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Pós-Graduação em Regência
DÉBORA CRISTINA ILDÊNCIO
MAESTRO JOSÉ DÁRIO DE MOURA
Uma história dedicada a Música
TURMA DE REGÊNCIA 2021/2
DÉBORA CRISTINA ILDÊNCIO
MAESTRO JOSÉ DÁRIO DE MOURA
Uma história dedicada a Música
Relatório de pesquisa sobre um
personagem musical relevante
da sociedade belo-horizontina
Trabalho solicitado para a
disciplina de Musicologia do
Curso de Pós-Graduação
Instituto Alpha – FACEC.
Prof. Me. Alex Lopes
TURMA DE REGÊNCIA 2021/2
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................. 4
Síntese biográfica .................................................................................................. 5
O Curso Musical e a formação profissionalizante ..............................................10
Considerações finais............................................................................................12
Referências bibliográficas ...................................................................................13
Anexo ..................................................................................................................14
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo registrar a vida do Maestro José Dário de
Moura, músico, compositor, saxofonista, professor e regente, que possui um papel
relevante na educação musical e histórica da cidade de Belo Horizonte e região
metropolitana de Minas Gerais.
Sua trajetória se cruza com importantes acontecimentos na construção da
capital mineira, o que nos permite compreender um pouco de nossa história, as
mudanças culturais e musicais que passamos e ainda como e onde a música
acontecia. Quantas pessoas possuem o privilégio de ouvir a história ser contata por
quem a escreveu?
Ainda temos essa possibilidade e é fundamental registrá-la, para mantermos
viva nossa história e mais ainda, para que próximas gerações possam continuar
contando, afinal, parafraseando o pensador e filósofo chinês Confúcio (551 a.C., 479
a.C.): “Só é possível escrever o futuro se conhecermos o nosso passado”.
Está síntese biográfica aconteceu através de entrevistas e pesquisas de
materiais e coletas de dados, de acervos pessoais, acervos de instituições que
colaboraram, além de entrevista com o personagem principal da história e de seus
familiares, amigos e ex-alunos.
SÍNTESE BIOGRÁFICA
José Dário de Moura nasceu no dia 25 de outubro de 1939, em Belo Vale,
cidade situada a 92 km da capital mineira, conhecida por fazer parte do circuito
turístico Estrada Real1, a cidade traz belas cachoeiras, muitas histórias e é um local
tradicional para formação de bandas.
Filho do músico e regente Luiz de Moura Lima e de Castorina do Carmo Moura,
funcionária pública, trabalhou anos nos Correios e depois atuou na Superintendência
de Seguros Privados, o músico é o mais velho de 8 filhos do casal: Albanisia, Cirléia,
Inês, Maria, Marli, Ângela e Otávio. Dos oitos filhos do casal, Dário e Inês foram os
que seguiram a carreira artística.
Luiz de Moura e seu sobrinho João Vicente de Moura, se dedicaram a vida
inteira à arte. Sendo que Luiz ensinou música e tocou nas bandas de Moeda e Belo
Vale e Vicente tocou saxofone na banda de Vargem Alegre até 1944.
Em 1948, o maestro Luiz de Moura, levou valiosas contribuições com a
reorganização da Banda Santa Cecília de Belo Vale, sua experiência no trato com a
música marcou a história da corporação. Desde muito cedo, Dário já convivia com a
arte e com a influência do pai ficaria mais forte a veia artística.
Então, com um professor em casa, não poderia ser diferente! Aos 11 anos,
iniciou o aprendizado musical com seu pai, na banda local que contava com duas
figuras muito importantes: Joaquim Rodrigues Braga e Galdino, que atuavam como
professores. A banda de Galdino era composta por músicos das famílias Braga e
Moura, famílias tradicionais da região que atuavam na área musical.
Nos anos de 1950 Belo Horizonte já se destacava no cenário nacional como
uma das mais importantes cidades do país. A criação do Companhia Energética de
Minas Gerais (CEMIG) nos anos de 1952 impulsionava o crescimento industrial,
limitado até o início dos anos 50 devido à pequena demanda de energia, que desde
o começo do século atrasava o desenvolvimento da capital.
1
A Estrada Real é uma rota turística que reúne quatro caminhos da época do Brasil Colonial que passam pelos estados de Minas Gerais.
Em 1953, sua família mudou para Belo Horizonte e o músico foi estudar no
Colégio do Caraça2, situado entre da região metropolitana mineira de Catas Altas e
Santa Bárbara. O local é Patrimônio Cultural do Brasil e uma das 7 Maravilhas da
Estrada Real, possui um complexo com mais de 11.233 hectares e onde está
localizado o Conjunto Arquitetônico do Santuário. O colégio encerrou suas atividades
no ano de 1968, quando um incêndio destruiu parte das instalações dos alunos e
parte do precioso acervo de sua biblioteca, em seus anos de funcionamento
passaram pelo local mais de 11 mil alunos e alguns de reconhecimento nacional no
cenário político, civil e religioso como: os Presidentes da República Afonso Pena
(1906-1909) e Artur Bernardes (1922-1926). Além dos estudos tradicionais, Dário deu
continuidade em seus estudos musicais e participou do coral e da banda do colégio.
