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AS HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU
O Bom Samaritano
A Parábola do Bom Samaritano é muito conhecida. Entretanto, por
vivermos em culturas muito diferentes da que prevalecia na
Palestina do primeiro século, há aspectos da história que talvez não
entendamos. Quando ouvimos ou lemos essa parábola, ela não
necessariamente nos choca nem desafia o status quo do mundo de
hoje. Contudo, a história causou espanto aos seus primeiros
ouvintes, ao contrariar suas expectativas e desafiar seus limites
culturais.
Encontram-se na parábola várias personagens. Vamos analisar cada
uma das personagens na ordem em que aparecem no relato.
A vítima
A parábola nos fala muito
pouco sobre a primeira
personagem, o homem que
foi assaltado, mas dá uma
informação crucial ao
entendimento da história.
Foram-lhe roubadas as
roupas e ele foi deixado à
morte. Ele estava deitado
no chão, seriamente ferido
e inconsciente.
Isso é importante porque, no primeiro século, as pessoas eram
facilmente identificadas pelas suas vestimentas, idioma ou sotaque.
Como o homem que fora agredido estava sem roupas, era
impossível identificar sua nacionalidade. Como estava
inconsciente e, portanto, incapaz de falar, não havia como
saber a sua origem.
O Sacerdote
A segunda personagem na história é o
sacerdote. Os sacerdotes judeus em
Israel constituíam o clero e ministravam
no templo em Jerusalém por uma
semana, durante um período de 24
semanas. A história não dá detalhes
sobre o sacerdote nesse relato, mas os
presentes quando Jesus a contou
provavelmente imaginaram que o
religioso voltava para Jericó depois de
passar uma semana ministrando no
templo.
O Levita
A terceira personagem na parábola é o
levita. Todos os sacerdotes eram
levitas, mas nem todos os levitas eram
sacerdotes. Eram considerados o baixo
clero, um nível abaixo dos sacerdotes e,
como estes, serviam duas semanas por
ano.
O Samaritano
Os samaritanos viviam na região
montanhosa de Samaria, localizada
entre a Galileia, no Norte, e a Judeia, no
Sul. Eles acreditavam nos primeiros
cinco livros de Moisés e que Deus havia
designado o Monte Gerizim como o
lugar de adoração, não Jerusalém.
Em 128 a.C., o templo samaritano,
construído sobre o Monte Gerizim foi
destruído pelo exército judeu. No ano 6 ou 7 d.C., alguns samaritanos
espalharam ossos humanos no templo judaico, profanando-o. Esses
dois eventos são importantes fatores na profunda animosidade que
existia entre os dois povos.
Essa aversão mútua é evidente no Novo Testamento. A viagem da
Galileia para o sul, para Jerusalém, era muito demorada para os judeus,
pois era comum darem uma grande volta para não passarem pela
região de Samaria. Isso significava um acréscimo de 40 quilômetros
ao trajeto, tornando a viagem dois ou três dias mais longa. Além disso,
a rota passava por lugares muito mais quentes e incluía um aclive
acentuado entre Jericó e Jerusalém. Mesmo assim, muitos entendiam
que valia o sacrifício, para evitar contato com os samaritanos.
Foi nesse contexto de hostilidade cultural, racial e religiosa que Jesus
contou a parábola do Bom Samaritano.
A Parábola
Agora que sabemos mais sobre as personagens, vejamos o que
ocorreu quando Jesus foi questionado pelo advogado, conforme relata
o capítulo 10 do Livro de Lucas, no versículo 25.
Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe
perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”
(Lucas 10:25)
Como obter a vida eterna era uma questão debatida pelos estudiosos
judeus do primeiro século, com ênfase à obediência da lei como meio
para conquistar a vida eterna.
“O que está escrito na Lei?”, respondeu Jesus. “Como você a lê?” Ele [o
advogado] respondeu: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu
coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu
entendimento” e “Ame o seu próximo como a si mesmo.” (Lucas 10:26-
27)
Como os evangelhos deixam bem claro, era exatamente o que Jesus
costumava pregar e, possivelmente, o advogado já ouvira Jesus
ensinar antes. A próxima fala do advogado revela que estava
buscando uma forma de justificação diante de Deus. Ser justificado
significa estar em bons termos com Deus, ter a salvação. O homem
quer saber o que ele tem de fazer, que obras, que ações são
necessárias para sua justificação. Em outras palavras, para merecer a
salvação.
