- na. Revista IDEANews 4. Majela, Geraldo. Evolução da qualidade tecno- Consulcana, 2011) não houve evolução no riedades desenvolvidas na década de 80, lógica da cana-de- açúcar no período de 1984 rendimento agrícola, permanecendo um com destaque para a RB 86 7515 e a SP 81 a 2010. STAB, vol 29, no 3; 2011. - valor médio nos dois períodos de dez anos 3250. Assim, a partir de 1990 praticamente dutividade da cana-de-açúcar. In: II Seminário de estudo de 81 t/ha. Finalmente, quando poucas variedades têm dado a segurança de Tecnologia Agronômica. Centro de Tecnolo- gia Copersucar. 1984. Piracicaba. se mediu a t/Pol/ha nos dois períodos ana- desejada, sendo citadas a RB 92 579, vin- 6. Ometto, J.C. A equation for estimation of agro- -industrial sugarcane yield in the Piracicaba re- lisados, verificou-se que houve redução do do Nordeste, e a RB 96 6928, varieda- gion. In: ISSCT Congress, 16. São Paulo, 1977. do índice. de precoce vinda do Paraná e ocupando 7. Ide, B. Agrometeorologia. In: IV Seminário de Tecnologia Agronômica. Centro de Tecnologia Apesar de todos os esforços relaciona- já a sexta posição na intenção de plantio Copersucar. 1988. Piracicaba. dos à introdução de novas variedades e no Centro-Sul. Por outro lado, o que tem 8. Brunini, O.; Anunciação, M.Y.T.; Fortes, L.; Abra- mides, P .G.; Carvalho, J.P Copping strategies . novas tecnologias, bem como a ênfase na levado algumas usinas a fazer tratamento with agrometeorological risks and incertainties segurança varietal, não está havendo ga- térmico em variedades semi-abandonadas for drought – Example in Brasil. In: Internatio- nal workshop on agrometeorological risk ma- nho nos parâmetros analisados. e que estão sendo recuperadas, como a RB nagement, challenges and opportunities. New Delhi, 2006. Uma das razões pelas quais usinas e 82 5336? destilarias insistem ainda em manter em Um dos pontos fundamentais neste as- *José Luiz Ioriatte Demattê é professor aposen- tado do Departamento de Ciência do Solo da seu plantel, inclusive considerando suas pecto está no fato de que, com o aumento ESALQ/USP e consultor de diversas usinas 24