O documento descreve um projeto de reciclagem de papel desenvolvido por alunos de uma escola em Boa Vista, Roraima. O projeto teve como objetivo conscientizar sobre a importância da reciclagem no contexto escolar e sua relação com a preservação ambiental. O autor relata sua experiência anterior com projetos semelhantes e detalha as etapas do projeto, como oficinas de produção de papel reciclado a partir de material recolhido nas salas de aula.
RECICLANDO IDEIAS - A RECICLAGEM DO PAPEL NO CONTEXTO ESCOLAR RELATO DE EXPERIÊNCIA
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“RECICLANDO IDEIAS: A RECICLAGEM DO PAPEL NO CONTEXTO
ESCOLAR”: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Uninter
Ezequias GUIMARÃES
UNINTER
Resumo
O crescimento populacional acarreta na expansão dos meios de produção para
atender a um mercado consumidor cada vez mais alto que gera uma
quantidade maior de resíduos prejudiciais ao meio ambiente. Roraima é um
dos estados brasileiros com os maiores índices de crescimento populacional e
dessa forma, com um mercado em plena expansão. O relato apresenta a
experiência de uma escola da periferia da de Boa Vista, e o trabalho com a
reciclagem do papel, que é um material bastante presente no ambiente escolar.
Em contrapartida com o que foi estudado em 2011, a presente pesquisa busca
apresentar termos relativos a educação para um desenvolvimento sustentável,
que é uma corrente educacional nova que em contrapartida com a educação
ambiental, acredita que para que o progresso aconteça é necessário que haja
desenvolvimento o que não é possível caso busque-se que o meio permaneça
em status quo.
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente, Roraima.
Desenvolvimento Sustentável
A natureza é um bem inestimável para a sobrevivência do ser humano,
seja no presente ou no futuro. Todos os biomas são essenciais para a vida. A
harmonia entre as esferas foi o fator crucial para a geração de condições
favoráveis para o surgimento e evolução da vida na Terra.
Nada na Terra é perene, e com todo esse desgaste causado pelas
ações humanas, este equilíbrio pode estar por um fio. Apesar de termos ciência
deste fato, o que vemos todos os dias diante de nossos olhos é um triste
retrato da realidade.
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É comum ainda hoje em pleno século XXI, vermos pessoas ainda tão
desinformadas a respeito do que é sustentabilidade. Muitas nem sequer
ouviram falar nessa palavra. Isso parte de um pressuposto de que essas
pessoas não tiveram uma base educacional consistente a ponto de educa-las a
respeito de como devemos nos relacionar com o meio ambiente.
Grosso modo, sustentabilidade é o ser humano do presente utilizar os
recursos do meio ambiente de forma que os próximos seres humanos, os seres
humanos do futuro também venham a usar. Se este conceito já estivesse em
prática em todos os lugares, não precisaríamos mais ver tanta destruição
ambiental, algo injusto e desumano.
Entretanto é impossível barrar o desenvolvimento, que inegavelmente
gerará a destruição de algo durante os processos de fabricação de qualquer
coisa. Dessa forma deve-se buscar o desenvolvimento sustentável. Os
conceitos de desenvolvimento sustentável estão estreitamente vinculados a
diferentes modelos de desenvolvimento sociais e econômicos.
Desenvolvimento sustentável não busca preservar o status quo, ao contrário,
busca conhecer as tendências e as implicações da mudança (UNESCO, 2005).
Desenvolvimento sustentável trata essencialmente das relações entre
pessoas e entre pessoas e seu meio ambiente. Em outras palavras, é uma
preocupação sociocultural e econômica (UNESCO, 2005). Sustentabilidade
não se trata apenas da relação do homem com o meio ambiente.
Meio Ambiente e Destruição
A destruição do meio ambiente pelo homem é tão antiga quanto o
surgimento das primeiras indústrias. Mas foi só a partir de 1980 que o homem
começou a pensar a respeito da melhor forma de administrar os recursos tão
fartos que o meio ambiente lhe oferece.
