A evolução da tecnologia agrícola na cultura canavieira ocorreu nos últimos 30 anos, melhorando a produtividade e a adaptação a diferentes condições climáticas. No entanto, fatores como pragas, tráfego pesado sobre os talhões e mudanças climáticas reduziram a produtividade em algumas regiões. É necessário um maior entendimento dos efeitos das condições climáticas nos diferentes estágios de desenvolvimento da cana para melhorar as estimativas de produção e os programas de nutrição e controle de prag
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Variedades de cana estão devendo...
1. tecnologia agrícola
José Luiz Ioriatte Demattê*
Nos últimos 30 anos, tem-se obser- termos de rendimento agroindustrial e
vado sensível evolução em todos os também na ênfase por materiais adap-
pontos de vista nas mais diversas áreas tados às mais diversas condições de cli-
de abrangência da lavoura canavieira, ma severo. Na região nordestina, um dos
tanto na parte agrícola como na indus- pontos fundamentais na manutenção e
trial e nas demais. Isso vem ocorrendo segurança da cultura se refere à grande
não só nas regiões canavieiras tradi- evolução que tem sido observada nos
cionais, mas também nos novos polos mais diversos sistemas de irrigação, não
canavieiros espalhados pelo Brasil. somente a irrigação de salvação, mas a
Muitas são as áreas onde a evolução semiplena ou plena com pivots lineares
da tecnologia está ocorrendo, tais co- ou circulares, assim como o sistema de
mo: a busca para uma maior eficiência gotejo, conhecimento este que tem sido
no sistema de transporte; o aperfeiço- repassado para os produtores do Centro-
amento no corte mecanizado e, mais -Sul.
recentemente, no plantio mecanizado Por outro lado, e como em qualquer
com uso de GPS; a busca por novas mo- cultura, principalmente na monocultu-
léculas de inseticidas, de nematicidas ra, como é o caso da cana, uma série de
e principalmente de herbicidas para as fatores negativos tem contribuído contra
mais diversas condições climáticas; a o aumento da produtividade. Tais fato-
consolidação do Plene; a busca por no- res podem ser direcionados para as mais
vas variedades mais promissoras em diversas áreas do conhecimento, como a
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2. tecnologia agrícola
biológica, onde o aumento das pragas de de corte e carregamento, com os equi- dos 18ºC, o que restringe ou impede a
solos como o Sphenophorus, o Migdolus pamentos trafegando também sobre a li- absorção de nutrientes e da água assim
e a Cigarrinha de Raiz tem sido observa- nha de cana, vêm danificando gemas e como retarda a brotação das soqueiras,
do nas diversas regiões canavieiras. O causando abalo e arranquio de soquei- favorecendo em muito a ação nefasta da
aumento do tráfego sobre os talhões de ras, fazendo com que os esforços para o geada. Em testes feitos na Usina Santa
cana, não somente devido ao aumento do aumento da produtividade dos canaviais Cruz, em Araraquara, região central do
tamanho dos equipamentos, mas também sejam infrutíferos. Estado de São Paulo, na safra 2010/2011,
pelo aumento do peso dos equipamentos Redução de produtividade devido ao demonstrou-se que, em solo arenoso com
por unidade de área, como o caso dos corte mecanizado comparado com o ma- palha em área total, a perda de produti-
transbordos, tem contribuído e muito pa- nual já é de conhecimento de longa da- vidade entre primeiro e segundo cortes
ra alterações negativas nas propriedades ta por muitos usuários do sistema e tem foi de 11 t/ha na RB 86 7515.
do solo, sejam elas físicas, químicas ou sido da ordem de 6 a 8 t/ha por corte em A diminuição destes fatores negati-
biológicas. O sensível aumento da den- testes feitos na Usina da Barra ainda no vos tem sido buscada nas mais diversas
sidade do solo devido a estas atividades final da década de 90. Em regiões mais áreas do conhecimento, como no caso da
tem contribuído para a redução da taxa frias, como o Sudoeste de São Paulo e palha, através de práticas de manejo, co-
de infiltração das águas, o aumento da o Mato Grosso do Sul, a associação do mo a remoção parcial da palha do talhão
taxa de gás carbônico no subsolo e a re- corte mecanizado e a presença da palha de cana ou simplesmente o aleiramento
dução na velocidade das trocas gasosas tem contribuído e muito para a redução da mesma. No caso do corte mecaniza-
entre solo e atmosfera, causando sérios da produtividade. A temperatura mínima do, a busca pelo ajuste de espaçamento
problemas de nutrição, entre outros. As do solo sob palha no período de junho e para permitir a canteirização tem sido
operações mecanizadas, principalmente julho nestas regiões tem ficado abaixo prioritária.