2
O Colégio do Caraça foi fundado em 1820
Imagem de Belo Horizonte – Rua São Paulo, nos anos 50.
Fonte: APCBH/ASCOM
Imagem de Belo Horizonte – Avenida Afonso Pena, nos anos 50.
Fonte: APM
Foto exemplificando as Aulas de Música no Colégio do Caraça
Arquivo: Santuário do Caraça
Em 1958, era inaugurada a 4ª sede do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais, (CEFET) e para o show de inauguração juntamente
com a orquestra estava o Maestro Dário de Moura. O evento contou com a presença
de nomes importantes como o presidente Juscelino Kubistchek. (1902 – 1976).
Em 1959, Dário foi para o Exército Brasileiro, devido sua experiência e atuação
na área musical, foi encaminhado da Companhia de Comando para a Banda 12º
Regime de Infantaria do Exército Brasileiro onde continuou seus estudos de teoria e
saxofone. Em 1960 antes de se graduar como Terceiro Sargento, solicitou sua
dispensa. Na época o comandante por muitas vezes tentou convencê-lo a ficar e
continuar sua carreira militar, no entanto, sua decisão já estava tomada.
Após sair do Exército, o músico dividiu suas tarefas musicais com outras
profissões, exercendo a contabilidade em uma multinacional durante 9 anos, na
apropriação de custos de uma renomada construtora de estradas e atuou ainda na
área farmacêutica como representante viajando por inúmeras cidades do país.
Nesta época além de tocar, o músico estava sempre presente nos eventos da
cidade, a música era unanimidade e acontecia em clubes, bailes, rádios e tudo era
completamente ao vivo! Imagina, fazer música em uma época que o cinema ainda
era mudo? Nos anos 60 existiam também as famosas casas de shows chamadas de
dancings, onde as pessoas iam para ouvir música e fazer o que o local sugeria:
Dançar! Essas boates, assim chamadas eram bem conhecidas e frequentados por
Inauguração da Sede da Escola Técnica de BH na Av. Amazonas B. Nova
Suíça-BH pelo Pres. Juscelino Kubitscheck Fonte: Acervo CEFET
pessoas relevantes da sociedade mineira, uma das casas mais famosas foi a
Montanhês Dancings, que além de ser uma das mais importantes casas de shows da
capital tinha uma das mulheres mais conhecidas e lendária de todos os tempos e
atuava como dançarina durante o funcionamento do estabelecimento: Hilda Furacão!
Sim, ele conheceu Hilda e sempre contou ela era realmente lindíssima! Mais uma vez,
temos o maestro Dário num cenário com personalidades relevantes, que fizeram e
viraram histórias da nossa cidade!
Em 1961 fundou juntamente com seu pai e o maestro, professor e saxofonista
Francisco Belmiro a Big Band Penumbra Orquestra e se apresentavam nos principais
clubes da cidade e em eventos importantes da época, além disso, no local dos
ensaios funcionava também a escola livre de música. Uma iniciativa totalmente
particular que enfrentou várias dificuldades, principalmente pela falta de recursos para
a realização do projeto.
Não bastando isso, em 1963, a orquestra foi atacada por um grupo de vândalos
que danificaram os instrumentos e agrediram os músicos, uma história que marcou
muitas pessoas e se tornou também matéria de jornal. A Big Band terminou em 1965
quando o maestro Belmiro foi transferido para Brasília para reger a banda Palácio do
Presidente, banda que na época tinha 80 músicos.
Penumbra Orquestra: Sentados a partir da direita: Luis de
Moura, seus filhos Geraldo Marcos de Moura, José Dário,
Em 12 de dezembro de 1964, Dário concluía seus estudos de Música pela
Escola de Formação para Músico Profissional (EFAP), instituição mantida na época
pela Ordem dos Músicos do Brasil.
Em 1965, foi adquirido um acervo com mais de 200 arranjos para seis
instrumentos, totalizando 1200 partituras, no entanto, para a realidade da Orquestra
eram necessárias mais de 400 partituras. As atualizações do acervo necessitavam
de constantes atualizações.
Devido a mudança de residência do Maestro Luiz de Moura, o acervo foi
colocado em caixotes e durante o trajeto escapuliram do caminhão espalhando por
quase um quilometro na tradicional e uma das principais avenidas da cidade,
chamada Avenida Amazonas, essa história teve tanta repercussão que também foi
contada em um dos jornais mais importantes da cidade. Em frações de segundo anos
de trabalho voaram pela cidade, mas isso não foi motivo de abalar o ânimo dos
músicos. Dário e Vicente ficaram responsáveis por reformar o acervo, os arquivos de
partituras da tradicional Rádio Inconfidência e outros arranjos particulares e para
catalogar tudo foram necessários 5 anos de trabalho.
