A Filosofia da Religião:
O que é a religião, a filosofia da religião, valores religiosos, características do Deus teísta, filósofos dados no 11ºano e críticas, ponto de vista ateu, etc.
-tópicos não muito desenvolvidos, conteúdo apenas introdutório ao estudo da filosofia da religião
copy paste é na boa, nada foi diretamente plagiado
1. A Filosofia da Religião
Gabriel Coelho Nº14 11ºB
Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Filosofia
Prof. José Freitas
ESAIC
Ano Letivo 2021/22
2. Índice
1. Introdução
2. O que é a Religião?
3. A Filosofia da Religião
4. Deus e o Teísmo
1. As características do Deus Teísta
5. As Religiões Abraâmicas
1. O que têm as Religiões Abraâmicas em
comum?
6. Os Valores Religiosos
7. A Fé e o Sagrado como Fontes de
Religião
8. A Religião e o Sentido da Existência
9. S. Tomás de Aquino
1. O Argumento Cosmológico
1. Críticas ao Argumento Cosmológico
2. O Argumento Teleológico
1. Críticas ao Argumento Teleológico
10. S. Anselmo de Cantuária
1. O Argumento Ontológico
1. Críticas ao Argumento Ontológico
11. Blaise Pascal
1. O Fideísmo
1. Crítica à Aposta de Pascal
12. Søren Kierkegaard
1. O Argumento da Fé
1. Crítica ao Argumento da Fé
13. O Ponto de Vista Ateu
1. Karl Marx e Jean-Paul Sartre
2. Friedrich Nietzsche e Max Stirner
14. Conclusão
15. Bibliografia
16. Webgrafia
3. Introdução
• A religião é um elemento constante na história da
humanidade, desde a pré-história até aos dias de hoje. É um
fenómeno que ao longo dos séculos foi estudado e observado
de vários pontos de vista, reinventado e explorado de todo o
tipo de maneiras.
• Entre estas diferentes perspetivas enquadra-se também a da
filosofia, sendo esta o ponto focal deste trabalho. Irei analisar
os conceitos de religião, Deus e fé, e os diferentes argumentos
que os justificam ou condenam.
• O meu objetivo neste trabalho é não só a consolidação da
matéria dada em aula, como a expansão desses
conhecimentos e a sua aplicação a nível individual e social.
4. O que é a religião?
• A palavra religião provém do latim religiō,
significando “consciência e observação de
proibições e cerimónias cívicas” – um
dever moral. A definição de religião
depende de uma comunidade e sociedade;
sem estes, é meramente considerada
espiritualidade individual. Não existe
consenso para o que propriamente define
uma religião, mas trata-se essencialmente
de uma relação que o ser humano
estabelece com uma autoridade superior e
transcendente; sendo esta conexão feita
através de práticas religiosas.
Artur Pastor, Devoção, 1943-45 (Arquivo
Fotográfico de Lisboa) – Não existe religião
sem crença.
5. A Filosofia da Religião
• A filosofia da religião examina
criticamente a forma como as
crenças religiosas são justificadas,
estudando a religião de um ponto
de vista abrangente. Não se deve
confundir com a teologia ou a
antropologia: não assume a
existência de Deus, podendo
duvidar da sua
existência/autoridade, e não se
limita a examinar ritos e
cerimónias religiosas.
• A filosofia ocidental, relacionada
ou não com a religião, é bastante
influenciada pelas religiões
Abraâmicas – Judaísmo,
Cristianismo e Islamismo.
Perguntas essenciais da filosofia da
religião:
O que é a religião?
Deus existe? (qual Deus?)
Será possível provar a sua existência?
É “adequado” acreditar em Deus sem
provas?
A fé religiosa pode ser explicada
racionalmente?
O que são os milagres?
Serão os milagres provas credíveis
da existência de Deus?