Ele [o advogado], porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a
Jesus: “E quem é o meu próximo?” (Lucas 10:29)
O advogado se julga capaz de amar Deus e observar a lei, mas essa
questão de “amar o próximo” lhe parece um pouco vaga ou nebulosa.
Por isso, quer saber quem é seu próximo, quem, exatamente, precisa
amar. Compreende que seu próximo inclui “os filhos do seu próprio
povo”, conforme o versículo em Levítico, ou seja, os outros judeus.
Mas existiria mais alguém? Os gentios não eram vistos como
“próximos”, apesar de Levítico 19:34 ensinar:
Como o natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco.
Amá-lo-eis como a vós mesmos…
Então seria possível incluir também um estrangeiro que morasse na
mesma cidade que o advogado. Eles também deveriam ser
considerados “próximos”. Por isso, para aquele estudioso, os
“próximos” seriam os judeus de uma maneira geral e qualquer
estrangeiro que vivesse na mesma cidade que eles. Outros não
seriam, certamente, “próximos”, em particular os odiados
samaritanos.
Foi em resposta a essa pergunta —“Quem é meu próximo?”, ou “A
quem preciso amar?”— que Jesus contou a parábola.
Respondeu-lhe Jesus: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e
caiu nas mãos dos assaltantes, os quais o despojaram e, espancando-o,
se retiraram, deixando-o meio morto.” (Lucas 10:30)
Casualmente descia
pelo mesmo caminho
certo sacerdote que,
vendo-o, passou de
largo. (Lucas 10:31)
É provável que o
sacerdote estivesse
retornando de uma de
suas semanas de
serviço no templo. Por
causa do seu status,
pode-se supor que
montasse um burro, no qual poderia transportar o ferido até Jericó. O
problema era que não havia como determinar quem era aquele homem
nem sua nacionalidade, já que estava inconsciente e nu. O sacerdote
estava sob o dever estipulado pela lei mosaica de ajudar outro judeu,
mas não um estrangeiro, uma diferença que o estado da vítima não
permitia que fosse estabelecida. Além disso, o sacerdote não sabia se
aquele homem estava ou não morto e, segundo a lei mosaica, tornava-
se impuro do ponto de vista cerimonial quem tocasse ou se
aproximasse de um cadáver. O sacerdote ecidiu não socorrer o homem,
passando pelo outro lado da estrada, para garantir uma distância
adequada do desconhecido.
A parábola continua:
De igual modo também um levita chegou àquele lugar e, vendo-o, passou
de largo. (Lucas 10:32)
O levita veio, viu e passou sem nada fazer.
A expectativa dos que ouviam Jesus contar a história era que a terceira
Apesar de não ser possível identificar a nacionalidade do homem, pelo
contexto e resultado da história, os que a ouviram em primeira mão
muito provavelmente supuseram que o moribundo fosse judeu.
pessoa fosse um judeu leigo. Faria todo sentido, pois daria
continuidade à ordem descendente de status até o momento na
história: o sacerdote, o levita e o leigo. Entretanto, Jesus contrariou
radicalmente as expectativas ao anunciar que a terceira personagem
da trama era um desprezado samaritano, um inimigo. E a questão só
piora quando Jesus relata as coisas que o samaritano faz pela vítima
de assalto, as quais o sacerdote e o levita deveriam ter feito.
Mas um samaritano, que
ia de viagem, chegou
perto dele, viu-o e
moveu-se de compaixão.
Aproximando-se, atou-
lhe as feridas, deitando-
lhes azeite e vinho.
Então pondo-o sobre a
sua cavalgadura, levou-o
para uma hospedaria e
cuidou dele. (Lucas
10:33-34)
O samaritano, provavelmente um comerciante que transportava vinho
e óleo, que por ali viajava com pelo menos um animal, provavelmente
um burro, se compadece do homem à beira do caminho. Sua primeira
ação foi enfaixar suas feridas. O que ele usou para isso? Ele não
integra a equipe de paramédicos local nem traz consigo um kit de
primeiros socorros. Talvez, por ser comerciante, levasse tecidos para
vender. É possível também que tenha rasgado um pedaço da própria
túnica de linho, usada como roupa de baixo, ou o pano com o qual
envolvia a cabeça, para servir de atadura. Em seguida, derrama sobre
o pano vinho e óleo para limpeza, desinfecção e cura.