Em 1966 Dário se casou com Maria Carmen de Oliveira Moura com quem teve
3 filhas: Mara de Oliveira Moura, Lilian de Oliveira Moura e Paula de Oliveira Moura.
Em 1978, Belmiro retornou para Belo Horizonte e iniciou a reorganização da
Big Band Penumbra Orquestra, em sua fase inicial contaram com 13 músicos, os
estudos eram individuais e duravam horas cada arranjo ensaiado minuciosamente,
para se apresentarem nos principais eventos e bailes da cidade.
Em 1980, o músico e já regente Maestro Dário, trabalhou ainda no
ressurgimento da Sociedade Musical Carlos Gomes, orquestra fundada em 1896, e é
a mais antiga da cidade, entidade musical de utilidade pública, que na época estava
quase extinta, era um novo projeto formado pelos trabalhadores da construção da
“nova capital” de Belo Horizonte, revitalizando o grupo para começarem as
apresentações nos bailes de Belo Horizonte e outras cidades.
Em 1987 surgi a Anos Dourados Orquestra Show, fundada pelo músico, sua
irmã Inês e seu primo Vicente e contavam com um elenco com excelentes
profissionais ao estilo das big bands. O público na época de sua criação era formado
por pessoas nascidas nas décadas de 40 e 50, o repertório e o estilo das músicas
foram extraídos de músicas americanas e europeias vindas com o cinema e com as
gravações em long-playing tocadas no rádio.
Após dez anos de sua criação A Anos Dourado se tornou eclética com o
objetivo de moldar-se ao variado gosto musical de seu público. A orquestra que existe
há quase 34 anos possui um público fiel e bastante renomado e se apresentam em
eventos importantes em todo país. Com mais de 1 milhão de expectadores, mais de
1.000 apresentações em mais de 300 cidades e se apresentaram ao lado nomes da
nossa música brasileira como: Ivan Lins, Emílio Santiago (1946 – 2013), entre outros
grandes artistas e terem se apresentado em lugares importantes e históricos da
cidade como Iate Tênis Clube, Minas Tênis Clubes a orquestra é unanimidade e é
atração confirmada inúmeros eventos.
Em 1989, Maestro Dário assumiu a Banda Santa Cecília de Belo Vale, que
mantém sua atividade até os dias atuais. Localizada em sua cidade natal, a banda
tradicional na região teve outrora regentes renomados inclusive seu próprio pai.
Em 1991 o Maestro Dário foi contratado pela 3Companhia Vale do Rio Doce e
mudou-se para Carajás localizada no estado do Pará, com objetivo de fundar a escola
e orquestra para a população da cidade, além do Grupo Folclórico que em 1994, ficou
em quarto lugar no festival musical na Bélgica. Para este projeto desafiador, o músico
criou um programa para a formação dos músicos de forma profissional que foi
registrado na Ordem dos Músicos de Belém do Pará seguindo as normativas do MEC.
Em janeiro de 1992, Dário casou-se com Sebastiana Galdina da Silva com
quem teve sua quarta filha, Marilia Graziele Silva Moura.
O CURSO MUSICAL E A FORMAÇÃO PROFISSIONALIZANTE
Após quase 10 anos morando no norte do país, no início dos anos 2000 o
músico retornou a Belo Horizonte com sua esposa e filha e para iniciar seu projeto de
ensino de música profissionalizante na cidade, a Igreja Católica João Pinheiro cede o
espaço para que mais pessoas pudessem ter acesso à educação musical. O mesmo
programa registrado em Belém, foi registrado na cidade, tendo a orientação
3
Companhia Vale do rio Doce é uma mineradora multinacional brasileira e uma das maiores operadoras de logística do país
pedagógica da Ordem dos Músicos do Brasil, com o programa protocolado sob
nº1412/99 (27.01.1999) ofício 75/99 de 05/01/2000.
O curso foi ganhando notoriedade e vários músicos começam a frequentar as
aulas, inclusive músicos que já estudavam em Universidades, utilizando o ensino
rigoroso e técnico como apoio para seus estudos acadêmicos. A repercussão era
imensa e outras igrejas começam a procurar o idealizador do projeto para abrir novas
unidades.
Em 2004 o curso já acontecia em 3 unidade João Pinheiro, Bairro da Graça e
Padre Eustáquio. Cada vez ganhando mais adeptos e ficando mais relevantes. O
curso atendia crianças, jovens e adultos tanto para a formação profissionalizante
quanto para o ensino livre, com valores bem mais acessíveis e o mais importante que
qualquer pessoa que quisesse estudar música poderia participar, mesmo não tendo
ainda nenhum contato com a arte.
