1) O documento discute o tema da tipografia, definindo termos como fonte, tipo de letra, x-height, cap-height e outros aspectos da anatomia das letras.
2) Inclui também informações sobre o sistema de pontos utilizado para medir tipos e fatores a considerar na seleção de um tipo de letra como o objetivo, contexto e ritmo de leitura.
3) Aborda ainda conceitos como espaçamento, entrelinha e kerning na composição tipográfica.
1. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 1
TIPOGRAFIA
módulo 2: Tipografia / componente teórica
A TIPOGRAFIA
A tipografia é uma das ferramentas mais importantes do design gráfico. Serve para transmitir
mensagens (slogan, notícia, texto literário, etc), da forma mais adequada e eficaz, contribuindo para a
dinâmica do layout de página ou superfície. Por isso, é importante assimilar a “gramática tipográfica” e
as suas regras, antes de iniciar qualquer trabalho gráfico.
Tipografia é a arte de imprimir com tipos móveis. Quando falamos de tipos, referimo-nos a cada um
dos caracteres tipográficos (letras do alfabeto juntamente com algarismos, pontuação e outros símbolos
tipográficos) que compõem uma fonte ou tipo de letra.
Uma fonte ou tipo de letra é, então, um conjunto de tipos considerado como uma identidade visual.
Na tipografia tradicional, a fonte era um conjunto de tipos de metal no mesmo estilo, espessura e
tamanho de letra. Para tamanhos diferentes, criavam-se novos conjuntos.
Actualmente, depois da chegada dos computadores e da tipografia digital, uma fonte tornou-se uma
colecção extensa de caracteres que é guardada num ficheiro digital. As fontes digitais permitem, não
só, vários estilos e espessuras diferentes, mas também, qualquer escala ou tamanho de letra.
Mais recentemente apareceram os «conjuntos de especialistas», fontes adicionais, com o mesmo
nome da fonte original, mas que incluem algarismos em estilo antigo, versaletes e um extenso leque
de ligações e ornamentos, entre outros elementos.
A ANATOMIA DO TIPO MÓVEL DE METAL
2. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 2
A ANATOMIA DAS LETRAS
Altura-x (x-height)
Altura da letra minúscula x, usada para caracterizar um parâmetro essencial: a altura das letras
minúsculas, em comparação com a altura das maiúsculas. Este parâmetro deve ser sempre entendido
e referenciado como um número relativo, não como um número absoluto. Por exemplo: «A fonte XYZ
tem uma altura-x grande: 9 pontos para uma letra com corpo de 10 pontos». Indicar um valor alto para
a altura-x é constatar que os ascendentes e descendentes são curtos. Quanto maior for a altura-x,
maiores serão as letras minúsculas relativamente às maiúsculas — e menos legíveis serão os caracteres.
Altura das maiúsculas (Cap-height)
Altura da letra maiúscula X. Esta altura, indicada em pontos, é a medida da distância da linha base até
ao topo de um carácter com o M, T, U, W, X, Z, etc.
3. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 3
Ascendente
A parte das letras minúsculas que se prolonga acima da altura-x. Ascendentes têm as letras d, b, d, f,
h, k, l, t.
Corpo
Expressão utilizada para designar o tamanho das letras, tendo o ponto como unidade de medida. Um
alfabeto em corpo 12, tem 12 pontos de altura.
Arco
Componente de uma letra minúscula, formada por uma linha em forma de bengala, que nasce na haste
principal.
Barra
Linha horizontal que liga duas hastes.
Barriga ou pança
Linha curva de uma letra minúscula ou maiúscula, fechada, ligada à haste vertical principal em dois
locais. P, B, p, b, D, d, q, R.
4. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 4
Braço
Traço horizontal ou oblíquo ligado apenas por uma das extremidades à haste vertical principal de uma
letra maiúscula ou minúscula. Aos dois braços do T também se chama travessão.
Cauda
Apêndice do corpo de algumas letras (g, j, J, K, Q, R) que, por regra, fica abaixo da linha de base.