6. Deus e o Teísmo
Antes de avançar, é necessário definir o conceito de
“Deus”. Diferentes pessoas têm diferentes
interpretações deste conceito, por exemplo:
•O Deísmo: Existe uma entidade criadora, mas não
intervém nem se importa com a sua criação;
•O Ateísmo: Um Deus pessoal e criador não existe;
•O Panteísmo: Deus não se distingue da realidade, e
manifesta-se nela;
•O Agnosticismo: Mesmo que exista um Deus, não
seria possível conhecê-lo, seja por fé pessoal ou por
coletividade religiosa, entre outros.
Neste trabalho, irei analisar o Teísmo, o conceito que
um Deus supremo existe. Mas mesmo sob este termo
existem bastantes variáveis. É por isso que o Deus
Abraâmico é definido por seis características distintas: William Blake, O Ancião mede a
Terra com o compasso, 1794
7. As Características do Deus Teísta
1. Omnipotência: É uma divindade completamente poderosa, tendo a
capacidade de fazer tudo o que é logicamente possível. Não pode, por
exemplo, criar um quadrado com 5 lados.
2. Omnisciência: É uma divindade completamente sábia, e conhece tudo
o que é logicamente possível. Não pode, por exemplo, saber que
2+2=5.
3. Transcendência: Não se integra na realidade espaço-temporal e não
se confunde com o próprio universo ou com as forças da natureza.
4. Consciência: Deus é uma pessoa, não no sentido biológico (ser
humano), mas no sentido psicológico.
5. Perfeição moral: Tudo o que pretende e deseja é o bem. Pode
sacrificar algo, ou causar mal momentâneo, mas com o objetivo de
promover o bem a longo termo.
6. Criação: É uma divindade autora de todo o universo e de tudo o que
contém, mas não pertence ao tempo ou espaço. Por exemplo, se o Big
Bang realmente ocorreu, Deus terá sido responsável pela sua criação.
8. As Religiões Abraâmicas
• O que têm as Religiões Abraâmicas em
comum?
• As três grandes religiões monoteístas – o
Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo –
divergem em bastantes aspetos, mas
partilham a categoria de Abraâmicas. Além
de fatores em comum como a importância de
Jerusalém como cidade sagrada e a
referência a textos sagrados – Bíblia,
Alcorão e Torá – estas três religiões
partilham a presença de Abraão como
exemplo de virtuosidade e dedicação. O
sacrifício de seu filho Isaac/Ismael em nome
de Deus demonstra valores constantes
nestas 3 religiões: o sacrifício e a fé absoluta.
É por isso que se denominam Abraâmicas.
Al-Biruni, Abraão destrói os ídolos
de seu pai, 1000 d.C. (detalhe)
Sinagoga de Beth Alpha, O
Sacrifício de Isaac, séc. VI d.C.
(detalhe)
Tissot, Conselho de Abraão
a Sarai, c. 1900
9. Os Valores Religiosos
• Todas as religiões têm um conjunto de valores
religiosos, variando entre elas. Estes valores
têm influências a nível pessoal (alimentação,
vestes, etc.) e a nível social (política, economia,
lei…).
• Nas religiões Abraâmicas, os valores religiosos
têm a sua origem nos livros sagrados, que
estabelecem regras que os aderentes devem
seguir (definição de kosher, definição de
haram, os dez mandamentos…), mas também
em santos, mártires e profetas, como exemplos
de virtuosismo.
• Estas 3 religiões têm certos tabus em comum
(homicídio, roubo, incesto, etc.), e todas
reforçam valores de generosidade, honestidade
e caridade infinitos nos seus textos, mas além
desses fatores, divergem bastante em certos
elementos.
Julius Carolsfeld, Moisés recebe os Dez
Mandamentos, 1860
10. A Fé e o Sagrado como Fontes de
Religião
• A fé na religião, apesar de
essencial, não é o único elemento
que a define: para se considerar
uma religião, são necessárias
tanto a experiência da fé/crença
como a da sacralidade. Estas
características não podem ser
separadas – é possível ter fé
nalgo fora do sagrado, por
exemplo.
• A religiosidade em si está
sempre conectada ao sagrado, ao
imune e intangível, fora da
razão.