Em 2007, sua aluna Débora Ildêncio, concluindo o curso profissionalizante foi
convidada a assumir uma das vagas de professora do Curso e atuar também na
direção geral das unidades. Então a musicista, resolveu mudar o nome do curso, que
até então levava o nome de suas respectivas unidades: Curso Musical São Judas,
Curso Musical São Francisco, Curso Musical Nossa Senhora Auxiliadora.
Para a artista, era difícil a compreensão das pessoas, que sempre achavam
que eram escolas diferentes, a falta de homogeneidade no nome não dava a entender
que todas as unidades pertenciam a um mesmo programa musical. No início o
maestro não concordou muito, acreditava que as pessoas não se acostumariam, mas
a musicistas teimosa começou a adotar o nome Curso Musical Maestro José Dário
de Moura em todo o material, inclusive nas redes sociais, o que foi muito positivo,
deixando mais claro para as pessoas que todas as unidades eram o mesmo curso e
que o aluno poderia frequentar qualquer uma delas. Ao longo dos anos, o curso
ganhou várias regiões de Belo Horizonte, tendo ainda as unidades do Barreiro, Vila
Clóris e Minas Brasil.
Em seus 21 anos de criação do projeto na capital mineira, o Curso Musical
Maestro José Dário de Moura se tornou um celeiro para a nova geração e revelou
inúmeros músicos que hoje possuem carreiras renomadas no estado e nacionalmente
e são artistas que influenciam a nova geração, nomes como: Débora Ildêncio, Bruno
Leles, Ricardinho Gaiteiro, Play Gerson e muitos outros que hoje estão fazendo
história também em outros países, são mais de 4 mil alunos que passaram pela
escola e puderam vivenciar a música!
Para muitos o Curso foi o início para suas carreiras, ascensões acadêmicas e
realizações profissionais. Além do lado social, sua grade curricular criteriosa e a
qualidade dos profissionais, permitem que os alunos possam vivenciar de forma
intensa a música e se tornarem após a conclusão do curso de fato músicos
profissionais.
A grade curricular do curso impressiona reitores de faculdades renomadas
como UFMG e UEMG que sempre indicam a escola como uma opção para quem
deseja iniciar música de forma profissional. A escola também foi protagonista para o
trabalho de grandes profissionais do seguimento que hoje são destaque na área da
regência como Maestro Alphonsus Silveira, Maestro Álvaro Rodrigues, entre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mais que vivenciar a música é necessário fazer parte dela, ser dela! Maestro
José Dário de Moura não contribuiu somente com a construção musical em si da
cidade, sua contribuição foi muito mais além, formando inúmeros cidadãos, permitindo
que muitas pessoas possam experimentar a música além do ouvir, seja tocando por
bel prazer ou como projeto de vida para quem quer ser profissional.
Sua generosidade musical permite que ele passe suas experiências e todo seu
conhecimento com muito amor e respeito pela profissão que ele escolheu, ou como
ele mesmo disse, talvez a Música tenha o escolhido! Um grande entusiasta e
responsável para que muitos de seus alunos pudessem entender a capacidade e a
magia que só a Música e que continuaram a transmitir tudo que aprenderam com seu
legado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, Tarcísio. Memórias: Retratos da Banda de Música Santa
Cecília de São Gonçalo da Ponte de Belo Vale. Alpha-BV. Belo
Horizonte.MG 1ª Edição
Santuário do Caraça. Disponível em:
<https://www.santuariodocaraca.com.br/ocolegio-e-semin>. Acessado em
15/10/2021
Santa Tereza Tem! Disponível em:
<https://santaterezatem.com.br/2016/07/29/filarmonica-primeiro-de-maio-
lancaprimeiro-cd/ ario/o-centro-de-educacao/>. Acessado em 15/10/2021
100 anos CEFET. Disponível em:
<http://www.100anos.cefetmg.br/site/100anos/linha-tempo.htm >.
Acessado em 14/10/2021
Anos Dourados Music Show. Disponível em:
<http://www.anosdouradosmusicshow.com.br/site/>. Acessado em 13/10/2021
Museu da Pessoa. Disponível em:
<https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/imagem/orquestra-castilho-71890 .
Acessado em: 10/10/2021.
Os anos de 1950: Metropolização e Desordem Urbana. Curral São João Del Rey.
Desconstruindo BH, uma cidade em constante construção. Disponível em:
<http://curraldelrei.blogspot.com/2011/07/os-anos-1950-metropolizacao-e-
desordem.html>. Acessado em: 09/10/2021.