Descendente
A parte das letras minúsculas que se prolonga abaixo da altura-x. Descendentes têm as letras j, p, q.
Dorso
Curva central da letra S.
Enlace
O modo como uma haste, linha ou filete se liga a um remate, a uma serifa ou a um terminal: pode ser
angular ou curvilíneo.
Espacejamento (tracking)
Espaço entre as letras (e os demais tipos) de um dado corte de uma fonte, com valor pré-definido.
Este valor é apropriado para o corte e a largura média dos caracteres. Além deste espaçamento, que é
válido para a totalidade dos caracteres, os pares de kerning servem para ajustar de forma mais
satisfatória certos pares de letras.
O tracking pode ser normal (=default), solto ou apertado. O valor por defeito é um espaçamento pré-
ajustado pelo autor da fonte, que tem relação directa com as qualidades estéticas da fonte. Mas o
tracking pode ser modificado com parâmetros globais ou locais, definidos em software de ilustração e
paginação (Illustrator, InDesign, por ex.).
Entrelinha
É o espaço entre as linhas que compõem um texto.
Haste ou fuste
O principal traço vertical ou oblíquo da letra («tronco»), elemento essencial de muitas letras minúsculas
e maiúsculas. Exemplos: o A, I, o H (que tem dois), o h, e até, o y.
Kerning
Ajustamento individual do espaço entre duas letras, para
compensar o excesso ou a escassez de espacejamento entre as
mesmas, derivados do desenho desses caracteres em particular.
Não confundir com o espacejamento (tracking).
Serifa
Em cima: espacejamento(tracking)
Em baixo: kerning
5. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 5
Elemento composto por linhas pequenas, decorativas, no fundo e topo das hastes de caracteres de uma
fonte tipográfica.
Perna
Traço oblíquo ou curvo ligado apenas por uma das extremidades à haste vertical principal de uma letra
maiúscula ou minúscula
Terminal
Fim de qualquer haste vertical que não termine em serifa.
Versal (Caps)
Letra maiúscula, letra de caixa alta. Plural: versais.
Versalete (SC, Small Caps)
Corte de letra cuja forma é a da maiúscula, mas com peso igual para a maiúscula (mais alta) e para a
minúscula (menos alta).
Nas famílias de fontes digitais mais elaboradas podem existir dois tipos diferentes de versaletes, que
terão designações menos vulgares, como GrandCaps, Petite Caps, etc.
Vértice
Ponta de ligação das hastes de letras maiúsculas como o A, M, W.
O SISTEMA DE PONTOS
O processamento digital permite que os designers trabalhem no monitor com um leque de sistemas
métricos alternáveis à sua escolha. Porém, ao lidar com o tipo, a maioria das pessoas considera mais
prático trabalhar com um sistema comum que permite que todos apreendam e avaliem rapidamente os
valores que são referidos. O sistema de pontos utilizado para medir tipos – exclusivo da indústria
tipográfica – manteve-se, surpreendentemente, o mesmo desde os tempos dos tipos de chumbo. Na
época da fotocomposição, foi levada a cabo uma tentativa para utilizar milímetros como unidade-base
para medida do tipo, mas nunca foi adoptada.
O corpo de letra, tal como mostrado no diagrama, é determinado pelo corpo do tipo (que, no passado,
era uma peça móvel de chumbo), e não pela própria letra. Hoje em dia, o corpo pode ser considerado
a distância entre o topo da parte mais alta da forma da letra (normalmente um ascendente) e o fundo
da mais baixa (um descendente), mais uma quantidade imaginária de espaço vazio, que varia de tipo
para tipo.
O ponto tipógrafico é aproximadamente 0,3 mm ou 1/72 polegadas. Uma unidade tão pequena é
necessária quando descrevemos corpos de letra muito pequenos. Porém, tentar exprimir grandes
6. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 6
medidas em pontos é incómodo, pelo que é utilizada uma unidade maior de 12 pontos, o paica. Em
muitos programas, é possível selecionar a paica como uma unidade de medida para, por exemplo,
medição horizontal para definir larguras de colunas. Na prática, os designers gráficos digitais deparam-
se a trabalhar com vários sistemas de medida – pontos para o tipo, milímetros para a área ou tamanho
da página e polegadas para as resoluções de digitalização (dpi).