O Kabba é o local mais sagrado da
religião islâmica. Fotografia de
Muhammad Mahdi Karim
11. A Religião e o Sentido da Existência
• O sentido da existência é a questão central da religião. Os
teístas atribuem esse sentido a Deus. Três elementos
essenciais constituem esta crença (de um ponto de vista
Abraâmico):
1. Deus criou o ser humano com um objetivo específico em mente;
2. As atividades e ações do ser humano têm importância além da
existência física;
3. Deus garante a imortalidade da existência e o propósito das ações,
conferindo sentido à vida.
• São estas as respostas religiosas ao problema do sentido da
existência: o ser humano é criado não só com um propósito
em mente, assim como lhe é garantida a imortalidade da sua
consciência.
12. S. Tomás de Aquino (1226 – 1274)
• Para justificar
racionalmente a existência
de Deus, S. Tomás de
Aquino apresenta dois
argumentos, (ambos a
posteriori):
1. O Argumento
Cosmológico;
2. O Argumento Teleológico.
• O argumento cosmológico
divide-se em 5 vias para
demonstrar a existência
de Deus, baseadas na
relação causa-efeito da
criação:
1ª via – Argumento do movimento
É evidente que o movimento existe. A única forma lógica de justificar esse
movimento é atribuindo a sua origem a um motor imóvel – Deus.
2ª via – Argumento da primeira causa
Se todo o efeito tem a sua origem numa causa, cai-se num ciclo infinito
de causas e efeitos. É necessária então uma causa incausada que ponha
este ciclo em movimento – Deus.
3ª via – Argumento do contingente
Todos os seres são contingentes, mas para serem considerados
contingentes é necessário que exista um ser absolutamente
necessário – Deus.
4ª via – Argumento dos graus da perfeição
É possível compreender que diferentes coisas têm graus diferentes de
perfeição, mas que nenhuma delas é absolutamente perfeita. Então,
necessariamente, existe algo sumamente perfeito, sem grau – Deus.
5ª via – Argumento do governo do mundo
A ordem do mundo indica que todos os seres tenham uma finalidade: mas essa
finalidade não pode ser virtude de um acaso, ou estar contida nesses seres. É
necessário uma inteligência exterior para fornecer essa finalidade – Deus.
13. Críticas ao Argumento Cosmológico
• Autocontradição: De acordo com o argumento cosmológico, todas
as coisas foram causadas por qualquer outra coisa, mas depois
contradiz esta ideia, afirmando que Deus é a primeira causa de
todas. Se a série de causas e efeitos para algures, por que razão
parar em Deus?
• Limites da conclusão: O argumento cosmológico não apresenta
razão para aceitar um Deus omnisciente ou sumamente bom. A
primeira causa descrita por S. Tomás de Aquino não possui
necessariamente as propriedades do Deus Teísta.
14. S. Tomás de Aquino - O Argumento
Teleológico
• Em concordância com o pensamento Aristotélico, S. Tomás
argumenta que todos os objetos no universo – o mundo, a natureza,
as coisas – têm uma causa final. Se tudo tiver uma causa final, é
necessário haver uma interdimensionalidade – uma entidade exterior
que definiu esta causa: Deus. Logo, todo o universo é um desíginio de
Deus, uma intenção e finalidade de Deus.
• Por exemplo, ao examinar o olho humano, verifica-se que todas as
suas partes funcionam em uníssono, adaptadas perfeitamente à sua
função. A mesma harmonia observa-se num objeto fabricado, como
um relógio. Ao ver a complexidade e eficiência de um relógio, chega-se
à conclusão lógica que terá sido criado por um relojoeiro. De acordo
com o Argumento Teleológico, a complexidade e eficiência de objetos
naturais como o olho apenas pode ter origem num “relojoeiro”, num
ser inteligente – Deus.
15. Críticas ao Argumento Teleológico
• Fraca Analogia: O argumento teleológico
presume sem discussão que existe uma
semelhança significativa entre objetos naturais
e artificiais. Apesar de haver alguma
semelhança entre um olho e um relógio, esta
semelhança é apenas vaga, e quaisquer
conclusões baseadas nesta analogia
igualmente vagas.