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-açúcar, apresenta ótimo rendimento gerando redução do custo de
30% com o preparo do solo e incremento de até15% de produtivi-
dade, além da melhoria na conservação de solo e melhor controle
de plantas daninhas e ainda facilita a colheita mecanizada.
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3. tecnologia agrícola
A necessidade de um maior conheci- no Noroeste de São Paulo também acon- processo este que pode induzir a erros,
mento da ação climática na produtivida- teceram erros na estimativa, porém em que foi o que justamente ocorreu.
de da cana - Tendo em vista tudo o que menor percentual. Como se observa, são questionamen-
foi citado, há que se levar em considera- Não me lembro nestes últimos 30 anos tos que deveriam ser esclarecidos para
ção primeiramente a influência do clima de erros desta grandeza. Normalmente que os usuários não incorressem nas es-
na produtividade agrícola nos diversos erros de estimativa de 1% a 2% para o timativas futuras em novos erros de ava-
estágios de desenvolvimento da cultura, início de safra são admissíveis, porém liação. Sem tais conhecimentos o siste-
tanto em cana planta como em soqueira, não na grandeza da dimensão observada. ma dos “técnicos de plantão“, tão comum
principalmente nas atuais alterações cli- Usinas que se utilizam de outros meca- atualmente, tem levado o setor ao des-
máticas que se acham em curso. O setor nismos de estimativa como refletância crédito nesta área. Apenas para citar um
sucroenergético estaria preparado em ter- foliar, biometria e levantamento da bio- exemplo: na tentativa de explicar o ocor-
mos de conhecimento nesta área como, massa, dentre outros, também erraram. A rido, foi formulada por um conceitua-
por exemplo, na estimativa da quantida- questão que ficou pendente na ocasião foi do órgão de pesquisa a possibilidade do
de de cana? Apenas citando um exemplo a seguinte: qual foi o fator climático que empobrecimento da fertilidade dos solos
relacionado aos desencontros desta área, permitiu, naquela ocasião, que o cana- devido ao excesso de chuvas, explicação
lembro os grandes percentuais de erro na vial estivesse com aparência de elevada esta sem nenhum fundamento,
estimativa da quantidade de cana para o produtividade? Trabalhos como os de Ide e Banchi
inicio da safra 2009/2010. Valores de 5% A cana estava fina, com internódios (1984), de Ometto (1978), de Ide (1988) e
8%, 10%, 15% e até 17% de erro na esti- alongados e de pouco peso, vindo daí os Brunini et al. (2006) já tentavam encon-
mativa no período de abril e maio foram erros. Os órgãos de pesquisa e desenvol- trar parâmetros climáticos para avaliar
comuns. Nas regiões de Jaú, Piracicaba e vimento da cultura deram explicação pa- adequadamente as estimativas de quanti-
Ipaussu, de acordo com o Controle Mútuo ra o fenômeno? A radiação fotossintetica- dade de cana. Posteriormente simulações
do CTC, ocorreram as maiores reduções mente ativa teria alguma influência nesta têm sido feitas nesta área, entretanto os
na avaliação da produtividade da cana quebra? A radiação foliar, como deve ser esquemas e resultados não têm apresen-
própria das usinas e também da de for- entendida, mede a energia refletida pe- tado a adequada segurança. Faltam estu-
necedores. Na região de Ribeirão Preto e la massa de cana, mas não mede o peso, dos e pesquisas.