O homem de Samaria leva o ferido para uma hospedaria e cuida dele
lá. Se supusermos que estava ajudando um judeu, expôs-se ao risco
de entrar na cidade com um judeu quase morto sobre o seu burro, os
parentes da vítima entenderem que ele era o culpado pela sua
condição e buscarem revanche. Para sua própria segurança, teria sido
Partindo no outro dia, tirou
dois denários, deu-os ao
hospedeiro, e disse-lhe:
Cuida dele, e tudo o que de
mais gastares com ele eu
te pagarei quando voltar.’
(Lucas 10:35)
Dois denários eram o
equivalente ao
pagamento por dois dias
de trabalho. Deixar o
dinheiro com o hospedeiro garantia ao coitado o cuidado necessário à
sua recuperação. Se o hospedeiro tivesse custos adicionais com o
tratamento do homem, o samaritano prometeu reembolsá-lo na sua
próxima passagem. Com isso, poupou o homem do risco de contrair
uma dívida decorrente das despesas com hospedagem, tratamento e
alimentação que, se não quitada, naquela época, poderia resultar na
sua prisão. A promessa do samaritano de voltar e pagar quaisquer
despesas adicionais garantiu a segurança e a continuação do cuidado
do assaltado.
É provável que o samaritano costumasse fazer negócios em
Jerusalém e com frequência passassem por Jericó para isso. Por ser
um cliente da hospedaria já conhecido, o hospedeiro aceitou a
promessa de que voltaria e acertaria quaisquer pendências que
viessem a surgir.
Ao terminar a história, Jesus perguntou ao especialista em leis:
“Qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos
dos assaltantes?” Ele disse: “O que usou de misericórdia para com ele.”
Disse Jesus: “Vai, e faze da mesma maneira.” (Lucas 10:36-37)
mais sensato ter deixado o homem perto da cidade, talvez ao portão da
mesma, mas preferiu levá-lo para a hospedaria, onde passou a noite
cuidando dele. E não parou aí.
Em resposta à pergunta do advogado —“Quem é meu próximo?”—,
Jesus não foi específico como o questionador esperava. Em vez
disso, contou-lhe uma história e lhe perguntou quem havia dado
provas de ser o próximo. O estudioso queria uma resposta categórica,
preto no branco. Esperava que Jesus especificasse que os próximos
seriam os judeus, os convertidos ao judaísmo e os estrangeiros que
vivessem na sua comunidade. Com essa lista, o jurista saberia
exatamente quem deveria amar para cumprir a lei. Mas a resposta de
Jesus não foi uma listinha dos que o advogado teria a
responsabilidade de amar ou considerar “próximos”, mas ensinou que
o “seu próximo” é todo aquele que Deus traz para o seu caminho que
tenha alguma necessidade.
Ao longo dos Evangelhos, vemos que Jesus enfatizou amor,
misericórdia e compaixão¸ como sendo mais importantes que a
observância das regras. Em vez de se concentrar no que tem de ser
feito, concentrou-se no tipo de pessoa que devemos ser. Nesse caso,
alguém compassivo, amoroso e misericordioso com os que precisam.
—E não apenas em nossos pensamentos, mas pelas nossas ações.
Cristo nos está chamando para sermos compassivos. Como o
advogado e aqueles que ali estavam quando a parábola foi contada
pela primeira vez, devemos responder ao desafio que nos é
apresentado de ir e fazer da mesma maneira.
Estes são alguns pontos que devem ser considerados com respeito a
esse desafio:
• A obrigação de amar o
próximo não se restringe aos
que conhecemos, com quem
temos afinidade ou que
partilham das nossas crenças.
Jesus não definiu limites no
tocante a quem devemos
amar e mostrar compaixão.
• Diferenças de raça, crença,
estilo de vida e status social não
devem nos impedir de amar os
outros.
• A bondade não é uma
exclusividade da nossa religião. Há
muitas pessoas de outras fés, ou
que não abraçam nenhuma fé, que
demonstram amor e compaixão
pelos outros.
• Por sermos discípulos e
seguidores de Jesus, devemos ser
cheios do Seu amor e isso deve nos
motivar a agir em relação aos
outros. O amor e a compaixão são
características que definem o
verdadeiro cristianismo, que
indicam que alguém esteja
seguindo as pegadas do Mestre.
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• A prática do amor envolve sacrifício. Com frequência, ajudar os
demais envolve uma mudança de planos. Quem ajuda os outros
financeiramente fica com menos dinheiro para si. Ajudar os outros
exige um amor que custa algo, mas é parte de amar os outros. É
possível que talvez ninguém saiba o que lhe custa amar seu próximo,
mas seu Pai no céu, que vê o que é feito às ocultas, vê e o
recompensará por isso. (Mateus 6:4)
Pare para pensar nos princípios que Jesus ensinou nessa história.