SELECCIONAR UM TIPO DE LETRA
Os tipos de letra são vozes de palavras e determinam o tom visual do texto. O sucesso da comunicação
tipográfica depende tanto da escolha do tipo de letra como da utilização do espaço e do layout.
Seleccionar um de letra em detrimento de outro é uma questão de avaliação visual, adequação ao
objectivo e estilo. Um olhar aprofundado sobre as características-base de diferentes tipos de letras dos
grandes grupos ajudará a escolher mais facilmente.
Um tipo de letra pode ser escolhido especificamente para reflectir ou contrastar com o contexto e
sensações do texto em relação ao sentimento do design global, mas deve ser tomado cuidado para
assegurar que isto não entra em conflito com a mensagem ou poder global do aspecto do texto.
Identificar o objectivo e o contexto do texto – publicidade, sinalética, embalagem, impressão, web ou
multimédia, a audiência e a localização em que será lido – tudo ajudará a documentar a escolha do
corpo, valor e estilo do tipo de letra.
O tipo é utilizado para informar, entreter, oferecer informação, instruir, direccionar ou, por outro lado,
envolver de alguma forma o leitor. Cada um destes contextos irá implicar um nível de concentração e
ritmo de leitura diferentes e tanto a concentração como o ritmo de leitura são relevantes para a escolha
do tipo de letra. Por exemplo, a sinalética rodoviária deve ser de reconhecimento instantâneo: utilizar
uma letra decorativa para um sinal de estrada de direcção pode desviar perigosamente a atenção do
condutor da estrada, enquanto decifra a informação. A leitura pode ser regular (como no caso de um
livro), intermitente (como numa revista, um website, uma embalagem ou um painel de exposição) ou
concentrada (no caso de um conjunto de instruções ou fonte de referência). O texto pode necessitar de
ser lido sob obrigação (como um aviso) ou como opção (uma informação).
A escolha do corpo, valor e estilo do tipo de letra, bem como o próprio tipo de letra, devem estar
associados ao ritmo de leitura. Por exemplo, seria inapropriado compor um texto instrutivo num tipo
pequeno, pouco espaçado e a negrito: a dificuldade na leitura e compreensão seria reflectida na atitude
do leitor perante a tarefa.
Pensa-se, normalmente, que os tipos de letra com serifas, ao invés de sem serifas, são mais fáceis para
o olhar e menos cansativos de ler ao longo de um texto continuo e longo, mas não existe uma regra
intransponível. Vale a pena, porém, reflectir que a maioria dos romances não são compostos numa
fonte sem serifas. A discussão acerca dos méritos relativos das fontes com e sem serifas irá
inevitavelmente continuar.
7. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 7
As fontes decorativas são especificamente desenhadas para utilização com apenas algumas palavras,
tal como o nome sugere. Não são, normalmente, adequadas para texto contínuo. Tipos de letras
elaboradas ou com arabescos são normalmente melhor utilizados apenas para trabalhos de
apresentação. Os tipos de texto podem ser aumentados para tamanhos de visualização, mas fazer isto
pode originar letras de proporções distorcidas, o que irá afectar a aparência do tipo e pode afectar a
legibilidade.
A maioria dos tipos de letras é desenvolvida com um estilo romano-base (direito) e um itálico verdadeiro
(ou oblíquo) e, talvez, um ou dois valores (fino, negrito, etc.). Outros tipos possuem extensas famílias
de valores, que se estendem desde o extra-fino ao ultra-negrito e de estilos que vão do condensado ao
expandido. Utilizar uma família de tipos clássica extensa como a Univers (que tem vinte e duas
variantes) pode ser útil quando informação complexa necessita de diferentes níveis de ênfase; ela
assegurará que as alterações de tipo funcionarão bem estilisticamente em conjunto.