• Evolução: A existência de um “relojoeiro
divino” não é a única explicação possível para a
complexidade e adaptação de objetos naturais.
A Teoria da Evolução de Charles Darwin não
refuta a existência de Deus, mas impede a sua
demonstração conclusiva através do
argumento teleológico. Gentile de Fabriano, Tomás de
Aquino, c. 1400
16. S. Anselmo de Cantuária (1033 – 1109)
• De acordo com o argumento ontológico de S. Anselmo, existem
duas possibilidades distintas:
• Deus existe, mas apenas no espírito – na fantasia, imaginação;
• Deus existe, tanto no espírito como na realidade.
• S. Anselmo começa por afirmar a existência de Deus na mente.
Deus sendo, portanto, uma ideia presente na mente. Mas se a
existência de Deus, um ser de propriedades infinitas, for
limitada apenas à imaginação, seria simultaneamente maior e
menor que si próprio, uma contradição. Por isso, Deus deve
existir tanto na forma de uma ideia como um ser na realidade,
evitando contradições. Independentemente de tudo, um ser
perfeito não seria perfeito se não existisse.
17. Críticas ao Argumento Ontológico
• A existência não é uma propriedade: O argumento
ontológico trata a existência como uma
propriedade, no mesmo nível que a omnisciência
ou omnipotência; mas Deus não poderia ter essas
características sem existir. Mesmo numa simples
definição de Deus estamos a presumir que Deus
verdadeiramente existe. Comete o erro de tratar a
existência como uma propriedade, ao invés de uma
condição que torna qualquer propriedade possível.
• Consequências absurdas: Seguindo o argumento
ontológico, é possível, através de definições de todo
o tipo de coisas, demonstrar a sua existência.
Posso imaginar uma cidade absolutamente
perfeita, mas isso não significa que
verdadeiramente exista. Logo, porque o argumento
suporta uma conclusão tão absurda, verifica-se que
não é sólido.
George Glover, S. Anselmo, séc.
XVII
18. Blaise Pascal (1623 – 1662)
• De acordo com Pascal, a fé na existência de Deus não necessita de
argumentos: é legítimo ter fé em Deus em qualquer caso, mesmo
sem uma razão própria; sendo Deus um ser sobrenatural, apenas
a fé pode por o ser humano em contacto com Ele.
• Se não existem bons argumentos a favor da existência de Deus,
então também não existem bons argumentos a favor do contra,
logo não é possível provar a existência de Deus através da razão.
• Como é impossível provar ou refutar a existência de uma
divindade, a crença em Deus torna-se uma aposta: quem acredita
em Deus tem tudo a ganhar; (possibilidade de admissão no além,
a imortalidade da consciência) quem se recusa a acreditar tem
tudo a perder (certeza de castigo se Deus realmente existir). Logo,
não existe razão lógica na não crença em Deus.
19. Crítica à Aposta de Pascal
• Não podemos decidir acreditar: Não é
possível simplesmente escolher em que
acreditar. O argumento de Pascal não
oferece quaisquer dados que convençam a
acreditar em Deus, simplesmente mostra
que é a opção mais lógica. Contra esta
crítica, Pascal argumenta que se alguém
mostrar sinais exteriores de crença em
Deus, eventualmente irá desenvolver uma
crença própria, mas será que Deus
recompensará uma devoção forçada e não
instintiva? Este processo pode ser
considerado puramente motivado por
interesse-próprio. Blaise Pascal, séc. XVII (autor
desconhecido)
20. Søren Kierkegaard (1813 – 1855)
• Kierkegaard argumenta que a fé religiosa só faz sentido se não
forem procuradas provas da existência de Deus. Se forem
procuradas justificações racionais a favor da existência de Deus, a
vida religiosa perde todo o sentido pois a própria fé é incompatível
com a razão.
