Arthur Danto explora diferentes teorias filosóficas sobre a relação entre corpo e mente ao longo da história do pensamento. David Le Breton analisa como o corpo é representado e integrado nas práticas sociais das sociedades modernas, especialmente por meio de rituais de "apagamento" do corpo no cotidiano.
1. Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Artes e Letras
PPGART/Doutorado em Artes Visuais
Arte Contemporânea: Problemáticas Emergentes
Prof.ª Dr.ª Nara Cristina Santos
Santa Maria, 2021
doutorando
Sandro Bottene
CONTEMPORÂNEO
3. Arthur
DANTO
1924-2013
Filósofo e crítico de arte norte-
americano, foi professor emérito
de Filosofia da Universidade de
Columbia.
Autor dos livros:
. Após o fim da arte (1997)
. O corpo/o problema do corpo (1999)
. O abuso da beleza (2003)
4. Partindo da ideia de que a representação é um conceito central na filosofia,
Danto explora nesta obra a tradicional questão filosófica de como,
sendo criaturas com cérebros e corpos,
representamos – e representamos mal – mundos reais e possíveis.
Ilustra sua análise com múltiplas alusões a pinturas,
fotografias e outras obras artísticas,
além de incorporar referências à ciência, à filosofia da história,
à psicanálise e à teoria da ação,
a fim de examinar como vive o ser humano na história e
como ele representa o futuro
mediante sua relação consigo mesmo e com os outros (contracapa)
sobre o livro
5. Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
história do pensamento – importância filosófica – conhecimento científico
físico + força vital VITALISMO
orgânico x inorgânico – físico x mental DUALISMO IRREDUTIBILISMO PSICOLÓGICO
Friedrich Wöhler (1800-1882)
síntese de um composto orgânico (ureia) a partir de um inorgânico (amônia), em 1828
Terrestre x Celestial – Galileu Galilei (1564-1642) e as manchas solares
Movimento dos Planetas – Johannes Kepler (1571-1630) e as elipses
Alan Turing (1912-1954)
a máquina de Turing “observa”, “entende” e “executa ordens”
(observação, compreensão e ação são operações psicológicas)
pensar uma operação mental (o cálculo) fisicamente corporificada (pela máquina)
6. Jogo de Enigmas (demostrou que as máquinas podiam ser tão capazes
quanto nós em nossas mais elevadas funções mentais)
problema filosófico: nenhuma diferença externa
René Descartes (1596-1650)
um sonho tão vívido (qual a diferença ao se despertar?)
Immanuel Kant (1724-1804)
um caso feito por razões morais (a diferença não parte do comportamento sozinho)
Marcel Duchamp (1887-1968)
Ready-mades (as diferenças não se mostram nos objetos)
David Hume (1711-1776)
dois universos (um determinista e outro aleatório, em ambos os casos não há diferenças)
Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
7. Hume
Turing
Wöhler
Descartes
Kant
Duchamp
diferentes teorias do significado
(problemas filosóficos vinculados às descobertas científicas)
direções de pensamentos distintos
VERIFICACIONISMO um termo ou uma expressão que carece de sentido quando não
existem procedimentos na experiência para verificar se é aplicado corretamente, e que
seu significado não é outra coisa que esses procedimentos
Turing
o que seria “inteligência” sem o procedimento de observação do comportamento?