ANEXO
Maestro Dário de Moura
Arquivo pessoal
Ensaios Curso Musical Maestro José Dário de Moura
Arquivo pessoal
Curso Musical Maestro José Dário de Moura
Arquivo pessoal Formandos Curso Profissionalizante
Audições Curso Musical Maestro José Dário de Moura
Arquivo pessoal
Audições Curso Musical Maestro José Dário de Moura
Arquivo pessoal
Imprensa
Recortes do livro: Memórias: Retratos da Banda de Música Santa Cecília de São
Gonçalo da Ponte de Belo Vale – Tarcísio Martins
Maestro José Dário de Moura - Uma História dedicada a Música
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  • 1. Pós-Graduação em Regência DÉBORA CRISTINA ILDÊNCIO MAESTRO JOSÉ DÁRIO DE MOURA Uma história dedicada a Música TURMA DE REGÊNCIA 2021/2
  • 2. DÉBORA CRISTINA ILDÊNCIO MAESTRO JOSÉ DÁRIO DE MOURA Uma história dedicada a Música Relatório de pesquisa sobre um personagem musical relevante da sociedade belo-horizontina Trabalho solicitado para a disciplina de Musicologia do Curso de Pós-Graduação Instituto Alpha – FACEC. Prof. Me. Alex Lopes TURMA DE REGÊNCIA 2021/2
  • 3. SUMÁRIO Introdução.............................................................................................................. 4 Síntese biográfica .................................................................................................. 5 O Curso Musical e a formação profissionalizante ..............................................10 Considerações finais............................................................................................12 Referências bibliográficas ...................................................................................13 Anexo ..................................................................................................................14
  • 4. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo registrar a vida do Maestro José Dário de Moura, músico, compositor, saxofonista, professor e regente, que possui um papel relevante na educação musical e histórica da cidade de Belo Horizonte e região metropolitana de Minas Gerais. Sua trajetória se cruza com importantes acontecimentos na construção da capital mineira, o que nos permite compreender um pouco de nossa história, as mudanças culturais e musicais que passamos e ainda como e onde a música acontecia. Quantas pessoas possuem o privilégio de ouvir a história ser contata por quem a escreveu? Ainda temos essa possibilidade e é fundamental registrá-la, para mantermos viva nossa história e mais ainda, para que próximas gerações possam continuar contando, afinal, parafraseando o pensador e filósofo chinês Confúcio (551 a.C., 479 a.C.): “Só é possível escrever o futuro se conhecermos o nosso passado”. Está síntese biográfica aconteceu através de entrevistas e pesquisas de materiais e coletas de dados, de acervos pessoais, acervos de instituições que colaboraram, além de entrevista com o personagem principal da história e de seus familiares, amigos e ex-alunos.
  • 5. SÍNTESE BIOGRÁFICA José Dário de Moura nasceu no dia 25 de outubro de 1939, em Belo Vale, cidade situada a 92 km da capital mineira, conhecida por fazer parte do circuito turístico Estrada Real1, a cidade traz belas cachoeiras, muitas histórias e é um local tradicional para formação de bandas. Filho do músico e regente Luiz de Moura Lima e de Castorina do Carmo Moura, funcionária pública, trabalhou anos nos Correios e depois atuou na Superintendência de Seguros Privados, o músico é o mais velho de 8 filhos do casal: Albanisia, Cirléia, Inês, Maria, Marli, Ângela e Otávio. Dos oitos filhos do casal, Dário e Inês foram os que seguiram a carreira artística. Luiz de Moura e seu sobrinho João Vicente de Moura, se dedicaram a vida inteira à arte. Sendo que Luiz ensinou música e tocou nas bandas de Moeda e Belo Vale e Vicente tocou saxofone na banda de Vargem Alegre até 1944. Em 1948, o maestro Luiz de Moura, levou valiosas contribuições com a reorganização da Banda Santa Cecília de Belo Vale, sua experiência no trato com a música marcou a história da corporação. Desde muito cedo, Dário já convivia com a arte e com a influência do pai ficaria mais forte a veia artística. Então, com um professor em casa, não poderia ser diferente! Aos 11 anos, iniciou o aprendizado musical com seu pai, na banda local que contava com duas figuras muito importantes: Joaquim Rodrigues Braga e Galdino, que atuavam como professores. A banda de Galdino era composta por músicos das famílias Braga e Moura, famílias tradicionais da região que atuavam na área musical. Nos anos de 1950 Belo Horizonte já se destacava no cenário nacional como uma das mais importantes cidades do país. A criação do Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) nos anos de 1952 impulsionava o crescimento industrial, limitado até o início dos anos 50 devido à pequena demanda de energia, que desde o começo do século atrasava o desenvolvimento da capital. 1 A Estrada Real é uma rota turística que reúne quatro caminhos da época do Brasil Colonial que passam pelos estados de Minas Gerais.