ESPAÇAMENTO E ENTREALINHAMENTO DO TIPO
O tipo é espaçado quer na horizontal quer na vertical. O espaçamento vertical, denominado
«entrelinha», é o espaço entre cada linha de tipo e é medido em pontos a partir da linha de base da
linha precedente. Aumentar a entrelinha pode, por vezes, ajudar a melhorar a leitura.
Horizontalmente, o tipo é espaçado em proporção a cada caracter.
Os designers dos melhores tipos de letra programam ajustes especiais ao espaçamento de pares de
caracteres complicados como AV, Te, II e li nas suas fontes. Esta informação torna-se parte da métrica
da fonte e é aplicada automaticamente quando o tipo é composto.
Alguns programas de paginação permitem que o designer gráfico modifique estes pares, mas isto é algo
recomendado apenas a tipógrafos especializados que têm boas razões para o fazer. O espaço pode ser
adicionado ou subtraído entre um leque de caracteres (por exemplo, ao longo de várias palavras ou
linhas) através do tracking. O espaço entre palavras também pode ser ajustado de forma semelhante.
O espaço entre pares individuais de letras pode ser alterado com o kerning (aumentando ou
diminuindo) para que se ajustem mais facilmente umas às outras.
8. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 8
Espaçamentos ou tracking positivo e negativos
9. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 9
Entrelinha ou entrealinhamento
LEGIBILIDADE VERSUS CAPACIDADE DE LEITURA
O texto contínuo implica uma especial atenção, pois contém grandes quantidades de informação
detalhada que precisam de ser facilmente compreendidas. A capacidade de leitura centra-se na rapidez
e facilidade com que o leitor assimila e apreende a informação impressa na página ou no monitor.
Apesar de os componentes individuais (letras) poderem ser legíveis, isto não significa automaticamente
que a leitura seja fácil. Os leitores entendem as palavras não só como sequências de letras, mas como
grupos de letras e palavras. Estes grupos facilitam o rápido reconhecimento, à medida que o olhar passa
pelo texto. Tudo o que possa contribuir para a interrupção ou atraso deste processo de apreensão torna
mais difícil e mais cansativa a leitura. Por exemplo, um tracking (espaçamento entre caracteres e
palavras) exagerado irá corromper a forma normal das palavras (grupos de letras reconhecíveis)
causando pressão no olhar e no cérebro.
10. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 10
O reconhecimento de caracteres e palavras é mais facilmente alcançado com letras em caixa alta e
baixa, pois criam um maior leque de formas de palavras-ícones e de individualidade do que apenas em
caixa alta. As letras maiúsculas parecem todas ocupar espaços iguais quando organizadas numa linha
de texto, pelo que as palavras que formam são mais difíceis de discernir numa velocidade de leitura
normal.
O valor relativo do tipo também pode afectar a legibilidade. Os valores médios são mais fáceis de ler
devido ao equilíbrio visual entre os espaços interiores e as hastes das letras. Valores extremos de tipos
finos ou em negrito são mais difíceis e cansativos de ler, já que o contraste entre as hastes da letra e
os espaços interiores são mais distractivos.
O estilo da composição do texto – justificado, em bandeira à esquerda ou à direita, centrado ou
assimétrico – juntamente com o comprimento da linha também tem efeito na capacidade de leitura
do texto.
Ao ler qualquer comprimento de texto, o olho está mais confortável ao regressar directamente a um
limite à esquerda. Porém, pequenos agrupamentos de texto podem ser lidos na maioria dos estilos de
composição.
A composição justificada (texto alinhado nos dois extremos) não é adequada a blocos de texto muito
pequenos, onde irá ocorrer um espaçamento feio de palavras. A justificação pode também, por vezes,
criar dificuldades na hifenização e no espaçamento entre palavras em textos maiores e contínuos, a
menos que isto seja cuidadosamente controlado. A hifenização no final das linhas pode, por vezes, criar
um aspecto «ponteado» e deve ser evitado onde possível.