Jesus definiu o padrão de amor e compaixão nesta parábola e concluiu
dizendo para mim e para você —os ouvintes de hoje para irmos e
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AS HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU - O BOM SAMARITANO

  • 1. AS HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU O Bom Samaritano A Parábola do Bom Samaritano é muito conhecida. Entretanto, por vivermos em culturas muito diferentes da que prevalecia na Palestina do primeiro século, há aspectos da história que talvez não entendamos. Quando ouvimos ou lemos essa parábola, ela não necessariamente nos choca nem desafia o status quo do mundo de hoje. Contudo, a história causou espanto aos seus primeiros ouvintes, ao contrariar suas expectativas e desafiar seus limites culturais. Encontram-se na parábola várias personagens. Vamos analisar cada uma das personagens na ordem em que aparecem no relato. A vítima A parábola nos fala muito pouco sobre a primeira personagem, o homem que foi assaltado, mas dá uma informação crucial ao entendimento da história. Foram-lhe roubadas as roupas e ele foi deixado à morte. Ele estava deitado no chão, seriamente ferido e inconsciente. Isso é importante porque, no primeiro século, as pessoas eram facilmente identificadas pelas suas vestimentas, idioma ou sotaque. Como o homem que fora agredido estava sem roupas, era impossível identificar sua nacionalidade. Como estava inconsciente e, portanto, incapaz de falar, não havia como saber a sua origem.
  • 2. O Sacerdote A segunda personagem na história é o sacerdote. Os sacerdotes judeus em Israel constituíam o clero e ministravam no templo em Jerusalém por uma semana, durante um período de 24 semanas. A história não dá detalhes sobre o sacerdote nesse relato, mas os presentes quando Jesus a contou provavelmente imaginaram que o religioso voltava para Jericó depois de passar uma semana ministrando no templo. O Levita A terceira personagem na parábola é o levita. Todos os sacerdotes eram levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes. Eram considerados o baixo clero, um nível abaixo dos sacerdotes e, como estes, serviam duas semanas por ano. O Samaritano Os samaritanos viviam na região montanhosa de Samaria, localizada entre a Galileia, no Norte, e a Judeia, no Sul. Eles acreditavam nos primeiros cinco livros de Moisés e que Deus havia designado o Monte Gerizim como o lugar de adoração, não Jerusalém. Em 128 a.C., o templo samaritano, construído sobre o Monte Gerizim foi
  • 3. destruído pelo exército judeu. No ano 6 ou 7 d.C., alguns samaritanos espalharam ossos humanos no templo judaico, profanando-o. Esses dois eventos são importantes fatores na profunda animosidade que existia entre os dois povos. Essa aversão mútua é evidente no Novo Testamento. A viagem da Galileia para o sul, para Jerusalém, era muito demorada para os judeus, pois era comum darem uma grande volta para não passarem pela região de Samaria. Isso significava um acréscimo de 40 quilômetros ao trajeto, tornando a viagem dois ou três dias mais longa. Além disso, a rota passava por lugares muito mais quentes e incluía um aclive acentuado entre Jericó e Jerusalém. Mesmo assim, muitos entendiam que valia o sacrifício, para evitar contato com os samaritanos. Foi nesse contexto de hostilidade cultural, racial e religiosa que Jesus contou a parábola do Bom Samaritano. A Parábola Agora que sabemos mais sobre as personagens, vejamos o que ocorreu quando Jesus foi questionado pelo advogado, conforme relata o capítulo 10 do Livro de Lucas, no versículo 25. Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?” (Lucas 10:25) Como obter a vida eterna era uma questão debatida pelos estudiosos judeus do primeiro século, com ênfase à obediência da lei como meio para conquistar a vida eterna. “O que está escrito na Lei?”, respondeu Jesus. “Como você a lê?” Ele [o advogado] respondeu: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento” e “Ame o seu próximo como a si mesmo.” (Lucas 10:26- 27)
  • 4. Como os evangelhos deixam bem claro, era exatamente o que Jesus costumava pregar e, possivelmente, o advogado já ouvira Jesus ensinar antes. A próxima fala do advogado revela que estava buscando uma forma de justificação diante de Deus. Ser justificado significa estar em bons termos com Deus, ter a salvação. O homem quer saber o que ele tem de fazer, que obras, que ações são necessárias para sua justificação. Em outras palavras, para merecer a salvação. Ele [o advogado], porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” (Lucas 10:29) O advogado se julga capaz de amar Deus e observar a lei, mas essa questão de “amar o próximo” lhe parece um pouco vaga ou nebulosa. Por isso, quer saber quem é seu próximo, quem, exatamente, precisa amar. Compreende que seu próximo inclui “os filhos do seu próprio povo”, conforme o versículo em Levítico, ou seja, os outros judeus. Mas existiria mais alguém? Os gentios não eram vistos como “próximos”, apesar de Levítico 19:34 ensinar: Como o natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco. Amá-lo-eis como a vós mesmos… Então seria possível incluir também um estrangeiro que morasse na mesma cidade que o advogado. Eles também deveriam ser considerados “próximos”. Por isso, para aquele estudioso, os “próximos” seriam os judeus de uma maneira geral e qualquer estrangeiro que vivesse na mesma cidade que eles. Outros não seriam, certamente, “próximos”, em particular os odiados samaritanos. Foi em resposta a essa pergunta —“Quem é meu próximo?”, ou “A quem preciso amar?”— que Jesus contou a parábola. Respondeu-lhe Jesus: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos assaltantes, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.” (Lucas 10:30)