  • 6. Em 1953, sua família mudou para Belo Horizonte e o músico foi estudar no Colégio do Caraça2, situado entre da região metropolitana mineira de Catas Altas e Santa Bárbara. O local é Patrimônio Cultural do Brasil e uma das 7 Maravilhas da Estrada Real, possui um complexo com mais de 11.233 hectares e onde está localizado o Conjunto Arquitetônico do Santuário. O colégio encerrou suas atividades no ano de 1968, quando um incêndio destruiu parte das instalações dos alunos e parte do precioso acervo de sua biblioteca, em seus anos de funcionamento passaram pelo local mais de 11 mil alunos e alguns de reconhecimento nacional no cenário político, civil e religioso como: os Presidentes da República Afonso Pena (1906-1909) e Artur Bernardes (1922-1926). Além dos estudos tradicionais, Dário deu continuidade em seus estudos musicais e participou do coral e da banda do colégio. 2 O Colégio do Caraça foi fundado em 1820 Imagem de Belo Horizonte – Rua São Paulo, nos anos 50. Fonte: APCBH/ASCOM Imagem de Belo Horizonte – Avenida Afonso Pena, nos anos 50. Fonte: APM Foto exemplificando as Aulas de Música no Colégio do Caraça Arquivo: Santuário do Caraça
  • 7. Em 1958, era inaugurada a 4ª sede do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, (CEFET) e para o show de inauguração juntamente com a orquestra estava o Maestro Dário de Moura. O evento contou com a presença de nomes importantes como o presidente Juscelino Kubistchek. (1902 – 1976). Em 1959, Dário foi para o Exército Brasileiro, devido sua experiência e atuação na área musical, foi encaminhado da Companhia de Comando para a Banda 12º Regime de Infantaria do Exército Brasileiro onde continuou seus estudos de teoria e saxofone. Em 1960 antes de se graduar como Terceiro Sargento, solicitou sua dispensa. Na época o comandante por muitas vezes tentou convencê-lo a ficar e continuar sua carreira militar, no entanto, sua decisão já estava tomada. Após sair do Exército, o músico dividiu suas tarefas musicais com outras profissões, exercendo a contabilidade em uma multinacional durante 9 anos, na apropriação de custos de uma renomada construtora de estradas e atuou ainda na área farmacêutica como representante viajando por inúmeras cidades do país. Nesta época além de tocar, o músico estava sempre presente nos eventos da cidade, a música era unanimidade e acontecia em clubes, bailes, rádios e tudo era completamente ao vivo! Imagina, fazer música em uma época que o cinema ainda era mudo? Nos anos 60 existiam também as famosas casas de shows chamadas de dancings, onde as pessoas iam para ouvir música e fazer o que o local sugeria: Dançar! Essas boates, assim chamadas eram bem conhecidas e frequentados por Inauguração da Sede da Escola Técnica de BH na Av. Amazonas B. Nova Suíça-BH pelo Pres. Juscelino Kubitscheck Fonte: Acervo CEFET
  • 8. pessoas relevantes da sociedade mineira, uma das casas mais famosas foi a Montanhês Dancings, que além de ser uma das mais importantes casas de shows da capital tinha uma das mulheres mais conhecidas e lendária de todos os tempos e atuava como dançarina durante o funcionamento do estabelecimento: Hilda Furacão! Sim, ele conheceu Hilda e sempre contou ela era realmente lindíssima! Mais uma vez, temos o maestro Dário num cenário com personalidades relevantes, que fizeram e viraram histórias da nossa cidade! Em 1961 fundou juntamente com seu pai e o maestro, professor e saxofonista Francisco Belmiro a Big Band Penumbra Orquestra e se apresentavam nos principais clubes da cidade e em eventos importantes da época, além disso, no local dos ensaios funcionava também a escola livre de música. Uma iniciativa totalmente particular que enfrentou várias dificuldades, principalmente pela falta de recursos para a realização do projeto. Não bastando isso, em 1963, a orquestra foi atacada por um grupo de vândalos que danificaram os instrumentos e agrediram os músicos, uma história que marcou muitas pessoas e se tornou também matéria de jornal. A Big Band terminou em 1965 quando o maestro Belmiro foi transferido para Brasília para reger a banda Palácio do Presidente, banda que na época tinha 80 músicos. Penumbra Orquestra: Sentados a partir da direita: Luis de Moura, seus filhos Geraldo Marcos de Moura, José Dário,