• Para Kierkegaard, apenas a fé religiosa pode conferir sentido à
vida: é possível viver sem razão (sem filosofia, ciência,
conhecimento, etc.) mas é impossível viver sem sentido (a fé) e
não é possível encontrar esse sentido na razão. Admite que o
dogma cristão apresenta paradoxos, para os quais existem duas
reações possíveis: a continuidade da fé ou a ofensa - mas não é
aceitável acreditar por virtude da razão, apenas pela virtude do
absurdo.
21. Crítica ao Argumento da Fé
• A natureza da fé: “O facto da fé não ser normalmente
suportada com provas suficientes para provar a sua verdade a
qualquer pessoa razoável foi admitido frequentemente por
vários escritores religiosos proeminentes. (...) [afirmou]
Kierkegaard que é completamente absurda. (...)[Esta]
impressão está presente também em discussões
contemporâneas, que existe uma virtude em crer sem provas.
Mas isto iria abrir as comportas para todas as superstições,
preconceitos e loucura.” – Walter Kaufmann, Crítica da
Religião e Filosofia
• Seguindo a lógica de Kierkegaard, pode-se argumentar
que qualquer ato, por mais imoral que seja, é justificado
desde que obedeça à sua natureza intrínseca. Pode-se
justificar a mentira, pois enganar faz parte da sua
natureza. Pode-se argumentar que é válido acreditar em
unicórnios, mesmo sem quaisquer provas, desde que a
natureza do animal seja a crença além da justificação.
Niels Kierkegaard, Søren
Kierkegaard, c. 1840
22. O Ponto de Vista Ateu
•Do ponto de vista Marxista, a religião é
uma reação ao sofrimento e injustiça.
Trata-se de uma ilusão confortável que
reduz a dor presente ao prometer
justificação e prazer no futuro (além). “A
religião é o soluço da criatura oprimida,
o coração de um mundo sem coração, o
espírito de uma situação carente de
espírito. É o ópio do povo.” – Crítica da
Filosofia do Direito de Hegel
•Neste sentido, Marx pode não ter
simpatia pelo conceito da religião, mas
reconhece a confiança que o proletariado
nela coloca.
Karl Marx
(1818 – 1883)
•Sartre adere ao existencialismo, como Kierkegaard e
Nietzsche. O existencialismo tem como foco o significado
da existência, e a reação do indivíduo face a um mundo
absurdo, sem significado. De acordo com Sartre, a fé em
Deus é má fé, sendo um mecanismo para evitar a
responsabilidade pelas ações do indivíduo, é uma forma
do ser humano evitar a liberdade. A ontologia (ciência do
ser, da existência) de Sartre não resiste à possibilidade
da existência de Deus, e então rejeita essa possibilidade,
pois infringiria a infinita liberdade do ser humano.
•Portanto, uma forma do ser humano se distrair dessa
liberdade e justificar-se com o ambiente à sua volta ao
invés de se responsabilizar pelas suas ações seria a
crença numa divindade. Num modelo teísta, Deus seria a
fonte do significado da existência. Como Sartre substitui
Deus pela liberdade infinita do vazio, este vazio torna-se
a fonte de significado e criatividade para o ser humano.
Jean-Paul Sartre
(1905 -1980)
Fotografia de Moshe Milner - Assessoria de
Imprensa do Governo de Israel
23. •Nietzsche nem sempre é considerado ateu, mas como
apenas rejeitando o presente Deus monoteísta,
“esperando novos Deuses”. Contudo, criticou bastante
na sua escrita tanto o cristianismo como o budismo,
considerando a religião uma distração da realidade,
uma espécie de lente que desfoca e distorce o que
realmente existe. A interpretação da religião de
Nietzsche como panteísta apenas observa parte do seu
trabalho, e vice versa.
•Apesar deste debate, mantém-se constante um dos
seus excertos mais célebres: “‘Onde está Deus?’ (...) ‘Di-
lo-ei. Fomos nós que o matámos - tu e eu. Todos nós
somos seus assassinos.’ (...) ‘O mais sagrado e poderoso
que o nosso mundo alguma vez possuiu esvaiu-se em
sangue sob as nossas facas...’” – A Gaia Ciência, que
pode ser visto como a rejeição da religião como um
todo, ou uma espécie de luto por um Deus antes do
iluminismo e secularização.