Foi o momento em que o homem começou a enxergar com outros
olhares o ambiente que o cercava, e viu que cegamente estava caminhando
para a ruína, como aconteceu com os Maias que não souberam respeitar o
meio ambiente em que viviam. Ao ver que isso também podia acontecer a nível
global, principalmente se tratando das fontes de energia não renováveis e tão
vitais para as atividades humanas.
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E o que será das futuras gerações? “O pintor austríaco Oskar
Kokoschka, (1886-1980) nos adverte com a famosa máxima: “A sociedade
moderna esquece que o mundo não é propriedade de uma única geração”. Por
causa deste esquecimento o ser humano está sendo vítima do seu próprio
veneno.
Não o bastante apenas o meio ambiente sofrer com tudo isso, esses
ataques acarreta para a população uma defasagem na qualidade de vida, com
sérios problemas à sobrevivência humana na Terra. O significativo aumento da
população em regiões especifica do mapa, principalmente regiões costeiras e
com escassez de água potável e alimento, constitui um dos maiores problemas
ambientais e econômicos do século.
Outro fator é causado pelos locais de ocupação, que são
majoritariamente locais de risco. Principalmente devido ao fato de que a maior
parte da população que ocupa essas regiões vive na pobreza ou na miséria
total, sem nenhuma perspectiva de vida. Tais aspectos testificam a justiça
social e a luta contra a pobreza como princípios primordiais do
desenvolvimento que deveria resultar em sustentável.
O estado de Roraima por localizar-se completamente dentro da
chamada Amazônia Legal, enfrenta problemas semelhantes a esse devido às
áreas de ocupações das cidades. A maior parte das cidades do estado está em
contato direto com a floresta e com muitos rios e igarapés.
Desenvolvimento Sustentável
Ao longo da história, a evolução humana trouxe consigo a exploração
irracional em larga escala dos recursos naturais. Após esse período de
exploração, o homem despertou a atenção para problemas que atingem toda
aldeia global indistintamente, como por exemplo, a destruição da camada de
ozônio, percebendo que havia a necessidade de preservação do meio
ambiente não só para garantir recursos futuros, mas também para assegurar a
vida mais saudável no Planeta (UNESCO, 2005).
Desde a Conferência de Estocolmo em 1972, os países pobres
defendiam suas necessidades de desenvolvimento e de superação da crise
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social como uma demanda mais relevante que a preservação ambiental,
enquanto os países ricos priorizavam a manutenção de seus níveis de
crescimento econômico e padrões de consumo. É fácil para um pais que já
alcançou seu apogeu de desenvolvimento industrial, como a Inglaterra que
desde o século XVI polui, pedir para um pais que começou o processo
industrial recentemente, como a China, reduzir.
Grosso modo, os países pobres responsabilizavam os países ricos pela
maior parte da degradação global, promovida por um modelo predatório de
crescimento, e transferia para eles as iniciativas e os investimentos
necessários à sustentabilidade. Os países ricos, por sua vez, viam o
crescimento populacional e a poluição gerada pela pobreza como os motivos
principais do problema e resistiam a todas as sugestões que pudessem
representar limites à sua expansão.
Com isso, é que surge a função primordial dos diversos setores sociais:
Estado, universidades, institutos, iniciativa privada e organizações não
governamentais. Contudo, muito pouco adianta qualquer tipo de ação, seja na
elaboração de leis, fiscalização efetiva ou financiamento de obras em prol do
meio ambiente se não houver investimentos pesados em educação, com
intuito de conscientizar os cidadãos da importância e necessidade vital da
preservação/conservação do meio ambiente.
A educação ambiental deve ser vista como um processo de
permanente aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e
forma cidadãos com consciência local e planetária, orientando indivíduo e
coletividade a conservar o meio ambiente e alcançar a sustentabilidade.
No entanto há atualmente uma tendência a substituir a concepção de
educação ambiental, até então dominante, por uma nova proposta de
“educação para a sustentabilidade” ou “para um futuro sustentável”.