  • 9. Em 12 de dezembro de 1964, Dário concluía seus estudos de Música pela Escola de Formação para Músico Profissional (EFAP), instituição mantida na época pela Ordem dos Músicos do Brasil. Em 1965, foi adquirido um acervo com mais de 200 arranjos para seis instrumentos, totalizando 1200 partituras, no entanto, para a realidade da Orquestra eram necessárias mais de 400 partituras. As atualizações do acervo necessitavam de constantes atualizações. Devido a mudança de residência do Maestro Luiz de Moura, o acervo foi colocado em caixotes e durante o trajeto escapuliram do caminhão espalhando por quase um quilometro na tradicional e uma das principais avenidas da cidade, chamada Avenida Amazonas, essa história teve tanta repercussão que também foi contada em um dos jornais mais importantes da cidade. Em frações de segundo anos de trabalho voaram pela cidade, mas isso não foi motivo de abalar o ânimo dos músicos. Dário e Vicente ficaram responsáveis por reformar o acervo, os arquivos de partituras da tradicional Rádio Inconfidência e outros arranjos particulares e para catalogar tudo foram necessários 5 anos de trabalho. Em 1966 Dário se casou com Maria Carmen de Oliveira Moura com quem teve 3 filhas: Mara de Oliveira Moura, Lilian de Oliveira Moura e Paula de Oliveira Moura. Em 1978, Belmiro retornou para Belo Horizonte e iniciou a reorganização da Big Band Penumbra Orquestra, em sua fase inicial contaram com 13 músicos, os estudos eram individuais e duravam horas cada arranjo ensaiado minuciosamente, para se apresentarem nos principais eventos e bailes da cidade. Em 1980, o músico e já regente Maestro Dário, trabalhou ainda no ressurgimento da Sociedade Musical Carlos Gomes, orquestra fundada em 1896, e é a mais antiga da cidade, entidade musical de utilidade pública, que na época estava quase extinta, era um novo projeto formado pelos trabalhadores da construção da “nova capital” de Belo Horizonte, revitalizando o grupo para começarem as apresentações nos bailes de Belo Horizonte e outras cidades. Em 1987 surgi a Anos Dourados Orquestra Show, fundada pelo músico, sua irmã Inês e seu primo Vicente e contavam com um elenco com excelentes profissionais ao estilo das big bands. O público na época de sua criação era formado por pessoas nascidas nas décadas de 40 e 50, o repertório e o estilo das músicas
  • 10. foram extraídos de músicas americanas e europeias vindas com o cinema e com as gravações em long-playing tocadas no rádio. Após dez anos de sua criação A Anos Dourado se tornou eclética com o objetivo de moldar-se ao variado gosto musical de seu público. A orquestra que existe há quase 34 anos possui um público fiel e bastante renomado e se apresentam em eventos importantes em todo país. Com mais de 1 milhão de expectadores, mais de 1.000 apresentações em mais de 300 cidades e se apresentaram ao lado nomes da nossa música brasileira como: Ivan Lins, Emílio Santiago (1946 – 2013), entre outros grandes artistas e terem se apresentado em lugares importantes e históricos da cidade como Iate Tênis Clube, Minas Tênis Clubes a orquestra é unanimidade e é atração confirmada inúmeros eventos. Em 1989, Maestro Dário assumiu a Banda Santa Cecília de Belo Vale, que mantém sua atividade até os dias atuais. Localizada em sua cidade natal, a banda tradicional na região teve outrora regentes renomados inclusive seu próprio pai. Em 1991 o Maestro Dário foi contratado pela 3Companhia Vale do Rio Doce e mudou-se para Carajás localizada no estado do Pará, com objetivo de fundar a escola e orquestra para a população da cidade, além do Grupo Folclórico que em 1994, ficou em quarto lugar no festival musical na Bélgica. Para este projeto desafiador, o músico criou um programa para a formação dos músicos de forma profissional que foi registrado na Ordem dos Músicos de Belém do Pará seguindo as normativas do MEC. Em janeiro de 1992, Dário casou-se com Sebastiana Galdina da Silva com quem teve sua quarta filha, Marilia Graziele Silva Moura. O CURSO MUSICAL E A FORMAÇÃO PROFISSIONALIZANTE Após quase 10 anos morando no norte do país, no início dos anos 2000 o músico retornou a Belo Horizonte com sua esposa e filha e para iniciar seu projeto de ensino de música profissionalizante na cidade, a Igreja Católica João Pinheiro cede o espaço para que mais pessoas pudessem ter acesso à educação musical. O mesmo programa registrado em Belém, foi registrado na cidade, tendo a orientação 3 Companhia Vale do rio Doce é uma mineradora multinacional brasileira e uma das maiores operadoras de logística do país
  • 11. pedagógica da Ordem dos Músicos do Brasil, com o programa protocolado sob nº1412/99 (27.01.1999) ofício 75/99 de 05/01/2000. O curso foi ganhando notoriedade e vários músicos começam a frequentar as aulas, inclusive músicos que já estudavam em Universidades, utilizando o ensino rigoroso e técnico como apoio para seus estudos acadêmicos. A repercussão era imensa e outras igrejas começam a procurar o idealizador do projeto para abrir novas unidades. Em 2004 o curso já acontecia em 3 unidade João Pinheiro, Bairro da Graça e Padre Eustáquio. Cada vez ganhando mais adeptos e ficando mais relevantes. O curso atendia crianças, jovens e adultos tanto para a formação profissionalizante quanto para o ensino livre, com valores bem mais acessíveis e o mais importante que qualquer pessoa que quisesse estudar música poderia participar, mesmo não tendo ainda nenhum