Friedrich Nietzsche
(1844 – 1900)
• “Sabendo e conhecendo apenas “essências” e nada
exceto “essências”, isso é a religião; a sua esfera é
de “essências”, fantasmas e espectros.” – O Único
e a sua Propriedade
• (essências, neste caso, corresponde a impressões,
sensações intangíveis e inexplicáveis)
• Precursor do existencialismo ateu, Stirner
afirmou que todas as formas de religião e
ideologia se tratam de conceitos vazios. Também
considerou “espectros” elementos da vida
capitalista, como o conceito de propriedade
privada, o estado e a igreja, entre outros, e que só
com a compreensão da contingência destes
conceitos é que a liberdade é adquirida.
Max Stirner
(1806 – 1856)
24. Conclusão
• Apesar de não ser possível um
consenso definitivo acerca da natureza
da fé e religião, penso que o estudo de
diferentes perspetivas ajuda não só na
formação de uma opinião própria como
facilita a interpretação e compreensão
de outros pontos de vista.
• Através da realização deste trabalho,
aprendi bastante acerca da filosofia da
religião e da filosofia como um todo, e
considero bastante interessante os
diferentes significados que o mesmo
conceito pode ter para diferentes
pessoas.
“Para o povo a quem a vida não oferece
mais, o céu foi inventado. Aplaudem esta
invenção! Aplaudem a religião que verteu
gotas doces e soporíferas para o copo
amargo da humanidade em sofrimento,
ópio espiritual, umas gotas de amor, paz e
fé!” – Heinrich Heine, Ludwig Börne – um
Memorial
“Podem existir discrepâncias e erros nos
escritos sagrados, mas as verdades que
Deus quis incluídas na Escritura, e que
são importantes para a nossa salvação,
estão colocadas lá sem erro... a Bíblia não
é inerrante em detalhe, mas Deus
assegurou que nenhum erro substancial,
que nos desvie da natureza da salvação,
possa ser encontrado na Escritura.” –
Keith Ward, O que a Bíblia Realmente
Ensina
25. Bibliografia
• “Abraão” In Lionel de Oliveira (ed.), Enciclopédia Larousse: A – AMP, Porto Novo, Temas e Debates, 2007, p. 23.
• “As Religiões” In Lionel de Oliveira (ed.), Enciclopédia Larousse: REG – SES, Porto Novo, Temas e Debates, 2007, pp. 5946–
5948
• AMORIM, Carlos & PIRES, Catarina, Clube das Ideias 11, Porto, Areal Editores, 2020
• SOLOMON, Robert C., Existentialism, EUA, Random House Inc., 1974, pp. 1-2 – Cortesia Archive.org *
• NIETZSCHE, Friedrich, The Gay Science (trad. Walter Kaufmann), Nova Iorque, Random House Inc., 1974, p. 55 - Cortesia
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• STIRNER, Max, The Ego and Its Own (trad. Steven T. Byington), Nova Iorque, BENJAMIN R. TUCKER, 1907, p.70 –
Cortesia Anarchy is Order *
• MARX, Karl, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel (trad. Eduardo Velhinho), 1843-44 – Cortesia Partido Comunista
Brasileiro & The Marxists Digital Archive
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• WARBURTON, Nigel, Elementos Básicos de Filosofia (trad. Desidério Murcho), Lisboa, Gradiva, 1998, pp. 32-43 & 57-61
• KAUFMANN, Walter, Critique of Religion and Philosophy, Nova Iorque, Harper & Brothers Publishers, 1958, p. 82 – Cortesia
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• HEINE, Heinrich, Ludwig Börne – A Memorial, (trad. Jeffrey L. Sammons), Nova Iorque, Camden House, 2008, p. 95 –
Cortesia Google Books *
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de Stanford. https://plato.stanford.edu/entries/kierkegaard/
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*Informação traduzida por mim