Oficina de Reciclagem
No ano de 2011, quando eu estava na 8ª série na Escola Estadual
Senador Hélio da Costa Campos, nossa turma desenvolveu um projeto para a
feira de ciências da escola, o projeto trabalhava a reciclagem do papel no
ambiente escolar, e se intitulava “Reciclando Ideias: a reciclagem do papel no
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Contexto escolar”. O projeto foi desenvolvido pelos alunos da turma 84,
acompanhado dos professores de Química, Artes e História (imagem 1).
Imagem 1: Alunos em oficina de reciclagem.
Fonte: Arquivo Pessoal.
Depois de apresentado na feira de ciências da escola, o projeto foi
selecionado para participar da XIX Feira Estadual de Ciências De Roraima (XIX
FECIRR) e I Mostra Cientifica de Química da Amazônia Setentrional que
aconteceu entre os 18 e 20 de outubro de 2011, organizado pela Universidade
Federal de Roraima, e que contou com a participação de alunos do ensino
Fundamental, Médio e Técnico.
A experiência foi um ponto de partida para muitas outras atividades
desenvolvidas no âmbito escolar durante a minha vida acadêmica, entretanto,
antes de desenvolver o projeto “Reciclando Ideias: a reciclagem do papel no
Contexto escolar”, eu já havia participado de outros projetos sobre a reciclagem
de garrafas PET’s (imagem 2) também na escola, nos anos de 2007 e 2010, na
4ª e 7ª série, respectivamente.
Imagem 2: Alunos da 4ª série da Escola Municipal Professora Amazonas de Oliveira
Monteiro, durante oficina de reciclagem de garrafas PET''s (2007).
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Fonte: Arquivo Pessoal.
O grande diferencial do projeto “Reciclando Ideias: a reciclagem do
papel no Contexto escolar” foi a possibilidade de ter um maior contato com a
pesquisa acadêmica de fato. Além disso, a importância de trabalhar como
projetos com essa temática, se encontra intrinsecamente ligada ao fato de ser
brasileiro. Ser brasileiro é ser proprietário de uma grande responsabilidade:
Preservar a Floresta Amazônica. A floresta mais rica em diversidade de flora e
fauna do mundo. Acima de tudo isso, a missão de preservar tornar-se o
compromisso da juventude, que carregam em suas mãos o poder de mudar o
futuro.
Sempre gostei de trabalhar com assuntos que envolvam o meio
ambiente. Como já havia trabalhado anteriormente com a reciclagem de
garrafas PET’s, o papel pareceu algo mais desafiador. A reciclagem do papel é
um procedimento que permite recuperar as fibras celulósicas de um papel
velho e incorporá-lo na fabricação de um novo. Apesar de não ser um processo
isento de resíduos, minimiza impactos ambientais resultantes da fabricação o
papel industrial, reduzindo, assim, o consumo de matéria prima e energia.
Considerando que as instituições escolares utilizam e descartam todos
os dias uma grande quantidade de papel, que provém principalmente do uso
inadequado do caderno, devido aos alunos não associarem diretamente o
desperdício do papel com o desmatamento, a iniciativa também foi importante
para despertar um maior interesse sobre o tema “reciclagem”, pois aliava a
teoria e o discurso à prática.
O projeto foi desenvolvido por meio de oficinas, onde os alunos
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produziam o papel reciclado a partir de material recolhido nas salas de aula.
Depois de produzido esse papel era destinado a utilização nas aulas de arte
(imagem 3).
Imagem 3: Alunos durante ofina de reciclagem de papel (2011).
Fonte: Arquivo Pessoal.
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Referências
CASCINO, F.; Educação Ambiental, princípios, história, formação de
professores; 4ª edição, Senac, 2007.
COSTA, G. L; O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a
educação Ambiente & Sociedade. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=31760207>.
Década da Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento
Sustentável, 2005-2014: documento final do esquema internacional de
implementação. – Brasília : UNESCO, 2005. 120p.
HOLANDA, E. C.; BESERRA NETA, L. C.; Geociências na Pan-Amazônia;
Coleção Geociências, Volume 1, 276 p. UFRR, Boa Vista, 2016.
OLIVEIRA, L.B et. al.; Sustentabilidade: da evolução dos conceitos à
implementação como estratégia nas organizações; Universidade Federal
Fluminense, Brasil.