contato com a arte. Em 2007, sua aluna Débora Ildêncio, concluindo o curso profissionalizante foi convidada a assumir uma das vagas de professora do Curso e atuar também na direção geral das unidades. Então a musicista, resolveu mudar o nome do curso, que até então levava o nome de suas respectivas unidades: Curso Musical São Judas, Curso Musical São Francisco, Curso Musical Nossa Senhora Auxiliadora. Para a artista, era difícil a compreensão das pessoas, que sempre achavam que eram escolas diferentes, a falta de homogeneidade no nome não dava a entender que todas as unidades pertenciam a um mesmo programa musical. No início o maestro não concordou muito, acreditava que as pessoas não se acostumariam, mas a musicistas teimosa começou a adotar o nome Curso Musical Maestro José Dário de Moura em todo o material, inclusive nas redes sociais, o que foi muito positivo, deixando mais claro para as pessoas que todas as unidades eram o mesmo curso e que o aluno poderia frequentar qualquer uma delas. Ao longo dos anos, o curso ganhou várias regiões de Belo Horizonte, tendo ainda as unidades do Barreiro, Vila Clóris e Minas Brasil. Em seus 21 anos de criação do projeto na capital mineira, o Curso Musical Maestro José Dário de Moura se tornou um celeiro para a nova geração e revelou inúmeros músicos que hoje possuem carreiras renomadas no estado e nacionalmente e são artistas que influenciam a nova geração, nomes como: Débora Ildêncio, Bruno Leles, Ricardinho Gaiteiro, Play Gerson e muitos outros que hoje estão fazendo
  • 12. história também em outros países, são mais de 4 mil alunos que passaram pela escola e puderam vivenciar a música! Para muitos o Curso foi o início para suas carreiras, ascensões acadêmicas e realizações profissionais. Além do lado social, sua grade curricular criteriosa e a qualidade dos profissionais, permitem que os alunos possam vivenciar de forma intensa a música e se tornarem após a conclusão do curso de fato músicos profissionais. A grade curricular do curso impressiona reitores de faculdades renomadas como UFMG e UEMG que sempre indicam a escola como uma opção para quem deseja iniciar música de forma profissional. A escola também foi protagonista para o trabalho de grandes profissionais do seguimento que hoje são destaque na área da regência como Maestro Alphonsus Silveira, Maestro Álvaro Rodrigues, entre outros. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mais que vivenciar a música é necessário fazer parte dela, ser dela! Maestro José Dário de Moura não contribuiu somente com a construção musical em si da cidade, sua contribuição foi muito mais além, formando inúmeros cidadãos, permitindo que muitas pessoas possam experimentar a música além do ouvir, seja tocando por bel prazer ou como projeto de vida para quem quer ser profissional. Sua generosidade musical permite que ele passe suas experiências e todo seu conhecimento com muito amor e respeito pela profissão que ele escolheu, ou como ele mesmo disse, talvez a Música tenha o escolhido! Um grande entusiasta e responsável para que muitos de seus alunos pudessem entender a capacidade e a magia que só a Música e que continuaram a transmitir tudo que aprenderam com seu legado.
  • 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARTINS, Tarcísio. Memórias: Retratos da Banda de Música Santa Cecília de São Gonçalo da Ponte de Belo Vale. Alpha-BV. Belo Horizonte.MG 1ª Edição Santuário do Caraça. Disponível em: <https://www.santuariodocaraca.com.br/ocolegio-e-semin>. Acessado em 15/10/2021 Santa Tereza Tem! Disponível em: <https://santaterezatem.com.br/2016/07/29/filarmonica-primeiro-de-maio- lancaprimeiro-cd/ ario/o-centro-de-educacao/>. Acessado em 15/10/2021 100 anos CEFET. Disponível em: <http://www.100anos.cefetmg.br/site/100anos/linha-tempo.htm >. Acessado em 14/10/2021 Anos Dourados Music Show. Disponível em: <http://www.anosdouradosmusicshow.com.br/site/>. Acessado em 13/10/2021 Museu da Pessoa. Disponível em: <https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/imagem/orquestra-castilho-71890 . Acessado em: 10/10/2021. Os anos de 1950: Metropolização e Desordem Urbana. Curral São João Del Rey. Desconstruindo BH, uma cidade em constante construção. Disponível em: <http://curraldelrei.blogspot.com/2011/07/os-anos-1950-metropolizacao-e- desordem.html>. Acessado em: 09/10/2021.
  • 14. ANEXO Maestro Dário de Moura Arquivo pessoal Ensaios Curso Musical Maestro José Dário de Moura Arquivo pessoal Curso Musical Maestro José Dário de Moura Arquivo pessoal Formandos Curso Profissionalizante
  • 15. Audições Curso Musical Maestro José Dário de Moura Arquivo pessoal Audições Curso Musical Maestro José Dário de Moura Arquivo pessoal
  • 17.
  • 18. Recortes do livro: Memórias: Retratos da Banda de Música Santa Cecília de São Gonçalo da Ponte de Belo Vale – Tarcísio Martins