  • 5. Casualmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote que, vendo-o, passou de largo. (Lucas 10:31) É provável que o sacerdote estivesse retornando de uma de suas semanas de serviço no templo. Por causa do seu status, pode-se supor que montasse um burro, no qual poderia transportar o ferido até Jericó. O problema era que não havia como determinar quem era aquele homem nem sua nacionalidade, já que estava inconsciente e nu. O sacerdote estava sob o dever estipulado pela lei mosaica de ajudar outro judeu, mas não um estrangeiro, uma diferença que o estado da vítima não permitia que fosse estabelecida. Além disso, o sacerdote não sabia se aquele homem estava ou não morto e, segundo a lei mosaica, tornava- se impuro do ponto de vista cerimonial quem tocasse ou se aproximasse de um cadáver. O sacerdote ecidiu não socorrer o homem, passando pelo outro lado da estrada, para garantir uma distância adequada do desconhecido. A parábola continua: De igual modo também um levita chegou àquele lugar e, vendo-o, passou de largo. (Lucas 10:32) O levita veio, viu e passou sem nada fazer. A expectativa dos que ouviam Jesus contar a história era que a terceira Apesar de não ser possível identificar a nacionalidade do homem, pelo contexto e resultado da história, os que a ouviram em primeira mão muito provavelmente supuseram que o moribundo fosse judeu.
  • 6. pessoa fosse um judeu leigo. Faria todo sentido, pois daria continuidade à ordem descendente de status até o momento na história: o sacerdote, o levita e o leigo. Entretanto, Jesus contrariou radicalmente as expectativas ao anunciar que a terceira personagem da trama era um desprezado samaritano, um inimigo. E a questão só piora quando Jesus relata as coisas que o samaritano faz pela vítima de assalto, as quais o sacerdote e o levita deveriam ter feito. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou- lhe as feridas, deitando- lhes azeite e vinho. Então pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. (Lucas 10:33-34) O samaritano, provavelmente um comerciante que transportava vinho e óleo, que por ali viajava com pelo menos um animal, provavelmente um burro, se compadece do homem à beira do caminho. Sua primeira ação foi enfaixar suas feridas. O que ele usou para isso? Ele não integra a equipe de paramédicos local nem traz consigo um kit de primeiros socorros. Talvez, por ser comerciante, levasse tecidos para vender. É possível também que tenha rasgado um pedaço da própria túnica de linho, usada como roupa de baixo, ou o pano com o qual envolvia a cabeça, para servir de atadura. Em seguida, derrama sobre o pano vinho e óleo para limpeza, desinfecção e cura. O homem de Samaria leva o ferido para uma hospedaria e cuida dele lá. Se supusermos que estava ajudando um judeu, expôs-se ao risco de entrar na cidade com um judeu quase morto sobre o seu burro, os parentes da vítima entenderem que ele era o culpado pela sua condição e buscarem revanche. Para sua própria segurança, teria sido
  • 7. Partindo no outro dia, tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares com ele eu te pagarei quando voltar.’ (Lucas 10:35) Dois denários eram o equivalente ao pagamento por dois dias de trabalho. Deixar o dinheiro com o hospedeiro garantia ao coitado o cuidado necessário à sua recuperação. Se o hospedeiro tivesse custos adicionais com o tratamento do homem, o samaritano prometeu reembolsá-lo na sua próxima passagem. Com isso, poupou o homem do risco de contrair uma dívida decorrente das despesas com hospedagem, tratamento e alimentação que, se não quitada, naquela época, poderia resultar na sua prisão. A promessa do samaritano de voltar e pagar quaisquer despesas adicionais garantiu a segurança e a continuação do cuidado do assaltado. É provável que o samaritano costumasse fazer negócios em Jerusalém e com frequência passassem por Jericó para isso. Por ser um cliente da hospedaria já conhecido, o hospedeiro aceitou a promessa de que voltaria e acertaria quaisquer pendências que viessem a surgir. Ao terminar a história, Jesus perguntou ao especialista em leis: “Qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele disse: “O que usou de misericórdia para com ele.” Disse Jesus: “Vai, e faze da mesma maneira.” (Lucas 10:36-37) mais sensato ter deixado o homem perto da cidade, talvez ao portão da mesma, mas preferiu levá-lo para a hospedaria, onde passou a noite cuidando dele. E não parou aí.