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5. tecnologia agrícola
Por outro lado, as quebras generali- produtividade foi o clima e, sendo assim, A QUESTÃO VARIETAL
zadas na quantidade de cana na Região viria o seguinte questionamento: qual foi Desde a década de 70 que os progra-
Centro-Sul da safra 2011/2012, com valo- o fator climático que governou esta redu- mas de desenvolvimento de variedades nos
res de redução na faixa de 8% a até 21%, ção? Somente a falta de chuva no período mais diversos órgãos de pesquisa como Co-
têm sido atribuídas a diversos fatores de crescimento? A distribuição irregular persucar, Planalsucar e IAC na ocasião, e
além do clima, como a não reforma dos das chuvas? O aumento da temperatura atualmente CTC, Ridesa, IAC e CV têm si-
canaviais, o envelhecimento do canavial e, em consequência, o aumento da evapo- do alicerces na obtenção de novos clones
e a redução de investimentos na lavou- transpiração? Os veranicos? e variedades com o objetivo de aumentar a
ra, dentre outros. De qualquer maneira O nosso conhecimento atualmente na produtividade tanto agrícola como indus-
é necessário entender que muitas usinas maioria das regiões canavieiras se limi- trial. Ano após ano os órgãos citados tem
não deixaram de reformar o canavial e de ta a examinar a precipitação mensal, a liberado uma série de novas variedades,
investir em tecnologia e, mesmo assim, quantidade de chuvas no ano, os balanços material este apresentado em muitas reu-
tiveram sensível queda de produtivida- hídricos e os déficits hídricos nas diver- niões técnicas nas mais diversas regiões
de, acompanhando a redução geral. As sas categorias de soca e cana planta. Mas do Brasil.
novas usinas e destilarias com um cana- qual tem sido, por exemplo, o impacto Apesar de todo o esforço feito por estes
vial jovem ainda, de dois a três cortes, na produtividade de um déficit hídrico órgãos de pesquisa de um lado e o manejo
tiveram também acentuadas quebras na no período de máximo crescimento do agronômico de outro, através das usinas e
produtividade como na região do Brasil canavial, ou seja, de outubro a abril na destilarias, qual tem sido o resultado final
Central, Goiás e Mato Grosso principal- região Centro-Sul? em termos de aumento da qualidade tec-
mente. A produtividade de São Paulo da Sem o adequado conhecimento das nológica da cana?
cana de ano e meio foi de 102 t/ha nesta ações climáticas na cultura da cana-de- Para esta resposta foram utilizados os
safra atual contra 120 t/ha em 2010/2011 -açúcar, os demais programas como o de dados obtidos por Magela (2011) em tra-
e 118 t/ha em 2009 (Consulcana, 2011). nutrição, o de pragas e mesmo o programa balho de longo alcance desde 1984 até
Fica ilustrado nestes exemplos, portan- de desenvolvimento varietal não podem 2010/2011. O objetivo, de acordo com as
to, que o fator principal na redução da estar indo numa direção inadequada? palavras do autor, “foi o de verificar o ga-
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7. tecnologia agrícola
Examinando-se os valores da Pol da
cana em relação aos períodos estudados
(conforme Tabela 1), nota-se que o com-
portamento dos dados é semelhante em
relação à distribuição dos valores ao longo
da safra, ou seja, crescente até o segundo
período de setembro para decrescer em se-
guida. Aumentos ou reduções do formato
da curva (Figura 1) se devem às oscilações
climáticas, curvas mais baixas para safras
úmidas e curvas mais acentuadas para sa-
fras mais secas.
Apesar da introdução de novas varie-
dades precoces e o uso de maturadores,
observa-se que os valores da Pol da cana
até 2000, no período de abril a maio, têm
sido superiores aos valores obtidos a par-
tir da safra de 2001. De acordo com Mage-
la (2011), no período de 1984 a 2010 não
se observou qualquer ganho em termos de
nho tecnológico obtido com a introdução fras de 2001 a 2008, representando apenas qualidade da matéria-prima expressa em
de novas variedades ao longo deste perío- acréscimo de 0,8% na média dos períodos Pol da cana ou em kg de ATR por tonelada
do, a partir dos dados obtidos via análise analisados, valores estes de pouca expres- de cana. Ainda de acordo com aquele autor,
da cana de fornecedores para fins de paga- são se se levar em consideração a quanti- as pequenas ou grandes diferenças cons-
mento da matéria-prima. Para tanto, foram dade de material novo introduzido na oca- tatadas neste trabalho foram mais devidas
utilizados os dados de qualidade tecnoló- sião. Paralelamente, o comportamento do ao clima do que a outros fatores, princi-
gicas da cana-de-açúcar desde a implanta- ATR de acordo com o autor é praticamente palmente novas variedades, considerações
ção do Sistema de Pagamento de Cana pelo igual ao da Pol da cana neste período, com estas nas quais estamos de acordo.