O comprimento de linha também afecta a forma como o texto é lido. Se as linhas de texto forem muito
longas, o olho tem dificuldade em regressar ao início da próxima linha. Por outro lado, se as linhas de
texto forem dispostas muito apertadas, o olho progride demasiado depressa de linha em linha e pode
saltar linhas, interrompendo o fluxo da compreensão. Apesar de estas perturbações terem pouca
influência num texto curto, irão cansar o olhar numa grande quantidade de texto.
Como um guia simples considere-se que uma linha média de texto em língua portuguesa se lê
confortavelmente com aproximadamente 63 a 65 caracteres (contando os espaços entre palavras).
A tecnologia digital permite que quer a apresentação quer a digitação de texto sejam colocadas em
formas muito flexíveis. Fazer com que o texto corra em redor de imagens é também fácil. Porém, em
ambos os casos, deve tomar-se cuidado para manter o texto coerente e fácil de ler, controlando cada
quebra de linha.
As fontes decorativas estão normalmente restritas a poucas palavras e apresentam menos problemas
ao leitor devido ao seu tamanho, valor e posição dominante na área de design ou na página. O designer
11. ESCOLA SECUNDÁRIA DE D. DINIS | ANO LECTIVO: 2008/09
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE DESIGN GRÁFICO | DESIGN GRÁFICO | 10º ANO
DESIGN GRÁFICO – módulo 2: TIPOGRAFIA | página 11
deve, no entanto, olhar com cuidado para os espaços entre os caracteres e as palavras em tamanhos
de tipo grandes.
Os pares de letras também podem precisar de um kerning individual para auxiliar a leitura. Onde
estiverem envolvidas várias palavras, um ou mais espaços entre palavras poderá precisar de ser
opticamente equilibrado – ajustado com o kerning ou o tracking– para contrabalançar os efeitos
produzidos pelas formas das última e primeira letras das palavras em cada extremo, o que pode ser
exagerado em alguns tamanhos de apresentação.
TIPO E COR
Todas as utilizações de cor para transmitir disposição, emoção ou significado podem ser igualmente
bem aplicadas ao tipo. A cor pode ser utilizada para alterar a forma como funciona o tipo: o tipo a
negrito pode ser suavizado, as hierarquias podem ser desenvolvidas sem recorrer a alteração de
tamanho ou valor, o texto pode ser reavivado e a ênfase tipográfica pode ser desenvolvida de forma
subtil.
Ao trabalhar num design com tipos coloridos sobre um fundo a cores, o designer deve analisar
cuidadosamente a escolha da combinação de cores, de modo a assegurar a legibilidade. Em geral, o
tipo e o fundo devem ser significativamente contrastantes. O tipo escuro sobre um fundo pálido, em
vez de um fundo branco, resultará numa menor auréola (especialmente em designs para monitor, por
exemplo para páginas web).
Tipo e fundos com igual luminosidade (tom) irão diminuir consideravelmente a legibilidade. A cor pode
ser utilizada com o tipo para criar uma ideia de progressão e recessão, para desenvolver a qualidade
espacial e sugerir profundidade e perspectiva. O ritmo de leitura e sequência do texto e a fonte de
visualização podem ser ainda mais controlados através da utilização da cor.
Compor o tipo em cores escuras pode ser um fracasso se as letras tiverem uma área de superfície
pequena para comportar a cor; o resultado pode parecer uma versão pobre de preto. O tipo, em
particular o tipo de texto, tem uma área de superfície pequena em comparação com a superfície de
fundo em que surge, pelo que tipos de cor escura parecem, normalmente, mais escuros e os tipos mais
claros parecem, geralmente, mais claros. Um valor de tipo mais pesado pode ser utilizado para
compensar este fenómeno.
Curiosamente, os milhões de cores digitais de fácil acesso trouxeram, também, uma energia renovadora
à utilização do preto e branco que não deve ser subestimada.