John Searle (1932)
Sala Chinesa/entrada e saída (exemplo em caracteres chineses)
“entendimento” não pode ser apenas uma questão de entrada/saída como na máquina
Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
8. ELIMINACIONISTA é qualquer um que negue a existência de algo
Problema – o que não está acontecendo no cérebro quando não entendemos um conjunto
de signos e o que ocorre quando entendemos tais signos
este “algo” é algum procedimento do cérebro
compreender = Procedimento U
dor = fribras-C
descrição de nós mesmos na linguagem da neurofisiologia
Gottlob Frege (1848-1925)
Estrela da Manhã e Estrela da Noite
(a relação entre compreensão e o Processo U tem que ser descoberta)
Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
9. flogístico – fluido que, acreditava-se, associado a uma substância e,
através de calor e luz, se manifestava nos corpos e produzia combustão
Foi contestada pelo trabalho de Antoine Lavoiser (1743-1794)
a diferença da distinção não se vincula a um estado dado da investigação científica
Descartes (pensamento cartesiano, uma versão do Irredutibilismo Psicológico)
dualismo (corpo e mente) distinção entre dois tipos de corpos
a mente não conhece a si mesma como uma coisa pensante
os limites do que conheço de mim mesmo são os limites do eu
Embora a mente ou a alma do homem seja realmente distinta do corpo, está porém, tão
intimamente ligada e unida a ele que forma com ele o que é quase uma única entidade
Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
10. John Donne (1572-1631)
poema escrito sobre Elizabeth Drury (aparentemente sem conhecê-la)
Descartes (três conceitos de corpo) coisa extensa (corpo como algo que ocupa o espaço)
o problema corpo/mente se resolve por meio do reconhecimento, enquanto encarnado na
mente, o corpo tem exatamente os mesmos atributos que a mente
logo a relação corpo/mente é exatamente a relação mente/mente
O verdadeiro problema é a relação corpo/corpo, isto é, a relação entre
o corpo com atributos mentais e o corpo sem atributos mentais
ligado e unido não intimamente ligado e unido
Gilbert Ryle (1572-1631)
um fantasma no interior de uma máquina (a mente como encarnada, como feita de carne)
Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
11. eu descarnado não pode ter uma expressão espacial,
que é o que constitui a condição de representatividade
(unida e intimamente ligada ao corpo)
uma representação do corpo é uma representação da alma
Jonathan Miller (1934-2019) | os astecas | Aristóteles (384-322 a.C.)
o entendimento do coração e suas metáforas
Karl Lashley (1890-1958)
projeção de teorias para várias coisas, mas metáforas ainda são usadas
Keith Oatley (1939)
analogias não são as melhores formas de compreensão, pois não se sustentam
Martin Heidegger (1889-1976)
no que se refere às emoções, nenhum passo foi dado de Aristóteles em dois mil anos
Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
12. o corpo como um complexo sistema eletro-químico-mecânico
abandono do conceito de corpo possessivo (meu) e da linguagem dos corpos pensantes
da mesma forma que alguns abandonaram a concepção bíblica
a ciência grega, tentativa de explicação fisiológica
formação racional das representações de Aristóteles permanecem válidas
O que será descoberto seguirá sendo o que conhecemos como atividade científica e o que
reconhecemos nos antigos quando faziam ciência, embora conteúdo das crenças antigas
sobre o corpo como objeto difere das futuras crenças nas quais confia o Eliminacionismo
novas metáforas extraídas de tecnologias serão inventadas
representação (categoria da psicologia popular) - capacidade pertence a nossa essência
Ludwig Wittgenstein (1889-1951)
escreveu que o corpo humano é a melhor representação da alma humana
Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
13. inversão – a alma humana poderia ser a melhor representação do corpo humano
um sistema de representações, ou de crenças,
sentimentos e atitudes, uma espécie de texto
Compreensão do corpo como objeto metáforas da engenharia
Conhecimento do corpo vivido metáforas da estrutura do texto
a alma e sua estrutura:
John Locke (1632-1704)
conversação
Turing
Georg W. F. Hegel (1770-1831)
histórico clínico
James Joyce (1882-1941)
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dicionário
Platão (428/427-348/347 a.C.)
cálculo
narrativa
Sigmund Freud (1856-1939)
Jacques Lacan (1901-1981)
solilóquio
Capítulo 10: El cuerpo/El problema del cuerpo. p. 227-253
15. David
LE BRETON
1953
Doutor, sociólogo e antropólogo,
é professor na Universidade de
Paris X. Escreve sobre as
representações e a colocação
em jogo do corpo humano.
Autor dos livros:
. Antropologia do corpo e modernidade (1990)
. Antropologia da dor (2006)
. Experiências da dor (2010)
16. As representações sociais atribuem ao corpo uma determinada posição
dentro do Simbolismo geral de uma sociedade.