Teor de Sacarose e Pureza”. Os cálculos fo- 146,6 kg/t entre 1984 e 2000 contra 147,9 Vem daí o questionamento: as duas úl-
ram feitos com base nas equações inseridas kg/t no período de 2001 a 2008, com média timas safras de 2010/2011 e 2011/2012 fo-
no Manual do Consecana, edição de 2005. de acréscimo nos mesmos 0,8%. Na safra ram secas e, mesmo assim, a Pol da cana
Os resultados obtidos da Pol da cana 2009/2010 a Pol da cana foi inferior aos foi baixa em relação aos últimos 25 anos.
por Magela (2011) estão resumidos na Ta- períodos anteriores em todos os meses de Qual seria a razão climática que estaria aí
bela 1 e foram separados por períodos, a safra, com média de 13,3%, motivado pelas agindo para permitir o desempenho desta
saber: primeiro período de 1984 a 2000, condições climáticas muito úmidas no pe- característica bem aquém do esperado? Ou,
com 548 milhões de t de cana; segundo ríodo de safra. Na safra 2010/11, uma safra em outras palavras, onde a variação climá-
período de 2001 a 2008, com 524 milhões seca, o valor médio da Pol da cana foi de tica tem agido na fisiologia da planta para
de t de cana; terceiro período em 2009 com 14,5%, inferior ainda ao período de 2001 a ocasionar tais resultados?
118 milhões de t; e, finalmente, em 2010 2008, com média de Pol da cana de 15%, e
com 105 milhões de t de cana. O período também continuando mais baixo do que no PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA
de safra de 2012 foi complementado pelos período de 1984 a 2000, cujo valor médio A Tabela 2, extraída do trabalho do CTC
valores obtidos pela Consulcana (outubro da Pol da cana foi de 14,8%. (2011), resume a produtividade agrícola no
de 2012). Na safra 2011/12, safra em período tam- período de 1988 a 2011. De acordo com es-
Através dos resultados da Tabela 1, no- bém seco, o valor médio da Pol da cana tes dados, e separando por períodos, obser-
ta-se que, no período de 1984 a 2000, a mé- foi de 13,4%, inferior ainda ao da safra va-se que no período de 10 anos que vai de
dia da Pol foi de 14,8% contra 15% nas sa- 2010/11. 1988 a 1999, a produtividade agrícola foi
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8. tecnologia agrícola
de 81,5 t/ha, oscilando entre 78 e 95 t/ha.
Já no período de 2000 a 2011 a produtivi-
dade agrícola na média foi a mesma, com
81 t/ha, porém com os valores extremos
inferiores ao período anterior, no caso de
70 a 88 t/ha.
Apesar de todos os esforços feitos neste
período, como a introdução de novas va-
riedades, melhores ajustes na área de fer-
tilidade do solo, na obtenção e introdução
de sistemas de manejo para os Ambientes
de Produção, a produtividade média tem ticas, à falta de reforma e de investimento por Magela (2011) e os de produtividade
ficado na faixa de 81 t/ha. Casos de sen- no setor deve ser analisada com cuidado, da Tabela 2, obteve-se a quantidade de to-
sível redução, como na safra 1999/2000, como foi feito anteriormente. nelada de Pol/ha (Tabela 3). Observe que
com 70 t/ha, se deveram à grande crise da Portanto, o clima mais uma vez, asso- a tonelada de Pol/ha permaneceu na faixa
época. Atualmente, na safra 2011/2012, a ciado com os demais fatores de redução de 12,1 t/ha até a safra 2000 e subiu para
produtividade ficou extremamente baixa. como, por exemplo, o corte mecanizado o valor de 12,2 t/ha no período de 2001 a
A alegação citada pelos órgãos de divul- e a palha, tem sido o principal causador 2008. Assim, em todo este espaço de tempo
gação assim como nas reuniões técnicas dos tropeços da produtividade na cultura o valor médio permaneceu praticamente
de que a queda da produtividade estaria da cana. o mesmo, ou seja, em 12 t/ha. De 2009 a
também ligada, além das condições climá- Usando os dados da Pol da cana obtido 2010, a queda neste valor foi acentuada,
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9. tecnologia agrícola
do corte mecanizado, com todos os seus
benefícios de um lado e as injúrias ao sis-
tema produtivo de outro, já por si houve
sensível redução na escolha das varieda-
des. Outro fator de peso neste assunto se
deve à proliferação de doenças nas novas
variedades, o que tem reduzido a vida
útil assim como a segurança em levar a
frente o seu plantio. Finalmente, a gran-
de expansão da lavoura canavieira está
sendo feita em solos de baixa fertilidade
e em condições climáticas praticamente
marginais. Para tal caso, o número de va-
riedades novas está restrito, fazendo com
que o usuário opte pelas variedades da
década de 80, como foi enfatizado.