  • 8. Em resposta à pergunta do advogado —“Quem é meu próximo?”—, Jesus não foi específico como o questionador esperava. Em vez disso, contou-lhe uma história e lhe perguntou quem havia dado provas de ser o próximo. O estudioso queria uma resposta categórica, preto no branco. Esperava que Jesus especificasse que os próximos seriam os judeus, os convertidos ao judaísmo e os estrangeiros que vivessem na sua comunidade. Com essa lista, o jurista saberia exatamente quem deveria amar para cumprir a lei. Mas a resposta de Jesus não foi uma listinha dos que o advogado teria a responsabilidade de amar ou considerar “próximos”, mas ensinou que o “seu próximo” é todo aquele que Deus traz para o seu caminho que tenha alguma necessidade. Ao longo dos Evangelhos, vemos que Jesus enfatizou amor, misericórdia e compaixão¸ como sendo mais importantes que a observância das regras. Em vez de se concentrar no que tem de ser feito, concentrou-se no tipo de pessoa que devemos ser. Nesse caso, alguém compassivo, amoroso e misericordioso com os que precisam. —E não apenas em nossos pensamentos, mas pelas nossas ações. Cristo nos está chamando para sermos compassivos. Como o advogado e aqueles que ali estavam quando a parábola foi contada pela primeira vez, devemos responder ao desafio que nos é apresentado de ir e fazer da mesma maneira. Estes são alguns pontos que devem ser considerados com respeito a esse desafio: • A obrigação de amar o próximo não se restringe aos que conhecemos, com quem temos afinidade ou que partilham das nossas crenças. Jesus não definiu limites no tocante a quem devemos amar e mostrar compaixão.
  • 9. • Diferenças de raça, crença, estilo de vida e status social não devem nos impedir de amar os outros. • A bondade não é uma exclusividade da nossa religião. Há muitas pessoas de outras fés, ou que não abraçam nenhuma fé, que demonstram amor e compaixão pelos outros. • Por sermos discípulos e seguidores de Jesus, devemos ser cheios do Seu amor e isso deve nos motivar a agir em relação aos outros. O amor e a compaixão são características que definem o verdadeiro cristianismo, que indicam que alguém esteja seguindo as pegadas do Mestre. www.freekidstories.org Text © TFI. Images on pages 1 – 7 © FreeBibleImages; used under Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License. Image on page 8 designed by Prostooleh via Freepik. Image on top of page 9 designed by valentinlacoste via Freepik. Image on the bottom of page 9 designed by pch.vector via Freepik. • A prática do amor envolve sacrifício. Com frequência, ajudar os demais envolve uma mudança de planos. Quem ajuda os outros financeiramente fica com menos dinheiro para si. Ajudar os outros exige um amor que custa algo, mas é parte de amar os outros. É possível que talvez ninguém saiba o que lhe custa amar seu próximo, mas seu Pai no céu, que vê o que é feito às ocultas, vê e o recompensará por isso. (Mateus 6:4) Pare para pensar nos princípios que Jesus ensinou nessa história. Jesus definiu o padrão de amor e compaixão nesta parábola e concluiu dizendo para mim e para você —os ouvintes de hoje para irmos e fazermos o mesmo.