Contudo, o que é que faz do corpo um tema privilegiado de práticas,
discursos e imaginários nas Sociedades Modernas?
David Le Breton, tomando o corpo como fio condutor,
nos proporciona uma perspectiva antropológica da modernidade.
Antropologia do corpo, antropologia do presente, este livro se vale da etnologia
e da história para apreciar desde um ângulo insólito
a lógica social e cultural que se encontra no coração da medicina moderna
e nos rituais sociais, assim como na preocupação atual pela saúde,
a aparência e o bem-estar corporal (contracapa)
sobre o livro
17. Capítulo 6: Borramiento ritualizado o integración del cuerpo. p. 121-139
o corpo presente-ausente
o corpo se borra (apaga), nos rituais diários
a sociedade ocidental está baseada em um borramento do corpo,
que se se traduz pelo distanciamento
a corpo está presente-ausente: ao mesmo tempo está inserido
no tecido do mundo e é suporte de todas as práticas sociais
o corpo imaginário e o corpo vivido
18. Capítulo 6: Borramento ritualizado ou integração do corpo. p. 121-139
os ritos de borramento (apagamento)
Esforço por tornar-se transparente em espaços públicos:
elevadores, transportes públicos, salas de espera
a norma da definição social no trabalho (comportamento),
borra (apaga) ritualmente a presença do corpo
ritos que borram a evidência do corpo, inscreve-o na situação vivida
atrofia das funções corporais durante a vida cotidiana
19. Capítulo 6: Borramento ritualizado ou integração do corpo. p. 121-139
o corpo exposto
temas corporais relacionados com a vida íntima na publicidade:
preservativos, roupas íntimas, absorventes, desodorantes, papel higiênico
a modernidade é muito pouco hospitaleira do corpo:
impõe um modelo de juventude, de vitalidade, de sedução e de saúde
na multidão, as fronteiras pessoais e as do corpo se dissolvem
nudez nas praias ou na televisão, prática esportiva (corredores)
20. Capítulo 6: Borramento ritualizado ou integração do corpo. p. 121-139
o corpo escamoteado (desaparecido à vista de todos)
o idoso, o louco, o incapacitado (mental ou físico), o cego, o enfermo
rituais de evitamento e o corpo se instala como inconveniente
este (outro) corpo deixa de ser um espelho tranquilizador da identidade,
o corpo não está mais borrado pelo ritual, mas sim
pesadamente presente, em uma situação embaraçosa
o incapacitado lembra da insuportável fragilidade da condição humana
21. Capítulo 6: Borramento ritualizado ou integração do corpo. p. 121-139
as ambiguidades da “liberação do corpo”
o louco pode: falar em voz alta de coisas íntimas, masturbar-se ostensivamente,
ficar nu, gritar, agredir, ferir-se, provocar, etc
a “liberação do corpo” só será efetiva quando haver
desaparecido a preocupação pelo corpo
OBS: percebe-se que alguns apontamentos estariam desatualizados
e não condizem mais com as circunstâncias sociais de hoje
a “liberação” do corpo, hoje, es fracionária, está separada do cotidiano.
O discurso da liberação e as práticas que provoca são produto
das classes sociais medias ou privilegiadas (para pensar)
22. algumas relações
Corpo por Arthur DANTO
(escrito de 1999)
complexo sistema
eletro-químico-mecânico
contexto em: descobertas científicas,
pensamentos filosóficos,
teorias, metáforas, analogias
discurso entre:
corpo, mente, eu, alma
Irredutibilismo psicológico
Corpo por David LE BRETON
(escrito de 1990)
suporte material
operador de práticas sociais
contexto em: períodos históricos,
comportamentos sociais,
sentimentos e aparência física
discurso entre:
corpo, sujeito, indivíduo
imaginário e vivido
23. DANTO, Arthur. El cuerpo/El problema del cuerpo. Madri: Sintesis, 2003. 304 p.
LE BRETON, David. Antropologia del cuerpo y moderninad. Buenos Aires: Nova Visión,
2002. 254 p.