Os dados aqui apresentados as-
para 10,8 t/ha, ou seja, 11,4% a menos. intenções de plantio, variedades da década sim como as considerações feitas têm
Já na safra passada o valor foi de 9,6 t/ha de 80, não deixa de ser sintomático, prin- como principal objetivo o de aler-
(11,1% a menos de t Pol/ha), apesar da in- cipalmente em regiões de déficits hídricos tar os órgãos competentes não somen-
trodução de novas variedades. mais acentuados ou de solos de baixa fer- te na área de melhoramento, mas tam-
tilidade. Não seria este um motivo pelo bém nas áreas de climatologia e de
CONSIDERAÇÕES FINAIS qual tais variedades tem apresentado uma fisiologia, para levarem em considera-
Como foi observado ao longo dos últi- adequada segurança varietal em relação ção os fatores aqui enumerados.
mos 28 anos através dos resultados obtidos às novas à disposição dos usuários, como
da Pol da cana por Magela (2011), notou- o insucesso ocorrido com a RB 92 5211, a 1. Centro de Tecnologia Canavieira CTC. O pla-
nejamento varietal e a sustentabilidade do se-
-se que, em relação à media desta carac- SP 91 1115 e a CTC 8, somente para citar tor sucroenergético. STAB, vol. 30, no 1; 2011.
terística nos diversos períodos analisados, algumas? 2. Chapola, R.G.; Hoffmann, H.P Bassinello A,I,.
.;
et al. Censo varietal de cana de açúcar de 2009
não houve ganho. Por outro lado, quando Através dos dados da Tabela 4 (Cha- dos estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, STAB, Vol 28 no 4; 2010.
se leva em consideração a quantidade de pola et al., 2010), nota-se que 75% das in-
3. Termômetro da safra. Outubro 2011. Consulca-
cana por unidade de área (CTC, 2011, e tenções de plantio concentram-se nas va- na. Revista IDEANews
4. Majela, Geraldo. Evolução da qualidade tecno-
Consulcana, 2011) não houve evolução no riedades desenvolvidas na década de 80, lógica da cana-de- açúcar no período de 1984
rendimento agrícola, permanecendo um com destaque para a RB 86 7515 e a SP 81 a 2010. STAB, vol 29, no 3; 2011.
-
valor médio nos dois períodos de dez anos 3250. Assim, a partir de 1990 praticamente dutividade da cana-de-açúcar. In: II Seminário
de estudo de 81 t/ha. Finalmente, quando poucas variedades têm dado a segurança de Tecnologia Agronômica. Centro de Tecnolo-
gia Copersucar. 1984. Piracicaba.
se mediu a t/Pol/ha nos dois períodos ana- desejada, sendo citadas a RB 92 579, vin- 6. Ometto, J.C. A equation for estimation of agro-
-industrial sugarcane yield in the Piracicaba re-
lisados, verificou-se que houve redução do do Nordeste, e a RB 96 6928, varieda-
gion. In: ISSCT Congress, 16. São Paulo, 1977.
do índice. de precoce vinda do Paraná e ocupando 7. Ide, B. Agrometeorologia. In: IV Seminário de
Tecnologia Agronômica. Centro de Tecnologia
Apesar de todos os esforços relaciona- já a sexta posição na intenção de plantio Copersucar. 1988. Piracicaba.
dos à introdução de novas variedades e no Centro-Sul. Por outro lado, o que tem 8. Brunini, O.; Anunciação, M.Y.T.; Fortes, L.; Abra-
mides, P .G.; Carvalho, J.P Copping strategies
.
novas tecnologias, bem como a ênfase na levado algumas usinas a fazer tratamento with agrometeorological risks and incertainties
segurança varietal, não está havendo ga- térmico em variedades semi-abandonadas for drought – Example in Brasil. In: Internatio-
nal workshop on agrometeorological risk ma-
nho nos parâmetros analisados. e que estão sendo recuperadas, como a RB nagement, challenges and opportunities. New
Delhi, 2006.
Uma das razões pelas quais usinas e 82 5336?
destilarias insistem ainda em manter em Um dos pontos fundamentais neste as- *José Luiz Ioriatte Demattê é professor aposen-
tado do Departamento de Ciência do Solo da
seu plantel, inclusive considerando suas pecto está no fato de que, com o aumento ESALQ/USP e consultor de diversas usinas
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